Palacete convertido em habitações de luxo
Está avaliado em oito milhões de euros o investimento na reabilitação da residência do antigo Ministro e Governador do Banco de Portugal no século XIX, Júlio Vilhena, transformado agora num empreendimento residencial.
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Está avaliado em oito milhões de euros o investimento na reabilitação da residência do antigo Ministro e Governador do Banco de Portugal no século XIX, Júlio Vilhena, transformado agora num empreendimento residencial. O “Palacete de Vilhena” localizado na Rua de S. Bento, junto ao museu da fadista Amália, está a ser promovido pelo fundo imobiliário White Raven e comercializado pela mediadora imobiliária “Porta da Frente” e é agora composto por sete apartamentos, todos duplex, com tipologias que variam entre T1 (na ordem dos 485 mil euros) e T5 (o maior, com cerca de 350 metros quadrados está avaliado em 1,5 milhões de euros).
GJP assinam projecto
Segundo a apresentação deste empreendimento, cada apartamento apresenta uma “personalidade” única, “tendo em comum a conjugação da preservação do seu rico perfil histórico com a modernidade e o conforto dos seus acabamentos e equipamentos. Desta forma, madeiras exóticas, azulejos e frescos centenários classificados são conjugados com isolamentos térmicos e acústicos de última geração e estacionamento privativo”. A reabilitação deste empreendimento, cujo desenho esteve a cargo dos arquitectos Gonçalo Rangel de Lima, Jorge Matos Alves e Pedro Neto Ferreira, do atelier GJP Arquitectos, esteve de algum modo condicionada pelo que eram os pareceres do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR), que pedia para respeitar ao máximo a traça do edifício e o património nele existente, nomeadamente os frescos em algumas das paredes, que datam do século XIX. Esse terá sido um dos maiores desafios das equipas que intervieram na reabilitação do Palacete Vilhena, ao que se junta também a necessidade de conjugar a privacidade de cada um dos apartamentos e conjugar isso com as áreas comuns.
Características únicas
Os apartamentos apresentam todos eles características únicas e a sua identificação está associada ao destino que teve durante mais de século e meio de vida. A título de exemplo o apartamento “Desenho” apresenta painéis de azulejos e estantes de madeira do século XIX totalmente preservados, sendo a sua iluminação natural uma constante. Já o apartamento “Dança” é marcado por um tecto em madeira policromática. O maior imóvel deste conjunto é o apartamento “Teatro” com tipologia T5 e uma área de 342 m2 onde a iluminação natural gerada por várias janelas é ofuscante. O apartamento “Escultura” é o único construído de raiz, apresentando a particularidade de ser um T1 duplex com 91 m2, incluindo ampla sala e suite. A própria biblioteca do Palacete Vilhena, toda ela classificada pelo IGESPAR, constitui uma obra-prima de estantaria em pintura decorativa que foi integrada no apartamento “Poesia”. Em todos eles há uma ligação entre o carácter patrimonial e o moderno, assumindo-se uma linguagem de requinte. Os azulejos, os tectos, as ferragens, e a arte estão muito presentes e recorreu-se às várias áreas da antiguidade clássica para se chegar a esta identificação. A Porta da Frente, responsável pela comercialização do empreendimento não vai respeitar qualquer estratégia mediática para promover o empreendimento, optando por uma comunicação para um nicho de mercado muito específico, também pelas características do imóvel.
Património protegido
O imóvel agora reabilitado constituiu a residência de Júlio Vilhena desde o final do século XIX até 1928. Personalidade que desempenhou as funções de Conselheiro e Ministro de Estado, de III Governador do Banco de Portugal, deputado e chefe do Partido Regenerador, jornalista e director dos jornais O Universal e O Diário Popular e vogal do Supremo Tribunal Administrativo.
Construído no tempo de D. João V, o edifício, com capela dedicada a Santo António, foi originalmente um morgadio. Posteriormente foi reedificado pelo capitão-mor Luís Esteves Freire no período pombalino após o terramoto de 1755, mantendo assinalável cunho deste período, destacando-se a discreta imponência da fachada, as notáveis varandas de pedra, as escadarias, os painéis de azulejos policrómicos, e as ricas e exóticas madeiras vindas do Brasil. A designação de Rua de S. Bento, onde o Palacete foi edificado, deve a sua origem à existência naquele local no século XVI de um Convento de frades beneditinos. Sobre a arquitectura monacal foi depois construído o Palácio das Cortes, hoje a Assembleia da República.