Construção

Central Park Oeiras com investimento de 350M€

Com o Plano de Pormenor do território quase concluído, o empreendimento da CSCEC – China Construction Portugal, sociedade de direito português integrada no Grupo liderado pela “China State Construction Engineering Corporation”, e da Teixeira Duarte, em Oeiras, deverá avançar ainda este ano. O empreendimento de uso misto – escritórios, residencial e comercial – denominado Central Park Oeiras irá nascer em Caxias e tem um investimento estimado de 350 milhões de euros

Manuela Sousa Guerreiro
Construção

Central Park Oeiras com investimento de 350M€

Com o Plano de Pormenor do território quase concluído, o empreendimento da CSCEC – China Construction Portugal, sociedade de direito português integrada no Grupo liderado pela “China State Construction Engineering Corporation”, e da Teixeira Duarte, em Oeiras, deverá avançar ainda este ano. O empreendimento de uso misto – escritórios, residencial e comercial – denominado Central Park Oeiras irá nascer em Caxias e tem um investimento estimado de 350 milhões de euros

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Manuela Sousa Guerreiro
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A parceria entre a construtora Teixeira Duarte e a CSCEC – China Construction Portugal, a sociedade de direito português integrada no Grupo liderado pela China State Construction Engineering Corporation, nasceu há quase quatro anos, quando a segunda adquiriu à construtora portuguesa 50% de uma participada do grupo Teixeira Duarte há muito detentora dos terrenos localizados na zona das Pedregueiras, em Caxias norte, no concelho de Oeiras. Na altura em comunicação ao mercado, o grupo português deixou já bem claro a intenção de desenvolvimento de um projecto imobiliário “A Teixeira Duarte informa sobre parceria com o Grupo “China State Construction Engineering Corporation” para desenvolvimento de projecto imobiliário, em Oeiras, através de venda de 50% de uma sua participada pelo montante de 31,1 milhões de euros. (…) O empreendimento será constituído por diversos edifícios de escritórios, habitação e comércio, integrados num grande parque verde, num modelo que se pretende que seja uma referência de inovação e sustentabilidade”, avançou na altura a construtora. Esta alienação teve um impacto nos resultados da “Teixeira Duarte, S.A.” de cerca de 22,2 milhões de euros, como reportou o Grupo.

Desde então o projecto tem estado em desenvolvimento à espera de que o Plano de Pormenor daquele território, que abrange um total de 42 hectares, esteja concluído. Ao CONSTRUIR fonte ligada ao processo sublinha que esse passo parece estar já ultrapassado, uma vez que o documento está pronto e deverá ser apresentado e discutido publicamente nos próximos meses, reunindo, assim as condições para o investimento avançar ainda este ano.

350 M€ numa nova centralidade
Com um investimento orçado em 350 milhões de euros, valor que consta na listagem de projectos em desenvolvimento da CSCEC, o Central Park Oeiras pretende criar uma nova centralidade num município que, ao longo das últimas duas décadas, tem conseguido atrair um conjunto de empresas internacionais com forte potencial de inovação tecnológica. E esse parece ser um dos desígnios do Central Park já que, de acordo com os termos de referência do Plano de Pormenor, 51% da área de construção, 115 833 m2, será destinada à instalação de actividades económicas, escritórios. Outros 49%, cerca de 111 290 m2, será para habitação (40%) e comércio/serviços (9%). O projecto, que abrange uma área total 420 600 m2, deverá reservar cerca de 20 a 25% da sua área, para uso municipal.

O conceito de “sustentável” assume-se também, desde a primeira hora, como uma referência para o projecto “enquanto potenciadora de cenários urbanísticos valorizadores do espaço urbano e que represente um contributo significativo face às estratégias de requalificação urbana que se pretendem introduzir na presente área de intervenção”.
“A diversificação e qualificação do sector dos serviços, associado ao incremento das acessibilidades permitem definir um quadro favorável à instalação de empresas e indústrias na área criativa, biotecnológica e de energias renováveis, que integradas, e em articulação com os restantes usos complementares, promovem o desenvolvimento da cidade sustentável”.

Ainda que a Teixeira Duarte dispense apresentações em Portugal, o seu parceiro chinês tem ainda uma presença tímida no mercado nacional, contrastando com o peso e dimensão do Grupo “China State Construction Engineering Corporation”, no palco internacional, sendo um dos dez maiores conglomerados de investimento e construção a nível mundial, (número 9 no ranking “Fortune Global 500” de 2022).

Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

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Construção

Câmara de Aveiro avança para novo pavilhão municipal

A Câmara de Aveiro tem em marcha o terceiro concurso público para a construção do Pavilhão Municipal – Oficina do Desporto, pelo valor base de 22,8 Milhões de euros (ME), mais 4,2 ME que o anterior concurso

Ricardo Batista

A Câmara de Aveiro acaba de lançar, pela terceira, vez, o concurso público com vista à execução da empreitada de construção da “Oficina do Desporto”, o novo pavilhão municipal que tem um investimento estimado em 22,8 milhões de euros. Esta é a terceira tentativa do município para a construção do novo pavilhão municipal, depois de, nos dois procedimentos anteriores, as empresas interessadas não terem cumprido os critérios para adjudicação dos respectivos concursos.

O presidente da câmara, Ribau Esteves, esclareceu que foi feita uma actualização do valor do concurso, que “cobre a maior parte das propostas inválidas que referenciaram valor” que o município recebeu no segundo concurso, procurando por esta via atrair o interesse das empresas de construção.
O autarca destacou ainda a “importância capital” do novo pavilhão, considerando que “era bem mais importante ter construído esta infraestrutura do que um estádio de futebol”, aludindo ao Estádio que foi construído para o Euro 2004.

A ideia passa pela materialização de um projecto de arquitectura assinado pela autarquia e um projecto de execução desenvolvido pela Termo Projecto. Segundo a descrição desta proposta, o projecto foi desenvolvido através de um Estudo Prévio que permitiu apontar a estrutura de organização que se explicitará na presente memória descritiva e que procura responder às intenções do município, às formas de utilização definidas e respectivos modos de gestão, bem como às condicionantes locais, regulamentares e desportivas.
“O pavilhão a edificar será um equipamento essencialmente destinado à prática de desportos colectivos e de alguns desportos individuais. A gestão do pavilhão será municipal, embora se preveja que as actividades a desenvolver serão divididas em períodos horários em que a utilização é cedida a associações e clubes desportivos do município de Aveiro e outros períodos em que as actividades serão desenvolvidas directamente pelo município”, pode ler-se na descrição do trabalho. A Câmara Municipal de Aveiro estruturou uma estratégia de dinamização do Parque Desportivo que está alicerçada na criação de vários equipamentos desportivos de grande dimensão e que permitirão criar uma dinâmica não só no Parque Desportivo, como também fornecer as condições adequadas para uma prática desportiva acessível e qualificada aos cidadãos do município.

Assim, estão já concluídos e fase de utilização, o Centro de Estágios da Associação de Futebol de Aveiro e o Complexo de Treinos de Futebol Municipal, que será utilizado pelo Sport Clube Beira-Mar, ambos a norte da referida alameda, ficando este último adjacente, do lado nascente ao local de implantação do pavilhão desportivo. Este pavilhão, agora em projecto, será o equipamento que permitirá aprofundar e integrar esta estratégia para os Desportos de Pavilhão. Está prevista também a construção de uma Piscina Municipal, em fase posterior, a implantar no espaço a norte do pavilhão agora em projecto.

Segundo o projecto, do ponto de vista formal o pavilhão é uma peça isolada num contexto onde, naturalmente, não vão existir relações formais muito evidentes entre cada um dos equipamentos, dada a sua natureza funcional e construtiva tão diversa. A única excepção a esta heterogeneidade poderá ser formada pelo conjunto pavilhão/piscina. Existindo esta autonomia formal, o pavilhão deve reflectir de forma o mais eficaz possível o programa funcional, mas também a percepção adequada que deve transmitir aos diversos utilizadores quer nos aspectos de reconhecimento de acesso a cada uma das suas partes, quer na capacidade de lerem simbolicamente a importância do equipamento e de cada uma das partes. Já a relação funcional do pavilhão com a envolvente organiza-se a partir do modo de funcionamento do parque municipal e das suas estruturas de circulação pedonal, viária e de estacionamento.

Sobre o autorRicardo Batista

Ricardo Batista

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Maria do Rosário Jacinto e Fernando Flora
Arquitectura

“O projecto nasce sempre no papel, num processo criativo interno de tentativa e erro”

Com um percurso de 30 anos, o atelier Fragmentos começou como uma “banda de garagem” até se tornar numa estrutura que “concebe projectos à escala de cidade” e que reflecte a trajectória de uma equipa que acredita no colectivo, na sustentabilidade e no impacto da arquitectura no quotidiano. Com um olhar para o futuro, o território e a sociedade continuam a ser o ponto de partida para a criação de novos espaços

Cidália Lopes

Fundado por um colectivo de quatro arquitectos (Duarte Pinto-Coelho, Marcus Cerdeira, Miguel Martins Santos e Pedro Silva Lopes), o Fragmentos conta, actualmente, com oito sócios. Maria do Rosário Jacinto e Fernando Flora, dois dos sócios, falaram à Traço sobre o crescimento do atelier e das “expectativas” para o futuro. Um percurso que tem andado de mãos dadas com a sustentabilidade, hoje uma “prioridade” e “não uma opção” e que passou a integrar todas as áreas do atelier e que segue lado a lado com a inovação e as inevitáveis alterações ao processo de trabalho e à construção, fruto das novas ferramentas de IA. Estas permitem “reduzir os tempos de execução e automatizar processos, criando assim mais disponibilidade para o processo criativo”, acreditam.

