Paulo Lobo: A decoração e o ambiente como expressão de um estilo de vida
O designer de interiores portuense Paulo Lobo, falou sobre o desafio de dois projectos de interiores de referência para a Lucios Real Estate
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ssenza e Montevideu Six Villas são dois projectos com características únicas. De forma a conseguir captar e reflectir a sua filosofia e envolvente, Paulo Lobo teve um papel muito importante através da escolha da decoração e do mobiliário. Ainda que com espaços muito diferentes, a tendência actual de “chiq and basic”, onde o detalhe se mistura com a simplicidade, esteve sempre presente
Texto: Cidália Lopes (clopes@construir.pt)
Com larga experiência ao nível da decoração de espaços públicos, o designer de interiores portuense Paulo Lobo, falou à TRAÇO sobre o desafio que foi a execução de dois projectos de interiores para dois empreendimentos de referência
Como surgiu a oportunidade de trabalhar com este tipo de projetos? (empreendimentos Lucios Real Estate)
A parceria com a Lucios Real Estate começou pelo Essenza e, uma vez que a experiência correu tão bem, o convite estendeu-se ao Montevideu Six Villas para tentar acrescentar valor aos empreendimentos através da intervenção aos seus interiorismos.
Como descreveria as principais diferenças entre as escolhas de ambos os projetos?
Os projectos são bastante diferentes, mas unem-se por algo muito forte – a inclusão na paisagem e a localização de referência e foi isso que quisemos realçar em cada um.
O Essenza tem como vizinho o Parque da Cidade do Porto, uma mancha verde que quisemos valorizar. Este é um edifico de habitação múltipla, apartamentos, com private lobby, recepção e encaminhamento de convidados e duas áreas de living. O nosso trabalho aqui foi de trabalhar o ambiente das áreas comuns.
Por seu lado, o Montevideu Six Villas localiza-se na Foz do Porto, com umas vistas privilegiadas para o mar. São seis moradias únicas de acesso privado, de tipologias T4 e T5, perfeitas para famílias numerosas.
São públicos muito diferentes o que nos levam a actuar de forma distinta em cada um.
Qual o ponto de partida para o projecto de interior de cada um deles?
O Essenza é um projecto que alude a um estilo de vida associado ao prazer e ao contacto com a natureza, com mar e com os espaços verdes envolventes. Por isso, procuramos passar um pouco de provocação de irreverência, através da utilização de materiais fortes. Por exemplo, no hall de entrada vamos apostar numa cortina de latão atrás do balcão de recepção, para que o posicionamento do edifício seja muito claro desde o primeiro segundo em que se entra nele.
O processo para o Montevideu Six Villas foi diferente, porque se trata de uma vila modelo. Tem que ser um cuidado especial, porque temos que expressar o que é viver ali. Não pode ser uma moradia plástica, tem que ser desde logo uma casa de família, vivida e sentida de toda uma vida. A decoração e o ambiente deve expressar claramente isso.
De que forma é que o facto de ter uma grande experiência na decoração de outro tipo de espaços pode ajudar a dar mais valor aos empreendimentos?
É uma grande mais valia. Os espaços públicos são sempre de laboratório onde se permite a utilização de novos produtos e acabamentos. Nestes espaços reúnem-se motivações e procuram-se sensações. É daqui que se retiram ideias, soluções e se encontra um gosto mais específico, permitindo transportá-lo para o espaço intimo onde vivemos.
Estamos perante uma decoração que tem como objectivo ser ‘vivida’ pelos seus residentes logo deverá haver formas diferentes de pensar a mesma em comparação com um espaço de restauração ou uma loja em que as pessoas estão apenas por um tempo limitado.
São incomparáveis! Mas como disse atrás, os espaços de restauração “ensinam” imenso. Formas de compartimentar atmosferas que a luz define, revestimentos e até mobiliário, mas nestes casos, queremos apelar à memória, ao querer estar e aproveitar o ambiente. São tempos diferentes de usufruto do estado que temos que espelhar no interiorismo.
O elemento luxo está cada vez mais na moda?
O luxo existe, mas é um outro luxo. Simplicidade, detalhe, procura do natural, são luxos que muitos procuram, mas muitos não encontram.
Quais as principais tendências para este ano?
Eu diria que é “chiq and basic”, com uma preocupação grande com o detalhe e simplicidade. Procuramos ambientes simples, mas significativos, sem descurar um toque de distinção e exclusividade.
CV Paulo Lobo
A execução de projectos de interiores para diferentes áreas, públicas, privadas e a comercialização de objectos de design tiveram início em 1985.
Depois de um curto percurso na mostra e venda de objectos de editores internacionais e participação em eventos, (como a Portugal Design – 1998 em Paris), dedica-se em exclusivo à concepção de projectos e ambientes de interiores.
O seu trabalho já há muito saltou fronteiras, Brasil, Polónia, Itália, Alemanha, Espanha e Suíça, tendo sido publicado em inúmeras revistas nacionais e internacionais, nomeadamente, Cote Sud francesa, Elle alemã, GQ inglesa, Casa Brutus japonesa e muitas outras, de salientar a Wallpaper com mais que um trabalho entre os quais o Buhle, nomeado para o melhor restaurante do ano 2010.
Muito recentemente apresenta a Lobo Taste. Um conceito que defende a recuperação de técnicas e objectos do artesanato tradicional, perdidos no tempo. O redesenho de peças do artesanato ainda em produção e o desenho de novos produtos, utilizando estas mesmas técnicas.