Francisco Miranda Rodrigues, Isabel Barros, Rui Teixeira e Catarina-Quintela
Conferência: Pessoas, Tecnologia e Economia são a base do futuro das empresas
Estas as três dimensões, que compõem a base da economia, estiveram em debate na conferência “Futuro do Crescimento”, que aconteceu esta segunda-feira, dia 13 de Março, na Porto Business School, em parceria com a CIP
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Pessoas, a Tecnologia e a Economia são as três dimensões que, em conjunto, contribuem para suportar o crescimento das empresas nacionais e cuja problemática esteve em debate na conferência “Futuro do Crescimento”, que aconteceu esta segunda-feira, dia 13 de Março, na Porto Business School, em parceria com a Confederação Empresarial de Portugal (CIP). Para este efeito, a conferência contou com a visão de alguns dos principais executivos nacionais, como, por exemplo, Isabel Barros, da Sonae MC, Manuela Vaz Soares, da Accenture e Manuela Tavares de Sousa, da Imperial, entre outros.
As questões que abriram a sessão “Futuro do Crescimento” incidiram sobre as Pessoas e se estas poderão mudar ou ser mudadas. Pedro Duarte, director de Corporate, External & Legal Affairs da Microsoft, alertou que “o crescimento tecnológico – computacional, dados e algoritmos – está associado a uma velocidade exponencial capaz de provocar um fosso entre a tecnologia e as pessoas”. A intervenção abordou, também, pilares como a ética, segurança e privacidade; a desigualdade nos rendimentos; e a transformação do trabalho, associados à nova era da Inteligência Artificial, que conta com o ChatGPT para mudar o mundo, à semelhança da invenção da Internet. Pedro Duarte identificou, ainda, a “flexibilidade cognitiva, a inteligência relacional e o growth mindset” como os três pilares desbloqueadores do envolvimento das pessoas no crescimento.
Francisco Miranda Rodrigues, bastonário da Ordem dos Psicólogos, sublinhou que “a grande riqueza dos recursos humanos deve ser gerida de forma mais estratégica a partir das lideranças e das competências em falta, começando no topo da pirâmide”. Para Isabel Barros, administradora executiva da Sonae MC, a palavra-chave é “combinação”, sendo que as pessoas actualmente são os activos mais importantes e as lideranças precisam de ser suportadas. “Não temos de competir com a tecnologia, mas sim juntarmo-nos a esta e não deixar ninguém para trás”, referiu a responsável, acrescentando, ainda, que o processo de reskill e upskill deve ser planeado a cinco anos a par da curiosidade e da aprendizagem, que devem ser cultivadas ao longo da vida, das carreiras e do contexto empresarial.
Por fim, Rui Teixeira, country manager da Manpower em Portugal, referiu que o mundo mudou a uma velocidade “estonteante”: “Acreditamos que a tecnologia está ao serviço do talento e não da sua extinção. A quantidade de informação que temos está ao alcance de todos, quer do ponto de vista de gestão quer no desenvolvimento de competências”. O gestor defendeu o recurso ao talento inhouse e a preparação do mesmo para os novos desafios por via da identificação antecipada das competências certas no plano de desenvolvimento.
“O cérebro (neurociência), a tecnologia e a humanidade formam a tríade do futuro do crescimento”. Este foi o mote com que Ana Alves, co-fundadora da Follow Trend, inaugurou o segundo painel, intitulado “A Tecnologia vai mudar os negócios ou mudar a forma como vivemos?”. De seguida, Manuela Vaz Soares, managing director da Accenture, destacou a personalização como um bom exemplo de capacidade da Inteligência Artificial. Por outro lado, reconheceu que “apesar de a tecnologia do algoritmo já ter dado enormes passos, ainda há um caminho muito grande a percorrer nas cadeias de abastecimento”. O caminho deverá, assim, passar pelo “ímpeto da transformação, assente em reinventors e transformers para fortalecer a arquitetura do ecossistema tecnológico, desde o Block Chain, o Machine Learning e o Metaverso até ao Quantum Computing e o 5G”. Manuela Vaz Soares alertou novamente para a escassez de talento e a necessidade de criar recursos inhouse com o up e reskilling.
Pedro Amorim, docente de Logística e Gestão da Cadeia de Abastecimento da Porto Business School, elogiou a melhoria algorítmica para o desenvolvimento do entendimento dos clientes e da jornada do consumidor. O docente alertou para a falta de hard skills nas organizações para dominar tecnologias como programação Python e projectou que, no futuro, “devemos ter 90% de pessoas da nossa organização a entender estes temas”.
Já João Ricardo Moreira, Centre for Business Transformation director da NOS, alertou para o risco de negação da ciência, sendo o elemento humano e a experiência tradicional as maiores barreiras. Sublinhou a importância do 5G e da realidade virtual no processamento de informação em tempo real para tomada de decisões e na aplicação de maior rapidez na escala da tecnologia, dando como exemplo os 100 milhões de utilizadores do ChatGPT. A “produtização” e a cloud foram também apontadas pelo responsável como fundamentais para a transformação das organizações.
O último painel da conferência, dedicado aos desafios da economia, iniciou-se com a intervenção de Helena Gouveia, analista internacional, que defendeu que “Portugal deve criar condições para a inovação.” Apontou, contudo, como principais problemas da economia nacional a desigualdade na distribuição de rendimento e a fuga de talento, sendo relevante o melhor aproveitamento do PRR.
Manuela Tavares de Sousa, presidente do Conselho de Administração da Imperial, abordou o posicionamento das empresas no contexto da inflação e da concorrência internacional, tendo apontado três questões essenciais: “a disponibilidade de recursos (mão de obra e energia), as condições de financiamento e os custos de contexto (tributação e complexidade regulamentar administrativa)”. A gestora reconheceu, ainda, a problemática dos recursos humanos, escassa ao nível técnico, tendo defendido um modelo de gestão assente na “flexi-segurança” laboral.
Por fim, José Pina, CEO da Altri, descreveu uma “realidade empresarial muito fragmentada e pouco voltada para as oportunidades do mercado externo”. Para o gestor, o aumento sistemático dos custos produtivos tem vindo a dificultar a competitividade nesse aspecto.