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    Habitat Invest vê na reabilitação mercado para várias décadas

    O core business da Habitat Invest é, essencialmente, a reabilitação para utilização turística, mas para 2018 a promotora prevê avançar com alguns projectos de nova construção e para primeira habitação. No seu todo, a empresa estima um investimento na ordem dos 85 milhões de euros

    Cidália Lopes
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    Habitat Invest vê na reabilitação mercado para várias décadas

    O core business da Habitat Invest é, essencialmente, a reabilitação para utilização turística, mas para 2018 a promotora prevê avançar com alguns projectos de nova construção e para primeira habitação. No seu todo, a empresa estima um investimento na ordem dos 85 milhões de euros

    Cidália Lopes
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    Foi em 2014 que ficaram concluídos os primeiros projectos da Habitat Invest, nomeadamente a reabilitação de edifícios no centro histórico de Lisboa. O 8 Building, junto ao mercado da Ribeira, no Cais do Sodré, em Lisboa, recebeu, recentemente, o prémio de Melhor Edifício Residencial na 10ª edição dos Prémios Construir.

    O core business da Habitat Invest é, essencialmente, a reabilitação mas têm também projectos para construção nova. Como se posicionam no mercado neste sentido?

    A partir de 2018, a Habitat começará a desenvolver projectos de construção nova, residenciais, em Lisboa, Cascais, Estoril, Parede e Porto. Destinam-se desde a gama média até à mais alta.

    Tendo em conta a marca Lisbon Five Stars, os vossos projectos são para primeira habitação ou com interesse em termos de exploração turística?

    A FiveStars explora turisticamente os Projectos criados após reabilitação de prédios em Lisboa. A Habitat desenvolverá a partir de 2018 projectos que se destinam a habitação.

    Ponderam investir noutros segmentos?

    Neste momento estamos a analisar investimentos em todos os segmentos.

    Até ao momento qual o montante investido nos projectos que já desenvolveram?

    Até ao momento já investimos 60 milhões de euros nos projectos já desenvolvidos.

    Qual o orçamento previsto para 2018?

    Tendo em conta os novos projectos, prevemos um investimento na ordem dos 85 milhões de euros.

    Quais os projectos que têm actualmente em desenvolvimento?

    Temos em curso, actualmente, o projecto do Duque 70, Marquês de Abrantes, Berlim, Ribeira 11, Palácio dos Correios (Porto), Pharmacia (Porto), Estoril, Parede, Qta. Marinha, Largo do Mastro.

    Como analisam actualmente o mercado imobiliário tendo em conta o boom de reabilitação que tem surgido?

    Consideramos que o mercado imobiliário se encontra em franco crescimento, devido à elevada procura que se verifica.

    Como vêem o sector da reabilitação nos próximos anos?

    Consideramos que a reabilitação tem ainda muito espaço para crescer. A reabilitação, a este ritmo, pode ter trabalho para as próximas décadas.

    Além dos centros históricos de Lisboa e Porto, há alguma outra cidade onde pretendam investir?

    Investimos já em outros locais de Lisboa e Porto, fora dos centros históricos. Além destas duas cidades, temos também projectos em Cascais, Estoril e Parede.

    Em relação aos projectos de construção nova para habitação para Cascais, Estoril, Parede e Porto é possível adiantar mais alguns pormenores?

    Todos os projectos vão iniciar a sua construção em 2018. O projecto na Quinta da Marinha, em Cascais, da Promontório Arquitectos tem já o Plano de Informação Prévia (PIP) aprovado, à semelhança do novo projecto para o Porto, o Palácio dos Correios, este com assinatura do arquitecto Ginestal Machado e cuja parte destinada à reabilitação será a primeira a avançar. O arquitecto António Nunes da Silva assina o projecto para o Estoril, que já se encontra na Câmara Municipal de Cascais e Samuel Torres de Carvalho é o responsável pelo da Parede, que se encontra em fase final de projecto.

    PROJECTOS EM DESENVOLVIMENTO

    MARQUES DE ABRANTES 115

    Com arquitectura de Ricardo Carvalho e Joana Vilhena, o edifício conta com 12 apartamentos e a sua conclusão está prevista para 2019..

    DUQUE 70

    O Duque 70 é o resultado da reabilitação de quatro edifícios históricos de traça tradicional, com assinatura do gabinete Santa Rita Arquitectos. Deverá está construído em 2019.

    LARGO DO MASTRO

    Este projecto resulta da reabilitação integral de um edifício que se encontrava extremamente degradado. Embora já esteja comercializado na totalidade, a sua construção deverá estar concluída ainda este ano. O projecto tem a assinatura do gabinete Santa Rita Arquitectos.

    BERLIM

    Projecto já entregue na Câmara Municipal de Lisboa, do gabinete Saraiva Associados. Entra em construção em 2018.

    RIBEIRA 11

    Com projecto do arquitecto Ricardo Carvalho. Obra já iniciada.

    PHARMARCIA

    Aproveitando o edifício da antiga Faculdade de Farmácia do Porto, Pharmacia é um projecto de reabilitação do gabinete Nuclarq. A construção deverá estar concluída em 2019.

    Sobre o autorCidália Lopes

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    Carlos Jesus, VP Global Service Delivery e Country Manager da Colt Tehnology Services

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    “Portugal tem de trabalhar para não ser só um ponto de passagem”

    A presença da Colt em Portugal é “absolutamente estratégica e vital para o Grupo”, afirma Carlos Jesus, VP Global Service Delivery e Country Manager da Colt Tehnology Services no País. A transformação digital e as novas tecnologias que derivam do uso da Inteligência Artificial, do Machine Learning e da IoT, impulsionam a emergência da economia de dados. A posição geográfica do País coloca-o na rota dos principais cabos submarinos e ligações transatlânticas e internacionais, mas é preciso criar valor e ser mais do que um ponto de passagem

    A posição geográfica confere ao país um papel cada vez mais relevante no desenvolvimento das comunicações à escala global, quer porque possui vários centros de amarração dos cabos submarinos que garantem as comunicações da Europa com as Américas, a África e a Ásia, quer pelas rotas das comunicações terrestres que ligam a Península Ibérica ao Norte da Europa. “Portugal tem um papel fulcral na diversificação da conectividade e em evitar a saturação das redes de comunicações, afirmando-se como uma verdadeira porta de entrada para a Europa e uma via directa de acesso das empresas de todo o mundo a um mercado de mais de 750 milhões de potenciais consumidores”, afirma Carlos Jesus, VP Global Service Delivery e Country Manager da Colt Tehnology Services.
    Apostada no potencial do mercado a empresa já investiu mais de 115 milhões de euros em Portugal, mas Carlos Jesus deixa um alerta: “As redes e os cabos submarinos chegam ao nosso país, mas não param aqui, por isso Portugal tem de trabalhar para não ser só um ponto de passagem. Temos de conseguir transformar o país num ponto de passagem que crie valor cá, e esse é um grande desafio”, afirma em entrevista ao CONSTRUIR

    Como é que a presença da COLT em Portugal se compara a outros países da Europa?
    A presença da Colt em Portugal está intimamente relacionada com a localização estratégica do país. Este aspeto tem um peso maior do que o negócio do mercado nacional em si no nosso contexto de Grupo internacional, sobretudo tendo em conta que no centro da Europa há economias com maior escala. No entanto, a presença da Colt em Portugal é absolutamente estratégica e vital para o Grupo, em particular no contexto da transformação digital e das novas tecnologias de ponta – como a IA, o Machine Learning e a IoT, que impulsionam a emergência da economia dos dados e da relevância dos cabos submarinos/ligações transatlânticas e internacionais, bem como da criação de muitos e novos centros de dados. Esta é uma região que tem uma potencialidade de crescimento percentual superior e mais acelerada face a outras do centro da Europa, onde existem mercados mais maduros, mas que, por isso mesmo, estão mais saturados.
    No contexto global da Colt, a operação portuguesa destaca-se igualmente pelos seus 3 centros de competência, que já empregam cerca de 130 pessoas, e que prestam serviços para todo o Grupo. E, nesta vertente, Portugal tem uma grande preponderância na estrutura do Grupo a nível europeu. A subsidiária portuguesa tem mesmo registado níveis de crescimento muito acentuados, contribuindo de forma sustentada para os objetivos de crescimento do Grupo, maximizando a posição de Portugal enquanto hub estratégico de comunicações à escala global e ponto nevrálgico de ligação entre os vários continentes.

    A rápida evolução do mercado português é explicada por que factores?
    Do ponto de vista das comunicações temos duas componentes. Por um lado, a localização, que é importante e os cabos submarinos neste contexto têm um peso muito expressivo. Há toda uma história do nosso país no que diz respeito aos cabos submarinos e que agora se está a tornar mais preponderante e visível. O significativo aumento do investimento para a criação de novos centros de dados em Portugal está intrinsecamente relacionado com a questão dos cabos submarinos.
    Mas há uma segunda componente, igualmente relevante, que tem a ver com os centros de competência na vertente do talento humano, da cultura, e da flexibilidade. Aspetos que são importantes e que contribuem para tornar o nosso país muito aliciante no que diz respeito aos serviços de nearshore. Mas nem tudo é localização. Portugal tem talento altamente qualificado e com o plus de ter facilidade de aprender e falar outras línguas e uma excelente infraestrutura de comunicações. É a conjugação de todos estes aspetos que está a criar oportunidades de negócio e de crescimento novas no contexto das comunicações e das tecnologias.
    Um estudo recente da EY (EY Investment Monitor) identifica Portugal como o sétimo destino mais atractivo da Europa para investimento, referindo que entre 2019 e 2023 o número de projectos cresceu 40% no nosso país, enquanto Espanha registou uma redução de 38%. Isto mostra a atractividade de Portugal, mas temos de continuar a trabalhar para mantermos uma posição de liderança nesta área.

    Colocar Portugal no mapa das comunicações internacionais

    Acabam de anunciar novo investimento, creio que isso é sintomático do potencial de crescimento do mercado. Quais as vossas expectativas para os próximos anos?
    A expectativa é de continuarmos a crescer, tanto do ponto de vista económico, como das pessoas/talento em Portugal. Para isso, iremos continuar a investir nas infraestruturas que temos, na ligação de mais centros de dados, de mais ligações a estações de cabos submarinos, reforçando e criando novas rotas nas ligações internacionais. Por outro lado, continuaremos a reforçar a presença da Colt Portugal no contexto do Grupo. Alinhados com este propósito, acabámos de investir mais um milhão de euros no nosso país para ligar mais dois data centres à nossa rede e para trazermos a primeira interligação internacional (PoP) de nível de topo (Tier1) ao mercado nacional – o Global IP Transit Backbone and Services e que capacita Portugal com o primeiro ponto de entrada directo à rede Tier1 de IP Transit, que é a principal a nível mundial, posicionando Portugal ao nível de outros grandes pontos de interligação à escala internacional. A Colt já tem um investimento de mais de 115 milhões de Euros em Portugal, onde liga agora um total de 15 data centers, dispõe de 3 centros de competência, 2 Redes de área Metropolitana (MAN – Lisboa e Porto), 830 km de rede de fibra ótica, e disponibiliza também 1.700km adicionais de rede de longa distância através da sua IQ Network, ligando mais de 777 edifícios e 8 parques industriais em Lisboa, Porto, Oeiras, Sintra, Vila Nova de Gaia e Maia, com o objectivo de apoiar as organizações e as empresas nas suas jornadas de transformação digital.

