Railway Tracks near Yale, British Columbia, Canada, North America.
Investimento na ferrovia beneficiará “todas as empresas” independentemente da dimensão
Independentemente da massa crítica das empresas, poderá ser da experiência e do conhecimento técnico que dependerá o sucesso das mesmas no aproveitamento das eventuais oportunidades que poderão agraciar o sector no âmbito deste plano
Pedro Cristino
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O plano de investimento nas infra-estruturas ferroviárias recentemente anunciado pelo Governo e avaliado em cerca de 2,7 mil milhões de euros poderá criar oportunidades de negócio para “todas as empresas com “know-how” e experiência na área ferroviária”.
Esta é a opinião de vários responsáveis de empresas e associações de engenharia contactados pelo Construir com o objectivo de dissertarem sobre o valor considerável deste investimento, numa altura em que muitos dos agentes da engenharia lusa têm de procurar oportunidades no mercado internacional. A dimensão dos grupos que actuam nesta área poderá ter, de facto, influência na amplitude de oportunidades que se desenrolará perante um sector da engenharia que há algum tempo espera por robustos investimentos públicos para conseguir manter a sua actividade no país.
Todavia, independentemente da massa crítica das empresas, poderá ser da experiência e do conhecimento técnico que dependerá o sucesso das mesmas no aproveitamento das eventuais oportunidades que poderão agraciar o sector no âmbito deste anúncio por parte do Executivo.
“Numa primeira abordagem, será mais proveitoso para as grandes empresas que têm estrutura para implementar grandes projectos e grandes obras mas, por outro lado, irá sempre beneficiar algumas pequenas e médias empresas que são alvo de subcontratações”, destaca Filipe Lourenço, Sócio-gerente da Procifisc.
Por sua vez, Miguel Veira acredita que, “no sector de serviços de engenharia”, poderão existir “oportunidades de negócio para todas as empresas com “know-how” e experiência na área ferroviária”. “Porém, as empresas de menor dimensão poderão ter de procurar e/ou criar parcerias para conseguirem concorrer a projectos de maior dimensão”, destaca o director de Desenvolvimento de Negócios da FASE.
“Todas as empresas beneficiam”
Na opinião de Jorge Nandin de Carvalho, “quando o trabalho aparece, todas as empresas beneficiam, sejam grandes ou pequenas, estas últimas, até por subcontratação pelas grandes”. “No caso da consultoria, é verdade que a Infraestruturas de Portugal [IP] lançou uma pré-qualificação global, isto é, pressupondo a execução de projectos completos que incluem todas as especialidades ferroviárias”, continua. Contudo, o CEO da TPF Planege ressalva que “várias empresas médias conseguiram integrar-se e constituir consórcios internacionais que, certamente, irão subcontratar pelo menos alguma parte das especialidades tradicionais de topografia, geotecnia e ambiente”.
“Quanto a outro tipo de empresas especializadas, caso das empresas de pontes, como anteriormente referi, espera-se que a IP lance outra pré-qualificação, que lhes permita actuar por si sós, quer como executantes do projecto, quer ainda como revisoras de projecto”, refere Nandin de Carvalho, ressalvando que, na área da fiscalização, “as empresas estão mais auto-suficientes, havendo já bastantes com valências e experiência nas especialidades ditas ferroviárias”. “Neste caso penso que, por maioria de razão, o mercado irá abrir-se também ás pequenas empresas, que deverão associar-se entre si ou com outras maiores”, conclui o engenheiro.
Empresas com lógica “colaborativa”
“As empresas deste sector desde há muito que têm registado uma lógica colaborativa, que conduz a que possa dizer-se que, em teoria, beneficia empresas de todas dimensões. Tivemos, no passado, empreendimentos de grandes dimensões em Portugal em que foi possível constituir agrupamentos de empresas de diversas dimensões, com adequados papéis no desenvolvimento dos trabalhos”, salienta, ao Construir, o presidente da Associação Portuguesa de Projectistas e Consultores (APPC). “Por outro lado, a própria natureza dos trabalhos deverá motivar intervenções de diferente dimensão, ou seja, certamente que existirão projectos e contratos de dimensão relevante, mas também intervenções e contratos de menor dimensão”, explica Vítor Carneiro, revelando crer que o investimento na via ferroviária nacional “potenciará o sector, independentemente da dimensão dos operadores”.
Todavia, o responsável da APPC aponta para um aspecto que “tem preocupado” a associação e que pode “traduzir-se na necessidade de limitar a participação das empresas estrangeiras que, certamente, estarão presentes também nos trabalhos associados a este ciclo de investimento”.
“Lá está, como durante muitos anos não houve investimento em ferrovia em Portugal, a maior parte das empresas portuguesas não tem registo de trabalho significativo e razoavelmente recente no domínio das infra-estruturas ferroviárias”, e isto, para Vítor Carneiro, poderá conduzir a que, “em certas especialidades, se tenha de recorrer a empresas estrangeiras para melhor corresponder às necessidades de implementação expressas nos cadernos de encargos”. Para o presidente da APPC, a necessidade de recorrer a empresas internacionais “existe, sendo desejável a sua contenção às especialidades e domínios que, efectivamente, as empresas nacionais não consigam cumprir”.
“Clusters” de empresas especializadas
Carlos Matias Ramos crê que, considerando a dimensão das obras previstas no plano, “as empresas de maior dimensão e com maior curriculum estarão, em princípio, mais capacitadas para a sua concretização”. Todavia, para o engenheiro, isto “não exclui a participação das empresas classificadas como PME”. “Em relação às PME, muitas delas com boa capacidade técnica em áreas específicas, devem fazer um esforço no sentido de aumentar a sua competitividade, por forma a garantir essa massa crítica ajustada às necessidades e exigências dos mercados, e de se preocuparem permanentemente com a adopção de novas tecnologias e de metodologias inovadoras”, aconselha o bastonário da Ordem dos Engenheiros, referindo que “é igualmente importante que adoptem condições de concurso baseadas em “clusters” de empresa especializadas, cada uma com competências próprias e integrando uma abordagem comum que permita ganhos de eficiência, indispensáveis num ambiente competitivo”. Nestas condições, Matias Ramos crê que “as capacidades das PME poderão ser melhor valorizadas e, assim, poderão aproveitar o plano”.