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    Nuno Sampaio (créditos: Ivo Tavares Studio)

    Arquitectura

    A Casa ou o lado menos visível da arquitectura

    Cerca de 70% do trabalho do arquitecto nunca chega a ser construído e, na maioria das vezes, esse trabalho nunca chega a ser visível. Foi esta vontade de mostrar ‘o outro lado’ da arquitectura que impulsionou a criação da Casa da Arquitectura (CA) enquanto “instituição de promoção da arquitectura”. Hoje, mais do que nunca, a CA tem um papel de consciencialização junto da população

    Cidália Lopes

    Nuno Sampaio (créditos: Ivo Tavares Studio)

    Arquitectura

    A Casa ou o lado menos visível da arquitectura

    Cerca de 70% do trabalho do arquitecto nunca chega a ser construído e, na maioria das vezes, esse trabalho nunca chega a ser visível. Foi esta vontade de mostrar ‘o outro lado’ da arquitectura que impulsionou a criação da Casa da Arquitectura (CA) enquanto “instituição de promoção da arquitectura”. Hoje, mais do que nunca, a CA tem um papel de consciencialização junto da população

    Cidália Lopes
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    Constituída como associação desde 2007, foi em 2017 que a Casa da Arquitectura se instalou na recuperada Real Vinícola, em Matosinhos. Cinco anos volvidos, este espaço tornou-se a Casa de alguns dos mais importantes acervos nacionais e internacionais. Em conversa com a Traço, Nuno Sampaio, director executivo, falou sobre o trabalho realizado até aqui, os projectos futuros da CA, enquanto interlocutor entre os arquitectos e a sociedade, mas também, sobre a importância de ‘fazer’ arquitectura.

    Créditos: Ivo Tavares Studio

    Traço: Como surgiu a ideia, a vontade de criar esta Casa?

    Nuno Sampaio (NS): A Casa da Arquitectura surgiu pela necessidade de curadoria de uma instituição nacional de promoção da arquitectura e pela vontade de cuidar de um património arquitectónico documental, isto porque cerca de 70% do trabalho do arquitecto nunca chega a ser construído. Portanto existe uma forma de reutilizarmos essa experiência de vida dos arquitectos que de outra forma nunca chega a ser visível nem aproveitada. Surgiu, assim, a vontade de fazer uma instituição de promoção da arquitectura.

    A iniciativa surge por parte da Câmara Municipal de Matosinhos (CMM), que viu a oportunidade de a Casa ficar em Matosinhos e curiosamente de ser na terra do arquitecto Álvaro Siza, sendo o local ideal para poder apoiar uma instituição que se queria desde logo uma instituição nacional e até de âmbito internacional.

    Depois de uma reunião com entidades como o IPPAR, a Ordem dos Arquitectos e outras ligadas à arquitectura e à cultura, além de um conjunto de empresários, a ideia do nome da CA surgiu na sequência de uma conversa entre o Belmiro de Azevedo e o Álvaro Siza. Foi Belmiro de Azevedo que disse que não podia chamar-se museu da arquitectura porque “essa coisa dos museus parece uma coisa muito morta. Vamos chamar-lhe Casa, a Casa onde nós podemos reunir os amigos”. E assim foi. Na altura, pela mão do principal empresário português, que surgiu esta instituição, que começou por ser uma associação.

    Ou seja, sendo uma jovem instituição, tem na Real Vinícola, enquanto Centro Português de Arquitectura cinco anos, apesar de ter tido uma vida de ‘gestação’, de preparação, de quase sete anos.

    A partir do momento em que ficou pronto o quarteirão da Real Vinícola, feito pela CMM, com um investimento de mais de 10 milhões de euros, a Casa da Arquitectura passou a ter as condições físicas que lhe possibilitaram ser o Centro Português da Arquitectura. Este centro actua em várias áreas, começando pela base, que é o tratamento de acervo, um trabalho profundo, silencioso, moroso, caro de se fazer, que é cuidar do património documental dos arquitectos.

    Quando vamos a um museu de arte, nós vemos a peça de arte, o quadro ou a escultura, quando vamos a um museu de arquitectura vemos representações dessas arquitectura – filmes, desenhos, fotografias, maquetes. A arquitectura está lá fora, são os edifícios e o espaço público, mas este material também é preciso preservar. Portanto, o primeiro trabalho da Casa da Arquitectura é receber, fisicamente, trabalhar, cuidar, preservar, recuperar e preservar o património documental dos arquitectos.

    A segunda área é, naturalmente, uma grande responsabilidade para que esse acervo se torne disponível para a sociedade. No fundo, o dinheiro que se gasta para conservar e tratar e documentar e catalogar os acervos de arquitectura tinham que ser postos à disposição das pessoas, seja em formato físico, seja de forma digital, algo que conseguimos este ano.  Neste momento, temos um edifício digital, o chamado ‘second building’ onde colocamos tudo aquilo que arquivamos para que todos os acervos que lá se encontram possam ser visitáveis e consultáveis a partir de qualquer parte do Mundo.

    O terceiro trabalho é o da promoção da investigação. A CA fez um protocolo com o Estado em que está a desenvolver, com a Fundação de Ciências e Tecnologias, mais de 200 anos de investigação. Ou seja, durante cinco anos, 10 investigadores podem ganhar bolsas que vão até quatro anos pagas para poderem investigar os acervos da Casa. E depois temos, ainda, outras políticas de apoio à investigação e ao estudo, como por exemplo, a criação de uma residência artística, na antiga casa de família de Álvaro Siza, onde o arquitecto realizou o seu primeiro projecto (um pavilhão no quintal) a pedido de seu pai, quando tinha 16 anos, e que irá permitir que outros venham de fora e possam estar com melhores condições a trabalharem na Casa, sejam investigadores estrangeiros, curadores e até jornalistas.