    Quais são os principais sectores que utilizam os serviços da Colt em Portugal?
    Trabalhamos com todos os sectores de actividade. Historicamente a banca e os serviços financeiros (mercados capitais, seguradoras, etc.), com quem temos grande ligação pelo início do nosso negócio na City de Londres, continua a ser muito forte. Mas trabalhamos com todos os outros sectores desde a indústria, saúde, energia, tecnologias de informação, até aos outros operadores de telecomunicações, etc. O leque de clientes da Colt que já era amplo, com a aquisição da Lumen, que fizemos no ano passado e graças à qual nos transformamos na maior empresa de infraestruturas digitais B2B da Europa, foi ainda mais reforçado e isso inclui também a nossa operação em Portugal.

    Quais são os vossos principais concorrentes e quais as vossas vantagens competitivas?
    Em Portugal, e quando as comunicações são ao nível nacional, naturalmente os operadores de comunicações nacionais. No entanto, a Colt em Portugal posiciona-se mais como um parceiro dos operadores nacionais a nível das comunicações internacionais, ajudando-os a fazerem estas ligações que não possuem, do que como um concorrente. Uma das grandes vantagens competitivas da Colt está nas ligações internacionais a todos os países onde estamos e os operadores nacionais não têm este alcance. Daí trabalharmos em estreita parceira com os operadores de comunicações nacionais. O nosso trabalho passa mais por soluções e produtos que já temos, implementamos e trabalhamos a nível internacional e trazemos esse know-how para o mercado nacional para ajudarmos as empresas portuguesas.

    “Smart building” e “smart manufacturing” estão por desenvolver

    Qual o impacto da tecnologia 5G em Portugal na vossa actividade?
    As redes de 5G, pelo consumo de dados que vão ter e pelas aplicações que vão suportar, são uma oportunidade de negócio acrescido. Os dados têm de embocar nalguma rede de comunicações de fibra ótica que seja fiável e capaz de suportar todo este crescimento. Do ponto de vista geral, isto é uma oportunidade nomeadamente para implementarmos mais redes de fibra ótica. Mas em Portugal não tanto, porque o nosso país está bastante mais avançado a nível das redes de fibra ótica do que outros, dada a grande massificação que já temos e que começou mais cedo. Nas outras cidades europeias, onde este processo está mais atrasado, existe sim uma oportunidade de negócio e crescimento acrescido. Também estamos envolvidos em estudos de caso de criação de redes 5G privadas que podem ter um papel significativo em áreas como o “smart building” e o “smart manufacturing”. São segmentos que ainda estão por desenvolver em Portugal, e onde podemos contribuir significativamente com o nosso know how e experiência.
    Consideramos que o grande consumo de dados será em comunicações de e para centros de dados, desde logo porque as aplicações do 5G estão num centro de dados algures. Isto significa que iremos ter um crescimento mais acentuado a nível das necessidades de fibra ótica no contexto das comunicações de e para centros de dados. Ao ligarmos mais estes dois novos centros de dados em Portugal, fortalecemos a nossa posição num mercado que se espera venha a crescer 6.02% (CAGR) no nosso país até 2027, segundo um estudo recente da Arizton. A dimensão do mercado de centros de dados em Portugal foi recentemente avaliada em 931,2 milhões de dólares e deverá atingir os 1,3 mil milhões de dólares até 2027.

    Acredito que o mercado português não seja só facilidades. Quais os principais desafios e de que forma os abordaram?
    Actualmente existem mais de 400 cabos submarinos em serviço em todo o mundo. Até 2025, serão adicionados mais 45 cabos. Se tivermos em conta que, a par disto, os investimentos em infraestrutura de banda larga e digitais têm sido muito intensos no nosso país e que nos últimos 10 anos, a economia digital do país tem registado um crescimento sem precedentes, é fácil compreender que desfrutamos de uma oportunidade única para fomentarmos o investimento em centros de dados, serviços de cloud e de edge computing – as tecnologias do futuro. O grande desafio tem a ver com a materialização de todo este potencial.
    As redes e os cabos submarinos chegam ao nosso país, mas não param aqui, por isso Portugal tem de trabalhar para não ser só um ponto de passagem. Temos de conseguir transformar o país num ponto de passagem que crie valor cá, e esse é um grande desafio. Por outro lado, precisamos de desenvolver os centros de competência. É preciso continuar a criar as condições para prosseguirmos com o desenvolvimento de talento e das condições para o retermos, porque ele é raro. Se não o fizermos, vai aparecer outro local qualquer e perdemos a oportunidade.
    É preciso vontade e estratégias políticas nacionais que ajudem a que isto aconteça de uma forma estruturada e ao longo do tempo, sem disrupções. Esta tem de ser uma causa verdadeiramente nacional que tem de ser trabalhada a médio e longo prazo, desde logo porque é uma vantagem competitiva que não podemos perder. Na mesma linha, é preciso simplificar processos, agilizar a regulação e os acessos aos financiamentos e continuar a investir a mostrarmos e divulgarmos o que fazemos.

    Quais os mercados em que a Colt está que são mais promissores e desafiantes em termos de crescimento?
    Há uma Europa central/norte que está mais madura e onde há oportunidades de crescimento, mas são menores, quando comparamos com o mercado ibérico que é muito promissor do ponto de vista de percentagem de crescimento. O mesmo se passa com o mercado asiático. Importa ainda sublinhar, que a Colt mantem uma estratégia de investimento em todos os países onde está presente, desde logo porque a inovação, as melhorias da rede e das nossas infraestruturas têm de ser contínuas. Só dessa forma poderemos cumprir o nosso propósito de assegurarmos comunicações de excelência à escala global.

    Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

    Manuela Sousa Guerreiro

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    Construção

    “Este é o momento de agir com um sentido de Estado, criando condições fiscais favoráveis para o mercado da habitação”

    Em entrevista ao CONSTRUIR, o presidente da Confederação da Construção e do Imobiliário passa revista ao ano de 2024 na actividade do Sector e fala dos vários assuntos pendentes que, no entender de Reis Campos, é urgente resolver. O também presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas explica que muitas das medidas que são apresentadas como fundamentais para, por exemplo, dar resposta ao problema da Habitação, requerem medidas de apoio ao tecido empresarial

    Ricardo Batista

    Reis Campos aponta um conjunto de virtudes plasmadas no documento geral do Orçamento de Estado do próximo ano, mas não ignora que fica aquém no que respeita às alterações fiscais necessárias para enfrentar os desafios do sector da construção. Este e outros temas numa extensa conversa com o CONSTRUIR

    Muito ainda estará para acontecer até ao final de 2024, mas do que é possível apurar até agora, que balanço é possível fazer do ano que está a terminar na área da Construção?
    O balanço de 2024 para o sector da construção e do imobiliário é, até ao momento, globalmente positivo, apesar dos desafios enfrentados ao longo do ano. Recorde-se que, este ano iniciou com incertezas significativas quanto à evolução da conjuntura internacional, da inflação e das taxas de juro, além de um contexto de eleições legislativas. Ainda assim, o sector mostrou resiliência e conseguiu manter um bom desempenho em diversos segmentos.
    As estimativas para o valor bruto da produção do sector da construção, elaboradas no início do ano, apontavam para um crescimento de 3% em 2024, e tudo indica que esses números poderão ser alcançados, reflectindo uma evolução positiva impulsionada pelo aumento do investimento público.
    Com efeito, os principais indicadores do mercado das obras públicas têm registado crescimentos significativos. Os concursos de empreitadas de obras públicas promovidos até Setembro alcançaram um valor total de 6.532 milhões de euros, um aumento expressivo de 37% em relação ao ano anterior. Os contratos de empreitadas de obras públicas celebrados também registaram um expressivo aumento para 3.218 milhões de euros, um acréscimo de 39%, o que reforça a dinâmica positiva deste segmento.
    No crédito à habitação, apesar do nível ainda elevado das taxas de juro, que pressionou as famílias, o acesso ao crédito manteve-se activo registando-se um aumento homólogo de 34,7%, até Setembro. Contudo, importa referir que se registou uma ligeira contracção de 0,6% nas licenças emitidas e uma redução de 3,2% no número de fogos licenciados para novas construções até Agosto, totalizando 21.329 alojamentos. Esta retracção reflecte uma certa cautela no investimento privado em habitação.

    O Governo reconheceu, pela voz do ministro Castro Almeida, que “com os meios que temos actualmente em Portugal, aparentemente não vai ser possível executar tudo dentro do prazo”, nomeadamente a necessidade de resposta ao PRR. Esta é uma matéria que há muito tem sido alertada pelos agentes do sector. Nesta fase, mesmo com alterações ao nível das políticas de imigração, não estaremos já a correr atrás do prejuízo?
    A execução do PRR, apresenta um atraso considerável, em particular na componente habitação onde apresenta uma taxa financeira de apenas 20%, o que tendo em consideração o tempo necessário à construção de um edifício, reforça as preocupações sobre a capacidade de Portugal cumprir os prazos acordados. De realçar que o PRR prevê a construção de 26 mil casas já até 2026, que são essenciais na resposta do Estado ao problema da habitação, em particular aos segmentos da população economicamente mais vulneráveis.

    O que deve ser prioritário neste momento?
    É urgente acelerar e simplificar todos os procedimentos associados à contratação pública, uma melhor adequação dos valores base dos concursos à realidade do mercado, além do necessário reforço técnico nas entidades responsáveis, de modo a agilizar as adjudicações e garantir o avanço nas obras.
    A falta de mão de obra é, de facto, um desafio adicional que pode comprometer a execução dos projectos, pelo que se defende a aplicação de medidas estruturais, designadamente de incentivo à formação profissional, e conjunturais mais focadas na contratação de trabalhadores estrangeiros.
    Deste modo, é necessário reforçar a ligação entre o ensino, a formação profissional e o Mundo empresarial, de modo a alinhar as reais necessidades das empresas com a oferta formativa, aproveitando de forma mais eficiente os centros de formação de excelência, como o CICCOPN e o CENFIC, que estão capacitados para formar trabalhadores para o Sector da Construção, tanto nas artes tradicionais quanto nas novas qualificações exigidas pelos novos processos e sistemas construtivos emergentes.
    Relativamente à contratação de estrangeiros, que são essenciais para uma resposta mais imediata ao problema da escassez de mão-de-obra, considera-se que são necessárias políticas de imigração direccionadas para as reais necessidades das empresas, que permitam ao país captar, de forma eficiente, os recursos humanos necessários. Neste sentido, a AICCOPN propôs a criação de uma “via verde para empresas” no âmbito da admissão de trabalhadores estrangeiros, uma medida que desburocratize e agilize os processos de legalização, especialmente para as empresas que necessitam de grandes volumes de mão-de-obra. Outro ponto essencial é a introdução de mecanismos de pré-autorização de residência para trabalhadores estrangeiros com uma oferta de emprego já garantida, o que possibilitaria a estes profissionais a possibilidade de iniciarem as suas actividades, enquanto o processo de visto e a emissão dos documentos necessários estivessem em curso, acelerando assim a sua integração, entre outras medidas.

