“Estamos no melhor de dois mundos”
Para Pedro Tavares, a fusão da Cenor com a TPF Planege é um “desafio duplamente interessante”
Pedro Cristino
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Para Pedro Tavares, a fusão da Cenor com a TPF Planege é um “desafio duplamente interessante” porque, em primeiro lugar “vamos inserir-nos num grupo com possibilidade de fazer projectos de dimensão maior e mais interessante”. Por outro lado, “passaremos a ter uma estrutura de funcionamento com outras capacidades”, explicou ao Construir o presidente do conselho de administração da Cenor.
“O que sentimos, muitas vezes, é que a forma que tínhamos vindo a desenvolver para fazer frente ao mercado internacional tem algumas deficiências”, revelou o engenheiro, explicando que a Cenor, uma empresa de engenharia com cerca 200 pessoas, tem “alguma dimensão” para o mercado nacional, mas este número, “para andar no mercado internacional, é muito pequeno”.
Segundo Pedro Tavares, os responsáveis da empresa portuguesa sentiam que, “muitas vezes, não temos capacidade para alcançar projectos de maior dimensão, quer pelos nossos recursos humanos, que são poucos, quer pela capacidade financeira, pois é necessário ter capacidade financeira e rácios que nos permitam alcançar esses projectos”.
Garantindo estas capacidades, o responsável da Cenor afirma que, com a fusão com a TPF Planege, a concluir-se em 2017, “estamos no melhor dos dois mundos, porque temos um parceiro de outra dimensão, com cerca de 4 mil trabalhadores, que nos vai dar apoio, e temos, obviamente, um grupo onde nos podemos apoiar com outra capacidade de intervenção a nível financeiro”.
“O primeiro passo foi a TPF SA, enquanto grupo internacional de engenharia, adquirir a maioria do capital da Cenor, e a segunda questão é que nós, efectivamente, no prazo de um ano, ano e meio, iremos fundir com a TPF Planege para constituir uma outra empresa portuguesa porque, independentemente de quem detém o capital social, o que interessa é que a gestão, a administração
e os recursos humanos são todos nacionais”, sublinhou.
No que concerne à estratégia para o mercado internacional, as duas empresas convergem em termos de ideias. “O nosso mercado preferencial continua a ser África”, destacou Pedro Tavares, revelando que, actualmente, o objectivo consiste em “encarar África de uma forma global, todos aqueles países da África Ocidental, da África Meridional e mesmo a própria África do Sul”. Segundo o engenheiro, “há muitas hipóteses de colaboração nessas geografias e, portanto, esse é o nosso mercado preferencial, independentemente dos mercados onde já temos a nossa marca implantada, nomeadamente na Turquia, no Iraque – que agora está em “standby” dada a instabilidade – Timor e Macau, onde já temos uma presença física e uma representação permanente”. Neste contexto, Pedro Tavares explica que, principalmente no continente africano, as duas empresas que se fundirão dentro de cerca de um ano, irão fazer “um incremento da sua presença e vamos aumentar as exportações”.
Relativamente ao mercado nacional, o presidente da Cenor é pragmático. “Em primeiro lugar, é muito pequeno e, em segundo lugar, está demasiado focado no preço”. “É impossível fazer um bom trabalho por um preço inferior ao estipulado”, ressalva.
Por sua vez, no contexto de fusão, Pedro Tavares explicou ao Construir que as duas empresas têm já “uma longa experiência de trabalho em conjunto, embora sejamos ainda duas empresas independentes”. “Antes da aquisição [por parte da belga TPF SA], já tínhamos um relacionamento bastante intenso, conhecemo-nos bem mutuamente e temos uma excelente relação com os técnicos e administradores”, afirmou, explicando que se aliou “uma consistência de visão de futuro a um conhecimento que já tínhamos das pessoas, o que, à partida, garante bastante o sucesso da operação”.
De acordo com o mesmo responsável, “a TPF Planege é uma empresa com uma forte tradição na área de gestão e fiscalização de empreitadas”, enquanto a Cenor é “mais vocacionada para o projecto”. “A nossa área de projecto anda à volta de 60% a 65% do nosso volume de negócios, portanto, ao fundirmo-nos com a TPF Planege, vamos dar um impulso muito importante em toda a área de projecto” no grupo que nascerá desta fusão.
Para Pedro Tavares, ambas as empresas se complementam “de uma forma muito harmoniosa e, como temos filosofias bastante idênticas, estou convencido de que o futuro ogranograma da empresa fundida, que já andamos a discutir, não vai apresentar muitas dificuldades”.
Um factor importante, é a partilha de ideias dos dois grupos relativamente aos recursos humanos. “São um activo muito importante neste tipo de empresas”, salientou Pedro Tavares, referindo que a Cenor tem uma parte significativo dos seus recursos “alocada à formação e à valorização profissional, que são áreas muito importantes”. “Este tipo de filosofia de gestão é muito importante e é partilhado com a TPF Planege”, afirmou, destacando que, apesar de ambas as empresas terem sido concorrentes por diversas vezes, “é uma concorrência saudável”.
Por outro lado, o engenheiro ficou satisfeito com o facto de uma multinacional belga de engenharia ter apostado numa empresa portuguesa. “Os resultados e rácios da Cenor são muito interessantes e a TPF olha muito para isso. Sinto-me satisfeito pelo reconhecimento por parte de uma empresa de um país da União Europeia, que nos tenta aliciar para o seu projecto”, declarou, referindo também que, em resultado desta fusão, “nos próximos anos, não nos há-de faltar trabalho”.
Assim, o responsável da Cenor tem a convicção de que com a reforçada dimensão das duas empresas poderão ombrear com empresas internacionais de dimensão assinalável nos concursos. “Temos agora condições melhores e, portanto, vamos ter mais trabalho e vamos ter que admitir mais pessoas”, garante, explicando que ambos os grupos já estão a trabalhar em conjunto. A Cenor e a TPF Planege formarão consórcios “para fazer alguns trabalhos”, mas também irão responder sozinhas a outras trabalhos. Contudo, “é evidente que haverá uma troca de informação muito mais importante”.