    Depois existe uma outra dimensão, mais publica, que se divide em algumas alíneas, que é a promoção da arquitectura junto do grande público. Esta vertente, até de serviço público de levar a arquitectura até à sociedade, para que a arquitectura seja entendida pelas pessoas, na forma como decorre o processo gerador dessa arquitectura. Normalmente quando se contrata um arquitecto não nos dão nem o orçamento, nem o tempo para fazer um projecto, porque as pessoas não sabem o que é um projecto, nem muitas vezes qual é o benefício de terem um arquitecto a fazer o projecto de sua casa, do espaço onde trabalham ou até, num plano mais público, ter o espaço público cuidado, desenhado por um arquitecto. Nessa perspectiva, é muito importante o papel da CA, ou seja, a criação de uma consciência pública sobre a importância da arquitectura para a sociedade para que haja uma maior exigência da população perante os operadores, quer os públicos, quer os privados (imobiliários).

    Quanto mais consciente for um autarca da importância do seu espaço público ser feito por um arquitecto, mais facilmente discute e exige o melhor projecto, o que leva naturalmente a um melhor espaço público e quem beneficia é a população.

    O mecanismo que a CA encontra é trabalhar este universo, que somos todos nós, os consumidores da boa ou da má arquitectura, para que entendam, reflictam e se tornem conscientes e simultaneamente mais exigentes. É preciso não esquecer que a habitação, por exemplo, é o primeiro direito constitucional. Nós entendemos que, nada nem melhor, preparado para poder desenhar essa habitação que os arquitectos. Este trabalho da CA é naturalmente conservar o material, permitir que seja investigado e estudado, mas dirige-se essencialmente à população em geral para aumentar a consciência de que uma boa arquitectura influencia na vida de cada um de nós.

    E este trabalho é feito com exposições, seminários, coisas onde nos possamos falar de arquitectura e de território, mas de uma forma que as pessoas possam entender, ver e que seja acessível.

    Créditos: Ivo Tavares Studio

    Que balanço faz destes cinco anos?

    É um balanço muito positivo. A CA conseguiu, num curtíssimo espaço de tempo, consciencializar e dar a entender à sociedade que é um espaço aberto para falar de arquitectura para toda a gente e este aspecto foi muito bem entendido pela própria população.

    Por outro lado, conseguiu afirmar-se na sua dimensão nacional. O Centro Português de Arquitectura tem como objectivo actuar em todo o território nacional. Isto é fundamental. E uma prova disso é o recém-criado o ‘Tours’, uma iniciativa conjunta com o Turismo de Portugal, em que estarão abertos para visita um conjunto de espaços, que até Agosto do próximo ano serão no total 150, em todo o território nacional, continente e ilhas. Foram criados percursos em todo o País com edifícios abertos e gente competente para poder explicar essa arquitectura, ou seja, de forma descomplicada e descodificada.

    Outro grande objectivo que a CA atingiu foi a sua dimensão internacional, nomeadamente, com um acervo de mais de 200 doadores proveniente do Brasil. Em consequência deste trabalho, a CA tornou-se a primeira instituição do mundo a receber colecções de acervo territoriais com curadoria, ou seja, de um determinado território, de um determinado arco temporal, discutido e escolhido por quem sabe e conhece.

    Actualmente quantos acervos é que têm?

    Só do Brasil temos cerca de 60 nomes envolvidos, entre eles Paulo Mendes da Rocha e Lúcio Costa, o que deu uma dimensão internacional à CA. Dos arquitectos portugueses, além do Eduardo Souto de Moura, do Pedro Ramalho, o Carrilho da Graça, Teresa Fonseca, temos, recentemente, mais dois nomes, a Teresa Seixas e o Manuel Correia Fernandes e, ainda, o José Gigante, que ofereceu não só o seu acervo de arquitectura, como o acervo fotográfico do seu pai, Jorge Gigante. Temos, também, o acervo do fotografo Luís Ferreira Alves, ligado à arquitectura e à cidade.

    Importância da arquitectura

    Quais os planos para o futuro da CA?

    Vamos começar a actuar sobre o espaço da visita da arquitectura com este novo projecto com o Turismo de Portugal que se soma a uma outra iniciativa que já tínhamos que era o Porto Open House.

    Para o próximo ano iremos ter uma grande exposição do arquitecto Paulo Mendes da Rocha, também na óptica de mostrar aquilo que arquivamos. Com curadoria do arquitecto e historiador de arquitectura Jean-Louis Cohen e de Vanessa Grossman, arquitecta brasileira sediada em Roterdão, esta será uma exposição única, porque é a oportunidade que de se ver tantos originais do arquitecto brasileiro num só espaço e que já fazem parte do acervo da Casa.

    Outra área para nós muito importante, é o lançamento de publicações de referência de forma regular. A ideia que nós queremos mostrar é que com a CA se podem decidir reflexões de estudos, de investigações, que depois possam ser compradas em livro e que sejam de grande referência a nível mundial.

    Estes livros serão produzidos e comercializados pela CA e depois distribuídos pelas diferentes livrarias em Portugal e no estrangeiro, também noutras línguas em co-produção com outras editoras.

    Outra área que temos assumido, é a possibilidade da CA promover novos estudos. Seja pelas exposições, sejam momentos onde chamamos várias pessoas a estudarem a arquitectura sobre um determinado problema ou um conjunto de problemas sobre uma determinada matéria. O próximo que estamos a organizar é sobre os contextos de emergência e como é que a arquitectura pode ajudar nestes contextos.