“Iniciar um novo projecto implica um conhecimento profundo do território, da envolvente, das suas condicionantes, do cliente e das suas expectativas. Esta fase de análise permite contar uma história coerente e trazer o cliente para o imaginário da solução”

30 anos depois do início do vosso percurso, que balanço fazem?
A evolução foi natural, mas sem dúvida que o crescimento dos últimos 10 anos teve um impacto enorme. Acompanhar as necessidades do país e dos clientes obrigou-nos a pensar numa escala diferente, com projectos maiores e usos distintos do residencial, aquele em que mais trabalhávamos. Começámos como uma “banda de garagem”, a fazer pequenas reabilitações para amigos e familiares, e hoje, com uma estrutura bastante maior, concebemos projectos à escala da cidade. O balanço é, por isso, muito gratificante, e aguardamos expectantes os desafios que o futuro nos trará.

Como definem a essência do vosso atelier? Existe algum elemento que procuram incorporar sempre nos projectos?
O Fragmentos nasce de um princípio de trabalho colaborativo que se mantém até hoje. Não há uma forma linear de projectar, nem uma linguagem comum a todos os projectos. O que existe é a convergência de diferentes formas de pensar o espaço e a procura constante por um processo que envolva vários intervenientes. Sempre encarámos o nosso trabalho como um verdadeiro trabalho de equipa, onde todos contribuem para a melhor solução. Com o crescimento do atelier, tornou-se essencial criar equipas especializadas que orbitam em torno da arquitectura, como engenharia, sustentabilidade e interiores, e que estão presentes desde o primeiro dia do projecto. Esta abordagem torna a nossa forma de trabalhar distintiva.

Como costuma ser o processo criativo no atelier? Qual é o ponto de partida para um novo projecto?
A procura por conhecimento e a criação de valor são eixos fundamentais para os próximos anos, e isso traduz-se na forma como encaramos o processo de projecto. Este não é apenas um meio para um fim, mas um fim em si mesmo. Iniciar um novo projecto implica um conhecimento profundo do território, da envolvente, das suas condicionantes, do cliente e das suas expectativas. Esta fase de análise permite contar uma história coerente e trazer o cliente para o imaginário da solução. Apesar da evolução das ferramentas digitais, o projecto nasce sempre no papel, num processo criativo interno de tentativa e erro que permite que as ideias fluam de forma mais natural.

“Com a crescente limitação de espaço nos centros urbanos, a flexibilidade dos espaços passará a ser uma característica essencial, integrando a sustentabilidade neste processo e garantindo que os projectos conciliam inovação e responsabilidade ambiental”

Quais são as ferramentas ou métodos indispensáveis durante o desenvolvimento dos projectos?
A proximidade com o cliente desde a primeira reunião é essencial ao longo de todo o processo, especialmente na fase de desenvolvimento do conceito. Procurar o encontro entre o que o cliente deseja e aquilo que é possível realizar é um exercício complexo, mas extremamente estimulante, pois, para além de criativos, somos também técnicos que respondem a desafios específicos.

Depois, é o território que nos guia. A relação com o espaço é um passo fundamental. A localização, o contexto, a orientação solar e a topografia são factores que nos permitem pensar a peça arquitectónica de uma forma única.

Por fim, a integração e colaboração com as equipas de especialidades e entidades envolvidas desde o início do processo garantem que, no final, quem ganha é o projecto. No fundo, procuramos abordar cada projecto de forma holística desde o primeiro momento.

Há algum projecto que considerem um marco na trajectória do atelier? Porquê?
Escolher um único projecto é sempre difícil, pois todos deixam uma marca de alguma forma. No entanto, diríamos que o Bayview, devido à importância da sua localização na entrada de Cascais, à sua dimensão, complexidade e parceria internacional, simboliza a viragem de escala do atelier. Voltando à ideia de processo, não podemos deixar de referir que este projecto começou em 2016 e, neste momento, estamos a construir a sua última fase. O acompanhamento de um projecto com estas particularidades, ao longo de vários anos, acaba inevitavelmente por marcar tanto a trajectória do atelier como o percurso dos profissionais que nele trabalham.

Como abordam a sustentabilidade nos projectos?
O crescimento do atelier ocorre numa era em que a sustentabilidade é uma preocupação central e não pode ser ignorada. Esta é uma das bases da nossa responsabilidade social empresarial e constitui uma meta essencial no nosso processo de criação de valor. Reconhecemos que ainda há um longo caminho a percorrer, mas procuramos implementar mudanças a várias escalas, desde a forma como são feitas as deslocações para o atelier até à sensibilização dos promotores para as vantagens de uma certificação específica ou a escolha criteriosa de materiais locais. Para isso, contamos com uma equipa interna dedicada ao tema, que se integra de forma transversal no nosso fluxo de trabalho. A sustentabilidade deixou de ser uma opção e passou a ser uma prioridade em todas as áreas do atelier.

A quem está a iniciar o seu percurso, aconselhamos que use os primeiros anos para algo que parece simples, mas que pode trazer muito retorno: observar e exercitar a curiosidade

Como olham para a evolução da arquitectura nos próximos anos?
A responsabilidade social da arquitectura será cada vez mais trazida para primeiro plano, exigindo um conhecimento profundo do território onde se actua e um compromisso real com soluções que beneficiem tanto as cidades como as pessoas que nelas habitam. Com a crescente limitação de espaço nos centros urbanos, a flexibilidade dos espaços passará a ser uma característica essencial, integrando a sustentabilidade neste processo e garantindo que os projectos conciliam inovação e responsabilidade ambiental.

Paralelamente, a inovação — nomeadamente a utilização de ferramentas de inteligência artificial — trará alterações ao processo de trabalho e à construção, permitindo reduzir os tempos de execução e automatizar processos, criando assim mais disponibilidade para o processo criativo.

O impacto da arquitectura na sociedade é cada vez mais evidente, e isso faz com que a própria disciplina se relacione com um número crescente de áreas, procurando soluções mais abrangentes e transformadoras.

Que conselhos dariam a quem está a começar a carreira em arquitectura?
A quem está a iniciar o seu percurso, aconselhamos que use os primeiros anos para algo que parece simples, mas que pode trazer muito retorno: observar e exercitar a curiosidade. Para além disso, esse é também o momento ideal para explorar as diferentes possibilidades da profissão. A arquitectura, para além de arte, é resolver problemas, desbloquear desafios e relacionar o ser humano com o construído.

Actualmente, há muita procura por arquitectos em Portugal, o que representa uma grande oportunidade. Existem ateliers de várias escalas e especializações, e a experiência de trabalhar num atelier pequeno ou grande, mais autoral ou comercial, é substancialmente diferente. Independentemente do caminho escolhido, há uma certeza: a arquitectura só se faz com verdadeira paixão pela profissão.

Sobre o autorCidália Lopes

Cidália Lopes

Jornalista
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Engenharia

Postos de iluminação inteligentes já não são ficção

Como o próprio nome indica a Smartlamppost tem como foco o desenvolvimento de postes de iluminação inteligentes. A ideia principal é criar uma infraestrutura compartilhada que integre diversos serviços, como iluminação pública, carregamento de veículos eléctricos, câmaras de vigilância, pontos de Wi-Fi, antenas de telecomunicações (incluindo 5G), sensores IoT, entre outros. A empresa tem como fundadores a Metalogalva, a PROEF e a Ubiwhere

A portuguesa Metalogalva dispensa apresentações, a empresa da Trofa conquistou há muito um lugar entre as maiores empresas europeias de estruturas metálicas, estando hoje presente em vários continentes. Os produtos desenvolvidos e fabricados são usados em diversos domínios de actividade desde a energia, telecomunicações, vias rodoviárias, ferroviárias e energias renováveis. E foi esta sua intervenção em diferentes domínios e a presença de algumas destas estruturas, designadamente ao nível do mobiliário urbano das cidades que estão na base da Smartlamppost, empresa que desenvolve um conceito modular de mobiliário urbano

“A criação da Smartlamppost surgiu da reflexão conjunta dos três accionistas fundadores. Desde logo a Metalogalva, que é o maior fabricante europeu de colunas de iluminação e com presença em três continentes (Europeu, Americano e Asiático), a PROEF que tem uma longa experiência na construção de redes de energia e de telecomunicações e a Ubiwhere que é uma software-house focada em soluções para cidades inteligentes, nomeadamente uma Plataforma Urbana que monitoriza e gere múltiplos serviços”, começa por explicar Paulo Valente, chief executive officer (CEO) da empresa. “Desta reflexão surgiu a certeza da falta de resposta à necessidade de modernizar infraestruturas urbanas, tornando-as mais eficientes, conectadas e sustentáveis”, sublinha.