    Recentemente, a secretária de Estado da Habitação defendeu que o combate ao flagelo da habitação passa por “pensar em construir em escala bem, depressa e barato”, sem comprometer a qualidade. Se o pensamento fosse tão linear, já teria sido feito. O que impede que aquele raciocínio tenha efeitos práticos?
    O objectivo de construir “bem, depressa e barato”, embora desejável por todos, raramente é alcançado. Este ideal esbarra, por um lado, na necessidade de garantir a qualidade e durabilidade das construções, que exigem tempo e atenção aos detalhes, e, por outro, na pressão de reduzir custos num sector em que o aumento dos preços das matérias-primas, da energia e dos materiais de construção, somado aos elevados impostos, dificulta a contenção de despesas. Além disso, a burocracia ainda existente no licenciamento e a escassez de mão de obra qualificada tornam o processo mais lento e oneroso, dificultando uma resposta rápida à crise habitacional.
    Neste contexto, é importante destacar que a adopção de uma construção mais industrializada, através de métodos como a construção off-site e modular, que permite um processo construtivo mais célere e eficiente, requer das empresas investimentos substanciais em pesquisa e desenvolvimento. Embora já existam bons exemplos em Portugal, esta abordagem inovadora ainda não está suficientemente disseminada para gerar um impacto significativo na resposta à limitada oferta habitacional no país. Deste modo, defende-se que, para que a implementação em larga escala dessas inovações se torne realidade, são necessários apoios específicos, particularmente para as PME’s do sector, de forma a garantir que estas possam acompanhar a transformação e contribuir para uma resposta mais célere ao problema da escassez de oferta habitacional no mercado.

    A alteração ao regime jurídico de gestão territorial, de forma a transformar terrenos rústicos em urbanos, desde que sirvam para construir habitação acessível ou a custos controlados, vai ter, a seu ver, efeitos práticos?
    A alteração ao regime jurídico de gestão territorial, que permite a transformação de terrenos rústicos em urbanos para a construção de habitação acessível ou a custos controlados, juntamente com a disponibilização de imóveis devolutos ou subutilizados do Estado para o mesmo fim, são medidas importantes para aumentar a oferta de habitação. Contudo para contrariar a evolução dos preços da habitação, é fundamental que sejam acompanhadas de incentivos adequados que promovam e incentivem o investimento. Como tenho reiterado, é imprescindível apoiar os investidores, criando linhas de financiamento específicas e estabelecendo um quadro fiscal mais favorável, com ajustes nos impostos que incidem sobre a construção e o imobiliário (IMI, AIMI, IMT e IVA).

    Que sinal é possível retirar do facto de, olhando para o consórcio envolvido no primeiro troço da Linha de Alta-Velocidade, vermos um conjunto alargado de empresas portuguesas. Estarão as empreitadas a ser lançadas mais à medida do sector empresarial nacional ou é sinal de que as empresas voltaram a reunir capacidades técnicas (perdidas em muitos casos nos anos a troika, pandemia…) suficientes para abraçar estes grandes projectos?
    A presença de um conjunto alargado de empresas portuguesas no consórcio ao qual foi adjudicado o contrato para a concessão do primeiro troço da alta velocidade entre Porto e Oiã reflecte a capacidade do sector de construção nacional para executar projectos de grande escala e elevada complexidade. Este facto demonstra que as empresas em Portugal dispõem das infraestruturas, dos equipamentos e do know-how necessários para responder a desafios exigentes, evidenciando a resiliência e adaptabilidade do sector, que se reergueu, apesar de todas as dificuldades e constrangimentos que atravessou.
    Neste contexto, importa realçar que as grandes construtoras portuguesas competem ao nível europeu, investindo em inovação e especialização técnica, o que lhes permite acompanhar as exigências de projectos de infraestrutura de grande dimensão. Esse sucesso reforça a confiança no sector e pode servir de incentivo para continuar a desenvolver o talento e a tecnologia necessários para manter esta posição, tanto em projectos nacionais quanto internacionais, impulsionando o sector para uma nova fase de crescimento e competitividade.

    Em que ponto está a elaboração do Código da Construção, um processo que foi anunciado no final do ano passado? Quais devem, no seu entender, ser as prioridades deste trabalho?
    A elaboração do Código da Construção é uma necessidade há muito reconhecida e reclamada pelo Sector e pela sociedade em geral, pelo que não poderá ficar adiada ou comprometida por qualquer alteração de natureza política ou outra. Exige-se, pois, o empenhamento e o esforço de todos os intervenientes neste processo, e não só das diversas áreas governativas do Estado, para que seja desenvolvido e continuado este importante trabalho, no mais curto espaço de tempo possível.
    Primeiramente deverá ser identificada a legislação e regulamentação aplicável que irá ser abrangida, bem como aquela que deverá ser objecto de alteração/actualização, tarefa que, creio, já estará em curso. De igual modo, deverá ser desenhada e estabilizada a estrutura do Código da Construção com os contributos do Sector, das Ordens Profissionais e das Universidades.

    O que destaca do que se sabe, até ao momento, do Orçamento de Estado, aprovado na generalidade no Parlamento? O IVA na Construção desce, mas “nas empreitadas de construção de imóveis de habitações económicas ou de habitações de custos controlados”. Para quem pugnada por mexidas urgentes nesta política fiscal, é suficiente?
    O Orçamento do Estado para 2025, aprovado na generalidade, marca alguns avanços importantes, mas, na perspectiva da AICCOPN, ainda fica aquém no que diz respeito às alterações fiscais necessárias para enfrentar os desafios do sector da construção e, em particular, para dar uma resposta efectiva à crise habitacional.
    A autorização legislativa para redução da taxa de IVA na construção e reabilitação de habitação incluída no OE’25 é, sem dúvida, um avanço positivo. No entanto, persistem incertezas significativas sobre o seu alcance e a data concreta para a sua aplicação, o que dificulta o planeamento a médio prazo das empresas do sector, pelo que se considera urgente uma definição clara da sua extensão e um calendário de implementação. O país precisa de respostas rápidas e abrangentes para aumentar a oferta habitacional e combater a crise no sector.
    Para além da questão do IVA, considera-se que o OE’25 devia ser um verdadeiro instrumento de transformação, capaz de impulsionar o investimento público e privado. A execução do PRR, como todos sabemos, está atrasada, sobretudo na área das infraestruturas e da habitação, onde é crucial acelerar a construção das 26 mil habitações previstas até 2026, de modo a contribuir para aliviar a pressão sobre o mercado e enfrentar a escassez habitacional, que afecta directamente as famílias e a economia.
    Adicionalmente, é essencial que o Orçamento vá além da medida do IVA e elimine outros impostos que penalizam o custo final dos imóveis, como o AIMI e o IMI sobre o stock de imóveis destinados à venda. Estes encargos, juntamente com outros impostos como o IMT, Selo, IRC e IRS, a que acrescem custos indirectos, criam uma elevada carga fiscal para o sector e dificultam o aumento da oferta habitacional.
    Este é o momento de agir com um sentido de Estado, criando condições fiscais favoráveis para o mercado da habitação. Com uma resposta robusta de todas as partes envolvidas — Governo, autarquias e outras entidades — é possível criar um ambiente de incentivo ao investimento e dar um passo concreto em direcção a um futuro mais acessível para as famílias e mais competitivo para o sector e para o país.

     

     

    Sobre o autorRicardo Batista

    Ricardo Batista

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    Espanhola ARC Homes tem plano de investimento de 180 M€

    Com uma estratégia pensada a seis anos, a ARC Homes Portugal espera alargar o seu portfólio na zona Norte, mas está, também, a olhar para as oportunidades que possam surgir no Algarve e Ilhas. O primeiro projecto a ganhar forma será o da Prelada, que prevê a construção de 156 casas junto ao jardim Sarah Afonso

    Cidália Lopes

    A imobiliária espanhola ARC Homes escolheu a cidade do Porto para entrar no mercado nacional e anunciou um primeiro investimento “nas zonas da Prelada e das Antas”. Serão 500 habitações, que estão a ser executadas por “uma empresa portuguesa, com profissionais portugueses para fazer casas para os portugueses”.

    O “grande potencial” do mercado, a “conjuntura económica estável” e a “atractividade” determinaram a aposta da promotora catalã em trazer para Portugal o seu know-how, em particular no Porto, região “incontornável” por se tratar de um “centro dinâmico” e que regista “uma procura crescente por habitação de qualidade”.

    “Esta combinação de factores levou-nos, por isso, a iniciar a nossa actuação com o projecto Porto by ARC Homes. O sucesso deste primeiro empreendimento reforçou a nossa decisão, levando-nos a não operar apenas em Portugal, mas, também, a tornar-nos uma empresa 100% portuguesa, com uma equipa local profundamente alinhada com as especificidades do mercado imobiliário nacional”, afirmou ao CONSTRUIR, Mariana Arrochella Lobo, partner e CEO da ARC Homes Portugal.

    “Conectividade com infraestruturas de transporte, a tranquilidade da área e, ainda, o equilíbrio entre qualidade de vida e conveniência” são os principais aspectos que a ARC Homes valoriza na procura por um local para investir.

    “A médio prazo, pretendemos expandir o nosso raio de acção para outras regiões do País, destacando-se, aqui, o Algarve e as ilhas, com um possível início de investimentos nessas áreas já a partir de 2027”

    “Desta forma, acreditamos que conseguiremos chegar a um público diversificado, desde jovens profissionais até famílias que procuram habitação de qualidade”, considera a responsável.

    Tendo em conta a experiência que o Grupo traz de Espanha, Mariana Arrochella Lobo considera que a problemática da habitação apresenta “várias semelhanças” entre os dois países.

    “A questão da acessibilidade à habitação assume-se como uma preocupação crescente, tendo em conta que os preços das casas têm subido significativamente nos últimos anos”.

    No entanto, o foco da ARC Homes Portugal é, agora, “oferecer soluções de habitação em solo nacional” e “acelerar o equilíbrio entre a oferta e a procura”, o que, segundo Mariana Arrochella Lobo é um dos “pontos chave” para a solução do problema da habitação em Portugal.

    Expansão a Norte

    Actualmente, a ARC Homes Portugal está a investir 40 milhões de euros no projecto Porto by ARC Homes, na zona da Prelada, e já deu início a um segundo projecto, que conta com um investimento adicional de cerca de 30 milhões e cujo lançamento deverá acontecer já no primeiro semestre de 2026 e que contará com cerca de 80 apartamentos, com tipologias T0, T1 e T2.