    Falamos, por exemplo, em contextos de suburbanidade, como as favelas, ou em situações onde existe falta de água, como África, ou então em cidades, que pelo contrário têm um conjunto de acidentes climáticos cada vez mais comuns e que criam em alguns momentos destruições maciças e que, portanto, é preciso que a arquitectura dê uma resposta e de forma rápida, eficiente, concreta. Outras são, naturalmente, os grandes êxodos que temos na Europa ou em contextos de guerra e que não têm lugar onde ficar e que é preciso resolver e com condições condignas. Estes sistemas vão ser abordados numa exposição, chamada ‘Arquitectura em contexto de emergência’, e num conjunto de actividades, onde serão chamados peritos mundiais, activistas inclusivamente, para pensarem como é que a arquitectura pode ajudar essas pessoas.

    Segundo Souto de Moura, a arquitectura serve para resolver problemas. E, portanto, partindo desta premissa não queremos apenas mostrar o quão bonita é a arquitectura ou quão fantástico é o trabalho daquele arquitecto, no passado, nos últimos 30 anos, mas também termos uma visão, uma perspectiva do futuro, para ajudar a resolver problemas e para que as populações vivam melhor.

    Tendo em conta a emergência que o planeta vive com as alterações climáticas e com as consequentes catástrofes que provocam é cada vez mais um tema que faz parte do dia-a-dia dos arquitectos. Esta é uma área que já seja estudada?

    Quer dizer, a arquitectura é talvez das áreas disciplinares mais transversais no conhecimento. Nós trabalhamos com biólogos, com engenheiros de estruturas, engenheiros hidráulicos, paisagistas, com sociólogos, economistas, com construtores. No fundo, o que estamos a ver é uma tendência, que nem sempre parece positiva, mas que pode também trazer oportunidades, é a sociedade dizer que arquitectos e construtores se entendam para arranjar produtos que sirvam a sociedade.

    Muitas vezes sabemos que o lucro fácil de alguns construtores pode levar a que se baixe a qualidade da arquitectura. Portanto, é ainda mais importante que este papel da CA, de ajudar a criar rapidamente uma consciência pública da importância da qualidade na arquitectura como factor de melhoramento das condições de vida das populações.

    Ou seja, que, com a nova legislação que o Estado português criou sobre a concepção-construção, nós não fiquemos reféns do lucro fácil de alguns construtores que ganham ao preço mais baixo. Que o próprio Estado entenda que é preciso lançar concursos com outros objectivos que não o preço mais baixo.

    Créditos: Ivo Tavares Studio

    As ‘contas’ do Estado

    Em teoria essa questão está prevista, mas depois na prática as coisas são bastante diferentes. Até em matéria de sustentabilidade, onde alguns concursos colocam este critério de avaliação em último…

    Exactamente. Nós sabemos que alguma sustentabilidade sai cara no momento da construção, mas por outro lado, poupa-se no prazo de vida do edifício e na exploração que fazemos do edifício. Por isso, os regulamentos são cada vez mais exigentes, ao nível térmico, acústico, etc. O metro quadrado está cada vez mais caro e quando queremos construir em grande quantidade, muitas vezes há tendência para reduzir a qualidade para termos arquitecturas que tenham a capacidade de resolver os problemas, mas ‘baratinho’. E esta é uma tentação que nós não podemos ter. Nós enquanto sociedade. O facto de termos uma nova forma de encomendar arquitectura que essa não fique refém, como nós sabemos e que aconteceu no passado nos finais de 70 e inícios de 80, em que se produziam muitas coisas pelos chamados ‘patos bravos’, que eram construtores não qualificados, que nem chamavam arquitectos a fazer os projectos. Actualmente, temos construtores mais qualificados, mas não sei se é porque o mercado público assim o exige produtos mais baratos que depois nos saem mais caros a todos, nomeadamente no que diz respeito à exploração energética de quem vive nesses edifícios para ter as condições térmicas, sai muito mais caro à sociedade.

    Neste momento, o Estado está a promover um conjunto de habitação para arrendamento acessível, por exemplo, e em todas as situações o preço é o critério com mais peso…

    Na minha opinião está-se a fazer mal as contas. Se tivermos em conta quanto é que custa esses edifícios em boas condições construtivas a 30 anos e se somarmos os custos relativos à sua exploração energética, nomeadamente em aquecimento e arrefecimento, vai gastar-se mais seguramente. Esta é uma verdade La Palisse.

    Como podem os arquitectos contornar esta situação?

    Vão ter de unir esforços com os construtores, mas ao mesmo tempo tem que se trabalhar para que o Estado Português exija qualidade nas compras que faz. E não podemos comprar arquitectura ou edifícios da mesma maneira que compramos papel higiénico.

    Como é que se quer atingir as metas climáticas se depois o que se está a construir neste momento não vai ao encontro desses objectivos?

    Existe aqui um problema, que é também um desafio muito grande. Como é que nós podemos dar as mãos aos construtores, produzindo soluções desde pré-fabricações, a rentabilidade no teste de modelo tipológico, na medida em que já sabemos quanto é que mede uma sala, um quarto como é que se organiza, a casa de banho já vir construída e apenas acoplar.

    Acredita que a pré-fabricação dos módulos em fábrica vai ser a solução no futuro?

