“A Casa da Música foi um projecto emocional”
Ellen van Loon, um dos pilares do conceituado Office for Metropolitan Architecture (OMA), subiu ontem ao palco do Grande Auditório do Centro Cultural de Belém para falar sobre projectos, clientes e utilizadores
Ana Rita Sevilha
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Ellen van Loon, um dos pilares do conceituado Office for Metropolitan Architecture (OMA), subiu ontem ao palco do Grande Auditório do Centro Cultural de Belém para falar sobre projectos, clientes e utilizadores, numa retrospectiva do seu trabalho no gabinete fundado em 1975 por Rem Koolhaas em Roterdão e ao qual se juntou em 1998.
Durante pouco mais de uma hora, que pareceram 15 minutos, Ellen van Loon passou pela Casa da Música e ainda por outros quatro projectos distintos num discurso simples, objectivo e com humor agarrando uma plateia cheia que não se deixou demover pela chuva intensa.
Ao contrário da vontade demonstrada no início da apresentação, o regresso à Casa da Música acabou por ser inevitável. A arquitecta esteve envolvida no projecto (1999 – 2005) e sublinha que o mesmo envolveu decisões emocionais. Ellen van Loon recordou ainda que na altura houve discussões várias porque muitas pessoas eram contra o edifício e não achavam que fosse arquitectura. As inúmeras reacções negativas fizeram com que não se sentissem bem-vindos.
Ainda relativamente à Casa da Música, Ellen van Loon enalteceu o trabalho do engenheiro Rui Furtado e da Secil, referindo que Portugal é o país do betão e sublinhando a sua qualidade. “Nunca se faria um edifício como a Casa da Música, em betão, nos Estados Unidos”. Ellen falou também dos azulejos portugueses e da sua qualidade e consequente incapacidade de escolher apenas um para o projecto. O resultado foi que usaram todos os que existiam em Portugal.
Projectos
O edifício do Rothschild Bank, no centro de Londres foi o primeiro projecto apresentado pela arquitecta, que enumerou os desafios de desenhar para um cliente tão conservador e para uma cidade difícil ao nível da burocracia. Ellen van Loon mostrou como é possível criar um edifício moderno e contemporâneo para uma instituição conservadora e sem visão arquitectónica, sublinhando que a Torre que coroa o edifício não era de todo consensual, mas acabou por ficar e hoje recebe inúmeros elogios do próprio cliente. Com este projecto, a grande lição de Ellen foi a de que os arquitectos devem lutar por aquilo em que acreditam.
O Taipei Performing Arts Center foi a obra que se seguiu. Um edifíco que combina três salas de espectáculos no centro da cidade. O conceito foi o de agregar as três salas num único volume que flutuasse por cima do mercado existente no lugar. Neste projecto, Ellen van Loon recordou uma das fachadas que parece uma esfera e de como as soluções disponíveis na Ásia para a materializar foram totalmente diferentes das que se utilizariam na Holanda. “Dependendo das culturas e das economias existem também diferentes soluções e temos de saber lidar com elas”.
Ellen van Loon passou ainda pelo De Rotterdam, um edifício de uso misto que combina três torres que se conectam e desconectam em determinados pontos, focando neste projecto, entre os inúmeros desafios, o de lidar com um promotor que tem como principal objectivo fazer dinheiro e de como tornar um projecto com o máximo de metros quadrados rentáveis sem comprometer a qualidade arquitectónica. Ellen van Loon focou ainda o aspecto económico neste projecto que começou em 1997 e terminou em 2013 tendo passando por dois períodos de crise e naturalmente, sofrido as suas consequências.
Por último, Ellen falou sobre o projecto para a Fundação Prada, em Milão, e na adaptação de um edifício industrial a espaço expositivo e museológico, não esquecendo a dificuldade que é trabalhar para um cliente do mundo da moda, que faz um paralelo com a arquitectura e pensa ser possível mudar de opinião e de ideias com facilidade. Ellen van Loon fechou as apresentações com a flexibilidade do The Factory Manchester, um concurso ganho no final de 2015.
Trienal
Ellen van Loon esteve em Lisboa a convite da Trienal de Arquitectura de Lisboa e como convidada do Ciclo Distância Crítica. Recorde-se que a Trienal começa a 6 de Outubro sob o título “A Forma da Forma” e contempla um programa que inclui três grandes exposições. O MAAT – Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Garagem Sul – Centro Cultural de Belém são os três grandes pólos expositivos.