M&A em Portugal durante a pandemia: número de operações diminuiu, mas valor dos negócios cresceu
A sociedade Abreu Advogados e TTR apresentaram estudo com um retracto aprofundado do mercado de M&A em Portugal ao longo de 2022 e primeiro semestre de 2023
CONSTRUIR
Câmara de Sintra investe mais de 2M€ em novos edifícios modulares para escolas
Simon e Finsa criam sistema modular de painéis Ziclick
Guilherme Grossman é o novo CEO da Consultan
AM48 recupera edifício abandonado há 20 anos em Aveiro
SES Energia e Autódromo Internacional do Algarve concretizam CEE
Porto Business School consolida “caminho para a sustentabilidade dos negócios”
60M€ transformam antigo campo do Sporting Clube de Espinho em projecto residencial
Leasing imobiliário cresce na Europa
Politécnico de Viana vai investir 14M€ em residência para estudantes
Quinta do Lago adquire Conrad Algarve
A Abreu Advogados, em parceria com o Transactional Track Record (TTR), apresentou o estudo ‘Portugal M&A: An overview of the Portuguese M&A activity’, um relatório que analisa a evolução do mercado de M&A em Portugal no período pós-pandemia, interpretando os seus principais indicadores, entre os quais se destacam o volume de negócios, valor de transacções, os sectores mais activos ou a origem do investimento estrangeiro.
Tendo como principal foco o período temporal compreendido entre Janeiro de 2022 e Junho de 2023, o estudo começa por destacar a evolução do crescimento em valor e volume da actividade de M&A em Portugal em 2022. Apesar das circunstâncias adversas (já esperadas), em 2022, a actividade portuguesa de M&A registou um crescimento médio de 11% no valor transaccionado ao nível dos principais sectores de actividade. Com a desaceleração da pandemia da Covid-19 e retoma da regularidade das actividades económicas, o segundo semestre de 2022 registou inclusive um fluxo considerável de transacções.
Em comparação com o ano de 2021, Portugal passou de 606 transacções de M&A para 587 transacções em 2022, verificando-se um decréscimo de 3,13%. Já no 1.º semestre de 2023, foram registadas 267 transacções, o que revela ainda alguma apreensão e incerteza quanto à evolução do mercado transaccional em Portugal no 2.º semestre do presente ano. Em termos de valor das transacções, o ano de 2022 registou um valor total de 14.300 milhões de euros, um decréscimo face ao ano anterior em que se verificou uma actividade transaccional de 22.700 milhões de euros. No que diz respeito aos dados do primeiro semestre de 2023, o valor das transacções fixou-se nos 5 mil milhões de euros.
Para Oliver Hill, Editor do Transactional Track Record (TTR), “O que conseguimos perceber é que Portugal recuperou de dois anos difíceis de restrições de negócio. Percebemos que existiu uma mudança no paradigma, visto que a actividade de M&A no primeiro trimestre de 2023 ultrapassou os volumes de negócio dos períodos homólogos dos últimos 4 anos. A atração por Portugal nunca foi tão forte, em sectores que, consistentemente, representam os volumes de negócios de M&A nos últimos anos e que indicam claramente que o país está no caminho certo. Queria agradecer à Abreu Advogados por organizar este momento, e tenho a certeza que as perspectivas que irão emergir deste evento permitirão que possam identificar tendências e oportunidades, para além de tomarem decisões de negócios firmes com confiança”.
Análise dos Sectores
Da análise dos quatro sectores mais activos no mercado de M&A em Portugal em 2022, e olhando para o volume de transacções, verificou-se um crescimento no sector de Imobiliário e Construção (+19,4%) e no sector de Tecnologia e Telecomunicações (+8,7%), quando comparado com o período homólogo de 2021. Em sentido inverso, ficaram os sectores de Financeiro e Seguros (-8,3%) e de Energia e Energias Renováveis (-6%). No primeiro semestre de 2023, verificou-se que o sector com maior volume foi imobiliário e Construção, contando com 46 operações, seguido do sector de Tecnologia e Telecomunicações (38 operações), financeiro e seguros (15 operações) e Energia e Energias Renováveis (9 operações).
O estudo realizado pela Abreu Advogados, em parceria com o TTR, também aprofunda à evolução do valor dos negócios em alguns dos principais sectores do mercado, com destaque para o sector de Financeiro e Seguros, que verificou um crescimento de 69,2% em 2022, com um total de 2,2 mil milhões de euros investidos em actividade de M&A. O sector de Tecnologias e Telecomunicações também teve um crescimento elevado, registando um aumento de 62,5%, para um total de 1,3 mil milhões de euros. O único sector analisado que verificou um decréscimo, face ao ano de 2021, foi o de Energia e Energias Renováveis, que registou uma queda de 50% no valor de negócio, com 900 milhões utilizados em operações de M&A, ao invés dos 1,8 mil milhões registados no ano anterior.
Para Manuel Santos Vítor, Sócio da Abreu Advogados: “As estrelas da actividade de M&A em 2022 foram os sectores habituais: imobiliário, energia (sobretudo renováveis), TI e empresas digitais, com muitas das transacções a serem realizadas por vendedores e compradores não portugueses. No fim de Fevereiro de 2022, o mundo mudou com a invasão da Ucrânia pela Rússia. As perturbações daí decorrentes, a subida dos preços da energia, a inflação e o rápido crescimento das taxas de juro impactaram negativamente o resto do ano, com uma redução do número de transacções e dos valores envolvidos. Apesar de esses factores se manterem em 2023, os mesmos foram já, de alguma forma, absorvidos e equacionados pelos stakeholders. Verificaram-se ainda alguns bons indicadores macroeconómicos, que também ajudam o sector de M&A, e se devem repetir em 2024, como: maior controlo da inflação, maior robustez da nossa economia em sectores fundamentais como o turismo, a redução do endividamento público e, logo, dos juros que pagamos por essa mesma dívida, e a melhoria do outlook e dos ratings da nossa dívida pública.”
Por outro lado, a injecção massiva de fundos por parte do PRR e fundos estruturais da UE, sobretudo através de crescimento de investimento público, criarão oportunidades de negócio para o sector privado, para as empresas que participarão, directamente ou como parceiros de empresas que participem directamente, em concursos públicos e/ou terá acesso a auxílios estatais sob a forma de subsídios. O crescimento destas empresas e o investimento que farão podem propiciar boas oportunidades e influenciar positivamente a actividade de M&A em Portugal durante o ano de 2024”, refere ainda.
A origem do investimento estrangeiro no mercado de M&A em Portugal apresentou evoluções distintas consoante o país. Em 2022, a actividade de M&A de França em Portugal quase duplicou em relação a 2021. No entanto, apesar de um decréscimo verificado no volume de operações, Espanha continua a ser o país que lidera no investimento de operações de M&A em Portugal, com 85 operações. Os EUA surgem em segundo lugar, com 58 operações, registando um decréscimo de 26,5% face a 2021. No entanto, países como França, Reino Unido e Alemanha verificaram um aumento no volume de transacções em 2022, de 93,6%, 27% e 63,1%, respectivamente. Outra nota de destaque vai para os Países Baixos que, em 2022, conseguiu alcançar um aumento de 200% nos negócios registados em Portugal.