    Não tenho dúvida. Agora não pode ser feito na perspectiva, como acontece muitas vezes na indústria, em que uma pequena diferença multiplicada por milhões de unidades faz com que se reduza os custos, mas muitas vezes não é quantificável quanto essa diferença custa na qualidade de vida espacial de quem a habita, mas sem que isso retire qualidade às habitações.

    Da mesma forma que o covid introduziu alterações na forma como habitamos, em que já não basta termos um escritório em casa, porque numa situação de confinamento o que precisamos é que todos os quartos tenham um espaço extra para trabalhar, agora é preciso também entender que também se tornou importante que cada quarto tenha uma suite por questões de higiene, por exemplo.

    Nunca deixar ‘parar a mão’

    Para terminar, gostaria de saber, além do trabalho que tem desenvolvido na CA, onde é que fica o Nuno Sampaio enquanto arquitecto?

    Nós arquitectos nunca gostamos de deixar parar a mão. É fundamental para nós não perdermos o contacto com a prática. Sabemos que muito colegas pelas funções que exercem em alguns organismos públicos, como eu à frente de uma associação, temos o tempo muito limitado, mas ainda vou fazendo algumas coisas e tenho sempre esperança que possa fazer mais. A minha esperança é que um dia eu não seja necessário e que as pessoas tenham esta capacidade de entender a arquitectura. Sabemos que a construção desta consciência que nunca vai terminar.

    Gostava de voltar a dedicar-se à 100% à arquitectura um dia?

    Talvez um dia, porque não. Nunca ponho isso de parte.

    Sobre o autorCidália Lopes

    Cidália Lopes

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    CCB ‘revisita’ obra de Hestnes Ferreira

    Ciclo de visitas no âmbito da exposição Forma | Matéria | Luz acontece entre os dias 24 de Novembro a 15 de Março de 2025

    CONSTRUIR

    No âmbito da exposição Hestnes Ferreira – Forma | Matéria | Luz, que decorre no CCB até 13 de Abril de 2025, está previsto um conjunto de visitas guiadas à exposição e a obras representativas da autoria deste arquitecto.

    Estas visitas, orientadas por arquitectos, proporcionam a oportunidade de aprofundar e expandir perspectivas sobre a obra de Hestnes Ferreira, promovendo diferentes vivências em cada edifício e prestando particular atenção à sua forma, matéria e luz. Embora de participação gratuita, requerem inscrição prévia.

    Neste sentido, a 24 de Novembro, integrado na programação dos 50 anos do 25 de Abril, irá decorrer a visita ao Bairro Fonsecas e Calçada, com orientação de Michel Toussaint, arquitecto e investigador do Centro de Investigação em Arquitetura, Urbanismo e Design.

    Já em 2025, a 11 de Janeiro, o arquitecto, director do Dinâmia’CET-ISCTE e curador da exposição, Paulo Tormenta Pinto, orienta a visita à Biblioteca de Marvila. Depois, a 22 de Fevereiro, está prevista a visita ao campus ISCTE, com orientação do vice-reitor da universidade, Bernardo Miranda.

    A última iniciativa acontece a 15 de Março, com a visita à casa de Albarraque. A orientação é de Luís Urbano, arquitecto e investigador.

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    Prémio Ammodo Architecture 2024 distingue projecto Outros Bairros em Cabo Verde

    A Ammodo Architecture divulga os primeiros vencedores do “Ammodo Architecture Award”, uma nova iniciativa anual que apoia a arquitectura social e ecologicamente responsável e os seus criadores em todo o mundo. São 23 os premiados e entre eles o projeto ISOB de Ângelo Lopes, Jakob Kling, Nuno Flores e Rita Rainho

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    A Ammodo Architecture divulga os primeiros vencedores do “Ammodo Architecture Award”, uma nova iniciativa anual que apoia a arquitectura social e ecologicamente responsável e os seus criadores em todo o mundo. São 23 os premiados, divididos em três categorias Arquitectura Social, Envolvimento Social e Escala Local.

    Em Cabo Verde, o projeto “International Seminar on Outros Bairros” (ISOB) de Ângelo Lopes, Jakob Kling, Nuno Flores e Rita Rainho (I2ADS – Universidade do Porto) foi distinguido na categoria Social Engagement do prémio AMMODO Architecture Award 2024.

    O prémio reforça o papel essencial e transformador da arquitectura na abordagem de desafios sociais e ambientais, conferindo visibilidade à comunidade global de arquitectura e a praticantes locais. A Ammodo Architecture prioriza o modo como os premiados estabelecem novos projectos e iniciativas para enfrentar desafios contemporâneos, com novas perspectivas e conhecimentos em arquitectura. Juntamente com o prémio, está a ser desenvolvida uma plataforma de conhecimento que visa tornar visíveis os projectos e fomentar a partilha de conhecimento – elemento central desta iniciativa será um arquivo digital em expansão.

    Os premiados foram seleccionados por um comité consultivo multidisciplinar global, presidido por Joumana El Zein Khoury, directora executiva da World Press Photo Foundation, incluindo: Andrés Jaque, arquitecto, reitor e professor na Columbia University GSAPP em Nova Iorque; Anupama Kundoo, arquitecta e professora na TU Berlin; Floris Alkemade, arquitecto e ex-arquitecto chefe do governo dos Países Baixos; e Mariam Issoufou, arquitecta e professora na ETH Zurich. A selecção de potenciais projectos foi organizada através de uma convocatória aberta e de uma equipa global de embaixadores regionais experientes.

