Opinião: “Premiar o mérito”
Quando se premeia o mérito, promove-se que os que desta vez não sejam premiados continuem a procurar fazer “mais e melhor”

CONSTRUIR
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No colégio onde estudei até entrar na universidade, realiza-se todos os anos uma cerimónia de entrega de prémios aos melhores alunos de cada ano. Tive a honra de receber das mãos da directora do colégio essa distinção nos quatro últimos anos do ensino secundário. Durante cada ano lectivo, esse nunca foi o objectivo, mas era uma satisfação imensa, com “sentido do dever cumprido”, ser reconhecido no final com o prémio de melhor aluno, na presença dos colegas, da família e dos professores. A cultura no colégio que frequentei é a de premiar o mérito, mas não apenas baseado nas notas aritméticas dos testes. O carácter, a iniciativa, o comportamento e a relação com os colegas e professores também são considerados na avaliação global de cada aluno. Foi nessa cultura que fundei a minha formação pessoal e, por isso, é sempre com agrado que vejo o mérito ser de algum modo reconhecido e premiado.
Pela nona vez, o Jornal Construir volta a distinguir arquitectos, engenheiros, construtores e agentes do mercado imobiliário, entregando os Prémios Construir num evento que já se tornou uma referência para o sector da construção em Portugal.
Já tive a honra de receber o Prémio Construir em representação do FOCUS GROUP. E o que aparentemente pode ser visto apenas como um “troféu” para colocar numa estante, pode na verdade ter um significado maior e resultados (in)esperados. Certamente que, no seu dia-a-dia, as empresas candidatas não desenvolvem a sua actividade a pensar nestes prémios. Mas é indisfarçável que, tal como no colégio, é muito agradável ser distinguido pelo mérito num evento entre pares. Principalmente, tendo em conta que a distinção não é para quem representa a empresa que o recebe, mas sim o reconhecimento do mérito e do esforço de todos os que, no seio de uma equipa, contribuíram de algum modo para esse resultado.
Fora de portas, o prémio poderá ainda contribuir positivamente para o reconhecimento da empresa no mercado, aumentando a sua visibilidade junto de potenciais clientes e impulsionando, desse modo, um aumento da actividade e dos resultados no futuro.
Na realidade, atentas as transformações que o mercado sofreu nos últimos anos, com o surgimento de novos investidores e promotores imobiliários, torna-se ainda mais relevante obter visibilidade e notoriedade. Se for através de distinções como os Prémios Construir, que procuram premiar os melhores no sector, tanto melhor.
De resto, num momento em que assistimos, em Portugal, aos principais responsáveis dos partidos que suportam o Governo afirmarem (e a aplaudir quem afirma) que “a primeira coisa que temos de fazer é perder a vergonha de ir buscar a quem está a acumular dinheiro”, um evento que premeie o mérito deve ser, por maioria de razão, elogiado e divulgado.
Quando se premeia o mérito, promove-se que os que desta vez não sejam premiados continuem a procurar fazer “mais e melhor” e ambicionem a que na próxima edição lhes caiba a distinção. Inversamente, quando se penaliza quem se esforçou para “acumular dinheiro” através do seu trabalho, transmite-se a mensagem de que tal esforço, afinal, não vale a pena.
Que tipo de sociedade estaremos nós a construir?
Naturalmente que todos devem, à partida, poder ter as mesmas oportunidades. Mas o que cada um (indivíduo ou empresa) constrói na vida, através do seu esforço e da sua dedicação, não pode ser alvo de um assalto ou de uma loucura redistributiva indiscriminada.
No seio de uma sociedade que se quer, a um só tempo, solidária e competitiva, é imperativo premiar o mérito, distinguindo em convivência sã os feitos dos que, a cada momento, surjam entre os melhores. Eu aprendi e fui educado a apreciar o sucesso que o mérito pode proporcionar, a mim e aos outros, dos bancos das escolas ao mundo das empresas.
Nuno Malheiro da Silva, Arquitecto
Presidente do FOCUS GROUP
nuno.malheiro@focusgroup.eu