    Para os próximos seis anos, a promotora pretende “expandir significativamente” a sua presença no Norte de Portugal e, também, em outras regiões estratégicas.

    A ideia de trazer para o Porto o que a ARC Homes tem vindo a edificar na Catalunha deverá reflectir-se em “casas com grandes terraços, vista para parques públicos, espaçosas, facilmente conectadas ao centro da cidade, perto de complexos de lazer, centros de trabalho, educação ou hospitais”

    “Contamos investir em três projectos novos a cada 18 meses, sendo que os valores podem chegar aos 180 milhões, nos próximos seis anos. Pretendemos continuar a investir de forma consistente, identificando oportunidades que nos permitam contribuir para a revitalização urbana e, simultaneamente, dar resposta à crescente procura por habitação de qualidade”, acrescentou.

    Encontram-se, por isso, a explorar “activamente” oportunidades em toda a Grande Área Metropolitana do Porto, nomeadamente em Vila Nova de Gaia e outras áreas estratégicas nos arredores. Também a zona de Ramalde, uma freguesia em “franco crescimento”, se apresenta como “um grande foco de investimento” para a empresa.

    “A médio prazo, pretendemos expandir o nosso raio de acção para outras regiões do País, destacando-se, aqui, o Algarve e as ilhas, com um possível início de investimentos nessas áreas já a partir de 2027”, salientou Mariana Arrochella Lobo.

    Prelada recebe primeiro projecto

    A ideia de trazer para o Porto o que a ARC Homes tem vindo a edificar na Catalunha deverá reflectir-se em “casas com grandes terraços, vista para parques públicos, espaçosas, facilmente conectadas ao centro da cidade, perto de complexos de lazer, centros de trabalho, educação ou hospitais”.

    O primeiro projecto a ganhar forma será o da Prelada, que prevê a construção de 156 casas junto ao jardim Sarah Afonso. A execução dos projectos está a cargo da empresa portuense Capital Urbano.

    Pensado para jovens que “procuram a primeira habitação permanente” ou para famílias locais que “desejam melhorar as suas condições de vida”, o empreendimento tem atraído, ainda, “um conjunto de profissionais, como médicos e engenheiros, que valorizam, cada vez mais, a proximidade aos seus locais de trabalho”. Além disso, com o valor dos apartamentos abrangidos pela nova lei de isenção de IMT, o projecto torna-se particularmente apelativo para estes jovens compradores.

    Assinado pelo atelier Cerejeira Fontes, o projecto reflecte o compromisso com o design “inteligente e funcional”, optimizado para “maximizar a utilização de cada metro quadrado”.

    A ARC Homes Portugal adoptou, por isso, e com base nessa premissa, uma abordagem inovadora na criação dos apartamentos. Cada apartamento foi desenhado para maximizar o uso do espaço, eliminando áreas desnecessárias, e inclui amplos espaços exteriores, com varandas que oferecem um ambiente de vida ao ar livre. As unidades duplex e os apartamentos com pé direito duplo no último andar destacam-se, por sua vez, pela sua exclusividade e vistas panorâmicas.

    Além disso, o projecto dá um grande destaque às áreas exteriores, um ponto marcante e distintivo. No Porto by ARC Homes, por exemplo, até o menor apartamento (T0) possui uma varanda de 10 m2, projectada para proporcionar uma verdadeira extensão do espaço habitacional, oferecendo aos moradores um local de convívio ao ar livre.

    O conceito de arquitectura do projecto integra, também, a sustentabilidade e o design consciente. Foram adoptadas, por isso, práticas altamente sustentáveis, desde a selecção dos materiais até a própria estrutura dos apartamentos, garantindo que os espaços são não apenas esteticamente atraentes, mas, também, eficientes em termos ambientais.

    A construção, a cargo da Edinorte, do Porto by ARC Homes começou em Março de 2023 e a conclusão está prevista para a segunda metade de 2025.

    Actualmente, metade da estrutura do edifício já está concluída e o andar modelo, que conta com a assinatura do atelier de design de interiores Studio Ülterior, sediado em Londres.

    Sobre o autorCidália Lopes

    Cidália Lopes

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    Casa cheia para a 31ª edição da Concreta

    sector AEC – Arquitectura, Engenharia e Construção, ruma esta semana a norte para atender aquele que é um ponto de encontro do sector: a 31ª edição da Concreta que decorre entre 20 a 23 de Novembro. De dois em dois anos a Concreta recebe, na Exponor, milhares de profissionais e este ano não é excepção com os 25 mil m2 de área de exposição totalmente ocupados a organização espera receber cerca de 30 mil visitantes. Amélia Estêvão, directora de marketing da Exponor, é, mais uma vez, a anfitriã de um evento que este ano tem, à semelhança do que aconteceu há dois anos, uma temática à qual o sector tem que dar resposta: a ‘Descarbonização da Arquitectura e Engenharia’, alinhado com o panorama internacional e o compromisso de Portugal em atingir a neutralidade carbónica em 2050

    Aquele que é o ponto de encontro do sector da construção, da engenharia e da arquitectura volta a abrir as suas portas a 20 de Novembro. Depois de um interregno habitual – a Concreta realiza-se de dois em dois anos – que serviu de pausa para a estreia de um evento mais pequeno e realizado noutros moldes o ‘+ CONCRETA’ – o evento que “promove a inovação e fortalece a rede de conhecimento e colaboração entre todos os que acreditam no potencial transformador da construção sustentável e da arquitectura moderna”, como o descreve
    Amélia Estêvão, directora de marketing da Exponor, está de regresso. E este é um regresso em grande, como atestam os números apresentados pela organização: mais de 400 empresas expositoras ocupam a totalidade dos 25 mil m2 do recinto da Exponor. Durante os quatro dias o evento deverá ser visitado por mais de 30 mil visitantes. “Na Concreta todos os caminhos se cruzam para moldar o futuro do sector”, afirma ao CONSTRUIR Amélia Estêvão.

    A Concreta regressa ao seu formato habitual, depois de no ano passado terem estreado a “+ Concreta”. O contexto económico, que se vive hoje e que é marcado pelo maior dinamismo no sector da construção influencia a expectativa em torno desta edição da Concreta 2024?
    Depois do sucesso da 1ª edição da +Concreta na Alfandega aproxima-se a realização da 31ª edição da Concreta num momento em que o sector da construção se encontra mais dinâmico e em crescimento, o que eleva as expectativas para este ano. Este contexto económico, marcado pelo aumento de investimentos e pela procura por inovação e sustentabilidade no sector, tende a criar um ambiente propício para o sucesso do evento. O crescimento e a recuperação da construção impulsionam o interesse por novos produtos, materiais e tecnologias, aumentando a importância de eventos como a Concreta, que acabam por se tornar o ponto de encontro ideal para negócios e, claro, para a partilha de novas ideias entre profissionais e empresas do sector.

    Qual tem sido a resposta do sector AEC a esta edição e quantas empresas vão marcar presença na Concreta 2024? Podemos antecipar “casa cheia”?
    A edição deste ano da Concreta, tem sido muito bem recebida pelo sector da Arquitectura, Engenharia e Construção, AEC, a nossa expectativa é esgotar o espaço dos pavilhões e galerias da Exponor. Esperamos cerca de 400 empresas em aproximadamente 25 mil metros quadrados e uma previsão de mais de 30 mil visitantes profissionais de todas as áreas ligadas à arquitectura, engenharia e construção, sempre com foco em inovações sustentáveis, novos métodos de construção e sistemas industrializados.
    Teremos os grandes players do sector e com eles a apresentação de novidades, como sejam produtos de elevado desempenho e soluções para a construção industrializada. A feira conta também com espaços dedicados a demonstrações e workshops práticos, atraindo diversas empresas que procuram visibilidade e interacção directa com profissionais.

    Que sectores marcam presença em maior força nesta edição?
    São vários os sectores presentes na feira e que, naturalmente, contribuem para uma visão abrangente da cadeia de valor da construção e mostrando assim a importância da feira como ponto de encontro de inovação e negócios. Podemos destacar as estruturas metálicas, argamassas, cimentos, iluminação, pavimentos, revestimentos estruturas modulares, ferragens, máquinas e ferramentas, climatização, artigos sanitários e cozinhas.

    Há dois anos o grande tema foi a “Economia Circular”. Que tema marcará a edição em 2024 e de que forma será tratado?
    Este ano o tema é a Descarbonização da Arquitectura e Engenharia, alinhado com o panorama internacional e o compromisso de Portugal em atingir a neutralidade carbónica em 2050.
    Os vários sectores da sociedade terão de demostrar resiliência e inovação na eminente resposta a novos desafios. Uma vez que o sector da construção, tem grande importância na economia nacional, sendo um dos principais emissores de CO2, a Concreta 2024 desafia as empresas e os profissionais a implementar a “Descarbonização da Arquitectura e Engenharia”. No compromisso da Exponor para com a sustentabilidade e os princípios ecológicos, a Concreta 2024 vai abdicar, nos vários corredores da feira, do revestimento em alcatifa. Simultaneamente o tema estará reflectido nas diversas dinâmicas da feira: no circuito das Praças, assim como nos diversos seminários e conferências.

    A Arquitectura é o ponto de partida para uma discussão mais profunda

    A feira tem uma forte componente de arquitectura. Tal como em 2022, a curadoria está entregue ao arquitecto Diogo Aguiar, sente que este foi um factor transformador de uma feira que este ano completa a 31ª edições?
    A curadoria do arquitecto Diogo Aguiar na Concreta 2024 traz uma visão estratégica e diferenciada ao evento, a sua experiência amplia a abordagem do mesmo ao propor conteúdos que ligam a arquitectura, design, tecnologia e sustentabilidade, aspectos essenciais para o sector.
    Como curador, também ajudou a definir a temática central, a identificar alguns parceiros e oradores que só por si já representam as tendências contemporâneas e agregam valor ao evento. A sua influência contribui para que a Concreta se posicione como um evento que vai além da exposição comercial, sendo também um espaço de reflexão sobre o futuro da construção civil e da arquitectura.

    Quais os pontos altos do programa desenhado por Diogo Aguiar no que a arquitectura diz respeito?
    São vários mas destaco a 4ª Edição do Prémio Concreta Under 40 by CIN, que é realizado com o apoio técnico do Conselho Directivo Regional do Norte (CDRN) da Ordem dos Arquitectos e com o patrocínio da Tintas CIN e visa reconhecer o trabalho desenvolvido pelas novas gerações de arquitectos portugueses, distinguindo projectos que sejam resultado de construção, reconstrução, ampliação, alteração ou conservação de imóveis e que se destaquem pela sua capacidade criativa, de inovação e qualidade técnica. Serão atribuídos dois prémios de natureza pecuniária: 3.000€ para o 1º lugar e 1.000€ para o 2º.