A equipa focou-se então no objecto urbano mais presente em qualquer cidade – os postes de iluminação, e no potencial de transformar estes postes em plataformas multifuncionais e inteligentes.

“A actividade da Smartlamppost baseia-se na concepção, desenvolvimento e implementação de postes inteligentes que integram múltiplas funcionalidades. Estes postes vão muito além da conversão para iluminação LED eficiente. A visão da Smartlamppost é utilizar um elemento de mobiliário urbano que tem uma presença ubíqua nas cidades, o poste de iluminação, e torná-lo um hub de tecnologia que agrega diversos serviços de forma cómoda e reduzindo a pressão actualmente existente sobre o espaço pedonal nas cidades”, explica Paulo Valente.

Face à localização e ao acesso já existente à rede eléctrica o “o poste Smartlamppost propõe uma multiplicidade de opções que permitem a instalação de soluções de conectividade (5G, Wi-Fi, LoRaWAN, mmW), soluções de mobilidade eléctrica (carregadores desenvolvidos para integrar as colunas de iluminação Smartlamppost e igualmente as existentes), sensores IoT (qualidade do ar, temperatura, ruído), câmaras de segurança”, inúmera o seu CEO.

Da iluminação à condução autónoma e o investimento em I&D
O potencial é imenso, face não só à presença maciça deste tipo de equipamentos, mas, sobretudo, ao crescente interesse em transformar as cidades em cidades inteligentes e no que essa definição abrange, desde logo um planeamento urbano eficiente, melhor uso de energia, sustentabilidade, tecnologia.
De acordo com Paulo Valente, a Smartlamppost tem focado a sua actividade numa inovação alinhada em dois vectores principais e complementares: Technology Push e Market Pull. “Se por um lado, temos o conhecimento da forma como as diversas tecnologias estão a evoluir e por isso inovamos o poste da Smartlamppost para alojar todas estas tecnologia facilitando a sua instalação nos mais diversos ambientes (Urbano, Rodoviário e Ferroviário), também estamos atentos às necessidades do mercado e, por isso, trabalhamos em conjunto com os diversos agentes de mercado (municípios, entidades rodoviárias e ferroviárias) para incluir as suas preocupações na concepção das colunas Smartlamppost”, sustenta. O que irá alargar o campo de possíveis utilizações do posto de iluminação inteligente.

“Uma vez que somos especialistas no fabrico de postes de iluminação e conhecedores das potencialidades das colunas de iluminação, desenvolvemos soluções adequadas a cada tipo de tecnologia, sem nunca perder o foco numa unidade funcional e integrável no ambiente urbano sem impactar os cidadãos”, refere o CEO.

Adicionalmente aos seus investimentos em desenvolvimento do produto/soluções, empresa integra a agenda mobilizadora PRR “Route 55”, a qual está a criar as bases da condução autónoma em Portugal. Estando a Smartlamppost a desenvolver a infraestrutura que suporta as tecnologias essenciais ao desenvolvimento da condução autónoma.

Para onde irá esta actividade crescer, tendo em conta o avanço tecnológico? “O segmento dos postes inteligentes tende a evoluir para hubs tecnológicos ainda mais integrados, combinando inteligência artificial (IA), redes 5G e gestão avançada de dados urbanos”, admite Paulo Valente. Paralelamente, “as exigências actuais sobre a rede de distribuição de energia eléctrica permitem antever oportunidades na criação de sistemas de flexibilização incorporados em postes inteligentes, bem como a utilização desta infraestrutura para suportar novas formas de comunicações com as soluções IoT que estão a ser instaladas em diversos ambientes”. Avanços que permitirão uma maior personalização dos serviços urbanos e uma gestão mais eficiente das cidades.

Um living Lab
Actualmente, a empresa colabora com entidades como a Vantage Towers (uma empresa especializada na gestão de infraestruturas passivas que alojam equipamentos de operadores) e está envolvida em projectos que visam expandir a sua influência no contexto das cidades inteligentes na Europa. Um desses projectos está localizado em Carcavelos, na Praça do Junqueiro, e resulta de uma parceria entre a empresa municipal Cascais Próxima e a Vantage Towers. “Neste projecto foram instaladas 13 colunas Smartlamppost e modernizada a iluminação para LED. Com esta alteração e com as poupanças energéticas verificadas podemos instalar quatro carregadores de veículos eléctricos, dois ecrãs interactivos, um ponto de acesso Wi-Fi e outro LoRaWAN, uma estação de qualidade de ar. A grande novidade é que o fizemos ligados à rede de iluminação pública sem necessidade de aumentar a rede existente. Além disso, demonstramos, fruto da colaboração estreita com a E-Redes, que é possível instalar carregadores de veículos eléctricos que utilizam o ramal de Iluminação pública acelerando a facilidade de criação destes pontos essenciais à mobilidade eléctrica”, sublinha Paulo Valente

Todas esta actividades representam um investimento significativo que está a ser acompanhado de uma crescente presença nos mercados onde a empresa opera, designadamente nos mercados europeus e internacionais. Na Europa a empresa tem actividade em Portugal, França, Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Polónia, no continente americano está nos EUA e Brasil.

Para a Metalogalva, isto representa uma oportunidade estratégica para expandir o seu portfólio de infraestruturas de suporte a soluções tecnológicas e consolidar-se como líder no fornecimento de infraestruturas urbanas inteligentes.

Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

Manuela Sousa Guerreiro

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Construção

Risco de crédito no sector da construção aumenta face aos desafios

A instabilidade dos mercados e das economias mundiais aumentou o risco de crédito para as empresas de construção nos principais mercados europeus, aponta um estudo da seguradora Crédito y Caución. A falta de mão de obra qualificada atinge mercados como a Alemanha, Países Baixos e Reino Unido e corre o risco de se tornar um problema estrutural, apesar dos esforços de digitalização e pré-fabricação do sector

A produção global no sector da Construção deverá crescer 2,3% em 2025 e 3,3% em 2026. Os números constam no mais recente relatório divulgado pelo Crédito y Caución. De acordo com a seguradora de crédito a actual turbulência imobiliária na China e a degradação dos perfis de investimento pesam agora sobre as perspectivas para a construção residencial. Olhando ainda para trás, as altas taxas de juro e hipotecas na Europa e nos EUA reduziram a procura em 2024. A descida dos juros e a estabilidade da inflação deverão alivar parte da pressão, prevendo-se que a actividade ganhe um novo ímpeto, sobretudo a partir do segundo semestre de 2025.
“A engenharia civil e a construção não residencial registaram um forte crescimento nos últimos dois anos. Ambos os segmentos beneficiam do interesse público mundial na defesa de políticas industriais e de grandes projectos de infraestruturas, numa tentativa de impulsionar as economias. No entanto, as taxas de crescimento serão mais baixas em 2025 e 2025, devido ai aumento das medidas de austeridade em alguns mercados”, salienta a seguradora de crédito.
De uma forma geral, a instabilidade dos mercados e das economias mundiais aumentou o risco de crédito para as empresas de construção nos principais mercados europeus, para o que contribuiu também o “fraco desempenho” das economias em 2024. Para 2025 e 2026, a Crédito y Caución “prevê uma recuperação modesta do sector na União Europeia de 1,3 e 2,1%, respectivamente, graças a projectos de flexibilização monetária e transformação ecológica”.

A incerteza do mercado alemão
Parte da estabilidade da economia europeia depende da forma como um dos seus principais “motores”, a Alemanha, consiga recuperar e manter-se em terreno positivo depois de dois anos em contracção. Em 2024, as exportações do país caíram 0,7% e o investimento fixo 2,7%. A Crédito y Caución prevê que o PIB da Alemanha cresça 0,4% em 2025, um pequeno alívio após as contracções de 2023 e 2024, mas mesmo esta pequena recuperação não está garantida. A seguradora de crédito espera que a indústria automóvel alemã cresça no máximo 2% em 2025, após uma contracção de 4% em 2024 e a produção da construção estabilizará após uma queda de 3% em 2024. O impacto das tarifas recentemente impostas pelos EUA sobre as exportações alemãs de aço e alumínio será modesto, mas não está afastada a possibilidade do agravamento de tarifas gerais sobre a União Europeia, o que aumenta o factor de instabilidade. De acordo com o recente estudo realizado pela seguradora de crédito junto de 470 empresas, apenas 14% do tecido produtivo alemão espera que a economia melhore em 2025, bem abaixo dos 32% que esperam um agravamento. Este pessimismo é fácil de compreender: as insolvências de empresas alemãs aumentaram 24% em 2024. As empresas pedem à nova administração que se concentre em quatro questões: redução da burocracia (82%), custos energéticos (73%), fiscalidade (61%) e estabilidade política (54%).
Mas “qualquer expectativa de uma mudança rápida na evolução da Alemanha é provavelmente exagerada”, considera a seguradora de crédito.

