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    Opinião

    Por falar de arquitetura…

    Em Portugal cada vez se faz melhor arquitetura. Mas ao excelente resultado precede o empenho de arquitetos, engenheiros, construtores, gestores de projeto, promotores, etc, e é positivo perceber que há uma consciência cada vez mais generalizada de que existe um trabalho de equipa que é fundamental para atingir os objetivos

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    Por falar de arquitetura…

    Em Portugal cada vez se faz melhor arquitetura. Mas ao excelente resultado precede o empenho de arquitetos, engenheiros, construtores, gestores de projeto, promotores, etc, e é positivo perceber que há uma consciência cada vez mais generalizada de que existe um trabalho de equipa que é fundamental para atingir os objetivos

    Sobre o autor
    Miguel Martins Santos

    Pensar hoje em arquitetura e construção, passa, inevitavelmente por refletir sobre três temas que se transformaram e têm hoje uma importância decisiva no futuro e no modo de fazer: a sustentabilidade, o processo BIM, e o custo da construção. Estas questões estão relacionadas entre si e têm um impacto direto no processo de projeto mas não se podem sobrepor à procura do conceito e ato poético que existem no processo criativo.

    Em Portugal cada vez se faz melhor arquitetura. Mas ao excelente resultado precede o empenho de vários intervenientes — arquitetos, engenheiros, construtores, gestores de projeto, promotores, etc — e é positivo perceber que há uma consciência cada vez mais generalizada de que existe um trabalho de equipa que é fundamental para atingir os objetivos. E aqui talvez o próprio modo de fazer, que a informática tem vindo a comandar com a implementação da tecnologia BIM, também contribua para o efeito. É indiscutível que esta forma de fazer, ou de expressar e testar aquilo que são os conceitos e as imagens que nascem às mãos do arquiteto, conduz a projetos de execução mais fiáveis e mais distantes do erro. Importa agora manter este caminho em paralelo com uma preocupação de desenhar bons edifícios, que aliem a estética à função, a relação da parte com o todo, a pessoa ao território.

    Aliado ao modo de fazer, está também a crescente preocupação com a sustentabilidade, que é agora não uma opção, mas uma obrigação. Estivemos demasiado tempo a fingir que o problema vinha lá longe e, de repente, já aqui estava nas nossas mãos. Esta preocupação deve estar presente desde os primeiros traços. É fundamental, no momento inicial da conceção, ter por perto aqueles que mais informação têm nesta área. Temos de fazer o possível e o impossível para ajudar a minorar o efeito de toda a inércia que tivemos no último século e a tecnologia tem aqui um papel crucial, mas há vários caminhos complementares. Há uma tendência de procurar um regresso às origens na pesquisa de materiais e técnicas construtivas do território em que nos encontramos, recuperando o conhecimento a que alguém chegou bem antes de nós, e acredito que este é um caminho com grande potencial.

    Falar de arquitetura e construção nos nossos dias é falar de uma das maiores incógnitas dos últimos tempos, que se começa agora a perceber que está aí para durar. O preço que a construção atingiu, é de difícil explicação. Estamos a falar de um valor por m2, que nos últimos 5 anos, aumentou seguramente mais de 50%. A reabilitação que se fazia a 1.500€/m2, não se consegue hoje a menos de 2.250€/m2, e até lá chegarmos já o projeto foi revisto e ajustado várias vezes. E, aqui, o “ value engineering “, que chegou há tão pouco tempo, que ainda nem uma tradução consensual para o português tem, é, hoje, uma fase incontornável no projeto.

    Se, no início, o que conduziu ao aumento exponencial do custo da construção foi a guerra, associada à inflação, hoje, aquilo que mais impacta este custo em Portugal é a grande falta de mão de obra, principalmente especializada. Parece-me evidente, dada a nossa baixa taxa de natalidade e o desinteresse manifesto dos mais novos por “meter a mão na massa” nestas áreas, que teremos de pôr em marcha um bom plano de captação de talento estrangeiro. O desafio aqui passa por conceber uma solução de imigração que seja atrativa para bons executantes e lhes garanta condições para permanecer no nosso país, de forma a poderem contribuir para o crescimento da economia, da nossa e da deles. Outro caminho, poderia passar pela criação de escolas técnicas que ensinem estes ofícios, convidando aqueles que muito sabem, os mestres, para partilharem com os mais novos o seu conhecimento, acompanhado naturalmente de uma valorização da profissão, com investimento em boas remunerações. Há vários caminhos, uns mais óbvios que outros, mas terá de ser tomada uma posição, uma vez que a procura e a escassez de oferta a isso conduzem naturalmente.

     

    NOTA: O Autor escreve segundo o Novo Acordo Ortográfico

    Sobre o autorMiguel Martins Santos

    Miguel Martins Santos

    sócio fundador da Fragmentos
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