    Esta transformação reforça o impacto e a importância de um certame como a Concreta na dinamização do sector?
    Naturalmente que sim, a presença de arquitectos na feira permite a troca de experiências e conhecimentos sobre tendências de materiais, técnicas construtivas e tecnologias emergentes. Esses encontros promovem o uso de soluções mais inovadoras e sustentáveis em projectos futuros. Simultaneamente ajudam a valorizar e mostrar a complexidade e impacto do seu trabalho, aumentando o reconhecimento da arquitectura como disciplina fundamental na criação de espaços funcionais, estéticos e ecologicamente responsáveis.

    As novidades daquele que é um ponto de encontro do sector AEC

    E o que de novo traz esta 31ª edição da Feira? Para lá da arquitectura, de que já falámos, quais serão os pontos fortes da Concreta 2024?
    Como já referi, e tendo por base o compromisso da Exponor para com a sustentabilidade e os princípios ecológicos, a Concreta 24 opta finalmente por abdicar, nos vários corredores da feira, do revestimento em alcatifa, garantindo uma poupança de cerca de 12500 m2 desse material, evitando a produção desnecessária de resíduos e contribuindo, deste modo, para um futuro mais consciente e responsável.
    Outra grande novidade prende-se com a estreia em Portugal do arquitecto japonês Tomoaki Uno e do arquitecto Nuno Melo Sousa com uma exposição e uma conferência.
    Para finalizar, de entre as várias praças temáticas criadas especialmente para esta edição da bienal, destacam-se a Praça da Fotografia com imagens e curadoria do fotografo Attilio Fiumarela e a Praça descarbonização by Sedacor alinhada com o tema da Descarbonização. Pretende-se que seja o palco de práticas, técnicas e produtos originais que prometem marcar o futuro, onde serão realizados exercícios de provocação, de encontro e de reflexão alinhados com o tema. Vamos apresentar um exemplo de descarbonização da Construção de como utilizar a cortiça e compósitos de cortiça com outros materiais reciclados como borracha de pneus em fim de vida, contribuindo para descarbonizar a construção, proporcionando uma construção mais inteligente, atractiva e sustentável.

    Entre os expositores haverá presença internacional? Como é que se faz a internacionalização de um certame desta natureza e isso é uma prioridade para a Exponor?
    Sim, em todas edições temos expositores oriundos de vários países, este ano são mais de 40, que encaram a Concreta como uma plataforma estratégica para entrar ou fortalecer a sua presença no mercado português. É uma feira que atrai visitantes de todas as partes do mundo, isto porque é já reconhecida como um ponto de partida eficaz no estabelecimento de parcerias e na identificação de oportunidades de negócio.

    De que forma potenciam a ligação às diferentes associações, universidades, para além das empresas?
    As associações e universidades são parceiros estratégicos da Concreta. Os primeiros pelo papel fundamental que desempenham no desenvolvimento das diferentes indústrias e sectores da economia representam os interesses das empresas e impulsionam a inovação e a competitividade. Já as universidades participam com ideias e conhecimento, enriquecendo o evento com espaços de discussões e demonstrações de projectos experimentais e sustentáveis que moldam o futuro. Isso amplia o alcance e a profundidade da feira, tornando-a uma plataforma de networking, parcerias e práticas vanguardistas.
    Essas contribuições fazem, quer das universidades quer das associações, um elo fundamental entre conhecimento, inovação e o sector de construção, beneficiando tanto as empresas como a Concreta e, naturalmente, ajuda a fortalecer o sector a longo prazo.

    Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

    Manuela Sousa Guerreiro

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    Construção

    “Defendemos que em Portugal a avaliação da permeabilidade ao ar ou da estanquidade ao ar seja obrigatória”

    Desempenho, suficiência e formação foram alguns dos temas em destaque na 12ª Conferência Passivhaus Portugal 2024, que este ano recebeu mais de 50 marcas e a visita de 438 participantes. Além da obrigatoriedade de monitorização do desempenho dos edifícios ao nível da qualidade do ar, como já acontece noutros países estrangeiros, o encerramento da conferência abordou a necessária mudança de paradigma necessária para privilegiarmos o conforto e a saúde e detrimento do que não é essencial

    Cidália Lopes

    A 12ª Conferência Passivhaus Portugal 2024 reforçou o percurso que a Associação Passivhaus tem percorrido nos últimos anos em prol da construção passiva. O Centro de Congressos de Aveiro, onde têm decorrido todas as iniciativas, recebeu, este ano, mais de 50 marcas e a visita de 438 participantes. Além das conferências no grande Auditório, o evento contou, também, com 65 workshops, entre apresentações de projectos por Passive House Designers e, e uma área dedicada às empresas que “percorria” todos os campos de uma Passive House, desde a envolvente opaca, envolvente transparente, estanquidade ao ar, sistemas e equipamentos, aos construtores. A edição do próximo ano já tem data marcada para os dias 21 e 22 de Outubro.

    O balanço salda-se, assim, “claramente positivo”. No fundo, o nosso objectivo é melhorar sempre de edição para edição, mas também manter aquilo que “já são conquistas deste modelo”, ou seja, “termos as apresentações todas gravadas e disponíveis no site” e, por outro, procurámos “fomentar a discussão alargada a diferentes intervenientes”.

    “Isso é algo que já tínhamos feito noutras edições da conferência e procurámos manter, mas acho que neste ano foi dado uma ênfase maior a essa componente”, destaca João Gavião, arquitecto, consultor, formador e designer Passive House certificado na Homegrid, assim como um dos fundadores da Associação Passivhaus Portugal.

    Interesse das marcas tem aumentado

    Tem também sido notório um maior interesse por parte das empresas e das marcas em estarem presentes na conferência. “Há de facto esse crescimento, esse interesse”, destaca João Gavião. Seja por que as empresas se querem “diferenciar da concorrência ou porque querem estar associados a um padrão de desempenho que é o máximo em termos de desempenho dos edifícios”, isso “é visível no número de componentes certificados”, com certificação passiva, e cuja presença tem aumentado, nomeadamente, nos sistemas de fachadas, sistemas de janelas, sistemas de equipamentos de ventilação ou sistemas de estanquidade ao ar.

    “Muitas vezes essa indicação vem por parte da casa-mãe, quando se trata de multinacionais, exactamente porque têm que cumprir determinados requisitos que no estrangeiro já são obrigatórios. Mas depois há também fabricantes locais, marcas nacionais, que estão connosco, algumas desde o início da criação da Passivhaus. Isto depende muito, também, da mentalidade do sector”, acrescenta João Gavião.

    Basta ver que em Espanha, por exemplo, o desempenho em termos de permeabilidade ao ar ou de estanquidade ao ar já é uma realidade, o que vem mudar por completo a forma de se olhar para esta questão.

    “Defendemos que em Portugal a avaliação da permeabilidade ao ar ou da estanquidade ao ar seja obrigatória, para que possamos começar a olhar e a ter mais consciência sobre esse problema, o que hoje em dia não acontece”, considera.

    Qualidade e não tamanho

    Que uma boa construção e o seu desempenho térmico e energético é bem mais importante que a sua dimensão não é propriamente novidade. Mas ainda assim, esta é uma questão que continua a ter que se falada e abordada se o objectivo for atingir a eficiência energética numa habitação. O conceito da “suficiência” foi já abordado anteriormente pelo arquitecto canadiano Lloyd Alter, que retomou na conferência de encerramento do evento, a ideia de que temos que “prescindir do que não é assim tão essencial numa casa para privilegiarmos o conforto e a saúde”. E deixou uma mensagem final: “Há uma coisa que é absolutamente clara: estão disponíveis as tecnologias e normas necessárias para realmente levar a uma mudança nas questões climáticas, e o único real obstáculo são as políticas e os interesses associados aos combustíveis fósseis”.

    Esta consciencialização deve passar não só pelo cliente final, mas também pelos próprios arquitectos, daí a necessidade de formação, uma das questões também muito abordada na conferência.

    Neste sentido, abriu este ano o Passive House Center, o centro de formação prática para Passive Houses, em Pombal. “Além da comunicação que deve passar para os profissionais do sector, esta está cada vez mais voltada também para o cliente final e assenta na estratégia de “avivar” a consciência do consumidor final, monitorizar o desempenho dos edifícios Passive House para evidenciar a sua qualidade e transmitir confiança”, afirmou João Marcelino, presidente da Passivhaus Portugal.

    Sobre o autorCidália Lopes

    Cidália Lopes

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    Concorrer para a valorização da Pedra portuguesa

    É um dos projectos mais recentes da Associação Portuguesa da Indústria dos Recursos Minerais (Assimagra) chama-se “Broot – Dialogues from Within” e fez a sua estreia em Riade, na INDEX Saudi Arabia, mas a intenção é ir mais além do que a presença em feiras internacionais. Ao CONSTRUIR, Célia Marques, vice-presidente executiva da Assimagra falou sobre a importância deste projecto para a valorização da pedra natural

    Para já, a aposta na inovação e adopção de uma postura pró-activa na resposta aos desafios da sustentabilidade, de onde se destacam a implementação de novas técnicas de extracção e transformação que minimizam o impacto ambiental, contribuíram para a valorização do produto exportado pelo sector de pedra natural. Contas feitas, até Julho as exportações do sector atingiram os 289 milhões de euros, uma redução de 6,54% face ao período homólogo. Em contrapartida, o preço médio por tonelada aumentou 2,77%. É por concorrer para a valorização do produto exportado que projectos como o “Broot – Dialogues from Within”, são tão importantes, considera Célia Marques, vice-presidente executiva da Associação Portuguesa da Indústria dos Recursos Minerais, Assimagra.

    Célia Marques, vice-presidente executiva da Associação Portuguesa da Indústria dos Recursos Minerais, Assimagra

    A Assimagra lançou o “Broot – Dialogues from Within”. Em que contexto e com que objectivo?
    O projecto Broot – Dialogues from Within foi lançado no contexto da valorização da pedra natural portuguesa, com financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), através da Agenda Verde Sustainable StoneByPortugal. O objectivo principal é destacar a importância da pedra natural portuguesa como material sustentável e versátil, promovendo o diálogo entre tradição e inovação e mostrando como as rochas podem ter aplicações em projectos de arte e design, enquanto se promove a internacionalização e a valorização da indústria da pedra natural.

    Como é que este programa se insere na estratégia da Assimagra e do sector que a associação representa? Este é um projecto que “pisca o olho” à internacionalização?
    O projecto Broot está totalmente alinhado com a missão da Assimagra de promover a internacionalização do sector, ampliando a presença de produtos de pedra natural portuguesa em mercados globais. Este enfoque é sustentado pela participação em feiras como INDEX Saudi Arabia em Riad, a Maison et Object em Paris, a Milan Design Week em Milão, a NYC Design Week, em Nova Iorque, e eventos em outras regiões do mundo, como é o caso da presença no pavilhão de Portugal da Expo Osaka, no Japão, ampliando o potencial exportador

    O que inspirou esta primeira colecção e a relação com as diferentes regiões do país?
    A primeira colecção, intitulada “Dialogues”, é inspirada no diálogo entre a pedra natural e outros materiais sustentáveis originários de diferentes regiões de Portugal. Cada peça reflecte as características culturais e geográficas do país, como a fusão de xisto e madeira do Vale do Côa, granito e burel da Serra da Estrela, mármore e cortiça do Alentejo, calcário e o barro da região centro e o basalto e fibras naturais das ilhas. Esta colecção foi criada por cinco estúdios de design, que representam diferentes regiões e tradições.

