Garridas 1867 reforça requalificação urbana de Benfica
Iniciado em 2019 através do projecto Fábrica 1921, com a reconversão para habitação da têxtil “Simões & Companhia Lda”, o processo de regeneração do bairro de Benfica “Renovar o Bairro. Recontar a História”, avança com o lançamento de mais um projecto imobiliário Garridas 1867. Ambos os projectos têm a assinatura do atelier de arquitectura Broadway Malyan e são promovidos pela Teixeira Duarte
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Mais do que reforçar a vocação residencial de Benfica, com a criação de cerca de 400 alojamentos com capacidade para acolher pelo menos 1.000 residentes, os dois projectos da Teixeira Duarte, dos quais a Broadway Malyan assina a arquitectura e a arquitectura paisagista, foram pensados para criar um impacto positivo no bairro, requalificando o tecido urbano e, sobretudo, trazendo novos espaços públicos para uso da comunidade, dinamizando a vida do bairro. Em conjunto os dois empreendimentos representam cerca de 7,5% da área edificada da freguesia, sendo o equivalente a mais de 100 000 m2 de área.
Tendo como foco o desenvolvimento urbano, a Broadway Malyan quis devolver ao bairro dois dos seus espaços históricos, “promovendo a conexão de ambos os projectos à sua envolvente, quer em termos funcionais e de vivência, quer em termos estéticos”. Esta ligação entre o espaço privado e o espaço público, conseguida através da arquitectura e do tratamento dos espaços exteriores, integra no seio da Fábrica 1921 e do Garridas 1867 novas áreas de recreio e fruição abertas a toda a população de Benfica, sem com isso descurar a privacidade dos residentes.
Pela localização, dimensão e legado que tem na freguesia, o Fábrica 1921 é paradigmático desta forma de fazer cidade. O empreendimento foi desenhado numa perspectiva de continuidade, trazendo ao bairro uma nova praça pública, onde vão estar disponíveis para toda a população novas opções de comércio e restauração, com esplanadas e zonas de circulação pedonal, uma área de parque infantil e um novo equipamento cultural, a biblioteca municipal “António Lobo Antunes”. Este último espaço ocupará dois pisos de um dos edifícios do projecto, estendendo-se por 1.850 m2 através de áreas dedicadas à família, adultos, jovens e crianças.
O design do Garridas 1867 partilha a mesma abordagem, interligando os espaços de uso privado com uma componente pública, aberta à vida do bairro. Este projecto vai também criar uma praça pública de fruição, rodeada por novos espaços de comércio e restauração, bem como áreas de lazer e percursos de circulação pedonal.
“É um privilégio termos a possibilidade de intervir no espaço urbano de Benfica numa escala que é rara acontecer em Lisboa e em projectos que se pretendem com forte impacto positivo no bairro. Do ponto de vista do desenvolvimento urbano, actualmente não podemos olhar para os projectos de forma isolada e temos, sim, de os pensar numa lógica de pertença ao local onde se inserem, não apenas no que respeita à arquitectura e estética, mas, sobretudo, em termos funcionais. Enquanto arquitectos, cabe-nos criar espaços que preservam a privacidade de quem lá vive, mas que também se tornam parte da vivência daquela comunidade; contribuindo ativamente para melhorar a qualidade de vida das pessoas e dos locais onde se inserem”, refere Margarida Caldeira, head of lisbon studio da Broadway Malyan, “Esta é a nossa visão para o Fábrica 1921 e para o Garridas 1867, que desenvolvemos, no espírito de criar uma oferta de habitação de referência, quer a nível dos apartamentos quer das valências para os seus residentes, mas que também preconizam uma nova abordagem ao espaço público. Comprovando que os benefícios da reabilitação são muito mais vastos do que a requalificação do património físico, estas são intervenções com impacto efetivo na vida quotidiana das pessoas. Além dos habitantes e de uma linha do horizonte renovada, o Fábrica 1921 e o Garridas 1867 trazem novas praças, novas lojas, novos parques infantis, novas áreas de passeio e um novo equipamento cultural para Benfica. É beneficiar a vida do bairro em todas as suas vertentes, numa visão que partilhamos com a Teixeira Duarte Real Estate”, nota a arquitecta.