Os desafios do sector
Pondo de parte as incertezas do mercado e o eventual aumento das tarifas alfandegárias, um outro problema surge transversal ao sector um pouco por toda a Europa: “os custos da mão de obra e os atrasos devidos à falta de trabalhadores qualificados que estão a ter um forte impacto nos mercados mais avançados”, refere a análise da Crédito y Caución. Com a seguradora a afirmar que a escassez já é particularmente grave na Alemanha, nos Países Baixos e no Reino Unido, podendo, inclusive, a tornar-se um grande problema estrutural a médio prazo.
Tradicionalmente, a indústria da construção tem sido mais lenta do que outras indústrias a adoptar soluções ligadas à digitalização, embora o estudo considere que a adopção de novas tecnologias está a aumentar muito rapidamente com novos métodos de construção off-site ou pré-fabricação modular que têm o potencial de reduzir a mão de obra. Ao mesmo tempo o sector europeu da construção está sob pressão para reduzir emissões de CO2, o que representa um desafio acrescido.

 

Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

Manuela Sousa Guerreiro

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Construção

Como pensam o BEI e a Comissão Europeia destinar 10MM€ à habitação acessível?

A meta passa por entregar 1,5 milhões de casas novas ou renovadas em toda a Europa. O plano envolve parcerias para facilitar financiamento e promover habitação acessível e sustentável

Ricardo Batista

O Banco Europeu de Investimento (BEI) planeia investir cerca de 10 mil milhões de euros nos próximos dois anos para apoiar a habitação sustentável e a preços acessíveis, um compromisso assumido no lançamento de uma plataforma de investimento. O investimento do Grupo BEI tem como objectivo a construção de 1,5 milhões de habitações novas ou renovadas em toda a Europa.
A Comissão Europeia e o Grupo do BEI anunciaram nesta quinta-feira, no fórum da instituição financeira, no Luxemburgo, que estão a trabalhar em parceria com os bancos de fomento nacionais e as instituições financeiras internacionais para desenvolver novas oportunidades de financiamento de habitações sustentáveis e a preços acessíveis em toda a Europa. O plano implica parcerias com o executivo comunitário e os bancos de investimento nacionais e internacionais para facilitar o acesso ao financiamento e ao aconselhamento, com base na complementaridade com as estruturas e produtos existentes.
De acordo com um comunicado, o BEI tenciona apoiar os esforços locais e nacionais para construir casas a preços acessíveis, renovar o parque habitacional existente para o tornar energeticamente mais eficiente e incentivar materiais e equipamentos de construção mais sustentáveis e inovadores.
Neste âmbito, o BEI lançou também um portal da habitação, um balcão único para ajudar os beneficiários finais a aceder a aconselhamento e financiamento. O plano de acção do BEI e o portal integram a plataforma de investimento pan-europeia, que estará aberta a outros intervenientes, como os bancos centrais nacionais e as instituições financeiras internacionais.

A importância de uma resposta consistente
A presidente do Grupo BEI, Nadia Calviño, e o Comissário Europeu responsável pela Energia e Habitação, Dan Jørgensen, sublinharam a importância de dar resposta a uma das preocupações mais prementes dos cidadãos e dos governos da União Europeia. Defenderam a criação de uma iniciativa pan-europeia que reúna agentes locais e nacionais, dos sectores público e privado, para catalisar financiamento e acções urgentes no âmbito do futuro Plano Europeu de Habitação a Preços Acessíveis da Comissão Europeia.
Este apelo surge numa altura em que o Grupo BEI está a finalizar o seu Plano de Acção para uma Habitação Sustentável e a Preços Acessíveis, com investimentos previstos na ordem dos 10 mil milhões de EUR ao longo dos próximos dois anos. O Plano do BEI apoiará os esforços realizados a nível local e nacional para construir casas a preços mais acessíveis, renovar o parque habitacional existente de modo a torná-lo mais eficiente do ponto de vista energético e promover a utilização de equipamentos e materiais de construção mais sustentáveis e inovadores. O BEI acaba também de lançar um portal da habitação, um balcão único para apoiar os beneficiários finais no acesso a aconselhamento e financiamento. O investimento do Grupo BEI tem como objectivo disponibilizar 1,5 milhões de fogos habitacionais novos ou renovados em toda a Europa. O Plano de Acção do BEI e o portal são pilares fundamentais da plataforma pan-europeia de investimento, que será aberta à participação de outros intervenientes, como os BFN e as IFI. O Banco de Desenvolvimento do Conselho da Europa também manifestou interesse em participar.

Problema à escala global
A falta de habitação a preços acessíveis na Europa, sobretudo nas grandes cidades, é apontada como uma preocupação crescente no contexto do crescimento económico e da produtividade da Europa no inquérito ao investimento do Grupo BEI, tendo por base as respostas de cerca 13 000 pequenas e médias empresas (PME) europeias. O relatório apresentado esta semana no Fórum refere ainda a baixa produtividade e a inovação insuficiente no sector da construção europeu, a somar aos custos e aos prazos de execução dos projectos de habitação. Ao mesmo tempo, o custo da energia e o impacto das emissões de dióxido de carbono são outro motivo de preocupação. Dois terços do consumo de energia das famílias destina-se ao aquecimento da casa. Tendo em conta que 46 milhões de europeus vivem em condições de pobreza energética, a eficiência energética do parque habitacional europeu constitui um domínio prioritário.
O Grupo BEI, trabalhando em estreita colaboração com a Comissão Europeia e o seu novo Grupo de Trabalho para a Habitação no contexto do Plano Europeu de Habitação a Preços Acessíveis, os Estados-Membros, as regiões, os municípios, os BFN e as IFI, pretende aumentar a oferta de habitação sustentável e a preços acessíveis na UE.

Os pilares da proposta
De acordo com os responsáveis do Banco Europeu de Investimento, a abordagem agora proposta assentará em vários pilares, nomeadamente quatro: Parcerias com a Comissão Europeia, os BFN e as IFI para facilitar o acesso ao financiamento e a aconselhamento, numa base de complementaridade com estruturas e produtos existentes; Implantação ao nível da UE: alargamento do alcance regional do apoio do Grupo BEI, com ênfase nos países da UE cujos sistemas de habitação estão menos desenvolvidos e que têm amplas necessidades não satisfeitas, onde o financiamento será complementado com uma componente consultiva reforçada; Abordagem baseada na cadeia de valor: abertura a novos tipos de projectos de habitação, desde a inovação na construção ao desenvolvimento imobiliário e à propriedade, com mecanismos políticos de salvaguarda; Mobilização do sector privado: alargamento da base de clientes para incluir promotores privados com fins lucrativos.
Em Julho de 2024, o recém-constituído Grupo de Trabalho para a Habitação do Grupo BEI organizou um primeiro evento, que reuniu cerca de 300 partes interessadas dos sectores público e privado para debater o reforço do apoio financeiro em prol de uma habitação sustentável e a preços acessíveis na UE. A este evento seguiram-se reuniões técnicas com as partes interessadas, realizadas durante o Outono, com o intuito de ajudar a criar uma plataforma pan-europeia de investimento em parceria com a Comissão Europeia.

Assistência técnica aos municípios
Tal como referido na carta de missão do Comissário Dan Jørgensen, a Comissão irá publicar o seu primeiro Plano Europeu de Habitação a Preços Acessíveis de sempre. O Plano prevê a prestação de assistência técnica aos municípios e aos Estados-Membros, concentrando-se no investimento e nas competências de que estes necessitam. Mais concretamente, a Comissão irá desenvolver uma Estratégia Europeia para a Construção de Habitação a fim de apoiar a oferta habitacional, criar uma plataforma pan-europeia de investimento na habitação sustentável e a preços acessíveis, realizar uma análise do impacto da especulação imobiliária, apoiar os Estados-Membros na duplicação dos investimentos em habitação a preços acessíveis previstos ao abrigo da política de coesão, resolver os problemas sistémicos associados ao arrendamento de alojamento de curta duração e apresentar propostas para combater as ineficiências na utilização do parque habitacional atual, bem como rever as regras em matéria de auxílios estatais para permitir a adoção de medidas de apoio à habitação, nomeadamente no domínio da eficiência energética e da habitação social.

Sobre o autorRicardo Batista

Ricardo Batista

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Construção

Construção: Um plano a 10 anos e um investimento de 5MM€ para transformar o sector

A “Estratégia Transformadora para o Sector da Construção em Portugal” , elaborada pela EY Parthenon para a AICCOPN, aponta o caminho para “um sector resiliente, inovador, dinâmico e alinhado com valores ambientais e sociais”, capaz de responder aos desafios nacionais e oportunidades internacionais

Apresentado durante a conferência “Portugal 2030 Futuro Estratégico para o sector da Construção”, organizada pela AICCOPN, o plano elaborado pela EY Parthenon traça as linhas gerais da estratégia transformadora do sector da construção ao longo dos próximos dez anos, assente em quatro desígnios: “mais investimento em habitação e infraestruturas; maior valorização das empresas da cadeia de valor da construção; aumento da eficiência do mercado; intensificação da internacionalização da engenharia e construção”.

Quatro desígnios que estão alinhados com quatro objectos estratégicos do sector “associados a metas de impacto mensuráveis e ambiciosas reflectindo a transformação que se pretende imprimir até 2030. Desde logo um crescimento anual real do sector entre 3 a 5%; produtividade e rendibilidade, visando um aumento de 43% da produtividade aparente do trabalho; um sector alinhado com as preocupações de sustentabilidade ambiental que procura atingir 100% de certificação energética superior; e uma atractividade e reputação sectorial, com uma proporção de 15% de mulheres e 50% de jovens.

