Razões para a construção do novo aeroporto no Montijo
O aeroporto no Montijo não pode ser visto como a construção de uma simples infra.estrutura aeroportuária. De facto, Portugal e concretamente a cidade de Lisboa precisa, a curto prazo, de um segundo aeroporto que permita o crescimento da economia
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Augusto Ferreira Guedes
Bastonário da Ordem dos Engenheiros Técnicos
O aeroporto no Montijo não pode ser visto como a construção de uma simples infra.estrutura aeroportuária. De facto, Portugal e concretamente a cidade de Lisboa precisa, a curto prazo, de um segundo aeroporto que permita o crescimento da economia. Constatando-se a impossibilidade de o Aeroporto Humberto Delgado assegurar a prazo esse crescimento, torna-se necessário a construção de um novo aeroporto.
A questão que se coloca é saber se o aeroporto no Montijo resolve o problema ou se seria melhor construir uma nova infra-estrutura no Campo de Tiro de Alcochete.
A Ordem dos Engenheiros Técnicos julga que as duas soluções seriam possíveis, mas pelas razões que a seguir se enumeram, a solução Montijo é, neste momento, a que reúne melhores condições de viabilidade aos vários níveis.
A solução Montijo tem as seguintes vantagens:
⦁ Os custos da solução Montijo são assegurados pela ANA, não implicando para o Estado (contribuintes) esforços financeiros significativos;
⦁ Permite que a sua gestão seja integrada na gestão do Aeroporto Humberto Delgado;
⦁ Assegura, à luz dos dados de que dispomos hoje, a acomodação do crescimento do tráfego aéreo para os próximos 20 a 30 anos;
⦁ Está localizado a poucos quilómetros do Aeroporto Humberto Delgado;
⦁ Permite que o anel da margem norte e margem sul seja fechado;
⦁ Permite um rápido acesso a Lisboa e, simultaneamente às regiões Centro e Sul de Portugal;
⦁ As ligações a Lisboa podem ser feitas por via da travessia do Tejo, com ligação fluvial ao Parque das Noções (antiga Expo), Santa Apolónia, Praça do Comércio, Cais do Sodré, assim como até Belém ou Cascais. Com esta solução, será possível redimensionar a Transtejo e a Soflusa e, a prazo, a entrada de operadoras privadas na travessia fluvial;
⦁ A criação de sete a oito mil novos postos de trabalho no Montijo, vai permitir que os movimentos da margem sul para a margem norte sejam mais equilibrados, evitando uma sobrecarga nos movimentos de Almada para Lisboa, como agora se verifica;
⦁ Permite e potencia o desenvolvimento de todo o arco ribeirinho, criando novas dinâmicas no Montijo, Alcochete, Vila Franca de Xira, Seixal, Barreiro, Almada até Setúbal;
⦁ Potencia a revitalização de toda a zona dos antigos estaleiros da Lisnave e outras zonas degradadas nos concelhos limítrofes ao Montijo;
⦁ Assegura um baixo custo do transporte de passageiros do aeroporto do Montijo para Lisboa, bem como todo o raio de ação do aeroporto;
⦁ Permite ligações rodoviárias através das infraestruturas rodoviárias já existentes para a travessia do rio (com destaque para a Ponte Vasco da Gama e em menor grau pela Ponte 25 de Abril);
⦁ Permite uma ligação por helicópteros a Lisboa, para passageiros prioritários;
E o Campo de Tiro de Alcochete (CTA), não garante tudo isso?
⦁ Não tem garantido o financiamento;
⦁ O custo do investimento será bastante superior;
⦁ As viagens para Lisboa seriam mais caras e demoradas, inviabilizando igualmente a utilização da vertente fluvial nas ligações a Lisboa, não se podendo falar num aeroporto de Lisboa com dois polos;
⦁ O aeroporto do Campo de Tiro de Alcochete poderá ser o aeroporto principal de Portugal daqui a 40 ou 50 anos;
Transitoriamente, até esta solução estar esgotada, pode pensar-se num plano de expansão dos terminais do Aeroporto Humberto Delgado poderá igualmente utilizar a infraestrutura do Figo Maduro, relocalizando o aeroporto militar de Lisboa, o que permite aumentar a capacidade do atual Aeroporto Humberto Delgado.
E o que acontecerá quando a solução Humberto Delgado/Montijo estiver esgotada?
⦁ O Aeroporto Humberto Delgado deverá poder continuar a ser um aeroporto de Lisboa para voos de 2/3 horas de ligação à Europa, e absorverá o tráfego aéreo civil do aeródromo de Tires;
⦁ O Montijo poderá regressar à Força Aérea, permitindo agrupar os aeroportos militares, Bases da Força Aérea de Sintra, OTA, Figo Maduro, etc..
E o que fazer de Beja?
⦁ No plano integrado de aeroportos, Beja pode ser potenciado como aeroporto para estacionamento de aeronaves, mercadorias.
⦁ No plano integrado de aeroportos potenciando cada uma das infraestruturas, aumenta-se igualmente a segurança de populações envolventes, aperfeiçoando os planos de evacuação/emergência, englobando a Proteção Civil e não afunilando/densificando todo o tráfego no Aeroporto Humberto Delgado, descongestionando as vias de acesso, nomeadamente a 2.ª circular.