    A distinção agora atribuída permitirá aos arquitectos e investigadores realizar a programação do International Seminar on Outros Bairros (ISOB), entre Janeiro de 2025 e Junho de 2026, que consistirá num concurso de práticas artísticas em espaço público, quatro workshops, um seminário internacional e uma exposição. Além disso, será organizado o arquivo digital da Iniciativa Outros Bairros (IOB) e do próprio ISOB. Desta forma o grupo de arquitectos e investigadores propõe uma reflexão sobre os territórios autoproduzidos existentes em Cabo Verde, a partir da experiência vivida enquanto membros em vários momentos da IOB, onde adoptaram uma abordagem do urbanismo relacional procurando a compreensão do modo de vida da população local.

    IOB foi realizada entre 2019 e 2022 em três zonas auto-produzidas na ilha de São Vicente, Cabo Verde. Foi uma acção financeiramente possível como iniciativa governamental associada ao Ministério das Infraestruturas, do Ordenamento do Território e Habitação do Governo de Cabo Verde MIOTH e acompanhada por um compromisso técnico e científico do Ministério do Ambiente e da Acção Climática do Governo de Portugal.

    Este novo projeto, apoiado pela Ammodo Architecture Award 2024, visa retomar e expandir, a partir de Cabo Verde, o debate sobre como actuar no território, considerando o actual processo planetário de urbanização.

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    Casa da Arquitectura presta homenagem a Nuno Portas no seu sétimo aniversário

    Para celebrar o sétimo aniversário, a Casa da Arquitectura preparou um conjunto de iniciativas que irão decorrer nos dias 22, 23 e 24 de Novembro. Ao arquitecto e urbanista Nuno Portas será atribuído o título de Associado Honorário 2024

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    No ano em que se comemora o cinquentenário da Revolução de Abril e dias após a abertura da Exposição “O que faz falta. 50 anos de arquitetura portuguesa em democracia”, a Casa da Arquitectura presta homenagem, no seu sétimo aniversário, ao arquitecto e urbanista Nuno Portas, figura de proa no desenho das linhas políticas para habitação, reabilitação urbana e urbanismo do Portugal democrático, atribuindo-lhe o título de Associado Honorário 2024 numa cerimónia a decorrer no sábado, dia 23 de Novembro.

    A programação de aniversário inclui ainda a segunda edição do Seminário Internacional de Arquitetura e Sustentabilidade SHIFT, nos dias 22 e 23 de Novembro, a entrega de títulos aos Jovens Embaixadores da Arquitectura, uma conversa integrada no Programa Paralelo da Exposição “O que faz falta”, Oficinas, Performances, visitas guiadas e um concerto do arquiCoro da FAUP no espaço da exposição.

    Simultaneamente, vai estar aberta ao público, a Exposição “Made in Portugal” da MOR Design com peças de alta qualidade, criadas em colaboração com artesãos e designers de renome destacando-se nomes como Álvaro Siza Vieira, Manuel Aires Mateus, Keiji Takeuchi e Kengo Kuma.

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    Segunda edição do Architect@Work Lisboa regressa à FIL

    A segunda edição do evento, que teve inicio na Bélgica em 2003, e conhecido pelo seu formato “disruptivo” acontece nos dias 4 e 5 de Dezembro

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    Nos dias 4 e 5 de Dezembro, a FIL Lisboa, abre as suas portas para a segunda edição da Architec@Work Lisboa. Depois do “sucesso” da primeira edição e que demonstrou que “os arquitectos e designers de interiores precisavam definitivamente de um evento B2B de alto nível especificamente dedicado à sua profissão”, o evento volta para dois dias de debates e exposições.

    Materiais saudáveis em arquitectura, a aprendizagem e prática de arquitectura e a ligaçao entre Espaço, Natureza e Identidade são os temas do primeiro dia de conferências. Para o dia 5, os seminários abordam as temáticas como a arquitectura das emoções, património e contemporaneidade e a profissão do arquitecto.

    Concebido num formato disruptivo, pensado para criar uma conexão “informal” entre os fabricantes, arquitectos e designers, a marca surge em 2003, na Bélgica, depois de se verificar uma lacuna neste tipo de eventos.

    Com o foco na inovação, os expositores são obrigados a trazer para o evento as principais novidades, cujos produtos são primeiramente sujeitos a uma avaliação por parte de um júri de arquitectos e designers de interiores.

    Mais do que um espaço de exposição, o Architect @ Work pretende ser um espaço “único, dinâmico e acolhedor”, semelhante a um lounge. Os corredores tradicionais da FIL são transformados em áreas lounge onde se pode relaxar, ter reuniões de uma forma mais informal e privada e o mais importante: onde se pode desfrutar do catering gratuito que é fornecido durante todo o evento para os visitantes bem como para os expositores.

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    Aldeia da Chumbaria, gabinete Arquitectura Viva

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    Reabilitação da Aldeia da Chumbaria através do turismo [C/ galeria de imagens]

    O atelier português Arquitectura Viva assina a 1ª fase da reabilitação da Aldeia da Chumbaria, no concelho de Leiria. O projecto que dá, literalmente, uma nova vida a uma antiga aldeia abandonada, visa criar alojamentos locais direccionados para retiros de bem-estar, com uma abordagem sustentável. Premissa que é seguida pelo programa de reabilitação de onde sobressai o respeito pelos materiais naturais

    Quase por acaso o projecto de reabilitação da Aldeia da Chumbaria, no concelho de Leiria, foi parar ao atelier de Arquitectura Viva, fundado por Joana Couto e Rui Pedro Simões. Um acaso feliz que junta visões, dos proprietários e dos arquitectos, ideias e ideais, na concretização de um projecto que, através do turismo, pretende trazer nova vida a uma aldeia abandonada e, com isso, revitalizar as aldeias circundantes da região onde se insere.