Anunciados os objectivos o caminho para o concretizar passa por um plano de acção composto por 20 projectos estruturantes, dos quais oito são considerados prioritários, que tem associado um investimento (indicativo) total de 5 366 mil milhões de euros. Os projectos estão organizados em vários eixos de intervenção, como sejam a inovação, a qualificação e transferência de conhecimento, a atracção e retenção de talento, internacionalização, concertação estratégica e financiamento. A concretização do plano tem por base não só o engajamento das empresas do sector, mas também de organismos e entidades parceiras, o sector público, associações e clusters, sem esquecer a área académica. Entre os projectos considerados prioritários estão aqueles focados no desenvolvimento de áreas urbanas sustentáveis e capacitação empresarial; transformação digital, descarbonização e transição circular, apoio nos processos de internacionalização, assim como o fomento à colaboração na cadeia de valor da construção.

Urgência na transformação
A urgência na transformação do sector reconhece “a sua elevada importância estratégica no contexto da economia nacional, caracterizando-se por uma elevada amplitude da sua cadeia de valor. Números referidos pelo estudo apontam para a existência de 132 mil empresas, a grande maioria de micro e pequena dimensão, que empregam 460 mil empregos, cerca de 10% do pessoal ao serviço nas empresas, e que gera um VAB de 11 mil milhões, um dos mais elevados da Europa (Portugal ocupa a 17ª posição no ranking do VAB do sector ao nível da União Europeia. Mas o estudo também lhe aponta as fraquezas, sobretudo ao nível da internacionalização, sem preparação e com retrocessos recentes, o baixo nível de produtividade inferiores a outros sectores de actividade e à média europeia, e a baixa orientação para a inovação das empresas quando comparadas com outros sectores em Portugal.

Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

Manuela Sousa Guerreiro

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Empresas

Nova fábrica de janelas minimalistas do grupo dst inicia produção em Março

Com design e tecnologia de ponta, a nova fábrica deverá começar a laborar em Março, prevendo-se que atá 2030 a nova unidade contribua com 30 milhões de euros para as contas da Bysteel, empresa de construção metálica do grupo dst, cuja actividade conheceu em 2024 um forte impulso

Arranca em Março a produção da Lyrical, a nova fábrica do grupo dst, dedicada à produção de janelas minimalistas. A sua apresentação teve lugar na BAU, em Munique. Uma estreia auspiciosa com angariação de obras que no mercado nacional quer no Dubai. A Lyrical é uma marca da Bysteel fs, representa um investimento de 15 milhões de euros, “com uma unidade industrial independente e um departamento técnico especializado, o que lhe confere autonomia e excelência nas suas operações”, garante ao construir André Pereira, director geral da Lyrical.

A fábrica da Lyrica, cujo projecto de arquitectura tem a assinatura de Eduardo Souto Moura, conta com aproximadamente 10.000 m² está projectada e organizada de forma eficiente para optimizar o fluxo produtivo e minimizar desperdícios e ineficiência em toda a cadeia de produção, desde a recepção à expedição do material transformado. “A Lyrical nasce como consequência natural do crescimento da Bysteel, respondendo às exigências identificadas ao longo dos anos. Ao longo da sua trajectória, a Bysteel reconheceu que, embora fosse uma referência sólida no mercado das estruturas metálicas e fachadas, o segmento de luxo e as janelas de design permaneciam por explorar, especialmente no que toca às soluções minimalistas. Foi concebida para responder a esta lacuna, e para oferecer soluções que combinam de forma harmoniosa o design com a eficiência térmica, elevando a janela a uma nova relevância no contexto arquitectónico”, justifica André Pereira.

Das instalações da Lyrical em Braga, sairão janelas minimalistas, de alta performance térmica, “a melhor do mercado europeu”, garante André Pereira, que destaca ainda “o design e estética inovadores e a customização, personalização e modularidade”, do produto. A perspectiva é que o volume de negócios da marca chegue aos 30 milhões de euros até 2030, impulsionado quer pela expansão para novos mercados, Estados Unidos da América (de notar que a entrevista foi concedida antes da guerra de tarifas lançada pelo novo Presidente norte americano), quer pelo estabelecimento de “parcerias estratégicas que reforçarão a nossa presença global”, garante o director geral da Lyrical

Crescimento da Bysteel
A aposta nos mercados internacionais não surpreende e segue a estratégia da empresa que serve de chapéu à marca. Mais de 90% da facturação da Bysteel, onde se inclui a Bysteel fs, são provenientes do mercado externo. Na linha da frente estão os mercados de França, Reino Unido, Luxemburgo, Países Baixos e Angola. Em 2024 as empresas do grupo dst na área da construção metálica terão registado uma facturação de perto de 70 milhões de euros (resultados provisórios), bem acima dos 42,7 milhões de euros de facturação registados em 2023. “Em 2024 deparamo-nos com alterações nos mercados em actuamos. Notamos alguma recuperação da economia em Angola, com o investimento público a aumentar, o que nos permitiu voltar a ter uma carteira generosa nesse mercado”, justifica ao CONSTRUIR Rodrigo Araújo. Para as contas da empresa contribuiu ainda o arranque da sua primeira obra no Luxemburgo, a nova sede que o gigante mundial do aço, ArcelorMittal, está a construir no município de Kirchberg, cuja adjudicação foi anunciada pela empresa portuguesa em Outubro.

“A inovação e a sustentabilidade estão no centro da nossa estratégia. São pilares simbióticos essenciais que potenciam a excelência e a vanguarda e nos conferem a competitividade para actuar no cenário global das obras de maior exigência e elegância. Temos um investimento significativo num portfólio diversificado de projectos de desenvolvimento de novos materiais e produtos inovadores como são exemplo o vidro com incorporação de electrónica de última geração e os novos sistemas de caixilharia minimalista de alto desempenho, lançados recentemente sob a nova marca Lyrical, que evidencia o resultado deste esforço”, argumenta o director geral da Bysteel.

Foco na construção modular
A aposta na nova unidade da marca Lyrical faz parte de uma estratégia mais ampla que nasce no âmbito da aposta da agenda mobilizadora R2U Technologies. Neste âmbito “em termos de investimento podemos referir que no global da agenda já foi reportado cerca de 50% do orçamento previsto. No que respeita aos trabalhos executados, os parceiros encontram-se todos a trabalhar no sentido de se desenvolverem com sucesso os 18 PPS (Produtos, Processos e Serviços) previstos. Alguns dos produtos já se encontram desenvolvidos e lançados no mercado (a caixilharia minimalista e os PODs são exemplos) e grande parte dos restantes estão em fase de prototipagem e testes”, avança André Pereira.

A área da construção modular do grupo dst deverá conhecer novos desenvolvimentos ao longo de 2025, não só por via da actividade da Lyrical mas também com a edificação no campus do grupo em Braga, do protótipo à escala real, o Living Lab.

“Como desafios para 2025, temos o maior enfoque na Bysteel fs, onde neste momento temos uma carteira de obras mais pequena. Na Lyrical, como nova marca, queremos neste ano de 2025 apostar em vários mercados, como França, UK, Suíça, México, Canadá, Dubai, entre outros. Temos como objectivo conquistar o mercado desta nova marca. Queremos consolidar os negócios das empresas, apesar da retracção do mercado da construção. Queremos arranjar formas para contrariar as tendências. Pretendemos, também, a consolidação do mercado do Luxemburgo e manter a actividade em Angola, outro enorme desafio comercial para 2025, tendo em conta o baixo andamento e até a suspensão de alguns negócios que temos em negociação”, enumera Rodrigo Araújo director geral da Bysteel e Bysteel fs.

Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

Manuela Sousa Guerreiro

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Albert Gil Margalef, CEO atelier Batlleiroig
Arquitectura

Escala do projecto representou “desafio adicional” com natureza a inspirar soluções

Foi em Setembro de 2023 que a Bondstone adquiriu os 68 hectares da Quinta do Morgadinho, em Vilamoura. Aquele que foi o primeiro investimento da promotora no Algarve, tem planos para se tornar num dos empreendimentos mais sustentáveis daquela região. Nasce, assim, o Masterplan Arcaya, onde a conexão com a natureza e elementos construtivos como a madeira são um factor distintivo. O desenho é do atelier catalão Batlleiroig

Cidália Lopes

Albert Gil Margalef, CEO da Batlleiroig Arquitectura, falou ao CONSTRUIR, sobre a particularidade que é o Arcaya. A visão de um ‘Jardim Infinito’ é o ponto de partida para um projecto que pretende conjugar casas de design sustentável com uma abordagem de conservação e respeito pelo meio envolvente. A construção off-site com materiais que apresentem uma pegada de carbono reduzida, como a madeira, vai marcar a paisagem.

Qual é a visão principal do projecto Arcaya?

A visão principal do projecto Arcaya é criar um ‘Jardim Infinito’, ou seja, uma sequência de espaços naturais concebidos para realçar as características naturais do local. Neste ‘Jardim’, a natureza conjuga-se harmoniosamente com casas de design sustentável, promovendo, ao mesmo tempo, o bem-estar e um estilo de vida inteligente em comunidade. O objectivo primordial é recuperar essa ligação intuitiva e natural que os seres humanos têm com a natureza, permitindo que os residentes do Arcaya vivam entre árvores e desfrutem da riqueza da biodiversidade. Cada novo projecto residencial fará parte de um projecto maior: o Masterplan Arcaya.

