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    Opinião

    Formação e Qualificação na Construção

    “Deverão ser criados sistemas de incentivo e deverá ser mobilizado um esforço conjunto entre o governo, as instituições de ensino e as empresas, no sentido de adaptar os modelos de ensino e de negócio à evolução do ambiente construído, que requer novas competências”

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    Formação e Qualificação na Construção

    “Deverão ser criados sistemas de incentivo e deverá ser mobilizado um esforço conjunto entre o governo, as instituições de ensino e as empresas, no sentido de adaptar os modelos de ensino e de negócio à evolução do ambiente construído, que requer novas competências”

    Sobre o autor
    Bruno Carvalho de Matos

    A formação desempenha um papel chave para desenvolver e valorizar qualquer setor económico, ao aumentar a capacidade de realização e adaptação dos trabalhadores e promover o desenvolvimento e a adequação das suas qualificações, aumentando consequentemente a sua integração no mercado, com melhores condições, e a produtividade, rentabilidade e atratividade dos projetos e empresas.

    Na construção, o investimento em formação e os níveis de qualificação são historicamente reduzidos face a outras indústrias, encontrando-se ainda, no caso de Portugal, abaixo da média europeia. Ou seja, não existe, em geral, uma valorização do capital humano, o que também tem contribuído para uma crescente escassez de pessoal tecnicamente especializado, principalmente de caráter operacional.

    Este problema, contudo, não é recente. Já no final do séc. XIX, com o programa de fomento contemplando a realização de grandes obras públicas para a renovação e expansão da rede ferroviária, rodoviária e portuária, e na segunda metade do séc. XX, com a adesão à CEE, a intensificação da atividade da construção em Portugal evidenciou a falta de mão-de-obra neste setor. Enquanto durante a primeira metade do séc. XX esta problemática foi atenuada com o funcionamento das chamadas escolas industriais, o ensino profissional foi sendo descontinuado, acabando mesmo por desaparecer após o 25 de abril, em prol do forte crescimento do sistema de ensino superior, direcionado sobretudo para funções mais ligadas à gestão. A criação do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) na década de 80 e as alterações legislativas no âmbito da adesão à CEE contribuíram para mitigar o problema, mas de forma insuficiente e sem visão de longo prazo.

    Requer-se, assim, um pacote de medidas estruturais num horizonte temporal alargado, em que, do lado do governo, o ensino profissionalizante deverá ser recuperado e, do lado da indústria, as construtoras deverão promover a lecionação de cursos e a realização de estágios profissionais para a formação e integração de novos trabalhadores no setor. Neste sentido, deverão ser criados sistemas de incentivo e deverá ser mobilizado um esforço conjunto entre o governo, as instituições de ensino e as empresas, no sentido de adaptar os modelos de ensino e de negócio à evolução do ambiente construído, que requer novas competências.

    O investimento em formação e qualificação no setor da construção não se resume a um mero custo e cumprimento legislativo, mas pretende estimular o desenvolvimento de competências e a valorização das pessoas enquanto fatores decisivos para promover a atração e retenção de talento e contribuir para ultrapassar o crescente défice de mão-de-obra especializada. A excelência da construção depende intrinsecamente da capacidade do seu capital humano em dar resposta à crescente procura por qualidade, eficiência, segurança, sustentabilidade e tecnologia no desenvolvimento dos projetos e no desempenho das organizações.

    NOTA: O Autor escreve segundo o Novo Acordo Ortográfico

    Sobre o autorBruno Carvalho de Matos

    Bruno Carvalho de Matos

    Engº civil
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