    Em plena serra do Branco, no lugar da Memória, está localizada a Aldeia, do alto do monte avista-se toda a serra. O local conquistou Steven e Sarah, o casal inglês que em 2019 adquiriu a aldeia e os cerca de três hectares de terra para aí desenvolverem o seu projecto de permacultura. A aldeia votada ao abandono há já várias décadas possui seis conjuntos de construções em ruínas que agora, faseadamente, ganham nova vida. O projecto visa criar alojamentos locais, direccionados para retiros de bem-estar, com uma abordagem sustentável, oferecendo workshops de permacultura, yoga, reiki e muito contacto com a natureza. “A aldeia tem 11 casas, no total, aglutinadas em seis artigos. Neste momento reabilitámos duas casas e temos mais dois projectos aprovados que, a qualquer momento, podem iniciar a reabilitação”, conta a arquitecta Joana Couto. “Os proprietários queriam uma reabilitação em que a aldeia continuasse a ser uma aldeia, com coerência entre edifícios. A premissa era voltar a dar vida à aldeia, através do Turismo”, continua a arquitecta.

    A primeira fase do projecto compreendeu a reabilitação do primeiro conjunto. Originalmente, a construção terá sido um estábulo no rés-do-chão, com um possível celeiro ou habitação no piso superior, seguindo o esquema tradicional da arquitectura vernacular. O projecto converteu o celeiro, cujas lajes e coberturas ficaram destruídas por um incêndio há cerca de dez anos, em dois pequenos alojamentos. “Da nossa parte ficou logo claro que queríamos manter ao máximo o aspecto formal das casas e, que todas as alterações que fossem implementadas, como aberturas de vãos maiores, fossem assumidas. A introdução de betão à vista acabou por surgir da necessidade de criar suporte e estrutura para a abertura de vãos maiores”, criando, simultaneamente uma maior fluidez entre o interior e a paisagem exterior.

    Assumir os materiais naturais é mais do que pressuposto
    No interior, as paredes foram revestidas com blocos de betão de cânhamo, proporcionando conforto térmico e acústico. “Inicialmente, os blocos seriam rebocados, mas a textura e o aspecto agradaram-nos tanto que optamos por deixá-los à vista”. A ideia original era utilizarmos paredes de cânhamo feitas no local, através de cofragem, como se faz com o betão, mas após uma experiência menos positiva, mudámos para blocos de cânhamo pré-fabricados. “Felizmente os clientes apoiaram sempre as nossas decisões e concordaram em deixar os blocos à vista”, afirma Joana Couto, a qual reconhece ser uma “solução muito pouco usual”.
    Pouco usual, ou não, a verdade é que mostrar os materiais utilizados, tal como eles são, fazem parte do trabalho do atelier. “Esse é um pressuposto nosso, uma quase teimosia!”, reconhece Joana Couto. “Gostamos de utilizar materiais naturais e deixá-los os mais crus possíveis. Queremos que a estrutura de madeira seja assumida e fique à vista, que os apoios necessários em betão se mantenham em betão e, neste caso, que o cânhamo fique à vista”, reforça.
    “O grande objectivo deste projecto é utilizar os materiais exactamente como são, mostrando as suas funções e potencialidades, sem máscaras. O pavimento do rés-do-chão foi finalizado com uma betonilha afagada, enquanto o piso superior recebeu um soalho de madeira, assente numa estrutura de madeira que serve de tecto ao rés-do-chão. As paredes revestidas em betão de cânhamo cumprem o seu propósito térmico e acústico, e os novos elementos estruturais de betão são deixados sem revestimento. As estruturas das coberturas, tão bem executadas, também são mantidas expostas.

    A combinação de elementos tradicionais, como paredes de alvenaria de pedra e coberturas de madeira, com elementos contemporâneos, como a escada de aço, os envidraçados e os detalhes de betão, garantem a identidade única do projecto”.

    Já a utilização do cânhamo partiu de uma sugestão de Steven e Sarah, e da sua preferência por soluções sustentáveis e o mais natural possível. “O cânhamo tem um excelente comportamento, quer térmico quer acústico, é também resistente ao fogo, que era mais uma preocupação dos clientes, sendo um óptimo regulador de humidade. Sendo as paredes existentes compostas por pedra, a introdução do cânhamo trouxe bastante conforto às casas. Mesmo em termos visuais, as casas ganharam bastante com a introdução dos blocos à vista”, acrescenta Joana Couto.

    Da casualidade a um match perfeito vai um breve passo
    Ainda sem prazo para terminar a totalidade da empreitada, em breve deverão arrancar as próximas reabilitações na Aldeia da Chumbaria. Entre os elementos a reabilitar estará mais uma casa e um outro edifício, maior, que albergará dois alojamentos e uma sala polivalente, com será uma peça crucial na Aldeia e na criação de um espírito de comunidade. “Os proprietários já estão a envolver as aldeias vizinhas na reconstrução da aldeia, estão a fazer formações e workshops na área da permacultura, bem-estar, meditação, reiki… esta sala polivalente permitirá a realização de eventos maiores”, explica Joana, que partilha com Rui Pedro Simões este trabalho de reabilitação da Aldeia da Chumbaria.

    A dupla de arquitectos fundou o Arquitectura Viva um atelier de arquitectura, paisagismo, interiores e urbanismo para quem “este projecto é um exemplo claro daquilo que caracteriza o nosso atelier: a reabilitação consciente e integrada de espaços com uma história e identidade próprias”.

