Avança a reabilitação de uma Vila a Este
A primeira fase está orçada em quase 5 milhões de euros. Projectada pelo gabinete de Vítor Abrantes,
Pedro Cristino
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A primeira fase está orçada em quase 5 milhões de euros. Projectada pelo gabinete de Vítor Abrantes, esta etapa da reabilitação da Vila d’Este, em Vila Nova de Gaia, está a ser executada pela empresa portuense Engenheiros Associados (EA), que já dispõe de larga experiência neste campo. De acordo com os dados disponibilizados pelo dono de obra, a empresa municipal Gaia Social, o projecto compreende 18 blocos, com 109 edifícios que, por sua vez albergam 2085 habitações e 76 espaços comerciais. Caracteriza-se, segundo a moção do Bloco de Esquerda, “contra o impasse na reabilitação urbana de Vila d’Este”, pela sua “elevadíssima densidade construtiva, de torres concebidas em altura, resultando numa densidade populacional que poucas zonas urbanas atingem em Portugal”. Por outro lado, a própria qualidade da construção foi “sacrificada para além do razoável, em nome da contenção dos custos da construção”.
A primeira fase
A intervenção da EA refere-se a seis blocos, “a que correspondem 36 edifícios em que se incluem 766 habitações e 31 espaços comerciais” e tem um prazo de execução de um ano. Está centrada no “tratamento da envolvente exterior dos edifícios, através da introdução de melhorias térmicas nas fachadas, com a aplicação de um sistema de isolamento térmico pelo exterior”. As coberturas serão alvo de aplicação de um novo revestimento, em chapa perfilada metálica, “que resolverá os actuais problemas de infiltrações”. Por sua vez, a componente térmica, “até à data inexistente, será valorizada”, enquanto que “todo o sistema de drenagem de águas pluviais será reformulado, de forma a garantir um desempenho adequado”. No que se refere ao interior das zonas comuns, “serão aplicados sistemas de segurança, através da colocação de redes armadas de combate a incêndios e extintores como meios de primeiro combate”.
A melhoria das condições térmicas
Ao Construir, o responsável pela Engenheiros Associados, António Secca Oliveira, referiu que o edificado “não tinha sido objecto de qualquer grande manutenção” desde a sua construção e que “a acção do tempo fez o seu papel”. No âmbito de proceder à obra de reabilitação, os profissionais da EA recorreram às soluções “induzidas pelo projecto” e encontram-se agora a “aproveitar a oportunidade de reabilitar os edifícios”. No seu aspecto geral, a intervenção caracteriza-se pela melhoria do comportamento térmico do edifício, “com recurso ao sistema ETICS”, pela inclusão de factores de sombreamento, pela melhoria térmica das coberturas, pela introdução de rede de incêndios, pelas protecções mecânicas das cotas mais baixas dos edifícios, pela melhoria das entradas e das áreas comuns e pela “normalização dos aproveitamentos dos terraços”.
As condicionantes
Numa obra deste calibre, a existência de desafios na componente de engenharia é um dado adquirido e torna-se logo visível com a necessidade de “ajustar as soluções preconizadas pelo projecto às realidades da construção”. Segundo os responsáveis da EA, tratam-se de edifícios “aparentemente iguais”, mas erigidos por empresas diferentes, “em ocasiões diversas”, com condicionamentos derivados dos factores económicos e das “matérias e soluções na altura em moda”. Neste sentido, a pormenorização só será possível “após o conhecimento cuidado do local”. As condições climatéricas também consistiram num obstáculo ao desenvolvimento da obra. “Também se revelou particularmente difícil conciliar o tipo de intervenção com as condições climatéricas verificadas neste Inverno”, refere António Secca Oliveira, acrescentando que, “a altura dos edifícios” acabou por revelar-se como um aspecto particular que trouxe mais ênfase a esta questão. Por sua vez, o período de um ano entre a adjudicação da obra e a abertura do concurso público foi, “só por si, provocador de um desfasamento das realidades vividas em tempos com um ano de intervalo”. Por último, resta a “preocupação em enquadrar toda e qualquer alteração de modo a criar vantagens económicas para o dono de obra”, sob pena de se gorarem as hipóteses de essas mesmas alterações serem aprovadas.
Uma longa história
Em 2007, a Lusa referiu que a Vila d’Este “tem mais residentes do que oito dezenas de cidades portuguesas”. A carência de condições nesta urbanização tem levado a que os moradores tenham vindo a deslocar-se para outros locais. Em 2003, no âmbito de solucionar os problemas que vinham a afectar a Vila d’Este, foi formada a associação de proprietários que assinou um protocolo com a empresa municipal GAIAURB no sentido de levar a cabo o conjunto de obras de reabilitação consideradas necessárias. No quadro desse acordo, a associação realizou um “minucioso” levantamento das necessidades, num trabalho que durou 25 meses. Este levantamento foi apresentado numa conferência internacional em Itália e mereceu a atenção da revista norte-americana Housing Science, que o publicou. Um dos maiores problemas da urbanização consiste na infiltração de humidade que afecta as caixilharias das janelas, as paredes, os tectos e o chão. Registaram-se também fissuras que afectavam as paredes e os tectos. Um dos autores do estudo, Vítor Abrantes, da Faculdade de Engenharia do Porto, acabou por elaborar o projecto de requalificação urbanística. Agora, o projecto levado a cabo pela GaiaSocial tem como objectivos a eliminação das anomalias, a adequação às exigências actuais, a reabilitação arquitectónica e “aumentar a auto-estima”. À cabeça dos investimentos, surge o bloco 15, Praceta Padre Floro, que implica a aplicação de um montante que ronda 1,260 milhões de euros, seguindo-se o bloco 8, da Rua de Vila de Este, com 1,117 milhões e o bloco13, também parte da Rua de Vila de Este, com cerca de 1 milhão de euros.