Arquitectos defendem casas com arquitectura rara de Luís Alçada Baptista, na Covilhã
A Câmara da Covilhã pretende construir no local uma barragem

Lusa
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A Ordem dos Arquitectos defendeu a classificação de interesse público de casas desenhadas por Luís Alçada Baptista, na Serra da Estrela, para evitar que sejam submersas.
A Câmara da Covilhã pretende construir no local uma barragem que considera fundamental para garantir o abastecimento de água à cidade.
No entanto, “há elementos arquitetónicos, de humanização e história do local que o tornam únicos”, disse à Agência Lusa Luís Alçada Baptista, filho do arquitecto com o mesmo nome que projectou duas casas na Tapada do Doutor António, no Vale das Cortes.
As casas foram construídas na década de 60 e são um dos raros exemplares portugueses da época a dar corpo aos ideais do arquitecto Frank Lloyd Wright, destacou Fernando Martins, vogal do conselho directivo nacional da Ordem dos Arquitectos.
“Ele aboliu o ângulo recto a favor dos 60 e 120 graus, o que permite melhor implantação no ambiente natural”, referiu.
Entre outros detalhes, Fernando Martins destaca a relação muito próxima da arquitectura dos imóveis com a natureza, com materiais da região e formas que nalguns pontos “quase fazem dele próprio um rochedo”.
As casas graníticas da Tapada do Dr. António “são um exemplar quase único desta abordagem em Portugal. Não há dúvida de que se trata de um objecto importante em termos da produção arquitectónica portuguesa”, sublinhou.
Luís Alçada Baptista realça ainda que no local há um sistema de açudes e levadas criado pelo seu trisavô e com o qual se aproveitava a água das ribeiras para regar prados, alugados a pastores.
Depois, nas décadas de 60 e 70, as casas foram local de inspiração para António Alçada Baptista escrever “Peregrinação Interior” e para a obra “O Delfim” de José Cardoso Pires, para além de manifestos e tertúlias que, entre outros ideais, se opunham ao Estado Novo, acrescenta.
Apesar de o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) já ter negado a preservação, Luís Alçada Baptista acredita que tal se tratou de “um percalço” e acredita que, através de novo pedido, “o sítio venha a ser classificado”.
Aquele proprietário defende que a barragem pretendida pela Câmara da Covilhã seja construída um pouco mais abaixo no Vale das Cortes, numa zona que deixará as casas a salvo.
Leonor Cintra Gomes, presidente da Secção Sul da Ordem dos Arquitectos, referiu que o presidente da instituição “já alertou a Ministra da Cultura para o assunto”, apelando à preservação do local.
Contactado pela Agência Lusa, o presidente da Câmara da Covilhã não quis comentar a visita organizada pela Ordem.
Em Março, o autarca referiu em conferência de imprensa discordar da pretensão de se classificar o local e justificou-se com o facto de em 2006 mais de 20 entidades envolvidas na Declaração de Impacto Ambiental terem dado parecer favorável à construção da barragem.
Carlos Pinto lamentou que os pedidos estejam a travar a prorrogação daquela declaração, necessária para a obra avançar.