Qual foi o ponto de partida?

O ponto de partida fundamental do projecto foi a sustentabilidade. Desde o início, optou-se por uma abordagem que desse prioridade à conservação e ao respeito pelo meio envolvente. Em vez de recorrer à construção a partir do zero, decidiu-se manter e melhorar a infraestrutura existente, optimizando os recursos já disponíveis.

Além disso, foi dada especial atenção à preservação e valorização da paisagem preexistente, composta por um bosque de pinheiros e vegetação ripícola, garantindo, assim, a sua continuidade e o seu valor ecológico. Houve, ainda, uma adaptação à topografia natural do terreno, tendo sido realizado um estudo detalhado para definir a cota de implantação de cada casa, permitindo minimizar a movimentação de terras e preservar o maior número possível de árvores existentes, minimizando, assim, um impacto sobre o ecossistema local.

“Soluções como muros Kreiner, um sistema inovador de contenção que utilizam troncos de madeira, funcionam de forma eficiente e, ao mesmo tempo, mantêm-se em total harmonia com a natureza. Outra abordagem inovadora é a integração de caixas de água em valetas, que melhoram a infiltração natural do solo, optimizando a retenção de humidade e promovendo o crescimento saudável das espécies vegetais”

Como foi concebido o projecto para harmonizar com o ambiente natural onde está inserido?

Desenhado com especial cuidado para se integrar, de forma harmoniosa, no ambiente natural que o envolve, sob a ideia principal de um ‘Jardim Infinito’, como já referi, onde os limites entre a arquitectura e a paisagem se esbatem.

Para reforçar esta conexão, todas as casas foram estrategicamente orientadas, garantindo que cada uma mantivesse uma relação directa e contínua com este ‘Jardim Infinito’. Além disso, os limites entre os lotes foram concebidos de forma subtil, permitindo que se fundissem com a paisagem sem criar barreiras visuais ou físicas, excepto nos limites entre as parcelas vizinhas, onde era necessário assegurar a privacidade entre os residentes do empreendimento.

Inovação e desafios

E como se consegue equilibrar a inovação com a funcionalidade?

Não são conceitos incompatíveis, pelo contrário, complementam-se ao potenciar as suas vantagens. Em todas as intervenções na paisagem, aplicaram-se soluções inovadoras baseadas na natureza. Trata-se de um princípio ancestral: partir dos materiais naturais do local e trabalhá-los com o mínimo de impacto de novos elementos, de forma a alcançar o design e a funcionalidade desejados.

Soluções como muros Kreiner, um sistema inovador de contenção que utilizam troncos de madeira, funcionam de forma eficiente e, ao mesmo tempo, mantêm-se em total harmonia com a natureza. Outra abordagem inovadora é a integração de caixas de água em valetas, que melhoram a infiltração natural do solo, optimizando a retenção de humidade e promovendo o crescimento saudável das espécies vegetais.

Na arquitectura, a inovação passa pela adopção de técnicas de industrialização na construção, um processo que se integra perfeitamente no design final das casas. A construção controlada permite um rigoroso controlo de qualidade na execução, melhorando a funcionalidade do produto final. Além disso, no empreendimento Arcaya inovou-se na escolha de materiais de construção que apresentassem uma pegada de carbono reduzida, como a madeira e as tintas à base de argila, que contribuem para melhorar a qualidade do ambiente interior dos espaços habitacionais.

Quais foram os principais desafios enfrentados durante o processo de concepção do projecto?

Foram vários os desafios que surgiram e exigiram soluções criativas e estratégicas. Um dos principais desafios foi a integração das infraestruturas pré-existentes, uma vez que aproveitar e adaptar o que já estava construído exigia um planeamento minucioso para garantir uma ordenação eficiente e funcional de todo o empreendimento.

Outro aspecto crucial foi assegurar a coerência do projecto. Dada a diversidade dos componentes e abordagens, era essencial alcançar uma integração harmoniosa, permitindo que cada elemento fizesse parte de um todo equilibrado.

Além disso, a escala do projecto representou um desafio adicional, pois era necessário encontrar um equilíbrio entre a unidade do empreendimento e a sua identidade distintiva. Para tal, foi levado a cabo um trabalho detalhado para respeitar as especificidades de cada área, considerando factores como a topografia, a vegetação e a orientação, garantindo assim um resultado coeso, mas com diversidade e identidade próprias.

Objectivo: Pegada de carbono reduzida

Que tipo de madeira e outros materiais sustentáveis estão a ser utilizados no projecto?

Na construção das casas e do stand de vendas, foram e estão a ser utilizadas, principalmente, estruturas em madeira de pinho radiata e larício. Além disso, combinam-se soluções estruturais com vigas e pilares de madeira lamelada colada (LVL), bem como painéis de madeira lamelada colada cruzada (CLT). A madeira é, também, aplicada nos revestimentos interiores e exteriores, tanto na sua forma natural como carbonizada, para garantir maior resistência às condições climatéricas.

No interior, privilegiam-se os revestimentos de baixa pegada de carbono, como tintas e argamassas à base de argila. No que diz respeito aos revestimentos cerâmicos, é valorizada a produção local, de forma a reduzir o impacto ambiental associado ao transporte.

Além disso, e para um isolamento natural mais eficiente, todas as coberturas foram concebidas como coberturas verdes, contribuindo para a regulação térmica das casas e para uma maior integração com a paisagem envolvente.

Que soluções específicas foram implementadas para reduzir a pegada de carbono do projecto?

Para reduzir a pegada de carbono, foi adoptada uma abordagem integrada que abrange tanto o ambiente paisagístico como a arquitectura das casas. As soluções implementadas foram estruturadas nas “10 Estratégias-Chave” do projecto Arcaya, ou seja, num conjunto de princípios que asseguram o desenvolvimento sustentável do empreendimento em total harmonia com o meio ambiente. Um dos aspectos essenciais foi a reutilização da infraestrutura já existente, uma decisão que permitiu reduzir as emissões em 70%, ao evitar demolições e a construção a partir do zero. Para uma gestão inteligente da água, maximizou-se a infiltração natural através de soluções que captam e aproveitam desde a primeira gota de chuva até sistemas como jardins aquáticos. A biodiversidade desempenhou, também, um papel central no projecto, com a regeneração da floresta e a plantação de espécies autóctones, optimizando o sistema de rega e aumentando o número de árvores em 30%.

O projecto privilegia, ainda, soluções inspiradas na natureza, utilizando os sistemas ecológicos existentes para criar uma relação harmoniosa entre o ser humano e o ambiente. Um dos exemplos é a reutilização de resíduos da gestão florestal para a criação de espaços de regeneração. As casas foram concebidas como unidades autossuficientes, com um design que optimiza o conforto e minimiza o consumo energético através de estratégias passivas, como a ventilação cruzada natural e a criação de refúgios climáticos de baixa necessidade energética. Além disso, foram incorporados sistemas activos de elevada eficiência energética.

Para reduzir ao máximo a pegada de carbono apostou-se em técnicas de construção a seco, na utilização de materiais locais e em estratégias de neutralidade carbónica. Um dos exemplos concretos foi o estudo do carbono incorporado na construção das “Timber Villa”, permitindo avaliar e minimizar o impacto ambiental desde a sua fase de concepção, assim com a adopção da construção off-site, o que reduz o tempo de obra e o seu impacto ambiental e de criação de resíduos.

“As soluções implementadas foram estruturadas nas ‘10 Estratégias-Chave’ do projecto. Um dos aspectos essenciais foi a reutilização da infraestrutura já existente, uma decisão que permitiu reduzir as emissões em 70%, ao evitar demolições e a construção a partir do zero”

Foram integradas tecnologias de pré-fabricação ou modularidade no processo?

Sim, foram integradas tecnologias de pré-fabricação e modularidade no processo construtivo, tendo sido testados diferentes graus de pré-fabricação nas casas piloto.

Em algumas casas, optou-se por um sistema de industrialização 2D, que combina a estrutura com componentes secundários, como o isolamento e os revestimentos. Noutros casos, desenvolveu-se um sistema de industrialização modular 3D, onde a casa é dividida em módulos que já incluem a estrutura, as instalações e os revestimentos, permitindo uma maior eficiência e rapidez na construção.

Como é garantida a durabilidade e resistência da madeira utilizada, especialmente face aos factores climáticos e às pragas?

Para assegurar a durabilidade e resistência da madeira utilizada, especialmente contra os factores climáticos e às pragas, são aplicados diversos tratamentos e técnicas de proteção.

A madeira utilizada no exterior passa por um processo de termo tratamento e recebe fungicidas, bem como acabamentos de lasur, que proporcionam uma proteção adicional e melhoram a sua estética.

Em alguns casos, é aplicada a técnica do Yakisugi, um método tradicional japonês que conta com mais de 300 anos, adaptado aos mais rigorosos requisitos contemporâneos. Esta técnica consiste na carbonização da camada externa da madeira, garantindo uma maior resistência à humidade, à radiação solar e ao ataque de insetos, o que aumenta significativamente a sua estabilidade e longevidade.

