“Todos os anos temos crescido em termos de volume de negócio”
2015 foi “o melhor ano de sempre” deste gabinete de engenharia
Pedro Cristino
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Filipe Lourenço formou a Procifisc em 2007, com o objectivo de fornecer serviços de engenharia adequados a cada cliente da empresa. Actualmente, segundo o gerente, a empresa com sede em Castelo Branco está a “prestar um serviço de alta qualidade ao mercado”, proporcionando um “fato” à medida para cada cliente. Ao Construir, o gerente da Procifisc fala da estratégia da empresa, bem como da abordagem ao mercado internacional, onde já desenvolve trabalho.
Que análise traça do mercado da engenharia em Portugal?
Neste momento, o mercado da engenharia tem muitas limitações mas Portugal pode orgulhar-se das empresas de engenheiros portugueses que estão a construir por todo o mundo. Para um país que, durante anos, formou pessoas e ajudou empresas, isto é um motivo de orgulho.
Mas em termos de obras, não tem sido fácil…
Claro que não. É muito difícil. Aguentar-se no mercado nacional é quase um acto de heroísmo, mas temos de ter consciência das circunstâncias e fazer o trabalho possível. Mas há oportunidades quando as procuramos.
Relativamente a 2015, que balanço faz da actividade da empresa?
Foi o melhor ano de sempre da Procifisc. E 2016 vai ser outra vez o melhor ano, e assim sucessivamente. Todos os anos temos crescido em termos de volume de negócio, na nossa escala. Somos uma micro-empresa.
A área de certificação tem muita procura no mercado?
Bastante. Talvez, em Portugal, seja uma das áreas que está dinâmica, porque as outras estão estagnadas. Projecto e fiscalização, no mercado nacional, neste momento, reúnem escassas oportunidades. A certificação energética, por sua vez, surge quase como uma obrigatoriedade da própria lei, porque têm saído sucessivos diplomas para obrigar os proprietários dos imóveis a requerer os certificados energéticos dos mesmos. Depois, a bolha imobiliária fez rebentar o incumprimento bancário e, a seguir, há a recolocação dos imóveis na praça, para venda e, para tal, é necessário o certificado energético. Aí há também um nicho de mercado muito vasto.
Relativamente ao projecto, vê algum relançamento deste segmento?
Já está a acontecer e tem havido legislação a ser alterada nos últimos dois anos, para preparar essa retoma. Para mim, o relançamento está na área da reabilitação. É a única via porque não faz sentido continuar a construção nova em Portugal. Está tudo feito. Temos as melhores auto-estradas da Europa, infra-estruturas, temos tudo do melhor. Portanto, não há mais a fazer, mas é necessário reabilitar o que temos. Isso, sim, é o relançar da economia, através desta nova janela de oportunidades no mercado da construção.
Como pode a Procifisc minimizar os efeitos negativos da actual conjuntura económica?
É simpes: procurando alternativas, internacionalizando e inovando, que é aquilo que nós fazemos diariamente.
Como desenvolveram a vossa estratégia internacional?
Esta estratégia começou a ser desenhada em 2008, quando sentimos que o mercado português estava a ficar sem espaço e a nossa primeira incursão acabou por acontecer naturalmente em 2010. Iniciámos o processo de internacionalização com Angola, depois São Tomé, seguiu-se o Brasil, entretanto, já estamos também em Marrocos, no Senegal, em Moçambique, na Guiné Equatorial e México.
Em Angola, sentiram impactos da crise causada pela queda dos preços do petróleo?
Essa crise acabou por ser compensada com o aumento das vendas em Portugal no último ano. O nosso mercado melhorou, pelo menos no que concerne à nossa empresa, o nosso volume de facturação aumentou em Portugal, e não estivemos tão dependentes do mercado angolano, o que foi positivo. Por isso é que é importante estar em vários mercados, pois quando uns estão a sofrer efeitos adversos, podemos dar mais ênfase a outros e acabou por acontecer isso no ano passado. Acreditamos que o mercado de Angola, no próximo ano, vai desenvolver-se de forma positiva.
Quais os mercados internacionais mais importantes para a empresa actualmente?
Angola, São Tomé e Príncipe também tem algum peso e, neste momento, estamos focados em dinamizar os mercados brasileiro e mexicano.
O mercado brasileiro acabou por sofrer um pouco com a actual crise política do país…
Sim, não é favorável para o mundo dos negócios. No entanto, é um mercado com as suas especificidades, muito por causa do proteccionismo que concede às empresas locais, não dando espaço às empresas estrangeiras, no entanto, existem carências ao nível da engenharia que nós, os portugueses, podemos colmatar e os brasileiros sabem disso. Daí, podemos ser realmente uma mais-valia. É uma questão fundamentalmente relacionada com habituação: é preciso criar o hábito, e uma vez feito isso, tudo se torna mais fácil.
Que oportunidades identificaram no Brasil?
Qualquer cidade brasileira é um estaleiro de obras. As gruas multiplicam-se na paisagem e há investimentos nos mais variados sectores. Desde o investimento na habitação social, à habitação intermédia, passando pelas infra-estruturas urbanas, pelo saneamento básico e nas redes prediais. É um mercado emergente, claramente.
Como decorre o vosso trabalho neste país?
Não tem sido fácil. O primeiro contrato demorou um ano assinado. Para entrarmos num mercado temos primeiro que entender a sua cultura. Após essa análise e compreensão, é possível estar em pé de igualdade. Esta tem sido a nossa filosofia. Não há mercados iguais.
O México foi o último mercado onde a empresa entrou?
Não. É um mercado que estava há mais de um ano e meio a ser avaliado. Temos estado a tentar maturar. Para internacionalizar, é preciso ser paciente, fazer abordagens frequentes, ou seja, é um trabalho muitas vezes minucioso e de persistência. O ultimo mercado em que entrámos é o do Senegal.
A resposta destes mercados tem sido animadora?
Sempre. Não há um mercado onde tenha entrado onde a resposta não fosse positiva. Quando refiro positiva, refiro-me à detecção de oportunidades claras. Não obstante, identificamos as dificuldades e calculamos se vale a pena marcar presença ou não. Agora, as experiências que se vivem com as entradas em mercados, são sempre fantásticas e o que aprendemos é sempre muito mais do que o que deixamos lá nos próprios mercados. Começamos a ver o mundo de uma outra forma, porque, uma empresa de engenharia, na sua base, vai construir, projectar as infra-estruturas para o bem-estar das populações. Este é, fundamentalmente, o objectivo de uma empresa como a nossa. Quando chega a um país, começa a desenvolver os seus contactos, a fazer a sua prospecção, começa a perceber a grandeza do que poderá ser, no futuro, uma obra sua projectada num país, está a transformar o modo de vida das populações e, só isso, é uma experiência fantástica.
Têm outras regiões em análise?
Na Procifisc trabalhamos diariamente com a internacionalização na nossa mira. É um trabalho contínuo e sabemos que temos projecção nacional e internacional. Para continuarmos a estar bem implantados nestas vertentes, temos que fazer uma monitorização diária. Haverá mercados que concluiremos que, face ao esforço necessário, vamos sair, e haverá outros em que valerá a pena continuar. Os mercados são dinâmicos, o mundo está a mudar muito rapidamente e é preciso acompanhar isso, definir estratégias e escolher os caminhos.