Concreta vem medir o pulso ao sector AEC, ao mesmo tempo que lhe redefine o futuro
Amélia Estêvão, directora de marketing da Exponor, faz-nos uma antevisão da Concreta: das novidades que este ano o certame nos traz, das empresas que marcam presença e do papel que esta feira, bienal, tem na criação de novas estratégias e parcerias de negócio. A Economia Circular, o grande tema desta edição, une o sector em torno das experiências, das soluções e de uma realidade cada vez mais intrínseca
Manuela Sousa Guerreiro
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A Concreta 2022 serve de barómetro a um sector que não é alheio à crise económica que começa agora a despontar. A 30º edição decorre de 13 a 16 de Outubro e irá juntar mais de trezentos participantes e alguns milhares de visitantes. A Economia Circular, grande tema desta edição, é o chapéu que baliza as múltiplas actividades que este ano a Concreta nos traz, como conta Amélia Estêvão, directora de marketing da Exponor. Entre as novidades o novo espaço Dream Lab, dedicado a start-ups ligadas à área da construção, arquitectura e design, bem como às indústrias criativas, as Praças Concreta, palco de práticas, técnicas e produtos originais, e Na primeira Pessoa onde arquitectos, engenheiros e designers são convidados a dar uma palestra de 30 minutos sobre um projecto em nome próprio
Este é o regresso da Concreta depois de um interregno, forçado, num contexto político e económico muito diferente, de muita incerteza e com a recessão a espreitar em 2023. De que forma este novo contexto influenciou esta edição?
Naturalmente que vivemos diversas condicionantes que têm impactado o sector, como o aumento do preço das matérias ou a dificuldades no seu acesso. O sector teve, necessariamente, de se adaptar e de procurar soluções alternativas, pelo que a Concreta prepara exatamente essa realidade, servindo de barómetro para medir o pulso do mercado, soluções e tendências. É importante que os profissionais possam ter momentos de partilha e de contacto com base na actualização do mercado e na geração de ideias inovadoras.
Quantas empresas estão presentes na Concreta 2022?
Temos expositores de várias áreas, em linha com a nossa aposta em trazer maior diversidade e oferta para o certame. Na edição de 2019, contámos com 323 expositores, pelo que, para esta edição, prevemos superar esse valor, sendo que contamos já com referências muito importantes de áreas como Arquitectura, Construção, Design, Engenharia, Materiais de construção, Ferramentas, Revestimentos e Acabamentos, Climatização, Jardim e Exterior, Cozinha e Banho e Serviços.
Notámos uma presença menos acentuada dos grandes nomes da indústria. Isso deriva do contexto económico em que nos encontramos ou de uma mudança estratégica destas organizações?
Algumas das grandes empresas que estão já consolidadas há muitas décadas no mercado continuam a querer manter-se no radar e a fazer uso das feiras sectoriais, enquanto plataformas para o desenvolvimento dos seus negócios. Ainda são uma presença assídua, até por estarem entusiasmados com o regresso das feiras ao formato presencial depois de um longo período de confinamento. Por outro lado, a Exponor tem também procurado encontrar novas formas de renovação de expositores, apostando em “sangue novo”, em novos talentos e promessas do mercado, em trazer mais público internacional, e em marcas que habitualmente não integram circuitos de feiras, como forma de, por um lado, trazermos frescura e novidade ao sector, e, por outro, promover o intercâmbio, o diálogo e a partilha entre as marcas de grande escala e as de pequena escala.
Na última edição da Concreta 20% dos expositores presentes eram estrangeiros. A internacionalização ainda é uma aposta da Concreta?
Sim, as expectativas passam por um aumento da oferta habitual por parte dos expositores bem como pelo número de visitantes. À semelhança daquilo que tem acontecido também noutras feiras, prevemos aumentar a variedade de nacionalidades presentes na feira e concretizar vendas direccionadas a várias geografias. A criação de oportunidades de internacionalização é, necessariamente, uma das premissas da nossa actividade.
A dinamização do sector AEC
O que podemos esperar desta 30ª edição da Concreta e que novidades nos traz?
A Concreta prepara-se para regressar com o tema “Economia Circular” e várias novidades, para promover as tendências das áreas da construção, arquitectura, design e engenharia do futuro.