    “Desde o início, temos como compromisso a preservação do carácter do local e a valorização dos materiais naturais e sustentáveis, adaptando as construções para que atendam às exigências actuais sem perderem autenticidade. A reabilitação desta aldeia permitiu-nos aprofundar o nosso conhecimento, introduzindo técnicas de construção como o uso de cânhamo. É um projecto que se alinha perfeitamente com o nosso foco na valorização da paisagem e no respeito pelas tradições”, considera a dupla de arquitectos de Leiria.

    Ficha técnica
    Arquitectura: Arquitectura Viva
    Nome do projecto: Aldeia da Chumbaria – fase 1
    Ano de conclusão do projecto: 2024
    Área bruta construída: 184m2
    Localização do projecto: Chumbaria, Memória, Leiria

    Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

    Manuela Sousa Guerreiro

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    Arquitectura

    “Dispensa da fase de revisão pode criar graves problemas aos projectistas e investimentos de grande escala”

    O presidente da Secção de Lisboa e Vale do Tejo da Ordem dos Arquitectos, Pedro Novo, aponta as consequências da decisão tomada pelo Goveno em Conselho de Ministros, que permite a dispensa da fase de revisão de projeto de execução na fase da contratação de alguns projectos

    Ricardo Batista

    O Governo aprovou, em Conselho de Ministros, um decreto que permite a dispensa da fase de revisão de projeto de execução na fase da contratação, uma medida que, segundo o ministro da Presidência, Leitão Amaro, visa acelerar a execução dos fundos europeus, num momento em que “há muitos investimentos parados à espera de decisões de licenciamento”.

    Ao CONSTRUIR, o presidente da Secção de Lisboa e Vale do Tejo da Ordem dos Arquitectos, reage a esta decisão, considerando que “aprovar um decreto-lei que permite a dispensa da fase de revisão do projeto, poderá criar graves problemas às equipas projectistas e impactar a qualidade e eficiência, sobretudo nos investimentos de grande escala”. No entender de Pedro Novo, “revisão de projeto é uma etapa fundamental no processo de melhoria da qualidade dos projectos de arquitectura e especialidades”, tratando-se de uma etapa que garante que o projecto atende aos objetivos esperados e reduz os riscos de falhas ou não conformidades, identificando possíveis omissões, mitigando erros e riscos, clarificando processos e sistemas construtivos na ulterior execução da empreitada”.

    “Mais uma vez, de forma pouco ponderada, acrescem responsabilidade sobre os arquitectos, desconsiderando, a qualidade da construção, factores de segurança, previsibildiade e fundamentalmente o interesse público”, lamenta Pedro Novo.

    A decisão do Governo vai incidir sobre investimentos de mais de 400 mil euros e que obriguem à contratação de uma nova entidade terceira, tempo de interação, muito mais tempo de burocracia que em vários casos leva a que as empreitadas de obras públicas se atrasem para além do prazo previsto inicialmente e podem colocar em causa os fundos europeus.

    “Por muito importantes que as regras da contratação pública sejam”, sublinhou o ministro da presidência, “não podemos assistir a que a forma como as regras são aplicadas acaba por ter como consequência a perda de fundos europeus, um atraso fatal em projetos de investimento público”. O ministro Adjunto e da Coesão Territorial já tinha anunciado no Parlamento que o Governo seguiu o apelo da ANMP e ia dispensar a revisão obrigatória dos projetos. “Sou muito entusiasta que se faça a revisão dos projetos. Mas não será por isso que não serão cumpridos”, disse Manuel Castro Almeida, na Comissão de Orçamento e Finanças, no âmbito da discussão do Orçamento do Estado na especialidade.

    A dispensa de revisão não é para todos, mas “apenas quando os municípios comprovem que, se fizerem a revisão de projeto, o tempo que aí se vai perder os impede de executar o projeto dentro do prazo previsto do PRR e do PT2030”, explicou o ministro. Só nesse caso o município fundamenta a dispensa da revisão obrigatória do projeto.

    Sobre o autorRicardo Batista

    Ricardo Batista

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    Crédito: Ana Barros, Projeto KOJA, Arquitetura Kristian Talvitie

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    Exposição de Fotografia: “Co-Creating Spaces: Dialogues Between Architecture and Nature” inaugura este Sábado no Porto

    Através das objectivas dos fotógrafos Ana Barros, Alexander Bogorodskiy, Fernando Guerra e Ivo Tavares, a exposição revela uma perspectiva diversificada da interacção entre o mundo natural e o mundo construído

    CONSTRUIR

    O gabinete Hori-zonte apresenta uma exposição de fotografia intitulada” co-Creating Spaces: Diálogos entre Arquitetura e Natureza”, que inaugura a 16 de Novembro. Esta mostra integra a programação da Galeria Municipal do Porto, Circuitos ‘24 – Arte Contemporânea Porto e terá lugar no seu escritório, no Porto.

    Esta exposição de fotografia procura reimaginar a relação entre as estruturas construídas pelo homem e a natureza. Destaca a forma como a arquitectura e a natureza se entrelaçam, remodelando-se mutuamente numa troca contínua e fluida.

    Através das objectivas dos fotógrafos Ana Barros, Alexander Bogorodskiy, Fernando Guerra e Ivo Tavares, a exposição revela uma perspectiva diversificada desta interacção.

    A entrada é livre e pode ser visitada até ao dia 25 de novembro.

