Opinião: “Rio 2016 e Desenho Universal”
A importância de um edifício de habitação ser de uso acessível, é dotar as áreas comuns com condições de circulação fácil em toda a extensão do percurso a realizar
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O desafio dos Jogos Olímpicos do Rio 2016, foi o convite à celebração da diversidade humana, e mote para uma sociedade mundial versátil que incluía pessoas com diferentes destrezas físicas, sensoriais e cognitivas.
Para que este desafio aconteça e se torne realidade será necessário o envolvimento activo dos técnicos: Arquitectos, Engenheiros, Urbanistas, Designers, Agentes imobiliários, Decisores empresariais, Políticos, e outros intervenientes na construção de uma sociedade contemporânea e inclusiva.
Conceber e produzir produtos, bens e serviços, projectar espaço público e edifícios cumprindo requisitos normativos adequados às espectativas: Das pessoas de mobilidade condicionada, das pessoas com diferentes limitações ou deficiências, às necessidades da população sénior, e a outros segmentos da população.
A importância de um edifício de habitação ser de uso acessível, é dotar as áreas comuns com condições de circulação fácil em toda a extensão do percurso a realizar, desde do exterior até à chegada à porta de entrada dos apartamentos.
No interior dos fogos os vãos de porta devem permitam a passagem de pessoas que praticam diferentes modos de mobilidade (com ou sem ajudas técnicas, carrinhos de bebé, etc).
O alcance e a manipulação de dispositivos é relevante. Portas com manípulos de alavanca, garantindoque a interação do utilizador se faça com o punho fechado e com pouco esforço físico. Prever a instalação dos acessórios de comando (interruptores), manípulos de abertura de armários, portas, janelas, ou garantir o alcance a equipamentos tais como: quadros electricos, torneiras de corte de água ou gás.
Adoptar as dimensões aceitáveis para permitir o alcance fácil, tendo em consideração as cotas máximas mais elevada e a cota mais próxima do pavimento, para que qualquer pessoa com diferente estatura ou limitação possa alcançar e interagir com os diversos dispositivos existentes no fogo. Em Portugal estas dimensões estão previstas nas normas de acessibilidade aprovadas pelo DL 163/2006.
Exemplo prático é pensar em pessoas com limitações ao nível lombar ou da anca,que apresentam dificuldades em baixar o corpo para alcançar uma tomada e realizar as operações de introduzir ou tirar uma ficha eléctrica.
Outros desafios se colocam ao nível do urbanismo, desenhar e construir territórios públicos que permita segurança nas diversas formas de vivencia e mobilidade dos cidadãos.
O uso dos gadgets eletrônicos tais como os smartphones, pdas, mp3 , trouxeram novas preocupações em matéria da segurança dos peões na utilização do espaço público.
Esta nova realidade, produziu a implementação de medidas estratégicas que resultaram na necessidade de baixar a informação semafórica de transito, para o campo de visão dos utilizadores que caminham pelas vias pedonais, absorvidos pelos conteúdos destes dispositivos.
A mesma preocupação de segurança comunga com as expectativas e necessidades de pessoas com limitações visuais, ou outras sem limitações que em dado momento apresentam dificuldades na visualização e percepção da cor da informação ou por motivo de encandeamento solar.
Semáforos inseridos no pavimento, como redundância comunicativa aos semáforos instalados junto aos atravessamentos pedonais (solução instalada no Terreiro do Paço em Lisboa), ou informação luminosa instalada em inibidores de estacionamento /“pilaretes” (solução adoptada pela cidade de Pontevedra, em Espanha), são algumas das estratégias de comunicação preventiva de segurança, direcionadas para a inclusão de todos os cidadãos.
Fernando Lima Pacheco, Arquitecto e Técnico SHST
geral@oxigenio4all.com