Resolver os desafios de hoje para construir o amanhã
“Construções sustentáveis e edifícios inteligentes estão a trilhar o caminho da nova era do imobiliário, aliadas a tecnologias e materiais que permitem reduzir o consumo de energia. Exemplo disso é o recurso cada vez maior à encomenda de materiais que sejam produzidos o mais perto possível da sua aplicação, ou seja, produtos nacionais ou produzidos em Portugal”
Rafael Ascenso
Imaginar as cidades do futuro é, mais do que nunca, pensar em respostas práticas e eficazes para os problemas urbanos que marcam o presente. O crescimento demográfico e a pressão sobre as infraestruturas são problemas que exigem soluções novas, tanto no imobiliário como no urbanismo.
A sustentabilidade, por exemplo, é essencial para a vida urbana. Construções sustentáveis e edifícios inteligentes estão a trilhar o caminho da nova era do imobiliário, aliadas a tecnologias e materiais que permitem reduzir o consumo de energia. Exemplo disso é o recurso cada vez maior à encomenda de materiais que sejam produzidos o mais perto possível da sua aplicação, ou seja, produtos nacionais ou produzidos em Portugal. O resultado é benéfico para o ambiente, para os investidores e para a economia nacional.
O imobiliário sustentável, bem longe de ser uma obrigação burocrática, é uma oportunidade de mercado, onde cada projeto eficiente atrai mais investidores e oferece mais valor aos cidadãos que o escolhem.
O maior problema nos grandes aglomerados, que temos que resolver hoje mesmo, é a falta de mobilidade. Durante muitas décadas, os grandes centros foram-se desenvolvendo através da ligação rodoviária. Muito pouco investimento foi feito no sector ferroviário e metro. E isto significa a utilização massiva de combustíveis fósseis e uma baixíssima qualidade de vida para quem tem que se deslocar para o centro das grandes cidades onde de concentram os serviços e oportunidades de trabalho. Para resolver este problema, devemos investir fortemente em linhas férreas e metro que cheguem aos concelhos periféricos.
E estimular o desenvolvimento descentralizado através do empreendedorismo local e da liberdade de investimento, especialmente porque o potencial das áreas fora dos centros para atrair novos negócios e dinamizar economias locais é vasto.
Só com um grande programa de incentivos fiscais é possível fomentar essa expansão sem intervenção estatal. Em Portugal, isto poderia aliviar a pressão sobre o mercado imobiliário das grandes cidades, ao mesmo tempo que revitaliza regiões com novas infraestruturas e espaços acessíveis a quem deseja viver fora dos grandes centros.
A transformação digital representa outro exemplo claro de como a inovação pode transformar as cidades, permitindo-nos resolver problemas concretos como a gestão de resíduos, a segurança pública e a mobilidade urbana. Ora, a digitalização ao serviço do quotidiano, com habitações que integram domótica permite-nos, então, otimizar o conforto e reduzir custos, o que solidifica a sua posição como a solução central para as cidades do amanhã.
Paralelamente, a habitação flexível tornou-se uma exigência numa época em que o trabalho e a vida pessoal se cruzam de novas formas. As pessoas querem poder adaptar as suas casas às suas necessidades sem burocracia excessiva. Estando as famílias em constante mutação, as habitações do futuro são aquelas que oferecem versatilidade, e os investidores e empreendedores do setor têm tudo a ganhar ao desenvolverem soluções que acompanhem esta tendência. Desta forma, os cidadãos podem definir por si próprios como querem utilizar o espaço no qual vivem.
As cidades do futuro não devem ser construídas sob a ilusão de um controlo central absoluto, mas com a visão de que o desenvolvimento individual e a liberdade de iniciativa são os principais motores do progresso urbano.
É na responsabilidade pessoal e na competitividade saudável que encontramos o potencial para resolver os desafios de hoje, de forma a construir cidades vibrantes, dinâmicas e verdadeiramente livres para o futuro.
NOTA: O Autor escreve segundo o Novo Acordo Ortográfico