Esta edição irá contar com um novo espaço, o “Dream Lab”, dedicado a start-ups, como forma de valorização de novos talentos. As “Praças Concreta”, palco de práticas, técnicas e produtos originais que prometem marcar o futuro, onde serão realizados exercícios de provocação, de encontro e de reflexão, são também uma novidade para este ano.
De que forma a Economia Circular está presente e será tratada?
Uma vez que a sustentabilidade está a ganhar um maior destaque em todos os sectores de actividade, o tema “Economia Circular” aplica-se ao contexto em que vivemos e a este sector em questão. Os arquitectos, engenheiros e outros profissionais nesta linha de actividade têm cada vez mais atenção à origem e aos impactos, por exemplo, dos materiais utilizados na construção, contribuindo para uma menor pegada ecológica, maior durabilidade dos projectos, etc. O próprio mercado o exige, no sentido em que entende os seus benefícios não apenas a nível de sustentabilidade ambiental, como também financeira. Esta confluência tem alterado em muito os paradigmas do sector da arquitectura e construção e existe uma grande necessidade de partilha de conhecimento e boas práticas. Queremos que a Concreta se torne num observatório de tendências e fórum de discussão nestas temáticas.
O ciclo de conferências “Na primeira Pessoa” é uma das grandes apostas. Qual o objectivo e o que distingue esta acção?
O ciclo de conferências “Na Primeira Pessoa”, pretende dar voz aos autores de projectos de arquitectura, engenharia ou design, que se distinguiram pela adopção de boas práticas de sustentabilidade e que são convidados a dar uma palestra de 30 minutos sobre um projecto em nome próprio.
A Concreta tem vindo a apostar cada vez mais na promoção do talento nacional, que premeia a nova geração da arquitectura portuguesa. E agora também através desta nova iniciativa que pretende dar voz aos autores dos projectos que marcam o presente e o futuro do sector, numa lógica de partilha de conhecimento e inspiração, que é, no fundo, o grande propósito das feiras profissionais.
É importante que as feiras sectoriais, e designadamente esta dirigida a um sector que luta por ser mais sustentável, tenham abordagens e focos diferenciadores?
Naturalmente que sim. Os profissionais entendem esta exigência cada vez melhor e, entre produtos, projectos ou ideias, têm apresentado soluções realmente inovadoras e visionários. Vivemos numa era muito interessante, cheia de desafios à criatividade e à inovação, que os profissionais, mais consolidados ou mais jovens no mercado, têm procurado abraçar. Na Concreta, serão mostradas muitas soluções que cumprem com os pressupostos ambientalistas e de sustentabilidade, numa área em que os desafios nesse sentido tendem a ser maiores. A construção e a arquitetura tendem a debruçar-se sobre projetos que devem perdurar no tempo, mantendo sempre a qualidade e a segurança dos seus utilizadores. Considerando esta enorme responsabilidade, torna-se deveras interessa recorrer a plataformas como as feiras setoriais para entender de perto como é que as marcas têm procurado competir entre si nesse sentido.
Que papel está reservado hoje a eventos como a Concreta e que impacto podem ter na dinamização do sector AEC?
A intenção das feiras sectoriais, como a Concreta, passa por permitir medir o pulso do mercado e criar novas estratégias e parcerias de negócio. A possibilidade de criação de networking permite a discussão e a compreensão daquelas que são as tendências das áreas que participam na feira, o que levará, por sua vez, a que as empresas possam antecipar desafios e avaliar possíveis soluções.
A Concreta está organizada em diversas áreas, que permitem agregar áreas de actividade e dar palco a novos players, criando um sistema acessível aos visitantes, mas, ao mesmo tempo, interactivo entre si. É vista como uma plataforma importante para o sector e, por isso, a adesão continua a ser positiva de edição para edição.
A Exponor, em grande parte das suas feiras, procura sempre atribuir palco a novos talentos e a visões frescas com potencial de trazer inovação e de agitar o mercado. Esta feira não é excepção – enquanto plataforma de referência, a Concreta pretende efectivamente contribuir para colocar ónus nesta nova geração de talentos e, assim, colocar em destaque no mercado aquilo que de mais notável os nossos jovens profissionais têm vindo a fazer.