Ateliê á Lupa – Topos
“A qualidade na construção é essencial†Como surgiu o atelier? O atelier iniciou a sua actividade em 1986. Eu e a minha mulher, que é portuguesa, cursamos em Nantes. E depois de alguma experiência em ateliers em França decidimos vir para Portugal. Mais tarde o arquitecto Albino Freitas juntou-se a nós. Mas porquê Braga e… Continue reading Ateliê á Lupa – Topos
Filipe Gil
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“A qualidade na construção é essencialâ€Â
Como surgiu o atelier?
O atelier iniciou a sua actividade em 1986. Eu e a minha mulher, que é portuguesa, cursamos em Nantes. E depois de alguma experiência em ateliers em França decidimos vir para Portugal. Mais tarde o arquitecto Albino Freitas juntou-se a nós.
Mas porquê Braga e não Lisboa ou Porto?
Em primeiro lugar porque sou um provinciano, e porque a minha mulher é natural de Braga. Nunca questionámos trabalhar nas grandes cidades.
E como tem sido a evolução do atelier desde 86, altura em que, por exemplo a arquitectura portuguesa, não era tão conhecida fora de portas?
Depois de cinco anos a praticarem vários ateliers em França decidimos tentar a experiência em Braga. Decidimos voar com as nossas próprias asas, iniciando logo com um novo ateliers. Muitas pessoas perguntaram-me o que irÃÂamos fazer em Braga, nós respondemos que se as coisas funcionassem, ficarÃÂamos, senão tentarÃÂamos outro local
E como foi a fase de inicial do ateliê?
Começámos com pequenas moradias, coisas muito pequenas, e depois entramos em concursos, onde fomos premiados em alguns. E as coisas começaram-se a desenvolver. O primeiro concurso que fomos premiados foi nas FontaÃÂnhas na cidade do Porto.
Ou seja, embora sedeados em Braga, vocês têm trabalho em outras localidades?
Curiosamente temos pouca obra em Braga, temos mais em toda a zona norte de Portugal. Em ponte de Lima, Famalicão, por exemplo. Braga é a nossa plataforma de trabalho. Aqui fizémos um loteamento que foi finalista para um prémio ibero-americano. E loteamentos é algo que gostamos muito de fazer. Temos algumas moradias e restauramos um palácio no centro de Braga. E temos algumas obras no Porto, e estamos, actualmente, a trabalhar na escola Francesa.
Como é que define a arquitectura do vosso atelier?
Em primeiro lugar temos de ser profissionais. Como diz Jean Nouvel “é melhor ser bom profissional sempre do que ser bom arquitecto de vez em quandoâ€Â. Temos grande cuidado com a qualidade da obra,, talvez tenha a ver com as escolas que frequentamos. Outro ponto que achamos muito importante é a questão da paisagem, e a questão do urbano. E, ainda, tentamos fazer com a nossa arquitectura apoie a democracia
…como assim?
A democracia é um sistema participativo. Assim, a arquitectura é algo que veicula cultura e muito conhecimento, e quanto mais as pessoas tiverem conhecimento, mais serão elucidadas. E assim participamos nesse processo democrático.
Como francês qual era o seu conhecimento da arquitectura portuguesa na altura que veio para Portugal?
Já tinha algum conhecimento da arquitectura portuguesa e via-a com muitos bons olhos. Conheci o arquitecto ÃÂlvaro Siza antes dele ser famoso. Em França estávamos num contexto muito pós-moderno, e vi na arquitectura de Siza algo que me recordava o espÃÂrito da arquitectura do Le Corbusier. Penso que os arquitectos devem estar a nascente das questões, e lembro-me que em França estava a jusante, e formalizar coisas com as quais não concordava, torna-se frustrante. E aqui, em Portugal, existe e existia uma maior liberdade, tornando-se um espaço muito atraente para um arquitecto.
Foi essa liberdade que encontrou em Portugal?
Sim, mas no inÃÂcio sofri um pouco.
E actualmente, consegue dizer se é mais influênciado pela escola francesa, ou pelos anos em Portugal.
