Nova vida para antiga Refinaria de Matosinhos
Os trabalhos de demolição da antiga Refinaria de Matosinhos arrancaram no final de Outubro e vão demorar, sensivelmente, dois anos e meio. Esta é a face mais visível de um processo que já leva dois anos
Manuela Sousa Guerreiro
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A face mais visível do “processo de descomissionamento e desmantelamento” da antiga Refinaria de Matosinhos arrancou durante o mês de Outubro. O processo de desactivação teve início em 2021 e ao longo dos últimos 24 meses foi implementado “um vasto conjunto de operações preparatórias”, entre as quais se incluiu “a paragem, em segurança, das unidades processuais, bem como a limpeza e desgaseificação de todas as unidades processuais, equipamentos e tubagens de forma a garantir a eliminação de hidrocarbonetos e produtos”, explica a Galp no site dedicado ao projecto de demolição da refinaria através do qual poderá ser acompanhado o processo. Também essencial foi a separação física entre a refinaria a demolir e o parque logístico, que se mantém em funcionamento para assegurar o abastecimento da região norte do país. Trabalho que ficou concluído nos últimos meses.
Segundo a informação disponibilizada, o plano de demolição incidirá, numa primeira fase, na zona sul (ver mapa), com a demolição dos tanques de armazenagem, que teve já parecer favorável da Agência Portuguesa do Ambiente.
“A complexidade do procedimento é extensível também a todo o processo de licenciamento associado a uma operação desta envergadura, incluindo todo o trabalho preparatório até à emissão das licenças de demolição (que envolveu pareceres de um conjunto significativo de entidades públicas) ou concursos para escolhas de empreiteiros”, refere a Galp.
Os trabalhos que vão desenrolar-se durante os próximos dois anos e meio e incluem um vasto conjunto de medidas “para monitorizar, controlar e mitigar possíveis constrangimentos pontuais, sejam eles relacionados com ruídos, poeiras, odores ou movimento de viaturas”. Finalizado o “descomissionamento, desmantelamento e demolição”, seguir-se-á a fase de reabilitação ambiental dos solos, propriamente dito.
Muito embora o processo de caracterização ambiental já tinha sido iniciado a “remedição dos solos” apenas ocorrerá após a conclusão dos trabalhos de demolição. Só nessa altura será possível ter o retracto completo sobre o estado de afectação dos solos e águas subterrâneas da refinaria. Este será um processo faseado, de longa duração, que irá ocorrer por áreas de intervenção pré-definidas. O processo de remediação dos solos e águas subterrâneas dependerá do estado de afectação dos mesmos e do seu uso futuro, que não está ainda definido. “A duração destes trabalhos dependerá também das metodologias que venham a ser consideradas adequadas para cada área de intervenção, sendo que o plano de remediação é sujeito a licenciamento pela CCDR-Norte e que as soluções de remediação e a sua calendarização serão aí estabelecidas.”
“Nova vida” em preparação
“Mais do que o fim de uma era, encaramos este momento como um novo começo: o da reconversão da refinaria e da concretização de uma visão de futuro, alinhada com os princípios da inovação, da transição energética e da sustentabilidade”.
Nesta nova vida há espaço para a manutenção de algumas das infraestruturas actuais num movimento de “valorização e preservação” da memória e da história do local que é visto como um “factor diferenciador e um ponto forte do projecto de urbanização”. “As instalações a manter foram definidas em conjunto com a Câmara Municipal de Matosinhos, ponderando o seu impacto e futuro potencial de utilização, mas também as implicações sobre os trabalhos de demolição e de manutenção e conservação das estruturas a preservar, bem como da remediação ambiental do local”.
A Galp e a Câmara Municipal de Matosinhos já chegaram a acordo sobre os princípios orientadores para o projecto de reconversão na área da antiga refinaria de Matosinhos, fundamentais para o desenho de um Masterplan. Relativamente ao futuro a informação disponibilizada no site do projecto refere que “a perspectiva macro deste projecto de reconversão assenta na capacidade de atrair investimentos mobilizadores nacionais e internacionais que garantam emprego qualificado, nomeadamente através da configuração de um hub tecnológico, estruturado num polo universitário, num parque tecnológico e em centros empresariais. A reconversão deverá também garantir uma estrutura urbana plural nas suas diferentes escalas e modos de mobilidade, aplicando princípios urbanísticos das ‘Eco Smart Cities15’, em harmonia com o ecossistema ambiental e respeitando as características específicas de frente marítima.