Pancho Guedes tem primeira exposição em Maputo
A mostra é a primeira do arquitecto em Moçambique
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Lusa
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“Pancho Guedes – a aventura da arquitectura, o desafio do formalismo” é o título da primeira exposição em Maputo do arquitecto português Pancho Guedes, considerado uma das maiores referências da arquitectura moderna e contemporânea portuguesa.
A mostra, que será inaugurada na próxima quinta feira no Consulado Geral de Portugal em Maputo pela ministra da Cultura portuguesa, Gabriela Canavilhas, é a primeira do arquitecto em Moçambique, onde Pancho Guedes “construiu” entre 300 a 400 edifícios ao longo de 25 anos em que esteve no país, antes da independência, em 1975.
A iniciativa contará com a presença do autor da exposição, que vai integrar a comitiva do primeiro ministro de Portugal, José Sócrates, que inicia quarta feira uma visita de três dias a Moçambique.
Durante o período em que viveu em Moçambique projectou entre 600 e 700 construções, algumas das quais verdadeiros “ex-libris” da Lourenço Marques colonial, hoje Maputo.
Entre as obras mais emblemáticas de Pancho Guedes incluem-se a Casa Avião, Complexo Zambi, Colégio Pio XII, Polana Bar, do Hotel Polana, Convento de São José da Lhanguene e Escola de Enfermagem Hospital M.Bombarda, actual Hospital Central de Maputo, entre outros empreendimentos.
Se a maioria das criações de Pancho Guedes na capital moçambicana mantém a sua originalidade arquitectónica inabalável, outras não resistiram à voraz especulação imobiliária que impera em Maputo, uma situação em parte permitida pela ausência de uma lei que proteja as obras dos arquitectos, como revelou à Lusa José Forjaz, um reputado arquitecto moçambicano, que trabalhou como desenhador para Pancho Guedes.
“Se estivesse no lugar dele talvez não me sentisse motivado a visitar algumas das suas obras pela violência que sofreram com a insensibilidade em relação a obras de grande valor arquitectónico”, afirmou José Forjaz.
“Ainda há pouco demoliram a Vila Itália desenhada por Pancho, para dar lugar a um prédio, com desrespeito pela originalidade com que a anterior construção foi concebida”, lamentou o arquitecto.
Para José Forjaz, trabalhos arquitetónicos de referência em Moçambique, incluindo de Pancho Guedes, estão “em risco de extinção” devido à ausência de uma lei como a que protege os direitos de autor.
José Forjaz, ex-director da Faculdade de Arquitetura da Universidade Eduardo Mondlane, lamenta ainda a falta de divulgação da obra de Pancho Guedes, que podia ser através de exposições, uma situação que atribui à pouca atenção dada “a matérias com valor cultural”.
“É fácil organizar um concerto de rock ou um torneio de futebol, porque são actividades que se pagam por si mesmas. Eventos como exposições só são possíveis num ambiente de mecenato mais maduro ou com intervenções das entidades governamentais, o que infelizmente não acontece em Moçambique”, enfatizou José Forjaz.