Sector da construção assente em “fundações instáveis”
O mais recente relatório da Crédito y Caución aponta os atrasos nos pagamentos por parte do sector público e os níveis de insolvência os principais factores de instabilidade

CONSTRUIR
APLOG realiza terceira edição do ‘Imobiliário Logístico’
Presidentes de Câmara europeus apelam à União Europeia para soluções urgentes na habitação
Fundo Valor Prime compra edifício de escritórios em Matosinhos por 13M€
Cantanhede investe 3,3M€ em 24 habitações a custos acessíveis
Abrantes lança concurso de 6,5M€ para construção de nova escola superior
Setúbal: Alterações ao Regulamento de Edificação e Urbanização vão a discussão pública
Assimagra lança 2ª edição do prémio internacional “Stone by Portugal”UGAL”
O ‘Portugal 2030’ na Construção, a expansão do Metro Sul do Tejo, o Masterplan Arcaya e a estratégia da Corum na edição 525 do CONSTRUIR
Urbanitae lança nova oportunidade de investimento premium em Lisboa
Ateliermob apresenta Coopmmunity, a nova plataforma para projectos colaborativos
Segundo a Crédito y Caución, marca especialista em seguros de crédito interno e de exportação em Portugal, Espanha e Brasil, o sector da construção e obras públicas mantém um desempenho fraco em alguns dos mercados de proximidade. O mais recente relatório da Crédito y Caución ressalta as “fundações instáveis” do sector que apresenta um forte carácter cíclico vinculado ao crescimento económico de cada País e à confiança dos investidores, empresas e consumidores.
No entanto, mesmo nos mercados onde o crescimento da construção foi muito sólido nos últimos anos, a forte concorrência, as margens curtas, a morosidade nos pagamentos dos compradores públicos e os níveis de insolvência continuam mais elevados do que noutros sectores de actividade.
Para o caso de Espanha, a Crédito y Caución prevê um crescimento de 3% no sector da construção, em particular no segmento residencial, impulsionado pelas baixas taxas de juro e pelo crescimento do emprego. A construção comercial também irá crescer, estimulada pela procura no sector do retalho e pela entrada de novos investidores. Contudo, o crescimento da construção e engenharia civil no sector público vai manter-se baixo devido ao compromisso com a redução do défice fiscal. A elevada alavancagem continua a ser um problema sério para muitas empresas de construção civil espanholas. O sector mantém um padrão de frequentes e prolongados atrasos nos pagamentos, embora não se antecipe um aumento significativo das insolvências em 2019.
Já em França, a seguradora de crédito prevê uma queda na construção residencial, com uma maior deterioração das margens comerciais, já muito ajustadas, e um aumento nos níveis de insolvência. O sector enfrenta graves problemas de liquidez, agravados pelas dificuldades de acesso ao crédito bancário por parte das pequenas empresas. As construtoras francesas apresentam níveis de morosidade elevados e um aumento no incumprimento, desde o segundo semestre de 2018.
Em Itália, os pagamentos no sector de construção apresentam-se maus desde 2017, tendo algumas das principais construtoras italianas enfrentado, no ano passado, graves crises de liquidez devido à actividade em alguns mercados externos, como a Argélia, Turquia ou Venezuela, à elevada alavancagem financeira e à morosidade nos pagamentos por parte do sector público. Os processos de insolvência afectaram numerosos subcontratados e fornecedores, pelo que o relatório prevê um considerável aumento dos incumprimentos em Itália em 2019.
A Alemanha apresenta melhores perspectivas, mas o mau comportamento nos pagamento do sector público continua a ser um problema que provoca tensão na liquidez dos seus fornecedores, em especial das empresas de menor dimensão. Os incumprimentos são muito elevados entre os segmentos relacionados com as etapas finais dos projetos de construção, como instalações, pinturas e vidros.
No Reino Unido espera-se que 2019 seja um ano bastante difícil para a construção, devido à persistente incerteza quanto ao Brexit e ao impacto que a actual escassez de trabalhadores qualificados poderia ter sobre os salários com a limitação à livre circulação de pessoas. Mais de 60% dos materiais de construção são importados da União Europeia pelo que o sector sofrerá as consequências de qualquer aumento nas tarifas ou de limitações às importações. As perspectivas de insolvência para 2019 são negativas.