ISQ com contrato de 16M€ no projecto internacional que quer replicar a energia do Sol
O ISQ assinou o seu maior contrato, até agora, com a Fusion For Energy, organismos que gere a contribuição da União Europeia para a construção do ITER. Em desenvolvimento há mais de duas décadas o ITER será a maior central eléctrica de fusão nuclear do mundo
Manuela Sousa Guerreiro
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O ISQ assinou o 4º e maior contrato quadro com a Fusion For Energy, F4E, o organismo da União Europeia que tem por missão cooperar com a indústria e entidades de investigação no desenvolvimento e fabrico de componentes de ponta para o maior reactor nuclear experimental conhecido como ITER (International Thermonuclear Experimental Reactor), que está a ser construído em Cadarache, no sul de França.
O ISQ será responsável pelo controlo de qualidade da construção de diversos componentes do maior reactor experimental, o maior tokamak (reactor de fusão) alguma vez projectado e que representa “um dos maiores avanços científicos da actualidade na geração de energia isenta de emissões. “O contrato tem um orçamento de 16 milhões de euros e uma duração de quatro anos. O concurso teve a participação dos maiores players europeus nesta área, tendo o ISQ conseguido demonstrar a sua competitividade, importância e competência na engenharia de ponta a nível internacional”, sublinha José Figueira, administrador do ISQ.
O projecto ITER, que está em desenvolvimento há cerca de duas décadas e começou a tomar forma a partir de 2010, reúne os 27 países da União Europeia, aos quais se juntam o Reino Unido, apesar do Brexit, e a Suíça, a China, a Coreia do Sul, Estados Unidos, Índia, Japão e Rússia. Tem um orçamento previsto entre os 20 e os 40 mil milhões de euros.
O ISQ é, desde 2014, responsável pela garantia da qualidade e controlo e supervisão da construção dos vários componentes do reactor na Europa e China, assegurando o cumprimento dos requisitos de qualidade aplicáveis. Actualmente o ISQ conta com uma equipa de 20 inspectores (residentes, itinerantes ou spots com intervenção pontual) em diversos países europeus prevendo-se a duplicação deste número de engenheiros.
Mas o envolvimento do grupo português no projecto vai mais longe e envolve três outros contratos de fornecimento de serviços de Engenharia na fase de projecto, ensaios especiais a materiais e mock-ups dos componentes do reactor, para além “da formação de mais de 600 técnicos do ITER e F4E nas mais diversas áreas”, acrescenta Mónica Reis, gestora de projecto.
Para o grupo “esta é também uma conquista da máxima importância para Portugal porque posiciona o país naquele que é um projecto internacional de referência em que o grande desafio colocado à indústria, à engenharia e à tecnologia é quanto à forma como se pode produzir energia de forma segura, fiável, ambientalmente responsável e em grande escala”.
O ISQ será responsável pelo controlo de qualidade da construção de diversos componentes do maior reactor experimental, o maior tokamak (reactor de fusão) alguma vez projectado e que representa um dos maiores avanços científicos da actualidade na geração de energia isenta de emissões. O contrato tem um orçamento de 16 milhões de euros e uma duração de quatro anos
Igualar a energia produzida pelo Sol
O objectivo do ITER é demonstrar a viabilidade científica e técnica da fusão nuclear, réplica da fonte de energia do sol e das estrelas, como fonte de energia segura, inesgotável e responsável do ponto de vista ambiental. O projecto irá “testar as soluções e tecnologias a serem utilizadas numa futura utilização comercial da energia de fusão. No ITER a reacção de fusão ocorre num reactor tipo tokamak, que utiliza campos magnéticos (gerados por supercondutores) para conter e controlar um plasma a 150.000.000 graus Celsius. A fusão entre Deutério e Trítio (dois isótopos do Hidrogénio) produz um núcleo de Hélio (cuja carga responde aos campos magnéticos gerados e por isso permanece confinado no plasma) e um Neutrão que transporta cerca de 80% da energia da reacção. A energia transportada pelos neutrões quando absorvida é transferida para as paredes do tokamak sob a forma de calor e dissipada sob a forma de vapor na água de arrefecimento. Em futuras utilizações comerciais este vapor servirá para a produção de energia”, encontramos a explicação num dos vários artigos que o SGQ publicou sobre o projecto.
Os primeiros ensaios estavam previstos para 2020 tendo, em virtude de atrasos, sido adiados para 2025, mas a falta de peças reportada há uns meses poderá implicar um novo adiamento do projecto. Com o ensaio do primeiro plasma produzido pelo ITER, prevista para acontecer agora apenas para depois de 2030.
O complexo ITER
O projecto ITER ocupa uma área de 180 hectares, em Cadarache, no Sul de França. O complexo irá albergar 39 edifícios e áreas técnicas. É aqui que será feita a integração e montagem de mais de um milhão de componentes, cerca de 10 milhões de peças, segundo contas do organismo, que foram construídas nas fábricas dos membros do consórcio, um pouco por todo o mundo, e que serão ali reunidas no que constitui “um tremendo desafio logístico e de engenharia”.
O coração desta imensa instalação será o Edifício Tokamak, uma estrutura em betão armado, de sete andares, com 13 metros abaixo do nível do solo e 60 metros acima. A pré-montagem dos componentes Tokamak ocorre no “Assembly Hall” que lhe fica adjacente. Entre os outros edifícios auxiliares nas imediações incluem-se torres de arrefecimento, instalações eléctricas, sala de controle, instalações para gestão de resíduos e fábrica de criogenia que fornecerá o hélio líquido necessário para arrefecer os ímãs do ITER.
O número de trabalhadores envolvidos na construção do local atingiu o seu pico em 2017-2018, com aproximadamente 2 000 pessoas. Agora, embora ainda haja equipes de construção no local, o maior esforço está a ser canalizado para a montagem e instalação de máquinas e instalações. Segundo o site do ITER, cerca de 5 000 pessoas trabalham actualmente do local, entre equipas de gestão, engenharia e supervisão das várias entidades e países envolvidos.