    Concorrer para a projecção internacional da Pedra portuguesa

    Esta colecção tem a curadoria de Gisella Tortoriello, lança 25 peças que já tiveram a sua estreia no mercado. Qual foi a receptividade? Para além da participação em feiras está a ser pensada outra forma de divulgação destas peças?
    A receptividade inicial foi bastante positiva, com destaque para a estreia em Riade na INDEX Saudi Arabia. Além da participação em feiras, há uma estratégia de comunicação digital robusta, envolvendo a plataforma oficial do projecto e redes sociais, o que reforça a visibilidade global. Para além das feiras, a Assimagra está a explorar outras formas de divulgação, incluindo exposições itinerantes, colaborações com galerias de arte e parcerias com designers nacionais e internacionais, para garantir que o alcance deste projecto continue a expandir-se.

    Esta é a primeira colecção, o que está pensado para o futuro em termos de desenvolvimento do “Broot – Dialogues from Within”?
    Para o futuro, a Broot continuará no desenvolvimento contínuo de novas colecções que explorem a fusão de materiais e reforcem a identidade cultural de Portugal. A ideia é que o projecto seja uma plataforma de inovação constante, trazendo novos diálogos entre a rocha, o design e a cultura, reforçando o papel da pedra portuguesa no cenário internacional. Também está planeado um foco crescente em sustentabilidade e a utilização de tecnologias avançadas para criar peças únicas, mantendo a abordagem experimental que caracteriza o projecto.

    A actividade da Assimagra vai mais além do que este programa. Quais são as principais acções onde estão envolvidos?
    A Assimagra está igualmente focada em inúmeras iniciativas, com foco na inovação tecnológica, ajudando as empresas a modernizarem seus processos produtivos e a aumentarem sua competitividade internacional , na sustentabilidade, como é o caso dos projectos Roteiro de Descarbonização do sector e caracterização da pegada ambiental dos produtos em pedra natural , e na promoção da pedra portuguesa em mercados internacionais, como são exemplos as iniciativas internacionais voltadas para a arquitectura “About Portuguese Stone” que decorrem durante este mês de Outubro em Nova Iorque, Chicago e Londres. No fundo, o trabalho da associação é todo ele voltado para as PME do sector, ajudando a valorizar a indústria em todas as suas vertentes e a diversificar o seu potencial exportador.

    A inovação e sustentabilidade são os dois grandes desafios do sector? Como é que a indústria nacional está a responder a estas duas grandes questões?
    A indústria tem adoptado uma postura pró-activa na resposta aos desafios da sustentabilidade, implementando novas técnicas de extracção e transformação que minimizam o impacto ambiental, sem perder de vista a inovação no design e na utilização de novos materiais e desenvolvimento de novos produtos mais eco-friendly.
    Projectos como o Broot são um exemplo claro de como o sector está a adaptar-se a estas exigências.

    Europa é o principal comprador, mas Médio Oriente e Ásia crescem

    Esta é uma indústria exportadora. 2024 tem sido um bom ano? É possível adiantar os números referentes ao primeiro semestre do ano? E quais as previsões para o fim do ano face ao ano anterior?
    Até Julho de 2024, as exportações do sector de pedra natural atingiram 289 milhões de euros, embora tenha havido uma redução de 6,54% em relação ao mesmo período de 2023. No entanto, o preço médio por tonelada aumentou 2,77%, o que mostra uma valorização dos produtos exportados. A Europa continua a ser o principal destino, representando 53,18% do total das exportações. As previsões indicam um abrandamento nas exportações face ao contexto europeu onde nos inserimos, embora com uma perspectiva de recuperação para o segundo semestre.

    Quais são os nossos principais mercados e quais os que perspectivam maior crescimento?
    Os principais mercados em 2024 incluem a França, China, Espanha e Estados Unidos. A França lidera com mais de 67 milhões de euros em exportações, enquanto a China e a Espanha enfrentaram quedas. No entanto, mercados como o Vietname, que cresceu 30%, e o Kuwait, com um aumento de 62,83%, têm mostrado um grande potencial. A Arábia Saudita também se destaca, com um crescimento de 76,24%. Estes mercados, especialmente no Médio Oriente e em alguns países asiáticos, perspectivam um crescimento contínuo.

    Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

    Manuela Sousa Guerreiro

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    Aldeia da Chumbaria, gabinete Arquitectura Viva

    Arquitectura

    Reabilitação da Aldeia da Chumbaria através do turismo [C/ galeria de imagens]

    O atelier português Arquitectura Viva assina a 1ª fase da reabilitação da Aldeia da Chumbaria, no concelho de Leiria. O projecto que dá, literalmente, uma nova vida a uma antiga aldeia abandonada, visa criar alojamentos locais direccionados para retiros de bem-estar, com uma abordagem sustentável. Premissa que é seguida pelo programa de reabilitação de onde sobressai o respeito pelos materiais naturais

    Quase por acaso o projecto de reabilitação da Aldeia da Chumbaria, no concelho de Leiria, foi parar ao atelier de Arquitectura Viva, fundado por Joana Couto e Rui Pedro Simões. Um acaso feliz que junta visões, dos proprietários e dos arquitectos, ideias e ideais, na concretização de um projecto que, através do turismo, pretende trazer nova vida a uma aldeia abandonada e, com isso, revitalizar as aldeias circundantes da região onde se insere.

    Em plena serra do Branco, no lugar da Memória, está localizada a Aldeia, do alto do monte avista-se toda a serra. O local conquistou Steven e Sarah, o casal inglês que em 2019 adquiriu a aldeia e os cerca de três hectares de terra para aí desenvolverem o seu projecto de permacultura. A aldeia votada ao abandono há já várias décadas possui seis conjuntos de construções em ruínas que agora, faseadamente, ganham nova vida. O projecto visa criar alojamentos locais, direccionados para retiros de bem-estar, com uma abordagem sustentável, oferecendo workshops de permacultura, yoga, reiki e muito contacto com a natureza. “A aldeia tem 11 casas, no total, aglutinadas em seis artigos. Neste momento reabilitámos duas casas e temos mais dois projectos aprovados que, a qualquer momento, podem iniciar a reabilitação”, conta a arquitecta Joana Couto. “Os proprietários queriam uma reabilitação em que a aldeia continuasse a ser uma aldeia, com coerência entre edifícios. A premissa era voltar a dar vida à aldeia, através do Turismo”, continua a arquitecta.

    A primeira fase do projecto compreendeu a reabilitação do primeiro conjunto. Originalmente, a construção terá sido um estábulo no rés-do-chão, com um possível celeiro ou habitação no piso superior, seguindo o esquema tradicional da arquitectura vernacular. O projecto converteu o celeiro, cujas lajes e coberturas ficaram destruídas por um incêndio há cerca de dez anos, em dois pequenos alojamentos. “Da nossa parte ficou logo claro que queríamos manter ao máximo o aspecto formal das casas e, que todas as alterações que fossem implementadas, como aberturas de vãos maiores, fossem assumidas. A introdução de betão à vista acabou por surgir da necessidade de criar suporte e estrutura para a abertura de vãos maiores”, criando, simultaneamente uma maior fluidez entre o interior e a paisagem exterior.

    Assumir os materiais naturais é mais do que pressuposto
    No interior, as paredes foram revestidas com blocos de betão de cânhamo, proporcionando conforto térmico e acústico. “Inicialmente, os blocos seriam rebocados, mas a textura e o aspecto agradaram-nos tanto que optamos por deixá-los à vista”. A ideia original era utilizarmos paredes de cânhamo feitas no local, através de cofragem, como se faz com o betão, mas após uma experiência menos positiva, mudámos para blocos de cânhamo pré-fabricados. “Felizmente os clientes apoiaram sempre as nossas decisões e concordaram em deixar os blocos à vista”, afirma Joana Couto, a qual reconhece ser uma “solução muito pouco usual”.
    Pouco usual, ou não, a verdade é que mostrar os materiais utilizados, tal como eles são, fazem parte do trabalho do atelier. “Esse é um pressuposto nosso, uma quase teimosia!”, reconhece Joana Couto. “Gostamos de utilizar materiais naturais e deixá-los os mais crus possíveis. Queremos que a estrutura de madeira seja assumida e fique à vista, que os apoios necessários em betão se mantenham em betão e, neste caso, que o cânhamo fique à vista”, reforça.
    “O grande objectivo deste projecto é utilizar os materiais exactamente como são, mostrando as suas funções e potencialidades, sem máscaras. O pavimento do rés-do-chão foi finalizado com uma betonilha afagada, enquanto o piso superior recebeu um soalho de madeira, assente numa estrutura de madeira que serve de tecto ao rés-do-chão. As paredes revestidas em betão de cânhamo cumprem o seu propósito térmico e acústico, e os novos elementos estruturais de betão são deixados sem revestimento. As estruturas das coberturas, tão bem executadas, também são mantidas expostas.

    A combinação de elementos tradicionais, como paredes de alvenaria de pedra e coberturas de madeira, com elementos contemporâneos, como a escada de aço, os envidraçados e os detalhes de betão, garantem a identidade única do projecto”.

    Já a utilização do cânhamo partiu de uma sugestão de Steven e Sarah, e da sua preferência por soluções sustentáveis e o mais natural possível. “O cânhamo tem um excelente comportamento, quer térmico quer acústico, é também resistente ao fogo, que era mais uma preocupação dos clientes, sendo um óptimo regulador de humidade. Sendo as paredes existentes compostas por pedra, a introdução do cânhamo trouxe bastante conforto às casas. Mesmo em termos visuais, as casas ganharam bastante com a introdução dos blocos à vista”, acrescenta Joana Couto.

    Da casualidade a um match perfeito vai um breve passo
    Ainda sem prazo para terminar a totalidade da empreitada, em breve deverão arrancar as próximas reabilitações na Aldeia da Chumbaria. Entre os elementos a reabilitar estará mais uma casa e um outro edifício, maior, que albergará dois alojamentos e uma sala polivalente, com será uma peça crucial na Aldeia e na criação de um espírito de comunidade. “Os proprietários já estão a envolver as aldeias vizinhas na reconstrução da aldeia, estão a fazer formações e workshops na área da permacultura, bem-estar, meditação, reiki… esta sala polivalente permitirá a realização de eventos maiores”, explica Joana, que partilha com Rui Pedro Simões este trabalho de reabilitação da Aldeia da Chumbaria.