Dois projectos de intervenção urbana intimamente ligados
O Fábrica 1921 assinala o primeiro momento da intervenção urbana em Benfica, requalificando a antiga fábrica têxtil “Simões & Companhia Lda”, um dos mais importantes patrimónios da freguesia. A inauguração das novas instalações da fábrica têxtil no ano de 1921, com um sistema industrial pioneiro para a época, permitiu alcançar, no seu auge, uma dimensão com cerca de 1.500 operários, e um grande impacto no tecido social e empresarial de Benfica, um legado que o novo projecto quis honrar. Iniciado em 2019 e com a segunda fase actualmente em construção, este projecto de matriz residencial soma 244 apartamentos e regenera um quarteirão completo entre a Estrada de Benfica e a Avenida Gomes Pereira, possuindo mais de 4.000 m2 com valências sociais, de lazer e bem-estar para uso dos residentes. Complementarmente, a zona térrea do empreendimento acolhe espaços de comércio, o 1921 Street Market, e a nova biblioteca municipal António Lobo Antunes, permitindo, assim, a toda a comunidade usufruir de um património que há mais de 100 anos marca a vida desta freguesia. O legado arquitectónico da fábrica foi minuciosamente preservado, com a recuperação e integração das fachadas originais, incluindo a reabilitação minuciosa das antigas cantarias e serralharias que compunham esta fachada. Foram integrados novos corpos edificados, os quais convivem harmoniosamente com o património preservado, num projeto que já mereceu o Prémio Nacional de Reabilitação Urbana 2023 para a melhor intervenção de Lisboa. Outro dos traços marcantes do projeto é a forte presença de elementos naturais e da vegetação, tanto no logradouro de ligação entre as pré-existências como nos novos edifícios.
Esta mesma lógica de trazer a natureza para os projectos – a biophilia- está presente no novo capítulo deste programa de requalificação da urbanidade de Benfica, o Garridas 1867. Situado a apenas 5 minutos a pé do Fábrica 1921, este novo empreendimento residencial honra a memória do já inexistente Palacete da Quinta das Garridas, e vai evocar o legado cultural das quintas apalaçadas, que nos finais do século XIX marcavam a vida de Benfica. Inspirando-se na história, arquitectura e requinte dos antigos palácios da freguesia, o Garridas 1867 propõe a edificação de cerca de 180 apartamentos, apoiados por várias comodidades de uso social e de bem-estar para os seus residentes, além de toda uma zona de comércio aberta ao bairro, o 1867 Street Market. O Garridas procura prolongar toda a referência de arborização que existe no bairro de Santa Cruz, na zona poente, bebendo daí inspiração e tentando dar-lhe continuidade a essa linguagem. E essa é a lógica também para a integração histórica. Para que a identidade e pertença histórica do Garridas seja entendida, quer do ponto de vista formal quer do ponto de vista material, o projecto apostou em elementos marcantes como a criação de um pórtico de entrada semelhante ao que existia nos palácios, entre outros exemplos. Prevê-se que no início do ano de 2024 seja realizado o lançamento comercial do projecto e que se dê início à sua construção.
A Broadway Malyan encara os dois projectos de Benfica “como uma excelente oportunidade de criar uma visão de cidade em que um empreendimento é concebido como um elemento cuja influência vai muito além das paredes que o confinam. É uma força dinâmica, que modela e impacta todo o bairro. Ter-nos sido dada a possibilidade de implementar este tipo de perspectiva, de forma concertada e em dois projectos com esta escala, deixa-nos extremamente satisfeitos, especialmente pelo benefício que vai trazer para um bairro tão importante como Benfica”, termina Margarida Caldeira.