Qual o futuro da iluminação pública?
A eficiência energética e a redução da pegada de carbono, são algumas das mais-valias de uma infra-estrutura de iluminação pública LED, garante Miguel Allen Lima, CEO da empresa
Ana Rita Sevilha
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Sustentabilidade, segurança, eficiência energética, inteligência e conectividade são os pilares em que assenta o conceito de Smart Cities que a Arquiled tem vindo a desenvolver e a implementar em cidades portuguesas. A eficiência energética e a redução da pegada de carbono, são algumas das mais-valias de uma infra-estrutura de iluminação pública LED, garante Miguel Allen Lima.
O que se entende por iluminação LED?
Miguel Allen Lima: Na iluminação LED usam-se dispositivos semicondutores LED (light emitting diode – díodos emissores de luz) como fonte luminosa. Esta é a diferença tecnológica face a soluções de iluminação convencionais que usam lâmpadas de vapor de sódio de alta pressão (VSAP) ou de vapor de mercúrio.
A tecnologia LED teve grande impulso tecnológico com a invenção do LED azul de alto brilho nos inícios dos anos 90 por Isamu Akasaki, Hiroshi Amano e Shuji Nakamura, feito que lhes valeu prémio Nobel da física em 2014.
É com base no LED azul que se produz o LED branco de alto brilho usado nas soluções modernas de iluminação.
Quais as suas grandes vantagens ao nível do espaço público e do urbanismo?
A iluminação de LED é à partida muito eficiente, ou seja, apresenta consumos eléctricos bastante mais reduzidos que soluções convencionais. Por exemplo, na iluminação pública, obtêm-se poupanças da ordem dos 70% no consumo e, consequentemente, uma redução dos níveis de emissão de CO2.
Outro aspecto relacionado com a poupança é a facilidade com que se consegue regular o fluxo (e consumo) de uma lâmpada de LED. Esta característica permite criar cenários de poupanças adicionais.
A nível de longevidade, a luminária de LED tem um tempo de vida estimado que pode atingir cinco ou mais vezes as lâmpadas de vapor de sódio/mercúrio. Não só se trata de um activo com maior durabilidade, como reduz significativamente os custos operacionais de substituição de equipamentos.
Adicionalmente, a iluminação LED, por ser direcionada, permite reduzir substancialmente a poluição luminosa.
De que forma esta iluminação se relaciona com o conceito de Smart Cities?
Dadas as características de poupança e longevidade, os LEDs são naturalmente a tecnologia de eleição para as Smart Cities. A possibilidade de controlar dinamicamente o fluxo, associada a sistemas inteligentes, tornam a iluminação LED um activo chave numa Smart City.
Por exemplo, na Smart City de Évora, a Arquiled instalou luminárias que “falam” com o sistema de gestão integrado da cidade, transmitindo informação diversa e acendendo-se apenas quando necessário (passagem de um peão, automóvel, etc).
Vouzela e Valongo são dois municípios com projectos pioneiros ao nível deste conceito – Smart Cities. O que foi implementado em cada caso?
Em ambos os projectos, os municípios usaram o modelo ESE, previsto na lei, e directivas comunitárias para eficiência energética. Este modelo de negócio é feito em parceria com uma Empresa de Serviços Energéticos (ESE). A ESE realiza todos os investimentos e manutenção na infra-estrutura de iluminação LED, sem custos para o município. Adicionalmente, o município recebe uma percentagem das poupanças, sem risco. Em suma, estes dois casos trocaram toda a sua infra-estrutura de iluminação pública para LED, sem investimento e sem risco. Como contrapartida, reduziram os seus custos energéticos assim como a sua pegada de carbono em cerca de 70%.
No caso de Valongo, as luminárias foram dotadas de um sistema inteligente de regulação de fluxo que lhes permitiu 27% de redução adicional aos já obtidos pela tecnologia LED.
Sentem que existe sensibilização para a importância da iluminação por parte de sociedade, técnicos e decisores?
Absolutamente. A iluminação pública transmite um factor de segurança às populações e é um factor crítico para a prevenção da criminalidade nas ruas, assim como para a segurança rodoviária, logo é um tema caro às edilidades e à sociedade.
Quais os maiores entraves que enfrentam na sua implementação?
A Arquiled foi pioneira no uso de LED para iluminação arquitectónica e pública, em 2014. Nessa altura, a tecnologia ainda estava a aparecer no mercado sendo necessário todo o trabalho de evangelização e prova de conceito. Felizmente tivemos obras emblemáticas como o Casino de Lisboa, o Casino do Estoril, o Museu Cosme Damião que nos ajudaram muito a divulgar as vantagens desta tecnologia.
Hoje em dia, a tecnologia já está suficientemente madura e divulgada para ser encarada como uma excelente oportunidade de poupança e modernização.
Quais os grandes desafios e por onde passa o futuro da iluminação LED?
Actualmente assistimos a uma redução muito substancial dos custos de computação e das comunicações. Isso tem levado a um desenvolvimento exponencial dos dispositivos inteligentes, também conhecido como internet das coisas (IoT – Internet of Things).
Nesse contexto, a iluminação de LED tem aqui uma grande oportunidade para se afirmar como um ponto omnipresente na cidade e ter um papel chave nas Smart Cities. Cabe agora aos fabricantes, decisores e outros agentes de mercado apresentarem e desenvolverem soluções nessa vertente.
Para a Arquiled, o futuro da iluminação LED passa por isso. Por ter luminárias inteligentes que, além da segurança que já dão a iluminar o espaço, possam ter participação activa noutras vertentes.
Em que projectos estão actualmente a trabalhar?
Estamos a trabalhar com vários municípios portugueses para os apoiar na sua eficiência energética, assim como na descarbonização dos mesmos.
Vamos agora iniciar a instalação nos municípios de Aljustrel, Leiria e Cuba.
Ao nível internacional, que investimentos estão a fazer?
Desde 2015, que a Arquiled escolheu a internacionalização como um dos seus vectores de crescimento estratégico. Assim temos desenvolvido várias acções comercias em vários países, com destaque para a Colômbia, Brasil, Cabo Verde, Perú e Chile.
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