    A dupla de arquitectos fundou o Arquitectura Viva um atelier de arquitectura, paisagismo, interiores e urbanismo para quem “este projecto é um exemplo claro daquilo que caracteriza o nosso atelier: a reabilitação consciente e integrada de espaços com uma história e identidade próprias”.

    “Desde o início, temos como compromisso a preservação do carácter do local e a valorização dos materiais naturais e sustentáveis, adaptando as construções para que atendam às exigências actuais sem perderem autenticidade. A reabilitação desta aldeia permitiu-nos aprofundar o nosso conhecimento, introduzindo técnicas de construção como o uso de cânhamo. É um projecto que se alinha perfeitamente com o nosso foco na valorização da paisagem e no respeito pelas tradições”, considera a dupla de arquitectos de Leiria.

    Ficha técnica
    Arquitectura: Arquitectura Viva
    Nome do projecto: Aldeia da Chumbaria – fase 1
    Ano de conclusão do projecto: 2024
    Área bruta construída: 184m2
    Localização do projecto: Chumbaria, Memória, Leiria

    Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

    Manuela Sousa Guerreiro

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    Imobiliário

    O primeiro projecto turístico da Overseas vai nascer no Alentejo. Investimento acima dos 40M€

    A Herdade das Pinas, perto de Estremoz contempla cerca de 12 mil m2 de construção, do qual fazem parte uma antiga residência e armazéns agrícolas que serão, parcialmente, recuperados. A ideia passa por criar um hotel, capela, espaço cultural e para eventos e ainda uma adega com loja, num projecto assinado pela Masslab

    Cidália Lopes

    O promotor imobiliário Overseas, liderado por Pedro Vicente, acaba de anunciar o seu primeiro projecto turístico. Com um investimento estimado de 40 milhões de euros, o empreendimento será desenvolvido na Herdade das Pinas, a 7km de Estremoz.
    Hotel, capela, espaço cultural e para eventos, adega e loja e vinhos, fazem parte do conjunto, cuja arquitectura será desenvolvida pelo atelier Masslab.
    Serão 12 mil metros quadrados (m2) de construção que integram uma antiga residência e armazéns agrícolas e pecuários, que serão parcialmente reabilitados.

    “Construir sem comprometer”
    O conjunto constituirá uma referência em termos ambientais, sendo definido como um projecto nZEB, com emissões de carbono zero ou perto de zero.
    “Como vai sendo normal na Overseas, prometemos inovar e surpreender o mercado com um produto excepcional, que honrará a forte herança cultural do Alentejo e de Estremoz”, afirma Pedro Vicente, que não tem dúvidas que o projecto será uma “referência em termos de sustentabilidade ambiental”.
    “Seremos criteriosos a recuperar o edificado existente e na área de construção nova, reduzindo ao mínimo indispensável a ocupação do solo. Também os materiais de construção usados, bem como o consumo energético serão alvo de grande investimento”, destaca o responsável.
    Diogo Sousa Rocha, sócio da Masslab, afirma que o projecto da Herdade das Pinas é uma “iniciativa ambiciosa”. Para os cerca de 35 hectares, o atelier propõe um esquema de ocupação que” transcende a construção tradicional num compromisso de construir sem comprometer”.
    “Pretende-se redefinir a paisagem da Herdade das Pinas, convertendo-a numa nova identidade em plena sintonia com o património natural e agrícola deste lugar único”, reforça Diogo Sousa Rocha.

    Primeiro projecto turístico
    Com a Herdade das Pinas, a Overseas dá o primeiro passo no sector turístico. Pedro Vicente, CEO da Overseas, afirma que se trata de um “passo muito importante para a empresa: crescemos em investimento e diversificamos a actividade, criando uma nova área de negócio”.
    Este constitui o primeiro de um conjunto de projectos que o promotor pretende desenvolver nesta área, que darão, proximamente, lugar a uma nova operação, que agregará, por exemplo, a gestão do concierge do projecto Karl Lagerfeld, em Lisboa e que será o primeiro projecto imobiliário residencial branded da marca em Portugal, previsto para 2027.
    A aposta no segmento turístico foi, aliás, um objectivo do promotor desde que deu início à sua actividade em 2022. Inicialmente, estava previsto, no conjunto de investimentos anunciados à data, um projecto em Brejinho, na Comporta, que, entretanto, foi “abandonado” por “dificuldades de licenciamento”, confirmou ao CONSTRUIR, Pedro Vicente.

    Sobre o autorCidália Lopes

    Cidália Lopes

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    Engenharia

    Prospectiva e VN2R constituem consórcio BIM Portugal

    Numa comunicação conjunta, as companhias lideradas por Luís Brito e Vítor Carvalho explicam que a constituição do consórcio BIM Portugal assenta na experiência de ambas as empresas e na necessidade oferecer uma solução holística ao problema que resulta da falta de preparação, sobretudo de organismos públicos, para lidar com um conjunto de novas práticas, nomeadamente os processos digitais

    CONSTRUIR

    A Prospectiva, liderada por Luís Brito, e a VN2R, que tem Vitor Carvalho como CEO, juntaram esforços para constituir o consórcio BIM Portugal. A experiência acumulada pelas duas companhia permite perceber um conjunto de fragilidades no mercado, que se vão agudizar com a obrigatoriedade do recurso ao BIM. Para responder a esses desafios formaram esta parceria

    CONSTRUIR: O que é a BIM Portugal?
    BIM Portugal: O consórcio BIM Portugal resulta de uma parceria frutífera e duradoura entre o grupo Prospectiva e a VN2R na área do BIM. Ao perceber a dimensão dos desafios que se avizinham para a administração pública e seus fornecedores no contexto do Urbanismo e a inexistência no mercado de soluções que respondam por completo aos problemas que já existem e que se agudizarão, decidimos juntar recursos e capacidades complementares das nossas empresas e criar uma oferta integrada nesta área, focada principalmente em responder aos desafios que a administração pública, particularmente a administração local, já está a enfrentar. Ambas as empresas têm uma vasta experiência na grande maioria das especialidades de engenharia civil, em processos de arquitectura e urbanismo, bem como em BIM. As equipas estão habituadas a trabalhar em colaboração e ambas as empresas têm uma presença muito considerável na administração local, conhecendo os seus problemas). Este consórcio surgiu naturalmente, impulsionado pela visão comum de promover e constituir uma referência no contexto da adopção do BIM em Portugal, mas com o objectivo de resolver os problemas concretos e de curto e médio prazo dos seus clientes, nas suas várias vertentes.

    Dentro dos enormes desafios que se avizinham com a nova legislação e mudança de paradigma no contexto dos projectos de engenharia, dos próprios processos de gestão urbanística e de gestão e manutenção do edificado, como é que a BIM Portugal se posiciona e como consegue ajudar os seus clientes e parceiros nestas novas áreas?
    O pacote legislativo que já foi aprovado, em particular pela Lei 10/2024, vai requerer uma mudança cultural e organizacional considerável na administração local. É necessário formar os colaboradores, actualizar procedimentos e adaptar fluxos e ferramentas de trabalho. No entanto, se bem estruturada e implementada, esta transformação organizacional que se impõe poderá acelerar consideravelmente a análise dos projectos, contribuir para maior conformidade e eficiência, reduzindo custos diversos para todas as partes.

    O Building Information Modelling (BIM) revoluciona a forma como os edifícios e infraestruturas são concebidos, projectados, construídos e geridos. Baseia-se na desmaterialização de processos, permitindo uma utilização colaborativa da representação digital de activos de construção em todas as fases do ciclo de vida do projecto. O BIM oferece oportunidades em diversas áreas, desde o licenciamento à gestão e manutenção de edifícios. A submissão electrónica de projectos, a coordenação e compatibilização durante a obra, e a monitorização do desempenho são apenas algumas das vantagens que o BIM pode trazer para as autarquias.

    Neste sentido, desenhámos o consórcio BIM Portugal de início para ser capaz de oferecer uma solução holística ao problema. A experiência da VN2R em transformação digital, o conhecimento da Prospectiva em obras públicas e urbanismo e o departamento de I&D criado especificamente para o desenvolvimento de tecnologias e ferramentas BIM para a administração pública, permitem que a BIM Portugal ofereça um conjunto integrado de serviços que se estende da definição de regulamentos e processos até à operação, integrando o BIM em todas as fases do ciclo de vida do projecto com a capacitação de todos os seus intervenientes. A BIM Portugal oferece soluções integradas de consultoria personalizada com vista à conformidade legal e regulamentar suportada nas boas práticas BIM, apoio na aquisição e implementação de ferramentas BIM, culminando na formação adaptada às necessidades específicas de cada entidade e apoio ao arranque. Desde o diagnóstico inicial até ao projecto piloto e acompanhamento da implementação, estamos formatados para ajudar a administração local a desbloquear todo o potencial do BIM.
    Acreditamos que a implementação de BIM nas organizações, se bem realizada, resultará sempre em mais eficiência e transparência, menor retrabalho e melhores resultados. Não temos dúvida de que o futuro das autarquias será cada vez mais digital, e estamos aqui para ser o parceiro da administração pública nessa (r)evolução.

    O BIM não é algo assim tão recente no mercado internacional. Que obstáculos consideram que mais têm abrandado o crescimento do BIM em Portugal?
    BIM Portugal: Um dos principais desafios que enfrentamos é, sem dúvida, a mudança de mentalidade. Embora o BIM esteja a ganhar terreno em Portugal (fruto do novo pacote legislativo), ainda há uma necessidade contínua de educar o sector sobre os seus benefícios e potencial. É por essa razão que as nossas direcções e administrações, em conjunto com os nossos parceiros, têm estado comprometidas em promover workshops, seminários e sessões práticas para disseminar conhecimento sobre BIM e as vantagens na sua adopção.

    Consideramos que a interoperabilidade é também um desafio constante. A comunicação e compatibilidade entre sistemas informáticos sempre foi um problema na administração local e a adopção do BIM pressupõe o trabalho com várias ferramentas e plataformas. Garantir que estas consigam trocar informações entre si de forma eficiente é fundamental. Investimos em normas e formatos abertos e colaboramos com outros players do sector para superar essas barreiras. Contudo, consideramos que o mais importante é a mudança cultural. Convencer as partes interessadas de que o BIM não é apenas uma tecnologia, mas uma mudança fundamental na forma como projectamos, construímos e gerimos activos é um processo contínuo.

