Mais Habitação, Mais Conforto e Eficiência Energética
Continuamos a construir edifícios com paradigmas dos séculos XIX e XX. Necessitamos de uma maior exigência na qualidade da construção em Portugal. E isso passa pelo envolvimento de toda a fileira da construção, dos materiais de construção e do imobiliário
João Ferreira Gomes
Presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Janelas Eficientes (ANFAJE)
Tendo em conta o atual debate, em torno dos novos desafios relativos à habitação, em Portugal, é fundamental aprofundar esta temática além da “espuma” política dos dias. Quando estamos a falar da necessidade de mais habitação para os portugueses, estamos a falar da necessidade de construir novos edifícios de habitação, mas que tenham em consideração as novas exigências do tempo em que vivemos e do futuro que estamos a construir.
Por um lado, novas exigências relacionadas com a necessidade de criar conceitos arquitetónicos que promovam novos espaços para viver e de trabalho nos edifícios, rompendo com o conceito clássico da habitação multifamiliar em frações autónomas e as moradias unifamiliares. Conceitos como o co-living e a construção para arrendamento são imprescindíveis para dar mais oportunidades às novas gerações, as quais têm outras necessidades e outras formas de viver. Por outro lado, os novos edifícios têm de ter espaços que permitam a conjugação da vida familiar com os novos conceitos de teletrabalho. Somente estes desafios, já deviam estar a ser alvo de debate aprofundado, aproveitando as experiências de outros países, nos quais estes conceitos já existem e têm tido um enorme sucesso.
Neste quadro, e no meio de todo o debate relacionado com as novas políticas de habitação, apenas se debate a rapidez com que se tem de aproveitar os fundos (PRR está claro…) para construir. Construir, construir rápido deve ser um dos desafios que o setor da construção deve vencer no imediato e futuro próximos. No entanto, o caminho a percorrer relativo a novos conceitos como a industrialização do processo construtivo, a digitalização de várias áreas das empresas, a introdução de novos métodos e materiais de construção, mais exigentes do ponto de vista técnico e de incorporação de materiais com mais qualidade e eficientes na envolvente passiva (coberturas, paredes, pavimentos e ‘vãos envidraçados’) está longe de atingir uma meta aceitável. E essa meta, relaciona-se com a exigência de construirmos hoje mais edifícios de habitação que garantam mais conforto, mais eficiência energética e, por consequência, maior sustentabilidade.
Estamos longe de estar a construir melhor. Continuamos a construir edifícios com paradigmas dos séculos XIX e XX. Necessitamos de uma maior exigência na qualidade da construção em Portugal. E isso passa pelo envolvimento de toda a fileira da construção, dos materiais de construção e do imobiliário num desígnio de aumento do valor acrescentado da sua atividade, dos seus produtos e serviços.
E é neste sentido, que o VII Encontro Nacional do Sector das Janelas e Fachadas, a realizar no dia 4 de maio, sob o mote “Mais Habitação. Mais Conforto e Eficiência energética’, tem como principal objetivo juntar especialistas, parceiros, profissionais e empresas para debater a situação atual do setor das janelas, portas e fachadas e de apontar o caminho futuro. Futuro esse que terá de passar obrigatoriamente pela Construção 4.0, pela Indústria 4.0, pela Digitalização, pelas oportunidades devidas ao lançamento de novas medidas de apoio para a habitação e reabilitação e pelos desafios relativos às novas exigências das diretivas europeias quanto aos edifícios de consumo zero, à eficiência energética e à sustentabilidade.
É preciso construir rápido, mas com mais qualidade! A qualidade a que todos os portugueses têm direito! Construir mais e melhor! As empresas do setor das janelas, portas e fachadas estão preparadas para dar resposta aos novos desafios e exigências. A ANFAJE, como a associação representativa do setor, está ativamente empenhada, em contribuir positivamente para o debate sobre como ter “mais habitação, com mais conforto e eficiência energética”.
NOTA: O Autor escreve segundo o Novo Acordo Ortográfico