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    Opinião

    Certificação e inovação

    A certificação de processos poderá ser, igualmente, um bom suporte à evidência de soluções relacionadas com a economia circular e, concretamente, com os resíduos da construção civil

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    Certificação e inovação

    A certificação de processos poderá ser, igualmente, um bom suporte à evidência de soluções relacionadas com a economia circular e, concretamente, com os resíduos da construção civil

    Sobre o autor
    Francisco Barroca

    Muitas mudanças se avizinham no plano europeu no setor da construção, com várias iniciativas, umas lideradas pela Comissão Europeia outras pelos diferentes stakeholders. O objetivo da Comissão situa-se, essencialmente, nas preocupações ESG, em especial no que se refere às questões ambientais. A Indústria da construção não tem sido pioneira na adoção de inovações, mas a situação parece estar a evoluir. Como tem sido salientado nas recentes edições deste jornal, são várias as iniciativas visando a inovação na indústria da construção no seu caminho para uma construção digital. Novas metodologias, novas ferramentas, muitas já bem disseminadas noutros países mas que em Portugal não são ainda prática da maioria das empresas.

    A inovação faz parte dos principais fatores de crescimento de uma empresa para se diferenciar e para aumentar a produtividade mantendo ou fazendo crescer a sua competitividade. O BIM tem sido uma das ferramentas mais utilizadas na digitalização do setor, e é interessante referir aqui o exemplo italiano, que tem sido líder na sua aplicação e para o que muito contribuiu a exigência nos contratos públicos, apoiada no grande sucesso de um esquema de certificação de pessoas cobrindo especialistas, coordenadores e gestores BIM, que conta já com centenas de técnicos certificados. De referir que foi feito um trabalho prévio para a criação de normas de referência e que esta certificação é baseada em exames escritos.

    Numa obra os materiais de construção não só representam uma parcela relevante no custo total como são um dos fatores principais que contribuem para a qualidade do objetivo da obra.  É, por isso, necessário existir uma definição clara mas rigorosa dos produtos de construção a prescrever em função da sua aplicação e o respetivo controlo.

    A preocupação com os produtos parece-nos, contudo, estar a ficar um pouco esquecida quando falamos sobre qualidade e inovação na construção, e, mais ainda, a exigência da evidência da conformidade dos produtos, que é um ponto básico em mercados de maior valor acrescentado.

    Nós, que acompanhamos a evolução dos produtos de construção fruto de um acompanhamento regular das suas caraterísticas através de ensaios em laboratórios acreditados e da avaliação do respetivo controlo de produção em fábrica, sabemos que os produtos que saem das nossas fábricas cumprem com os requisitos normativos e estão ao nível daqueles que avaliamos no estrangeiro. Embora possamos ser acusados de “puxar a brasa à nossa sardinha” não deixamos de referir que é pena não haver uma prática de certificação do produto por uma terceira parte, dando, assim, mais confiança aos utilizadores.

    Esta é, aliás, a política seguida nos países mais exigentes e que é testemunhada pelos nossos congéneres europeus, que muito se admiram do esforço que ainda fazemos para divulgar a certificação, situação que, para eles, é básica.  Como já aqui tivemos oportunidade de salientar, através das experiências recolhidas na ultima reunião dos organismos europeus, a certificação de produtos e processos está a encaminhar-se para suporte a áreas ligadas às questões da inovação, sustentabilidade e economia circular, com relevo para as questões ligadas aos resíduos.

    A certificação de processos poderá ser, igualmente, um bom suporte à evidência de soluções relacionadas com a economia circular e, concretamente, com os resíduos da construção civil. Sendo esta uma atividade geradora de fortes impactos ambientais, seja pela via do consumo de recursos naturais, seja pelos resíduos que cria, é, também, uma oportunidade para encontrar soluções que possam trazer ganhos consideráveis. Como já referimos em artigos anteriores são já muitos os organismos de certificação de produtos que estão a oferecer certificações que ajudam na avaliação dessas soluções e que têm uma procura relevante por parte do setor.

    NOTA: O autor escreve segundo o Novo Acordo Ortográfico

    Sobre o autorFrancisco Barroca

    Francisco Barroca

    Director geral da CERTIF – Associação para a Certificação
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