    O que motivou a constituição da iniciativa BIM Portugal e o que a destaca no mercado?
    A constituição da iniciativa BIM Portugal foi motivada pela necessidade de apoiar a administração pública e os seus fornecedores na adopção do BIM, um desafio que requer uma abordagem integrada e especializada. A união das empresas Prospectiva e VN2R resulta de uma visão comum e complementar nas áreas da consultoria, engenharia, tecnologias de informação e BIM. Esta colaboração permite-nos oferecer uma solução abrangente e focada nos desafios específicos da administração pública. O que realmente destaca a BIM Portugal é a combinação de competências e experiência das empresas fundadoras. Com mais de 40 anos de experiência acumulada em engenharia civil, construção, e transformação digital, as nossas equipas estão bem preparadas para enfrentar os desafios do BIM. Além disso, temos uma forte presença em projectos de engenharia civil, fiscalização e gestão de obras, tanto a nível nacional como internacional. A nossa equipa é composta por técnicos altamente qualificados e especializados em I&D de ferramentas BIM, o que nos permite estar na vanguarda das inovações tecnológicas e oferecer soluções personalizadas aos nossos clientes. A abordagem prática e adaptada às necessidades específicas de cada autarquia garante que a transição para o BIM seja eficiente, eficaz e sustentável. A BIM Portugal foi criada com o objectivo de oferecer uma oferta integrada que suporte a administração pública nos vários desafios e receios que a mudança para o BIM implica. A nossa principal força reside na capacidade de combinar recursos e know-how direccionados para este contexto específico, proporcionando um apoio próximo e contínuo que promove a modernização digital de forma segura e confiável.

    Referiram as Autarquias e Administração local. Quais os principais desafios que estas enfrentam na adopção do BIM?
    A obrigatoriedade dos processos de licenciamento em BIM está prevista para 2030. Embora esta data possa parecer distante, é crucial compreender que a transição não é imediata e requer um amadurecimento progressivo dentro das equipas das autarquias. Esta mudança não é apenas tecnológica, mas uma transformação cultural que promove a digitalização e desmaterialização de processos, exigindo acompanhamento e experiência prática na implementação destes métodos.
    Para que as autarquias possam enfrentar este desafio, a adopção do BIM de forma obrigatória nos processos de licenciamento impõe a definição clara de um plano estratégico e de requisitos a nível nacional. Contudo, este processo pode e deve ser iniciado de imediato através da contratação pública com requisitos BIM e da capacitação das autarquias e das suas equipas. É fundamental que estas entidades compreendam as potencialidades e limitações do BIM para estabelecer requisitos pertinentes para cada obra ou processo urbanístico, avaliando se conseguem utilizar e extrair valor da informação obtida.

    Outro desafio crucial é a transmissão de conhecimento técnico especializado. É sabido que isto é feito pelo legado de experiência dos colaboradores, não se apoiando apenas nos conhecimentos de formação de base. Desta forma, são evitados erros e é transmitida a confiança necessária para a correcta tomada de decisões. No que diz respeito ao BIM, não existe essa experiência nas autarquias, ou é muito reduzida, ficando os processos de implementação sujeitos a experimentalismos e incertezas que não se coadunam com a necessidade actual de digitalização e urgência do processo de transição. Torna-se, portanto, essencial o acompanhamento especializado e experiente, com base na implementação prática e real.

    Este acompanhamento assegura que as autarquias não só recuperem o tempo perdido, mas também se posicionem na vanguarda da modernização digital na administração pública. Com a nossa abordagem prática e adaptada às necessidades específicas de cada autarquia, garantimos que a transição para o BIM seja eficiente, eficaz e sustentável.

    De que forma a iniciativa BIM Portugal pode ajudar as autarquias a superar esses desafios?
    BIM Portugal: A iniciativa BIM Portugal foi preparada com este propósito e reúne técnicos especializados em vertentes complementares nas áreas de engenharia, arquitectura e digitalização, com experiência comprovada e perfeitamente capacitados para este desafio. Prestamos apoio próximo e consultoria especializada para a definição estratégica da adopção e implementação do BIM, bem como para o desenvolvimento técnico de recursos e a promoção sustentada de uma cultura de digitalização dentro das autarquias.

    Além disso, proporcionamos programas de capacitação para as equipas das autarquias, com base na experiência prática e adaptados aos diferentes perfis de função. Dotamos as equipas não só da capacidade de compreensão, mas também de uma perspectiva de aplicação em processos de verificação e validação, gestão e coordenação BIM.

    Apoiamos os processos de avaliação detalhados e o desenvolvimento de recursos, acompanhando cada etapa do processo de contratação, avaliação e gestão de obra. O nosso apoio técnico especializado permite assegurar que as decisões tomadas são informadas, adaptadas às melhores práticas e à normalização existente, e adequadas à realidade do mercado. Isso promove resultados realistas e úteis, bem como um crescimento sustentado das capacidades das autarquias.

    O nosso acompanhamento próximo e personalizado permite desenvolver o processo de transição de forma confiável, reduzindo a incerteza e o erro, e assegurando que as autarquias possam extrair o máximo valor da informação e dos processos digitais. Implementamos as melhores práticas em processos de implementação BIM, baseando-nos em experiências e aprendizagens resultantes de outros processos e adaptando-as às necessidades específicas de cada autarquia.

    Com a nossa abordagem prática e adaptada às necessidades específicas de cada autarquia, ajudamos a garantir que a transição para o BIM seja não apenas uma obrigação, mas uma oportunidade de modernização eficiente e eficaz. Através deste acompanhamento, as autarquias não só recuperam o tempo perdido, mas também se posicionam na vanguarda da modernização digital na administração pública.

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    José Frazão, administrador do Exposalão

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    Decorhotel acompanha ritmo do crescimento do Turismo em Portugal

    “A dinâmica do sector hoteleiro é um dos factores de atracção do Turismo em Portugal”, afirma o administrador da ExpoSalão, José Frazão. Na abertura de mais uma edição, a sétima, da Decorhotel, o responsável pela organização da feira não podia estar mais satisfeito. O certame inicia esta quinta-feira, 24 de Outubro e decorre até Sábado. Durante os três dias de evento são esperados no parque da Exponor, em Matosinhos, mais de 15 mil visitantes

    A Decorhotel regressa ao Porto para mais uma edição, a sétima, entre os dias 24 e 26 de Outubro. Um regresso após dois anos, em alternância com Lisboa, num modelo que continua a fazer sentido para dar resposta ao crescente, e exigente, mercado hoteleiro da região norte.

     

    Lisboa é uma edição de grandes números, Porto é uma edição que premeia “a qualidade e as apostas mais direccionadas e seleccionadas de uma região que tem indústria e produção, do mobiliário aos têxteis, passando pelos pavimentos, torneiras, revestimentos e de tudo o que é necessário para montar uma unidade hoteleira”, como justifica José Frazão administrador da ExpoSalão, entidade organizadora do evento.

    A feira, dirigida ao público profissional, acontece em simultâneo com a Expoalimenta e a Expocarne, “numa lógica de complementaridade”, e deverá acolher mais de 300 expositores, mais de 500 marcas, num aumento de 15 a 20% face à edição realizada em 2022. “Todos os anos temos registado um crescimento, há sempre um novo player com uma nova oferta que quer estar presente. É verdade que a conjuntura e, sobretudo, a conjuntura internacional é preocupante, com muitos focos de instabilidade, mas Portugal, e sobretudo o sector do Turismo, é visto como um paraíso, atraindo novas nacionalidades a cada ano que passa, com reflexo no sector da Hotelaria. Temos mais e melhores hotéis para dar resposta à crescente exigência de quem nos visita. Esta dinâmica beneficia toda a fileira, do design ao mobiliário, dos produtos aos serviços”, reflecte José Frazão.

    O Porto não só acompanha o ritmo de crescimento, como “é um mercado muito exigente com uma dinâmica muito própria e que está a crescer a um ritmo superior a 20% ao ano na hotelaria. Por isso faz todo o sentido continuarmos no Porto”, reforça o responsável máximo da ExpoSalão. José Frazão conhece bem ambos os mercados que recebem de forma alternada a Decorhotel, e o Norte “com as suas casas senhoriais transformadas em boutique hotéis, fazem andar a construção, a economia e criam postos de trabalho”, argumenta.

    Um ‘piscar de olhos’ a Espanha
    Mas será esta uma edição mais orientada para o mercado nacional? “Sim, mas há um factor muito interessante que temos vindo a observar ano após ano, e que nesta edição não será diferente, que é a presença de decoradores e empresas estrangeiras, nomeadamente do mercado espanhol”, assume José Frazão. Uma presença que se faz sentir quer entre os expositores quer entre os muitos visitantes, cerca de 15 mil, que marcam presença nos três dias de certame. “Muitos vêem ver a oferta que existe, o Norte é um grande produtor de mobiliário e decoração, com uma excelente relação preço qualidade. O nosso design é reconhecido internacionalmente, a iluminação é também outra área que está a crescer muito. E este reconhecimento tem sido uma mais-valia numa altura em que as empresas europeias preferem trabalhar com produtos europeus, em detrimento do mercado asiático, sobretudo”, adianta José Frazão.

    Uma oferta variada para atender 15 mil visitantes
    À semelhança de edições passadas a Decorhotel tem como palco o parque de feira da Exponor, em Matosinhos. Este ano são esperados cerca de 15 mil visitantes. Um número muito semelhante ao de outras edições. “Temos sempre cerca de 8 a 10 mil registos aos quais acrescem os convidados e acompanhamentos. Este é um número que não varia muito”.

    Uma afluência que promete encher os corredores da feira para visitar as muitas áreas e sectores em exposição: da arquitectura ao design de interiores, passando pelos equipamentos, pela iluminação, mobiliário, consultoria e prestação de serviços, têxteis, sem esquecer a Construção, a qual tem beneficiado do boom de renovações e construção de novas unidades hoteleiras. O administrador da ExpoSalão sublinha a forte dinâmica do sector e das empresas, comprovada “pelas novidades que habitualmente são lançadas durante o certame”. Uma das áreas que mais tem crescido é a de soluções tecnológicas, que são uma componente cada vez mais indissociável da gestão hoteleira. A inteligência artificial está a mudar o sector, a torná-lo mais eficiente e sustentável e, simultaneamente, mais atractivo. “Somos conhecidos por ser hospitaleiros e por saber receber, mas cada vez mais a nossa hotelaria começa a ser conhecida pela sua qualidade e capacidade de surpreender. E isso também passa pela tecnologia e pela inovação, que assumem uma maior dimensão na hotelaria. A dinâmica do sector hoteleiro é um dos factores de atracção do Turismo em Portugal”, defende José Frazão.

    Para além dos expositores e do lançamento de novos produtos, a Decorhotel será também palco para discutir os desafios que o sector enfrenta. No primeiro dia do certame, 24 de Outubro, terá lugar o seminário da Associação dos Directores de Hotéis de Portugal (ADHP). Da parte da tarde discutir-se-á a “Inteligência Artificial na Hotelaria” e o dia terminará com a conferência organizada pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP): “Preparar 2025 – Oportunidades de Financiamento na Hotelaria”.

    O certame que nasceu na Batalha, cresceu em Lisboa e reforça presença no Porto está já a olhar para a edição de 2025, desta feita em Lisboa, numa altura em que se ultimam os números mais recentes do investimento que o sector da hotelaria já concretizou este ano, antecipando-se um ano de forte crescimento, (ver mais à frente neste especial), enquanto se projecta em alta para 2025. “É assim! Já encerramos uma feira a pensar no futuro”, conclui José Frazão.

     

    Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

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