“Famílias portuguesas estão cada vez mais despertas para a importância do consumo de energias limpas”
Até 2025, a Otovo espera atingir as 10 000 vendas no mercado português e os resultados obtidos em 2023, cumprido o primeiro ano de actividade no país, ajudam a alcançar essa meta. Portugal destaca-se como um dos quatro melhores entre os 13 mercados onde a Otovo opera, a nível de performance de vendas. Mas ainda há muito para crescer já que, apesar das condições naturais, Portugal tem uma taxa de penetração do solar entre 4% a 5%, refere Manuel Pina director geral da empresa em Portugal
Manuela Sousa Guerreiro
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O marketplace fechou 2023 acima do previsto e com previsões “muito positivas” para o ano que agora arranca, como nos conta Manuel Pina, director geral da Otovo em Portugal. O seu modelo de subscrição ajudou a democratizar o acesso à energia fotovoltaica, por um lado, mas também a dinamizar o negócio das empresas instaladoras.
Como correu este primeiro ano de actividade? Os números alcançados corresponderam às metas traçadas inicialmente?
O balanço do primeiro ano de operação da Otovo em Portugal é claramente positivo. Uma das métricas que nos permite chegar a esta conclusão é o facto de termos atingido a meta das 1000 vendas a um ritmo mais acelerado do que inicialmente projectado. Fechámos, por isso, 2023 acima do previsto e acredito que 2024 será também um ano muito positivo para nós. Como já referimos publicamente, o objectivo até 2025 passa por atingir as 10.000 vendas. Este será o nosso foco, reforçando ao mesmo tempo a importância do modelo de subscrição, que representa mais de 2/3 de todas as vendas efectuadas em Portugal.
Quais os principais desafios que se colocaram à empresa durante este primeiro ano e meio de actividade?
Os principais desafios foram os inerentes à entrada de uma empresa num mercado novo. Em Portugal foi necessário começar uma estrutura do zero, dar a conhecer a Otovo ao mercado e ganhar a confiança dos consumidores nacionais. Este é um desafio grande, sobretudo numa realidade muito dominada por grandes empresas que operam no país há dezenas de anos.
O modelo de subscrição Otovo tem sido fundamental para marcar a diferença, uma vez que fomos os primeiros a trazer este modelo para o nosso país.
Adicionalmente, apesar de Portugal ter uma posição geográfica privilegiada para a produção de energia solar, a penetração de sistemas residenciais de produção de energia ainda está atrás de outros países europeus. Neste sentido, o esforço tem sido o de trazer mais informação e de ajudar as famílias a perceberem quanto podem poupar na sua factura de electricidade.
Enquanto marketplace, o vosso crescimento está muito dependente de quem instale as soluções. Como vai o relacionamento com as empresas deste sector?
Sendo um marketplace, é tão importante para nós oferecer uma boa experiência aos consumidores que nos procuram como também aos instaladores que encontram na Otovo uma oportunidade para expandir o seu negócio. A nossa experiência de outros mercados ajuda-nos a perceber quais são as melhores práticas que os instaladores devem seguir para garantir a máxima segurança durante as obras, a maior qualidade das instalações e os melhores materiais a usar. Partilhamos este conhecimento de forma continuada, assim como as opiniões que os nossos clientes nos passam. No final, a nossa proposta de valor para os instaladores passa por oferecer um canal de vendas com projectos “chave na mão” que lhes permite chegar a mais clientes e assim aumentar a sua facturação. Neste primeiro ano, chegámos a trabalhar com quase 100 empresas. No entanto, nem todas se mantêm na plataforma. É importante destacar que a Otovo dá preferência apenas às empresas que oferecem os mais altos padrões de qualidade e segurança.
Estamos a iniciar 2024 e poucas coisas são certas como a urgência da descarbonização do sector eléctrico. As empresas estão a fazer o seu caminho a nível dos particulares há ainda um percurso para percorrer ao nível da adopção de energia renovável. É assim?
É um facto que, considerando todas as condições naturais, Portugal tem uma taxa de penetração baixa do solar (4% a 5%) e tem uma boa margem de progressão. Mas é também verdade que as famílias portuguesas estão cada vez mais despertas para a importância do consumo de energias limpas e para conceitos como o autoconsumo. Os números indicam que a taxa de adesão aumenta de ano para ano, tendo sido o mercado residencial um dos que mais tem crescido no que diz respeito à adopção de sistemas de produção de energia solar.
Um mercado com muito para crescer
Que avaliação fazem do mercado português, quanto aos players que nele operam, à legislação que regulamenta o sector e à percepção que o consumidor tem da produção de energia para auto-consumo?
O mercado português tem sido tradicionalmente dominado por duas grandes marcas que, como normalmente acontece em cenários semelhantes, disponibilizam aos consumidores uma oferta de serviços muito similar.
Com a nossa entrada, nomeadamente com a introdução do modelo de subscrição, os consumidores tiveram acesso a um serviço diferente e que se destaca por não obrigar a um investimento inicial por parte das famílias para aderirem ao autoconsumo. O modelo de subscrição, por apresentar esta simplicidade, despertou o interesse das famílias portuguesas para a transição energética. Tal como referi antes, considero que, apesar da baixa taxa de penetração, todos os anos se regista um maior número de adesões a sistemas de painéis solares fotovoltaicos em Portugal e este facto prova que os portugueses estão cada vez mais atentos para os benefícios do fotovoltaico.
Como vai a evolução do mercado português em comparação com outros mercados onde a OTOVO está presente?
Tal como temos tornado público aquando da apresentação de resultados, o mercado português continua a destacar-se como um dos quatro melhores dos 13 da Otovo a nível de performance de vendas. Muita da responsabilidade por estes números prende-se com o modelo de subscrição, que, em média, apresentou uma adesão 20% acima dos restantes mercados europeus.
No plano global qual o vosso sentimento e perspectiva para 2024?
Os factores que têm contribuído para o crescimento da procura por sistemas de painéis solares fotovoltaicos são o aumento dos custos com a energia da rede, uma redução dos preços dos equipamentos de produção e o aparecimento de novos modelos de aquisição, tais como o modelo de subscrição. Acredito que, caso se mantenham inalterados, o crescimento do autoconsumo de energia solar tenderá a manter-se.
2024 será também um ano de eleições e, apesar das metas estabelecidas pela União Europeia, será importante perceber se o futuro governo dará continuidade ao trabalho já iniciado. Convém relembrar que ainda existem verbas atribuídas à transição energética das famílias que não foram alocadas e é fundamental não deixar passar esta oportunidade para ajudar os consumidores nacionais a pouparem na sua conta de electricidade e a reduzirem a respectiva pegada de carbono.