José Carvalho, CEO Grupo Omega
“A promoção imobiliária representa 90% do nosso volume de negócios”
José Carvalho, CEO do Grupo Ómega, considera que o mercado nunca mais será o mesmo e que a reabilitação urbana ainda agora começou
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O Grupo Ómega considera que tem conseguido “adaptar-se à economia, às necessidades do mercado e às novas oportunidades de negócio”. Só dessa forma poderia manter-se com a mesma dinâmica de há 33 anos. O Grupo soube acompanhar estando presente em diversos projectos de reabilitação e construção nova, tanto ao nível da engenharia, como promotores
Texto: Cidália Lopes
José Carvalho, CEO do Grupo Ómega, é o rosto à frente de uns dos grupos mais antigos da cidade do Porto a actuarem nos sectores da engenharia e da promoção imobiliária. Considera que o mercado nunca mais será o mesmo depois da ‘crise’ e que a reabilitação urbana ainda agora começou. Não deixando de parte outras geografias, a estratégia passa pelo foco no mercado da Invicta.
Desde 2015 que a vossa estratégia enquanto empresa mudou. De que forma é que esta mudança veio alterar a dinâmica do grupo?
Mudou desde logo, porque o mercado imobiliário, no qual o grupo opera, passou a ter uma dinâmica completamente nova, face ao que se vinha a verificar até essa data. Em matéria de investimento, passamos a ter uma estratégia de procura de projectos em zonas premium da cidade do Porto, quer para habitação própria, quer para o sector do turismo. Em complemento, abrimos o nosso grupo a parcerias com investidores de outras latitudes, o que nos obrigou a melhorar a nossa estratégia de comunicação e a nossa organização.
Quais as áreas de negócio do Grupo Omega?
O Grupo Omega é actualmente uma associação de empresas que opera no Ramo Imobiliário, incorporando uma componente de Investimento e Promoção Imobiliária e uma componente de Serviços de Engenharia (projecto e gestão / fiscalização de empreendimentos).
Ao nível da construção e da promoção actuam em vários tipos de segmentos. Qual a que consideram mais desafiante?
Apenas para precisar, o grupo não tem construção própria. Apenas, como referido anteriormente, tem uma área de negócio na promoção imobiliária e outra nos serviços de engenharia. Todos os segmentos da promoção são desafiantes, pois os ciclos são curtos, a burocracia não ajuda, a concorrência é imensa e os consumidores são cada vez mais exigentes. Mas, talvez seja de destacar o segmento habitacional de luxo, aquele em que os desafios de qualidade são mais relevantes.
A crescente profissionalização do sector e a consequente falta de mão-de-obra continua a ser preocupante?
A crescente profissionalização do sector, não é preocupante, muito pelo contrário. Nós estamos no mercado desde 1986. Embora utópico, gostaríamos muito de ter no mercado apenas players com know-how e experiência.
Em relação à falta de mão-de-obra, sem dúvida que é preocupante. Todos os números das estatísticas assim o dizem. Temos que “inventar” soluções rapidamente: Facilitar a chegada de trabalhadores de outros países e continentes; Modernizar os nossos processos construtivos, para sermos mais competitivos e para permitir comunicar aos jovens a noção de que a construção pode ser uma área de futuro e Formar e qualificar mão-de-obra jovem.
A vossa estratégia incide bastante na promoção imobiliária. Qual o montante de investimento que representa esta área da empresa face às restantes?
O investimento nos serviços é muito reduzido, face à promoção imobiliária, pois a máquina de engenharia está instalada. Fará mais sentido, referirmos que o montante de facturação na promoção imobiliária é de 90% do nosso volume de negócios, enquanto que na de serviços de engenharia é cerca de 10%.
Consideram que ainda faz sentido actuar na reabilitação urbana e para o segmento alto como tem sido feito até aqui?
Na nossa opinião, a reabilitação urbana das nossas cidades ainda está no início. Não temos dados actualizados, mas o que falta fazer nessa matéria ainda é gigantesco. O País tem, pois, que continuar a apostar na reabilitação do seu património edificado. Esta opção está presente de forma contínua e há décadas nos nossos parceiros europeus. É um trabalho sem fim. O que se vai modificar é o ritmo da sua concretização e o(s) segmento(s) a atingir.
Não perfilhamos a ideia de que a reabilitação que está a acontecer na nossa cidade esteja a ser exclusivamente orientada para o segmento alto, a não ser que se considere o mercado do alojamento de curta duração como tal.
Pensamos que as tendências do mercado no curto e médio prazo, face à crescente oferta de imóveis reabilitados e às políticas públicas para o sector, obrigarão a um maior equilíbrio com beneficio do segmento médio, que inclui o arrendamento.
Qual a vossa estratégia para 2019 e próximos anos?
A promoção imobiliária é uma actividade económica de ciclos cada vez mais curtos, acompanhando muito de perto as oscilações da economia. Por outro lado, o nosso ciclo de construção é muito longo (média de 5 anos). Há, pois, que ser hábil, rápido e estudar bem as tendências do mercado e naturalmente procurar adquirir bons activos (o que felizmente abunda no nosso país).
A estratégia tem que passar por incorporar na nossa organização as vantagens competitivas atrás referidas, por procurar perceber as tendências do mercado equilibrando a reabilitação com a construção nova, por estabilizar parcerias com investidores de referência e, por fim, optimizar a independência financeira.
De que forma vê o aumento da construção nova?
A construção nova vai voltar a ter peso no sector imobiliário, uma vez que foi praticamente inexistente nos últimos anos e as necessidades do país foram-se acumulando. Não terá, porém, uma expressão tão forte como antigamente, face ao despontar da reabilitação urbana
A vossa actuação ao nível da promoção e da engenharia tem sido maioritariamente no Norte do País. De futuro irão manter-se também nesta região ou existe intenção de expandir os vossos projectos para outras regiões?
Sendo um grupo do Norte, naturalmente que no actual contexto e face à dimensão que temos, iremos manter preferencialmente a nossa actividade na área metropolitana do Porto. Já investimos em Lisboa, Algarve, Moçambique e Brasil (onde ainda temos um projecto em curso), pelo que no médio prazo, poderemos vir a aceitar novos desafios. A promoção imobiliária é feita muito de momentos.
A expansão da vossa actividade para o estrangeiro é também uma hipótese a ponderar?
Claro que sim. Já nos referimos a essa realidade. Acompanhamos e adaptamos-nos à economia, às necessidades do mercado e às novas oportunidades de negócio.