Simpósio em Munique evoca vida e obra do arquitecto português Manuel José de Herigoyen
A iniciativa da homenagem contará com a participação do secretário de Estado da cultura, Elísio Summavielle
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Lusa
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O arquitecto português Manuel José de Herigoyen (1746-1817) é evocado esta sexta feira num simpósio em Munique, cidade alemã onde foi alto comissário das obras régias do Rei Maximiliano I, e assinou importantes obras.
A iniciativa da homenagem, que contará, nomeadamente, com a participação do secretário de Estado da cultura, Elísio Summavielle, e do ministro da ciência, investigação e das artes da Baviera, Wolfgang Heubisch, partiu do Círculo de Amigos de Herigoyen, e envolveu vários membros da comunidade portuguesa local.
A ideia do evento “já vem de longa data, temos tentado mobilizar as entidades portuguesas e alemãs na última década, e finalmente conseguimos”, disse à Lusa o arquitecto Pedro Jácome de Castro, radicado na capital da Baviera.
“Queremos que Herigoyen se torne uma personalidade inspiradora para a comunidade portuguesa não só de Munique, mas de toda a Alemanha”, explicou.
Entretanto, graças às diligências do Círculo de Amigos de Herigoyen, o Instituto de Gestão do Património (IGESPAR) irá promover uma exposição em homenagem ao arquitecto português no Palácio da Ajuda, no próximo ano, revelou Pedro Jácome de Castro à Lusa.
Para preparar o evento, deslocar-se-á também a Munique o presidente do IGESPAR, Gonçalo Couceiro.
Além disso, estão também em estudo formas de cooperação entre a Ordem dos Arquitectos portugueses e a sua congénere bávara, igualmente sob os bons ofícios do Círculo de Amigos de Herigoyen.
José Rodrigues dos Reis, presidente do Círculo de Amigos de Herigoyen, e grande entusiasta da iniciativa, disse à Lusa que começou a interessar-se pela personalidade do arquitecto há quase 20 anos, após conhecer o professor Hermann Reidel, que escreveu um livro sobre a sua obra.
O empresário português revelou ainda que os descendentes de Herigoyen que viveram na Alemanha “sempre se consideram portugueses, e tinham passaporte português”.
O descendente, Egon Herigoyen, faleceu em 1978, em Augsburg (Baviera).
Manuel José de Herigoyen nasceu a quatro de Novembro de 1746, em Belas, localidade do concelho de Sintra onde tem uma rua com o seu nome.
Para inventariar essa hipótese, estará também em Munique o presidente do Instituto de Gestão do Património (IGESPAR), Gonçalo Couceiro.
O pai de Emanuel José, Martin de Herigoyen, era descendente de uma família da nobreza de Ustaritz, no País Basco francês, e a mãe, Anna Margaretha Valorsy, era austríaca.
Os dois conheceram-se na corte de Viena, onde Martin de Herigoyen esteve, integrado na comitiva do Infante D. Manuel.
Ainda na escola em Portugal, Emanuel José distinguiu-se pelo jeito para o desenho e as artes plásticas, e teve aulas com um arquitecto da corte italiana que ajudou a reconstruir Lisboa, após o Terramoto de 1755.
Aos 16 anos, em 1762, entrou para a marinha real, interrompendo os estudos, que viria a reatar em Paris, onde esteve dois anos, a partir de 1767.
Mais tarde, foi para Viena, onde trabalhou em diversas obras, de que faltam, no entanto, registos.
Em finais de 1773, começou a trablhar para o Conde Sickingen, mudando-se para Landstuhl (Palatinado), e não tardou a chamar a atenção, e a ser convidado por Carl Joseph von Euthal, princípe de Mainz, para seu arquitecto.
Em 1780, mudou-se para Mainz, onde concebeu um parque paisagístico, uma faisanaria e trabalhou na restauração do palácio de von Euthal.
Em 1794, tornou-se engenheiro-mor da Catedral de Mainz.
Dez anos depois, confiaram-lhe a construção do Teatro de Regensburg, e foi nomeado arquitecto do principado desta cidade alemã.
Em 1810, com a integração de Regensburg na Baviera, foi chamado a Munique pelo Rei Maximiliano I que lhe ofereceu o lugar de alto comissário das obras régias.
Entre as suas obras mais importantes na capital da Baviera, há cerca de 200 anos, incluem-se o Palácio Montgelas, hoje integrado no hotel de luxo Bayericher Hof, no centro de Munique.
Concebeu também o portal dórico, as estufas e outras zonas do velho jardim Botânico, e o Isartortheater, destruído na sequência da II Guerra Mundial.
Emanuel José de Herigoyen faleceu a 27 de Julho de 1817, e está sepultado no cemitério Munique-Sul.