Existe algum objectivo, a longo prazo, para a Arcaya em termos de manutenção ou renovação?

Os objetcivos a longo prazo para o empreendimento Arcaya estão focados, principalmente, na gestão florestal e no desenvolvimento da paisagem, que se prevê que atinja o seu máximo potencial após os primeiros 10 anos.

Além disso, foi elaborado um plano específico para a remoção de espécies invasoras, promovendo a introdução e regeneração de espécies autóctones.

Como veem o crescimento, em particular, da tendência de desenvolver projectos em madeira? E que factores podem dificultar esse crescimento?

A tendência de desenvolver projectos em madeira é encarada com optimismo, uma vez que este material representa uma oportunidade e uma solução face aos desafios ambientais actuais. A madeira desempenha um papel fundamental na descarbonização do sector da construção, ao capturar CO₂ e ao promover uma economia circular.

Um dos principais obstáculos ao crescimento da construção em madeira é o facto de as normas e os regulamentos não acompanharem o ritmo dos avanços da indústria. Esta falta de actualização pode criar barreiras à implementação de sistemas construtivos inovadores, dificultando a adopção generalizada de soluções mais sustentáveis e eficientes.

Sobre o autorCidália Lopes

Cidália Lopes

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Construção

“O futuro da domótica será mais intuitivo, autónomo e acessível que nunca”

A Inteligência Artificial (IA), em especial a IA generativa, está a impulsionar uma verdadeira revolução, transformando a forma como construímos e gerimos edifícios e cidades inteligentes. Este avanço tecnológico não só promete maior eficiência e sustentabilidade, mas também uma experiência mais intuitiva e personalizada para os utilizadores. Neste especial, exploramos como a domótica, aliada à IA e à Internet das Coisas (IoT), está a moldar o futuro das nossas casas e cidades, e como as empresas se estão a adaptar a este novo paradigma

Se noutras edições deste Especial ficou patente que o futuro será tecnológico, os avanços e os investimentos no desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA) e em especial na IA generativa, vêm colocar essa afirmação num outro nível. Estaremos sim perante “uma mudança de paradigma”, como afirmou um dos convidados do painel nesta nova ronda de questões que colocámos às empresas que actuam nestes segmentos e às quais pedimos, de tempos a tempos, para reflectir sobre o impacto que os desenvolvimentos da AI trará aos seus negócios, mas, sobretudo, no dia a dia de todos nós, nos edifícios que construímos e na construção de cidades inteligentes.
“Em 2025, o mercado de domótica está a viver um momento de grande expansão e inovação, reflectindo um crescente interesse por soluções tecnológicas que tornam as casas mais inteligentes, eficientes e seguras”, afirma Fabíola Matos.

No futuro que se constrói hoje, “os edifícios inteligentes serão mais do que simples sistemas de automação, irão ser capazes de antecipar as necessidades dos utilizadores, ajustando automaticamente a temperatura, iluminação, segurança e, até mesmo, os aparelhos domésticos com base em padrões de comportamento”, sintetiza a marketing manager da Signify Portugal.

Ainda que a AI esteja nos primeiros estágios de implementação da domótica o seu impacto será enorme. “Estamos a falar de uma mudança de paradigma. Até agora os sistemas de domótica exigiam uma configuração manual detalhada para criar cenários e automações. Com a IA essa barreira vai desaparecer. Imagine entrar em casa e simplesmente descrever como quer que ela funcione: “Quando eu chegar, quero que as luzes se acendam com uma intensidade suave, a temperatura ajuste para 22°C e a música ambiente comece a tocar”. A IA fará o resto, interpretando e programando os dispositivos de forma automática, sem necessidade de conhecimento técnico. Além disso, a IA não só executará comandos, mas aprenderá com os hábitos dos utilizadores. Se percebe que, durante o Inverno, o utilizador costuma aumentar a temperatura às 7h da manhã, o sistema começará a ajustar-se sozinho, garantindo conforto e eficiência energética sem qualquer esforço. O futuro da domótica será mais intuitivo, autónomo e acessível do que nunca”, explica João Lima de Sousa, chief sales officer da JUNG.
“O momento actual tem tido um grande impacto na nossa actividade, porque a transição energética que Portugal está a viver e todo o investimento na electrificação para a descarbonização implica uma maior utilização da energia eléctrica e nós garantimos a sua melhor utilização, pelo que somos um actor muito relevante nesta transição. O impacto sente-se também de forma positiva, claro, ao aumentar as nossas perspectivas de negócio. O desenvolvimento da IA, que está e estará cada vez mais presente nas nossas soluções, também nos favorece e estamos a fazer uma aposta forte nesta tecnologia”, sustenta Aroa Ruzo, country manager Portugal da Schneider Electric.

Procura crescente por casas inteligentes
A expectativa é que este mercado cresça exponencialmente nos próximos anos, deixando de ser um “luxo” e passando a ser uma exigência, em especial em novos empreendimentos.
“Os promotores imobiliários e clientes procuram soluções inteligentes, eficientes e seguras, que aumentem o valor dos imóveis e ofereçam diferenciação no mercado.
Algumas das principais exigências que, em nosso entender, são as mais importantes na escolha de soluções de domótica passam pela optimização do consumo energético como resposta às exigências de certificação energética e sustentabilidade, pela iluminação inteligente, pela monitorização de consumos e pela integração com energias renováveis. Paralelamente, o sector imobiliário exige que os sistemas funcionem de forma intuitiva e sem complicações. Para isso, pedem protocolos universais, assistentes de voz e acesso remoto via app, que permite ao seu cliente controlar toda a casa através do seu smartphone independentemente do ponto do globo onde se encontre”, refere Filipe Morgado CEO da Morgado&Ca. Na opinião do responsável. No futuro, é muito provável que o sector imobiliário comece a ser mais exigente ao solicitar soluções que passarão a ser personalizadas de acordo com o perfil do comprador. “A domótica tornou-se um factor diferenciador na valorização de imóveis”, sustenta Filipe Morgado. E isso é válido também no mercado da reabilitação e renovação de imóveis, que está a crescer “impulsionado pela reabilitação urbana, pelos incentivos à eficiência energética e pela procura de maior conforto e segurança”, sustenta Filipe Morgado. Compreendendo o peso mercado a Morgado concebeu soluções de domótica adaptadas à reabilitação, com instalação sem cablagem, com recurso a APP própria para um controlo a partir de smartphone e com WiFi integrado.
“O mercado de domótica em 2025 continuará a crescer de forma acelerada e as empresas que apostarem em soluções inteligentes, sustentáveis e interactivas vão destacar-se num sector cada vez mais competitivo. As principais tendências passam por uma domótica centrada na eficiência energética, pela segurança e protecção digital, conectividade com o 5G e o Wi-Fi 6 que irão acelerar o crescimento da automação residencial e comercial de forma acessível e escalável”, defende Filipe Morgado.
Uma das mais recentes entradas no mercado de domótica nacional foi feita pela NOS. A NOS Smart Home comemorou um ano no final de 2024 com um balanço positivo, traduzido num total de 16 empreendimentos assinados e mais de 1700 casas inteligentes. A NOS Smart Home integra, na mesma solução de domótica, funcionalidades nas áreas de segurança, protecção, automação, eficiência energética e controlo. “No sector imobiliário, a domótica tornou-se um factor diferenciador essencial, especialmente em novos empreendimentos, onde a procura por soluções inteligentes tem vindo a crescer de forma significativa. Entre as principais exigências destacam-se a eficiência energética, com sistemas que optimizem o consumo de electricidade e climatização, reduzindo custos e promovendo a sustentabilidade. A conectividade e conveniência também desempenham um papel crucial. Do lado dos promotores é critico o tema do pós-venda e a NOS tem um diferencial importante a apresentar dado o seu histórico de servicing nas telecomunicações”, sublinha Diogo Serras Pereira, director Security and Smart Homes Solutions da empresa.
“A domótica deixou de ser um privilégio exclusivo para novas construções. Com o avanço da tecnologia sem fios e soluções retrofit, modernizar uma casa ou apartamento nunca foi tão simples”, concorda João Lima de Sousa, da JUNG. Há poucos meses a empresa inaugurou o seu primeiro showroom nacional, em Lisboa, um investimento de peso cujos resultados superaram as expectativas, com o espaço a ser um ponto de encontro para arquitectos, promotores e designers. A marca prepara-se agora para inaugurar um segundo espaço, desta vez no Porto. “Mais do que um simples showroom, criámos um espaço onde os visitantes entendem o que significa ter um sistema de domótica premium. A inspiração para o showroom de Lisboa veio dos lofts nova-iorquinos: um ambiente sofisticado, urbano e minimalista. Este ano, vamos inaugurar um novo showroom no Porto. A estética será completamente diferente, com uma identidade única, mas por agora, mantemos o mistério”, adianta João Lima de Sousa.

