Análise: Primeiros seis meses do ano serão de ‘wait & see’
Segundo a Cushman & Wakefield, as previsões iniciais apontam para um investimento imobiliário na ordem dos 2 MM€ em 2023, contudo, tendo em conta o clima de incerteza, “é espectável que os primeiros seis meses sejam de ‘wait & see’ por parte dos investidores”
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Depois de um ano “surpreendentemente” positivo para o mercado português, o sector está “mais cauteloso” no que respeita a 2023. Segundo Eric van Leuven, director geral da Cushman & Wakefield, “Portugal não ficará imune ao clima de apreensão que reina no Norte da Europa, onde aliás são tomadas muitas das decisões relativamente a investimento no nosso País”.
A subida das taxas de juro e a maior dificuldade de financiamento, resultantes do clima de incerteza que se vive, poderão fazer adiar decisões de investimento até haver maior clareza.
“É por isso espectável que os primeiros seis meses de 2023 sejam de ‘wait & see’ por parte dos investidores”, reforça Eric van Leuven, que falava no âmbito da apresentação dos resultados do mercado imobiliário nacional em 2022 e as suas perspectivas para 2023.
Ainda assim, “Portugal continua firmemente no radar dos investidores apresentando fundamentais positivos o que faz com que esteja muito bem posicionado para a retoma”. Prova disso são as perspectivas de futuros negócios, que não se concretizaram em 2022 e que por isso deverão ficar concluídos nos primeiros meses deste ano. As previsões iniciais apontam para um investimento na ordem dos dois mil milhões de euros, indica a consultora.
No que respeita à ocupação do imobiliário, a procura mantém-se activa, nomeadamente de escritórios e armazéns, num contexto de reduzida oferta nova, deixando antever a manutenção ou até subida de valores de renda em certos sectores e localizações.
Já no que diz respeito ao ano transacto, o investimento imobiliário aponta para um crescimento na ordem dos 39%, situando-se perto dos três mil milhões de euros em transacções, onde se destacou o sector da hotelaria com a aquisição pela DK do Portfólio Crow à ECS Capital por um valor entre os 600 e os 650 milhões de euros e que representou 30% do volume transaccionado.
Seguiu-se o sector dos escritórios, responsável por cerca de 27% do total investido, coim destaque para a aquisição pela Sonae Sierra e Bankinter do edifício Atrium Saldanha, ao Grupo Fibeira, por 205 milhões de euros, a aquisição pelo Grupo Castel à Explorer de um portfolio de três edifícios de escritórios localizados em Lisboa por um valor entre os 110 e 120 milhões de euroa e a aquisição pela Merlin Properties da antiga sede do Novo Banco, na Avenida da Liberdade, por 112 milhões de euros.
Na terceira posição encontra-se o mercado de Industrial e Logística com 605 milhões de euros, multiplicando por oito o valor investido, tanto em 2020, como em 2021. Destacaram-se as aquisições pela Blackstone do portfólio Connect ao Novo Banco, e de um portfólio de 15 imóveis logísticos à M7 Real Estate.
Por seu lado, os sectores alternativos afirmam-se cada vez mais junto dos investidores institucionais, tendo sido responsáveis por 12% do total investido, essencialmente representados pela transacção de um portfólio de residências de estudantes da Smart Studios, vendido à Round Hill Capital.