Mercado residencial de Lisboa vive “momento inigualável”
Turismo e reabilitação urbana estão na génese desta dinâmica, explica Pedro Lancastre, managing director da JLL Portugal, que sublinha ainda que é expectável que surjam de futuro projectos de raiz, com maior dimensão
Ana Rita Sevilha
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O mercado residencial de Lisboa atravessa hoje um momento inigualável, com uma procura que o alinha com as principais capitais europeias e marcada por novos perfis de compradores. Centro e zonas históricas são os destinos mais procurados e também os que apresentam valores mais elevados.
Segundo o primeiro estudo exclusivamente residencial da consultora JLL – Mercado Residencial – Dinâmica Inigualável” -, que analisou a cidade de Lisboa bairro a bairro, bem como as principais tendências, impulsionadores e indicadores, esta nova dinâmica do mercado residencial de Lisboa está a transformar as zonas mais centrais e com maior fluxo turístico como a Avenida da Liberdade, Baixa e Chiado e tem contribuído para posicionar a capital portuguesa como um dos destinos da Europa mais atractivos para a compra de casa por estrangeiros, já que os valores praticados nas zonas prime estão ainda abaixo de muitos dos que são observados em cidades congéneres.
Para além disso, Pedro Lancastre, managing director da JLL Portugal, lembra a importância do Turismo nesta nova dinâmica da cidade, nomeadamente porque quem adquire imóveis sabe que pode rentabilizar os seus activos através de arrendamentos de curta duração.
De acordo com a JLL, estes compradores incluem hoje quer portugueses (cerca de 40%) quer estrangeiros das mais diversas nacionalidades (cerca de 60%), enquadrando objectivos diferentes no momento da compra como investimento puro, segunda habitação ou habitação própria e permanente. À luz destas motivações e dos diferentes públicos-alvo, o estudo da JLL apurou que a oferta de nova habitação se destina sobretudo aos segmentos médio/alto e alto do mercado, com preços que variam entre 3.000 e 9.000 euros/m².
“Portugal tem vindo a recuperar a confiança de investidores internacionais e nacionais nos últimos três anos, ao mesmo tempo que o turismo tem vindo a crescer e que Lisboa se tornou uma das capitais europeias mais destacadas. A combinação destes factores, impulsionados ainda pelos programas de incentivo ao investimento estrangeiro e pelo protagonismo crescente deste segmento na reabilitação urbana, revitalizaram o mercado residencial e colocam-no num momento inigualável. Nunca como hoje houve tanta diversidade de compradores quer em termos de perfis quer em termos de origem e, a título de exemplo, refira-se que, em 2015, só a JLL/Cobertura vendeu casas a compradores oriundos de 24 nacionalidades diferentes”, comenta Pedro Lancastre.
Mas não é só do Turismo que se alimenta a dinâmica no segmento residencial da cidade. De acordo com o estudo apresentado pela JLL, o dinamismo das zonas centrais e históricas da avenida da Liberdade, Chiado, Baixa/Zona Histórica e Príncipe Real tem beneficiado do investimento em reabilitação urbana e naturalmente dos incentivos fiscais à mesma. Com uma procura predominantemente internacional, mas com presença também de compradores domésticos, estas zonas apresentam os preços mais elevados nas casas em oferta, com valores prime a variar entre 4.000 e 9.000 euros/m².
Sublinhe-se que, a aquisição como forma de investimento para colocação no mercado de short term rental é uma das principais motivações de quem aqui compra casa, dada a sua centralidade e fluxo turístico. Contudo, também a compra para habitação própria, sobretudo por públicos cosmopolitas, tem gerado procura nestas zonas.
Resultado desta crescente e renovada procura, outras zonas típicas de Lisboa têm reanimado a sua oferta, ainda que para um público maioritariamente nacional. São o caso da Lapa/Estrela, Campo Ourique/Amoreiras, Avenidas Novas, Colina de Santana, Restelo/Belém e Parque das Nações, onde a motivação da compra é sobretudo a aquisição de habitação própria e permanente, com o segmento de famílias a predominar. Nestas zonas, os preços prime variam entre 3.000 e 6.000 euros /m².
Das restantes zonas analisadas pela JLL, apenas a Zona Ribeirinha, com valores prime entre 4.000 e 5.500 euros/m², apresenta maior propensão para os compradores internacionais, mas novamente motivados pela colocação de apartamentos em regime de short term rental, dada a crescente atractividade turística desta área.
Em complemento a Lisboa, o estudo da JLL destaca ainda a linha Estoril/Cascais, que exerce forte atractividade quer sobre nacionais quer sobre estrangeiros e onde a compra de casa para habitação própria se mantém dominante, com os valores prime mais elevados da região de Lisboa, nomeadamente de 5.000 a 12.000 euros/m².
Novos compradores ditam tendências na arquitectura
O novo perfil de investidores, nomeadamente internacionais, além de terem impacto na localização e preço da nova oferta na cidade de Lisboa, deverão ainda influenciar outras tendências de mercado, entre elas o próprio projecto de arquitectura. Segundo a JLL, os promotores passaram a desenvolver projectos para investimento imobiliário puro, como é o caso de apartamentos turísticos ou de aparthotel, posicionados sobretudo para arrendamento de curta duração e com rentabilidade garantida; no futuro, novos conceitos como residências de estudantes ou seniores, deverão também marcar o desenvolvimento de produtos habitacionais. Por outro lado, os layouts e acabamentos dos apartamentos, especialmente nos projectos de reabilitação, estão a ser progressivamente adequados às preferências e necessidades de novos mercados.
“A preocupação com a traça dos edifícios, os acabamentos interiores, a oferta de espaços exteriores generosos, os pés direitos, as cozinhas abertas para as salas ou a criação de um maior número de suítes passaram a ser factores relevantes”, comenta Patrícia Barão, Head of Residential da JLL. “Não se chegou ainda ao ponto de se fazerem projectos totalmente tailor-made para diferentes nacionalidades, mas definitivamente os projectos residenciais passaram a incorporar caraterísticas pouco comuns há apenas 5 anos atrás. Nos próximos anos, os promotores terão de responder a estas novas exigências e veremos um mercado com produtos cada vez mais diferenciados, tendo em conta os mercados-alvo e os objectivos do comprador”, acrescenta.
Outra das tendências apontadas pela consultora e relacionada com o ritmo de vendas, é o facto de estarem actualmente a ser vendidos bastantes apartamentos ainda em planta. O facto dos empreendimentos lançados em anos anteriores já se encontrarem numa fase muito próxima da conclusão total das vendas será também um factor motivador do crescimento da oferta futura, incluindo já em 2016, com o lançamento de um pipeline relevante de novos projectos em Lisboa e Porto. Também o facto dos investidores estrangeiros se manterem interessados no mercado nacional permitirá um pipeline relevante de projectos e continuará a animar o mercado, considerando que, apesar de as zonas prime de Lisboa poderem atingir valores na ordem dos 10.000 euros/m², a valorização dos preços está ainda assim abaixo da grande maioria das capitais europeias.
Por último, a consultora avança que, apesar da reabilitação urbana ser predominante na criação de oferta residencial actualmente, com a redução do stock de edifícios interessantes para reabilitação, é expectável que surjam de futuro projectos de raiz, com maior dimensão, nomeadamente nas zonas ribeirinhas, onde alguns projectos em stand by devem ser retomados.