Gare de Mons ou a personificação da arquitectura espectáculo de Calatrava [c/ galeria]
: O projecto arrancou em 2011 e foram precisos 11 anos para ficar concluído. Com assinatura do arquitecto e engenheiro espanhol Santiago Calatrava, a Gare de Mons assume o nome da cidade que a alberga, ao mesmo tempo que assume “claramente o estatuto de referência arquitectónica e simboliza as sinergias entre a cultura e a tecnologia” desta cidade belga
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Manuela Sousa Guerreiro
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“Mons tem um património histórico e arquitectónico bastante rico. É, desde 2002, a capital cultural da Região da Valónia, e em 2015 foi Capital Europeia da Cultura. Com uma estética bastante característica, a Gare de Mons impressiona e é impossível dissociá-la da ‘arquitectura espectáculo’ de Calatrava”, sublinha ao CONSTRUIR fonte da Martifer.
A construção da nova Estação Mons, com as suas linhas arquitectónicas muito vincadas e à imagem do que o arquitecto e engenheiro Santiago Calatrava já nos habituou, teve início no ano de 2011 e somente em 2020, após diversas paragens, foi atribuído à Martifer Metallic Constructions o desafio da sua conclusão, tendo sido responsável pela realização parcial do projecto da modernização da gare multimodal. A empresa portuguesa acabou por dar por concluído o projecto já em Agosto do ano passado.
A Gare de Mons consiste numa estação multimodal e toda a estrutura envolvente. O projecto abarcou uma galeria, uma ponte sobre os caminhos-de-ferro e plataformas que ligam duas áreas anteriormente desconectadas e distintas da cidade, a área residencial menos densa, a norte, com a cidade histórica, a sul.
Os desafios impostos pelo arquitecto/engenheiro
A linha arquitectónica e conceptual do projecto, imagem de marca de Santiago Calatrava, confere ao projecto elevados níveis de exigência e complexidade. “Esta complexidade, aliada a uma elevada classe de execução, aumentou ainda mais o grau de exigência da Martifer” na execução da empreitada a qual incluiu o fornecimento e a montagem de aproximadamente 3 000 toneladas de estrutura metálica, às quais se somaram a montagem de 600 toneladas adicionais de estrutura metálica, previamente fabricada e armazenada em obra. Em paralelo, foram ainda realizados trabalhos associados à desmontagem de estruturas temporárias que ainda permaneciam de empreitadas anteriores.
As 3 000 toneladas de estrutura metálica foram fabricadas nas fábricas do Grupo, em Oliveira de Frades e em Viana do Castelo (West Sea), tendo sido posteriormente transportadas por via terrestre até à cidade de Mons, na Bélgica.
Entre as maiores dificuldades do projecto, a empresa portuguesa elege as suas “geometrias singulares”, mas também o facto das obras terem decorrido com a estação multimodal em pleno funcionamento que obrigou ao cumprimento de regras de segurança restritivas, com planos de trabalho limitados. Acresce que o clima desta cidade, localizada a 70 quilómetros de Bruxelas, com os seus “Invernos rigorosos e existência de quatro estações num só dia, interrompem trabalhos de pintura, dificultam a soldadura, abrandam o ritmo e levam a alterações diárias, que exigem muita capacidade de adaptação e flexibilidade”.
O projecto decorreu em plena pandemia da Covid-19 e por isso sofreu ainda com os constrangimentos inerentes a esta situação. “Só com uma grande capacidade de resiliência e adaptação ao planeamento foi possível concluir este projecto dentro do prazo acordado com o cliente”.
Martifer: Construção Metálica com crescimento moderado em 2023
A Construção Metálica, a par da Indústria Naval e das Renováveis & Energia, é uma das três áreas fortes do Grupo português, e decorre da reestruturação profunda do seu posicionamento estratégico. Para 2023, a estratégia delineada assente na dicotomia “escolha criteriosa de mercados, clientes e produtos vs preço, com foco na produtividade, na organização das equipas e na primazia dos centros de produção exportadores”, continuará a fazer desta o negócio core do grupo Martifer.
“Para 2023, prevemos que a Construção Metálica tenha um crescimento moderado. O mercado do Reino Unido, após um ano com menor actividade devido a diversos factores, voltará a ter um peso significativo, muito devido aos novos projectos previstos para aquele país, como é o caso do projecto High Speed Two, que nos foi recentemente adjudicado”.
Noutras geografias onde está presente, nomeadamente Espanha, França, Roménia, Arábia Saudita e Angola, “prevemos uma continuação do percurso do ano anterior, com um crescimento moderado. Mantemo-nos atentos a projectos fora destas geografias de forma a replicar o sucesso obtido na Suíça, na Bélgica, no Ruanda ou na Costa do Marfim”, refere fonte do grupo ao CONSTRUIR.
O grupo divide em dois tipos os desafios a enfrentar em 2023. O primeiro decorre da conjuntura económica e política internacional: a guerra da Ucrânia a subida da inflação e das taxas de Juro farão do planeamento e gestão dos riscos o exercício maior. Por outro lado, à semelhança do sector AEC, o grupo debate-se com o problema da escassez de mão-de-obra especializada, do desafio da digitalização e da descarbonização.