A IoT alavancada com IA
Os assistentes de voz Alexa ou o Google Home aproximaram a IA da domótica, mas em breve a ligação da Internet das Coisas (IoT) e IA irá criar sistemas inteligentes que não respondem apenas a comandos, antes antecipam as necessidades de utilizadores. “Imagine um sistema que percebe, por si só, que tem visitas em casa e que tem que antecipar a renovação do ar e a temperatura do ar condicionado, sem nunca termos dado qualquer indicação para o fazer. Este é o tipo de evolução que a domótica terá”, exemplifica João Lima de Sousa da JUNG.
“Em relação à IA no caso da NOS Smart Home, já é amplamente utilizada para melhorar a experiência dos utilizadores e aumentar o valor das soluções oferecidas. Um dos principais exemplos é a utilização de Video Analytics com AI, que reduz os falsos positivos em até 80%. Por exemplo, se o alarme estiver armado e uma aranha passar pela câmara, o sistema consegue identificar que não se trata de uma ameaça real e evita reporte desnecessário para cliente ou para central de monitorização. Outra funcionalidade é a utilização de avisos verbais dissuasores gerados por IA, que proporcionam um nível de segurança mais avançado. Se uma pessoa se aproximar da propriedade de forma suspeita, a câmara pode emitir um aviso descrevendo a roupa da pessoa e alertando que a polícia será chamada caso não se afaste, tornando a dissuasão mais eficaz ao parecer que é o próprio proprietário a falar”, exemplifica Diogo Serras Pereira.
Além da segurança, a IA também contribui para a eficiência energética, através de notificações sobre alterações nos padrões de consumo de energia e água, permitindo que os utilizadores ajustem os seus hábitos para maior poupança e eficiência. Com base nos dados recolhidos, o sistema pode ainda fornecer recomendações personalizadas, sugerindo funcionalidades e cenários automatizados e alertando para armar o sistema quando se sai de casa, ajustando-se dinamicamente para proporcionar uma experiência mais personalizada e conveniente.
“Com estas soluções, a IA não só torna as casas mais inteligentes, como também melhora a interacção dos utilizadores com o ecossistema de domótica, consolidando o crescimento deste sector nos próximos anos”, considera o director Security and Smart Homes Solutions da empresa.

Iluminação inteligente
No contexto da domótica, iluminação inteligente é uma das áreas mais procuradas. “A Signify tem integrado a IA e a Internet das Coisas (IoT) em várias soluções de iluminação inteligente, sejam elas de uso doméstico ou de nível profissional. A IA veio permitir optimizar o funcionamento dos dispositivos e recolher dados que permitem oferecer uma experiência mais personalizada e eficiente. A IoT permite que os dispositivos de iluminação e outros produtos Signify se conectem entre si e com outras plataformas, isso cria um ecossistema de dispositivos interconectados que podem ser controlados remotamente”, observa Fabíola Matos da Signify Portugal. “A Philips Hue é um dos exemplos mais populares de iluminação inteligente para utilização doméstica que se conecta à IoT. Usando a aplicação Hue é possível conectar o sistema de iluminação ao sistema de automação da casa, permitindo controlo de voz, ajustes automáticos de iluminação, e integração com outros dispositivos inteligentes (como termostatos e câmaras de segurança). A Signify também oferece soluções de iluminação inteligente com sensores que permitem ajustar a intensidade da luz com base na presença de pessoas ou na luminosidade ambiente”, refere Fabíola Matos. A plataforma Interact, ao nível de iluminação profissional ou a Interact Office, para escritórios, são algumas das soluções já disponibilizadas pela marca.
A Signify oferece ainda soluções para a gestão eficiente de territórios, como o Interact City, que permite implementar sistemas de gestão para controlo de iluminação pública que pode ser monitorizado remotamente através de uma aplicação online centralizada. “Com esta solução, a Signify está a revolucionar as cidades, fornecendo não só iluminação pública inteligente e eficiente em termos energéticos, mas também os meios para fornecer serviços urbanos inteligentes que beneficiam positivamente o ambiente, a economia e os cidadãos”, observa Fabíola Matos. Através da iluminação pública urbana conectada é possível criar uma rede de sensores capazes de recolher dados para implementar as melhores soluções de IA. Os sensores nas luminárias públicas podem monitorizar a qualidade do ar e a temperatura, detectar sons, alertar os socorristas em tempo real, reduzindo a criminalidade e ajudando os cidadãos a sentirem-se mais seguros. Além disso, podem ser utilizados para simplificar a gestão do tráfego, oferecendo informações de trânsito em tempo real e estacionamento inteligente. A conversão de pontos de luz convencionais em LED pode reduzir substancialmente as emissões anuais de carbono. “As cidades inteligentes que levam a sério a sustentabilidade precisam de considerar os benefícios da iluminação conectada, tanto como um facilitador das capacidades de IA como uma solução sustentável”, defende Fabíola Matos.

E a segurança?
A maior interconectividade entre dispositivos e o crescente uso de tecnologia no dia a dia levam-nos a colocar a questão como se garante a segurança? “Com hardware robusto, software actualizado, encriptação forte e boas práticas dos utilizadores”, afirma Filipe Morgado. “Empresas que fornecem soluções de domótica devem apostar em dispositivos certificados, suporte contínuo e integração com protocolos seguros que garantam a interconectividade sem comprometer a protecção de dados”, subscreve o CEO da Morgado&Ca.
Esta não é uma questão simples já que, seja por falta de conhecimento na matéria ou por uma percepção de insegurança, muitos proprietários afirmam não estar prontos para integrar um conjunto mais amplo de dispositivos inteligentes, como mostrou um estudo recente da Schneider Electric (ver caixa “Proprietários às avessas (e avessos) à tecnologia”).
Para as empresas com quem falámos adoptam várias estratégias para garantir a segurança das suas soluções: criptografia avançada colaboração com especialistas em segurança para antecipar e mitigar riscos, protocolos robustos com arquitectura fechada. O director Security and Smart Homes Solutions da NOS, Diogo Serras Pereira, refere que os equipamentos de segurança utilizam o protocolo PowerG e os equipamentos de automação utilizam o protocolo Z-Wave.
No caso da JUNG “os nossos sistemas, como o KNX e o JUNG Home, utilizam encriptação AES-128, um dos padrões mais seguros do mundo, amplamente utilizado em sistemas bancários e militares. Com o JUNG Home integramos um sistema de emparelhamento seguro que impede a conexão de dispositivos não autorizados”, explica João Lima de Sousa. “Com a evolução da IA, da IoT e da Cibersegurança, a domótica está a entrar numa nova era, onde os sistemas estão cada vez mais intuitivos integrados e fiáveis”, resume João Lima de Sousa.

 

Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

Manuela Sousa Guerreiro

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OBO Bettermann reforça estratégia no mercado

A OBO Bettermann continua a inovar e a reforçar a sua presença no mercado português, apostando em soluções tecnológicas e sustentáveis que acompanham a evolução da construção moderna. Conversámos com Pedro Faria, director-geral da empresa em Portugal, para perceber como a marca está a responder às novas exigências do sector

Em Portugal, a OBO Bettermann tem reforçado a sua aposta em novas tecnologias e na digitalização, oferecendo produtos e serviços que garantem eficiência, segurança e respeito pelo meio ambiente, como nos contou Pedro Faria, director-geral da OBO Bettermann em Portugal

Qual a resposta que a OBO está a entregar em termos de desenvolvimento de produtos e soluções que vão de encontro às novas exigências do mercado, no que diz respeito a tecnologia, automação e inovação, e com foco nas estruturas dos edifícios?
A sustentabilidade é uma prioridade no desenvolvimento dos nossos produtos. Recentemente, introduzimos caixas de encastrar fabricadas com materiais reciclados de alta qualidade, reduzindo significativamente o impacto ambiental e contribuindo para a eficiência dos edifícios.
Além da inovação em produtos, apostamos também na digitalização e no suporte técnico. A nossa nova aplicação myOBO disponibiliza catálogos e ferramentas de planeamento de forma intuitiva e acessível, permitindo que os profissionais tenham acesso a informações essenciais em qualquer momento e lugar, optimizando o processo de selecção e instalação dos produtos.

Que impactos a OBO pretende trazer com estes produtos e soluções que se enquadram nas exigências tecnológicas, automação e inovação dos edifícios?
Além da vertente ambiental, as nossas soluções destacam-se pela facilidade e rapidez de instalação. Isso permite agilizar projectos e obras, assegurando o cumprimento de prazos e o controlo de custos, factores essenciais para a eficiência do sector.

Qual é a perspectiva de crescimento da OBO no mercado português, tendo em conta o seu posicionamento actual e as áreas em que actuam e onde desejam expandir?
A OBO Bettermann vê um forte potencial de crescimento no mercado português. Com a economia nacional a demonstrar sinais positivos de recuperação, estamos preparados para capitalizar as oportunidades emergentes e reforçar a nossa presença no sector.Apostamos no desenvolvimento de novas soluções que não só facilitam e aceleram o trabalho diário dos profissionais, mas também se adaptam às necessidades específicas do mercado local. Esta abordagem permite-nos oferecer produtos cada vez mais eficientes e alinhados com as exigências da construção moderna e sustentável.
Nos últimos anos temos feito um grande esforço na área das protecções de descargas atmosféricas, é uma área onde a OBO tem um grande know how e promove uma solução que é a mais em linha com as normas internacionais. Temos um cuidado extremo com a integração na arquitectura dos edifícios e estruturas.

 

Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

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