“Alexa, liga as luzes, mete a tocar a minha playlist preferida e envia para o meu email a lista de compras”. Num futuro muito próximo, é possível que nunca mais se sinta sozinho em casa. O controlo por voz já é uma realidade e promete revolucionar o nosso dia-a-dia. António Andrade, CEO da JUNG Portugal falou com o CONSTRUIR no âmbito da Light+Building 2018, que se realizou em Frankfurt no passado mês de Abril e na qual a empresa marcou presença.
De acordo com o mesmo responsável, a solução de controlo por voz da JUNG já foi testada internamente e vai ser integrada pela primeira vez numa casa em Lisboa, muito em breve. “Eu acho que todas as casas vão passar a ter uma ‘Alexa’, porque desde que tenham domótica podem ter e é muito fácil de interagir. Passamos a ter mais uma pessoa em casa, só não colocamos mais um lugar na mesa”. Parece ficção científica, mas não é.
Por agora, o controlo por voz só está disponível em inglês e alemão, mas a tendência será para começar a falar várias línguas e tornar-se ainda mais intuitivo.
“É uma solução que pode até auxiliar os nossos filhos, porque está ligada à Internet e pode pesquisar as dúvidas que têm” e para quem não quer, “porque temos a consciência de que haverá clientes que não estão interessados em interagir com a máquina, é muito fácil, desliga-se”.
Na opinião de António Andrade esta é uma solução mais voltada para o mercado residencial, contudo, não coloca de parte a hotelaria. “Um quarto de hotel, na primeira e segunda noite é sempre uma aventura. Nunca sabemos onde se ligam e desligam as luzes, portanto pode ser um sector que tenha algum interesse neste tipo de solução”.
Mais tecnologia
“Sempre fomos muito associados a uma empresa de interruptores e vamos ser sempre uma empresa de interruptores. Mas cada vez mais, a tecnologia é mais importante do que o interruptor, porque este não trás nenhuma maior valia para o cliente final”, explica António Andrade. “O cliente quer mais tecnologia” e “sentimos que tínhamos de crescer por aí”, porque “nós vendemos soluções, não vendemos interruptores nem vendemos KNX e é assim que queremos que o mercado nos veja”, mas tínhamos de perceber como o fazer, sublinha.
A solução passou por “pensar fora da caixa para conseguir um modelo de negócio que funcionasse com os promotores imobiliários”. “Decidimos então fazer uma série de apresentações aos principais promotores imobiliários em Lisboa”, de forma a que os processos tivessem uma cadência: “Todos eles tinham de correr bem para o cliente se sentir seguro”.
“Também sabíamos que, quando se constrói uma casa, se houver algum problema, o cliente final vai ligar ao gestor imobiliário e não a quem lhe vendeu o imóvel. Portanto, se queríamos vender domótica não podíamos estar a dar-lhe mais um problema” e “se queríamos que tudo corresse bem, tínhamos de controlar o processo do início até ao fim”, explica o CEO da JUNG Portugal. “Decidimos então fazer soluções KNX chave-na-mão. Ou seja, a primeira reunião é feita com o promotor imobiliário e decide-se o que é importante desenvolver na solução, qual o mercado e o target que pretendem atingir e qual o valor de mercado para cada apartamento. A partir daqui, começamos a pensar em soluções adaptadas a cada um dos edifícios e posteriormente envolvemos toda a nossa gente e desenvolvemos o projecto”.
Ao CONSTRUIR, António Andrade explicou como se processa: “A JUNG passa a gerir o processo. Sub-contratamos empresas credenciadas na área da integração, com formação dada por nós e quando está tudo pronto, apresentamos ao promotor imobiliário o apartamento. A partir daí, em função do número de apartamentos, temos o número de apresentações, individualizadas, onde vamos explicar a cada cliente qual foi o conceito standard, de forma a ser mais fácil para ele interagir com o sistema. Para além disso, desenvolvemos uma brochura em função do que tem e como funciona cada apartamento e ainda um cartão com o projecto de domótica”. Posteriormente, “o cliente vai passar a interagir com a domótica no dia-a-dia e a criar as suas rotinas. Nós fazemos o standard e o importante para nós é que a domótica se adapte ao cliente, não que o cliente se adapte à domótica, por isso, durante seis meses damos oportunidade ao cliente de nos chamar e dizer o que quer alterar, gratuitamente”. O resultado deste deste modelo de negócio é o facto de “estarmos a trabalhar com os maiores produtores imobiliários”.
Simplificar
“Ainda há pessoas que pensam que domótica são detectores de alarme, de inundação…a domótica não é isso. Há muita falta de informação”, comenta António Andrade. “É preciso desmistificar e de uma forma muito simples explicar ao cliente quais os benefícios e não as características dos produtos”.
Dando como exemplo o mercado residencial sazonal em Lisboa, o CEO da JUNG lembra que é importante para estes clientes terem a possibilidade de controlar as suas habitações remotamente. “A grande vantagem que temos é que inserimos todos os controlos numa única aplicação. Claro que hoje, todas as empresas estão evoluídas e têm apps, mas nós colocamos tudo integrado na mesma”. “Portugal tem 11 milhões de habitantes e 15 milhões de smartphones, portanto, é preciso fazer este upgrade na tecnologia e os promotores imobiliários já perceberam isso. Para o cliente final já não conta só a caixilharia ou o tipo de revestimento, a tecnologia também entra na equação, as pessoas querem mobilidade”.
Olhando para o futuro, António Andrade diz que no sector hoteleiro, o mesmo passa pela medição dos consumos e por soluções que comuniquem com o exterior. “A questão de ter um software de visualização que me dá a indicação se o quarto está ou não ocupado”, assim como “parametrizar um quarto com o ar condicionado à temperatura de conforto do hóspede que está para chegar”, são soluções interessantes e em que estão a trabalhar.
No sector residencial tudo se relaciona com o conforto e “o futuro passa por tornar o sistema simples para os clientes, por poder controlar as habitações por voz, poder associar som, deixar o cliente crescer dentro da casa”.
Tendências
Sobre a feira, o CEO da JUNG Portugal diz que a “receptividade foi fantástica”. A empresa apresentou-se com uma imagem renovada que espelha um processo de renovação que passa por uma nova geração. “Temos arquitectos a trabalhar connosco, porque eles sabem quais vão ser as tendências. E isso não se aplica só na moda, também se aplica aos interruptores”. Prova disso é a reinterpretação do interruptor LS1912, um design antigo com a mais alta tecnologia associada, criado a pensar no mercado da reabilitação, ou o LS 990 que resulta de uma parceria com a Associação Le Corbusier e que está disponível nas 63 cores originais Les Couleurs® Le Corbusier, com uma lacagem especial que lhe dá um toque sedoso.