Hugo Santos Ferreira, presidente da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII)
2024, via verde para a habitação?
O reconhecimento político que foi dado ao tema, revela a urgência em agir, e é já um sinal positivo, mas não se refletiu em medidas suficientes que resolvessem o problema, é preciso mais. Em primeiro lugar precisamos de coragem, coragem para fazer, reformar por forma a romper com o passado para criar medidas concretas que deem início à resolução deste problema nacional
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Em contagem decrescente para 2024, estamos também em contagem decrescente para mais um momento decisivo do nosso país, as eleições legislativas. E com isto é também chegada a altura de refletir, aprofundadamente, sobre que políticas de habitação queremos ter daqui em diante, quais as ações que estamos dispostos a assumir para mudar a dura realidade que se vive há já alguns anos em Portugal.
Ao longo do ano, a Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII) tem frisado que a escassez de casas é a raiz do problema da crise da habitação me Portugal. O défice na oferta em relação à procura resulta naturalmente no aumento dos preços, tornando a habitação inacessível para muitos portugueses. A solução, aparentemente simples, reside na construção de mais habitação, para que possamos ter casas que os portugueses possam pagar. No entanto, as medidas implementadas ao longo deste ano não foram suficientes. É necessário, entre outros, uma maior simplificação nos processos de licenciamento, incentivos adicionais à construção nova e uma carga fiscal adequada.
Pese embora o cenário seja desafiador, a APPII acredita que 2024 pode ser encarado com esperança, na expectativa que, havendo um compromisso sério entre os setores público e privado para abordar as questões fundamentais que alimentam a crise habitacional, o país possa concretizar o verdadeiro ponto de viragem no paradigma da habitação a que se tem assistido. Não há aliás, do nosso ponto de vista, outra forma de resolver o problema no médio prazo. O reconhecimento político que foi dado ao tema, revela a urgência em agir, e é já um sinal positivo, mas não se refletiu em medidas suficientes que resolvessem o problema, é preciso mais. Em primeiro lugar precisamos de coragem, coragem para fazer, reformar por forma a romper com o passado para criar medidas concretas que deem início à resolução deste problema nacional.
Também se revela importante nunca perder de vista outros fatores vitais para a criação das verdadeiras cidades do futuro. E aqui é imperativo considerar o desenvolvimento de zonas urbanas de forma sustentável, aliadas a um planeamento urbano inteligente, que pode não apenas aliviar a pressão sobre os mercados imobiliários nas áreas metropolitanas, mas também criar comunidades mais equitativas e resilientes.
De volta à reflexão inicial, surge a questão: À luz do que foi 2023, como queremos que seja 2024 em matéria de habitação?
Os desafios são muitos, e reclamam ação, a APPII como representante do setor está, uma vez mais disponível para ser parte da solução, ao lado do próximo governo, assim haja vontade e coragem política para assumir que os investidores são parte da solução para colocar habitação nova no mercado, de forma célere e para todos os segmentos do mercado. A produção imobiliária no nosso país diminuiu muito nesta década, tem encontrado e encontrará certamente no começo do novo ano, vários obstáculos. A solução está precisamente em criar um ambiente favorável à habitação, uma via verde para a habitação que una os vários stakeholders com um único objetivo, colocar o máximo de casas no mercado no menor espaço de tempo. Será esta uma missão impossível? Acreditamos que não, basta rever a nossa história recente para saber que é possível, e que os portugueses e os seus governantes estão à altura desta missão.
O grande objetivo para 2024 é resolver a crise habitacional que se vivemos, e para tal é preciso unir todos os portugueses neste novo desígnio para alcançar o cabo da boa esperança!
Nota: O Autor escreve de acordo com o Novo Acordo Ortográfico