Savills: Investimento imobiliário comercial atinge os 690 M€ na primeira metade do ano
Os segmentos de hospitality e retalho captaram 56% do volume total de investimento. O investimento internacional continua a liderar, representando 83% do volume total revela análise da Savills
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A Savills analisou, no seu mais recente relatório “Real Estate Market Overview”, o comportamento no 1º semestre de 2024 das diversas áreas do sector imobiliário.
No final do 2º trimestre de 2024, a economia portuguesa registou um crescimento homólogo de 1,5%, com uma aceleração no investimento e no consumo privado. Com Portugal a crescer ao dobro do ritmo da Zona Euro, as previsões para a segunda metade do ano são mais optimistas. Embora o contexto internacional permaneça marcado por elevada incerteza e tensão, a procura interna tem mostrado sinais de resiliência, esperando-se um maior dinamismo no consumo das famílias e no investimento na segunda metade de 2024.
No final dos primeiros seis meses de 2024, o mercado de investimento imobiliário comercial, registou uma descida homóloga de 10%, cifrando-se o volume total de investimento neste período nos 690 milhões de euros.
O 2º trimestre contribuiu com um volume de investimento mais elevado (430 milhões de euros). Para a 2ª metade do ano, as perspetivas apontam ser mais animadoras, com as expetativas de conclusão de alguns processos já em curso. O setor de hospitality atraiu 36% do volume total de transações, seguido do setor de retail com 20%. Escritórios, Alternativos (PBSA) e Industrial & Logística dividem entre si de forma mais ou menos igualitária o restante volume de investimento.
O investimento cross-border pesou 83% no volume de investimento total, com os investidores alemães, franceses e americanos a contarem para a maior fatia de investimento. As yields prime estiveram em terreno estável nos primeiros 6 meses de 2024.
As descidas antecipadas nas taxas de juros devem trazer uma mudança na actividade de investimento. Embora os efeitos possam não ser imediatos e o volume de investimento deva ficar abaixo dos 2 mil milhões de euros em 2024, a confiança dos investidores será fortalecida. No entanto, há que ter em consideração que persistem ainda alguns desafios relacionados com a inflacção persistente e as tensões geopolíticas que podem neutralizar o efeito dos cortes nas taxas de juros. A atenção dos investidores permanecerá focada em sectores que demonstrem fundamentos de mercado fortes, que não estão ligados à volatilidade económica e são altamente resilientes.
“Apesar da quebra registada no primeiro semestre no mercado de investimento imobiliário comercial em Portugal, o segundo trimestre mostrou já alguns sinais positivos com um aumento de 65% em relação ao trimestre anterior. A estabilização das prime yields e a possível redução das taxas de juros deixam-nos optimistas para a segunda metade do ano, embora desafios como a inflação e as tensões geopolíticas continuem a ser factores a considerar”, considera Paulo Silva, head of country da Savills.
Escritórios
No mercado de escritórios, Lisboa e Porto revelaram um 1º semestre de 2024 muito positivo, com uma trajectória de forte crescimento nas duas principais cidades do país. No 1º semestre do ano, Lisboa registou 127.645 m² de volume de absorção, número que mais que triplica os 37.917 m² do período homólogo de 2023. No total, neste período foram concluídas 82 operações, número que representa um acréscimo de 15% face ao mesmo período de 2023.
Industrial & Logística
Já o mercado de Industrial & Logística nacional somou, no final do 1º semestre um volume de absorção total de 430,000 m2, o que representa um crescimento de 90% comparativamente à média dos últimos 3 anos, com a região da Grande Lisboa a exercer um peso de 41% no volume de absorção.
Com um stock logístico 3,25 milhões de m² e uma taxa de disponibilidade muito residual de 3,52%, a região da Grande Lisboa fechou os primeiros seis meses do ano, com um volume de absorção de 177,000 m², mais 36% comparativamente aos 3 últimos anos.
Retalho
O índice de volume de negócios no comércio a retalho cresceu consecutivamente pelo 3º mês, fechando o mês de Junho de 2024 em 3,4%. Após uma ligeira descida de 0,5 p.p. no índice de confiança dos consumidores, de Abril para Maio de 2024 (-17,5%), Junho apresentou um resultado mais positivo, com uma subida de 0,9 p.p., terminando o segundo trimestre do ano em -16,6%.
O sector de F&B foi responsável por mais de 50% do total de aberturas de retalho de rua em Lisboa e no Porto. Também a grande aposta de expansão de marcas low-cost em Portugal, tem sido uma das grandes tendências. O contexto inflacionário vem sublinhar a sensibilidade ao preço dos consumidores, que procuram cada vez mais propostas de preço-qualidade mais competitivas.
No final do primeiro semestre de 2024, a renda prime de comércio de rua em Lisboa atingiu 140€/m2, representando um crescimento de 3,7% face ao valor registado em 2023. No Porto, este valor mantém a sua estabilidade nos 70€/m2.
Residencial
O mês de Junho registou cerca de 1,6 mil milhões de empréstimos à habitação, o montante mais baixo de 2024 do primeiro semestre do ano. Já as taxas de juro, diminuíram pelo 9º mês consecutivo, tendo atingido os 3,68%.
Em termos de transacções de vendas a nível nacional, registou-se um ligeiro decréscimo de 0,7% em relação ao primeiro semestre de 2024, com um total de 65,206 casas vendidas em Portugal.
No que diz respeito aos preços de venda, a cidade do Porto registou as subidas mais acentuadas nos primeiros seis meses do ano, com aumentos entre 7,5% a 9,4%, dependendo do tipo de oferta (nova ou usada) e do mercado alvo (medium a high-end).
Lisboa também seguiu uma trajectória ascendente, embora de forma menos acentuada, com os valores de venda a registarem uma subida entre 1,8% e 5,4%.
Em relação ao mercado de arrendamento, a cidade de Lisboa registou um aumento de 5,7% no número de contratos celebrados em relação ao primeiro semestre de 2023, enquanto o Porto apresentou um decréscimo de 5,1%.
De destacar que no final de Junho de 2024, 72% e 61% dos imóveis residenciais em pipeline em Lisboa e no Porto, respectivamente, já haviam sido comercializados, números que corroboram a dinâmica do sector.