LES 2024 e Dia Mundial da Energia
“Tendo eu participado em vários painéis de discussão, não será surpresa para ninguém que tenha centrado as minhas atenções nos temas da escassez de mão de obra devidamente formada e certificada, na necessidade da existência de um diálogo permanente entre toda a cadeia de valor, que garanta a capacidade de executar em tempo útil todos os múltiplos projectos anunciados”
João Rodrigues
director executivo da Associação Portuguesa dos Industriais de Engenharia Energética (APIEE)
Pensava dedicar o meu próximo artigo de opinião à importante questão da Eficiência Energética nos edifícios, mas dando-se a coincidência de o estar a escrever no final da semana em que se realizou o Lisbon Energy Sumitt 2024 e que no dia 29 de Maio se celebrou o Dia Mundial da Energia, parece-me mais oportuno escrever este artigo concentrando-me nesses dois momentos.
Deixo então o importante tema da Eficiência Energética nos edifícios para um próximo artigo, fazendo um resumo das questões que estiveram em discussão nos vários painéis a que tive oportunidade de assistir no LES 2024, bem como naqueles em que tive a honra de participar activamente, levando para o debate os contributos da APIEE.
Foi com muito agrado a que assisti ao discurso de abertura da Senhora Ministra do Ambiente e Energia, que começou por afirmar que Portugal continua a ter um excelente desempenho no que diz respeito à taxa de energia renovável utilizada, valor ligeiramente acima dos 60%, e que o Governo está a analisar a hipótese de antecipar em 5 anos a ambição de atingir a neutralidade carbónica do país.
Para que tal aconteça, a Senhora Ministra começou por manifestar da necessidade de que a Transição Energética seja feita colocando as pessoas no seu centro, bem como da necessidade de um diálogo entre todas as partes interessadas, manifestando a sua vontade de que a revisão do PNEC 2030 tenha uma participação alargada de todas as partes interessadas.
Foi ainda com muita satisfação que escutei do lançamento do leilão para os gases renováveis, que com uma dotação de 140 M€ visa incentivar projectos nas áreas do hidrogénio verde e do biometano; do compromisso do Governo trazer novidades até ao próximo mês de Julho sobre as suas políticas para o eólico offshore; bem como as referências sobre a necessidade de melhorar a eficiência energética dos edifícios e de combater a pobreza energética, uma realidade que continua a assolar uma parte significativa da nossa população; tendo o discurso terminado com a referência à Estrutura de Missão para licenciamento das energia renováveis, para o qual foram recentemente nomeados os seus responsáveis.
Para além deste discurso de abertura, nos diversos painéis a que assisti, houve vários temas recorrentes. Destaco a importância da colaboração e da mudança de mentalidades (a expressão não no meu quintal foi várias vezes utilizada); a urgência de proceder à simplificação de processos de licenciamento; a integração das diversas tecnologias disponíveis, nomeadamente as tecnologias de armazenamento de energia e de captura de carbono; a necessidade da liderança promovida a partir do governo e das entidades públicas; o grande potencial das tecnologias digitais disponíveis e, ainda, da importância de garantir a permanente actualização de competências de todos os profissionais envolvidos.
Tendo eu participado em vários painéis de discussão, não será surpresa para ninguém que tenha centrado as minhas atenções nos temas da escassez de mão de obra devidamente formada e certificada, na necessidade da existência de um diálogo permanente entre toda a cadeia de valor, que garanta a capacidade de executar em tempo útil todos os múltiplos projectos anunciados e de que somos favoráveis à necessidade de simplificar os processos existentes.
E porque a 29 de Maio se celebrou o Dia Mundial da Energia, foi com natural sentido de responsabilidade que, no final desse dia e em representação da APIEE, coassinei a “Declaração Conjunta para a Transição Energética”, uma excelente iniciativa da APE (Associação Portuguesa da Energia) que mobilizou um total de 21 associações nacionais.
Agradeço e felicito o Eng. João Torres, na sua qualidade de Presidente da Direcção da APE, por ter convidado a APIEE a fazer parte desta iniciativa.
Todos os que coassinaram esta declaração se comprometeram a desenvolver os necessários esforços para alcançar os objectivos identificados, pelo que agora é o momento de executar em conformidade com os compromissos. Vamos a isso?