Uma vez recebemos uma visita de um arquitecto que julgava que tÃÂnhamos trabalhado para o arquitecto Fernando Távora, quando na realidade fizémos o curso em França. Mas não dou grande importância a isso. Tenho uma cultura francesa e uma cultura portuguesa, o que é uma vantagem. O que influi muito na arquitectura que fazemos, e fizemos, são os primeiros contactos que tivemos com os arquitectos e com os professores. Eu, por exemplo, comecei a trabalhar com um arquitecto que a sua questão fulcral era a questão social, outro era a questão construtiva.
E como tem sido a evolução da arquitectura nacional, desde que chegou?
Tem sido boa. Mas acho que está a nascer algo em Portugal sobre aquilo que me preocupa muito, a questão do urbano e da paisagem. A consciência de se voltar a pensar a cidade e a paisagem é muito necessária em Portugal. Um trabalho que pense nos espaços relacionados e não apenas nos edifÃÂcios. Gosto muito deste paÃÂs, mas sempre me custou ver a ausência de urbanismo imperar em Portugal. Talvez seja o problema de ainda ser uma jovem democracia. E interessa-me mais isso do que propriamente o objecto.
E ainda há esperança, na questão do urbanismo, para as cidades portuguesas?
É um processo lento. Os arquitectos podem fazer nascer uma consciência do que é dar um exemplo de uma coisa que funciona. Mas é um problema cultural.
Falando da vossa arquitectura, quais os projectos que destacam?
Gostamos muito de fazer loteamentos. Gostamos de ver os problemas e fazer de forma a que não seja a famosa “chapa cincoâ€Â. Como um loteamento que fizémos aqui em Braga. Onde tentámos controlar todo o loteamento, desde as infra-estruturas até àconstrução das moradias. E estamos ainda a tentar intervir de uma forma minimal. Infelizmente não temos muito loteamento feitos. Destaco também os dois edifÃÂcios que fazem um tipo de portas da cidade da Póvoa do Varzim, e que foram escolhidos para a exposição Habitar Portugal. Outro projecto a destacar é projecto em Ponte de Lima, onde criámos o hotel, e o aldeamento turÃÂstico, mas os loteamentos periféricos estão a ser construÃÂdos de uma forma desastrosa. Desenhámos o loteamento, mas as pessoas meteram aditamentos e estão a transformar aquilo que fizemos.
Se tivesse que aconselhar os decisores de uma cidade média como Braga, qual o conselho que dava?
Fazer urbanismo com urbanistas. Os centros das cidades já está constituÃÂdo, por isso a periferia urbana é a parte dramática. É a falta de urbanismo, do design urbano, de conhecimento da arte urbana. São questões que estão a ser levantadas, mas que já o foram, por exemplo pelo o arquitecto Nuno Portas. É necessário uma vontade polÃÂtica forte para defender determinados princÃÂpios urbanos. É aqui que está a dificuldade: compatibilizar interesses e o desenho urbano.
Ou seja, um edifÃÂcio feito por um renome internacional da arquitectura para uma cidade como Braga, não resolve?
Essa é a confusão que se faz entre o objecto e o relacional.. Participar na construção do tecido urbano é mais importante do que implantar qualquer coisa, claro que o objecto é importante, mas a malha urbana é muito importante.
ficha técnica
Nome: Topos Atelier de Arquitectura
Morada: Rua Andrade Corvo nº242, 3º, Sala 301
4700-204 – Braga
email: geral@toposatelier.com
site: www.toposatelier.com
projectos: EdifÃÂcio 1 e EdifÃÂcio 2 na Póvoa do Varzim (2000-2001); Casa na Quinta das Poças (2001); EdifÃÂcio de Habitação no Campo da Vinha (2000);EdifÃÂcio Rua Andrade Corvo em Braga (1999); Jazigo em Braga (1998); Hotel Rural em Lamego (1996); Cinco casas no Bom Jesus em Braga (1993); Urbanização Quinta do Passal em Vila Nova de Famalicão (1990); Instituto Francês do Porto(1988); EdifÃÂcio Alto Ave (1986), entre outros.