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    © Hugo David 2023

    Arquitectura

    Gonçalo M. Tavares e ‘As cidades e as casas’

    ‘Onde fica a nossa casa?’ é uma das perguntas da investigação levada a cabo por Gonçalo M. Tavares e que irá culminar em livro em 2026. A apresentação decorre esta quinta-feira, 14 de Novembro, às 18h30, no Pólo Cultural da Trienal

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    Esta quinta-feira, 14 de Novembro, às 18h30, Gonçalo M. Tavares apresenta no Pólo Cultural da Trienal uma nova etapa de desenvolvimento do projecto editorial conjunto ‘As Cidades e as Casas’. Este futuro livro é dedicado a pensar como a casa e o espaço público se transformam em espaço familiar em termos de integração.

    Nesta apresentação Gonçalo M. Tavares convoca outras vozes da literatura como António Lobo Antunes (“a mesa de jantar acabava na cama”) e das artes, como a dupla Dutes Miller e Stan Shellabarger, entre uma miríade de obras literárias e artísticas que são revisitadas para integrar a reflexão sobre as várias dimensões contidas na pergunta: Onde fica a nossa casa?

    Nesta sessão, para além de projecções de vídeos, vão participar artistas que, de diferentes países, migraram para Portugal para continuar a fazer a sua arte, como Jean Paul Bucchieri, encenador nascido em Itália, Larissa Lewandoski, artista visual brasileira, ou Lauren Mendinueta, poeta colombiana.

    A investigação bibliográfica, visual e de campo de uma equipa multidisciplinar que iniciou em 2023 e se estende ao longo de três anos vai culminar com a publicação de um livro em 2026.

    Esta é a segunda apresentação seguida de uma conversa com o público sobre questões cruciais: Qual a diferença entre a casa da infância e a casa onde vivemos hoje? Qual o percurso entre estas duas casas? A partir de que sentimento/acontecimento começou esse percurso – do medo, da necessidade? do amor, do desejo? do acaso? Como se muda de casa e de país? E qual a última casa? Há uma primeira casa, uma casa do meio e uma última? Como encontrar a última casa? Que país é a nossa casa?

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    Arquitectura

    “Espaços onde vivemos, trabalhamos e circulamos são determinantes para a nossa saúde mental”

    Decorre, no dia 28 de Novembro o I Encontro de Neuroarquitectura, Bem-Estar e ESG (Environmental, Social e Governance), uma reunião multidisciplinar onde será debatido o impacto dos espaços interiores e exteriores no bem-estar emocional, nos comportamentos e na saúde mental

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    O cruzamento destes dois conceitos não é recente, contudo, só desde a década de 90, com o contributo das ferramentas aplicadas nas Neurociências, foi possível gerar evidências robustas que permitem quantificar o impacto dos espaços interiores e exteriores no comportamento e nas emoções humanas. A pandemia veio consolidar, na vida real, os dados provenientes destes estudos.

    Segundo Teresa Ribeiro, “já na década de 50, quando tentava desenvolver a vacina contra a poliomielite, Jonas Salk teve necessidade de sair do seu laboratório e viajar para Itália para desbloquear o processo que o impedia de avançar nas suas experiências. Foi junto à Basílica de S. Francisco de Assis que sentiu a inspiração criativa que lhe faltava para concretizar esta importante descoberta da Medicina”. É por isso que, ainda hoje, no Instituto batizado com o seu nome, na Califórnia, todos os laboratórios têm janelas voltadas para o mar. Aliás, é nesse Instituto que, desde 2002, está sediada a ANFA (Academy of Neuroscience for Architecture).

    De acordo com a arquitceta e membro da Comissão Organizadora do I Encontro de Neuroarquitetura, Bem-Estar e ESG, “a maioria das nossas decisões não é consciente, contudo, impacta a nossa saúde física e mental. Partindo destes conhecimentos, tentamos, através da Arquitectura e do Urbanismo, que os utilizadores tenham comportamentos benéficos para a sua saúde mental, psicológica e social. Na verdade, há vários factores que podem ser manipulados e ajustados para que as pessoas tenham melhor qualidade de vida”.

    Segundo o evidence based design, há características dos espaços que favorecem a saúde mental e reduzem o stresse e comportamentos negativos. Por exemplo, “o contacto com a natureza e com materiais naturais como a madeira, a exposição à luz solar, o tipo de luz artificial e o seu impacto nos ciclos circadianos. Isto é válido para as nossas casas, assim como para os locais onde trabalhamos”. Além disso, “é válido também para os espaços exteriores porque nenhum espaço é neutro”.

    A pandemia e a obrigação de confinamento vieram confirmar os estudos que determinam esta relação. A degradação da saúde mental das populações após a pandemia representa, actualmente, uma preocupação de saúde pública em todas as faixas etárias. “Esse efeito prende-se, obviamente, com a privação da vida social e do contacto interpessoal a que estávamos acostumados, mas também com os espaços onde ficámos confinados. Não é por acaso que muitas famílias saíram dos seus apartamentos em zonas urbanas para fazerem a quarentena em meios rurais, em casas com quintais ou varandas, onde tinham acesso a uma horta, a espaços verdes e a contacto com a natureza”, argumenta Teresa Ribeiro.

    Segundo a arquitecta, a arquitectura aplicada à neurociência teve um grande crescimento após a pandemia precisamente por causa desse impacto na saúde mental. E mesmo depois da pandemia, “as famílias que procuram habitação, têm agora em consideração alguns critérios que até então não valorizavam: varandas grandes que enchem de plantas, materiais naturais e menos tóxicos e, sobretudo, certificações ambientais e energéticas. Tudo isto contribui para um maior equilíbrio emocional, para uma melhor qualidade de vida e para uma redução do risco de stresse”.

    Estes e outros temas estarão em debate no dia 28 de novembro, no Hotel Lumen, em Lisboa, onde estarão reunidos profissionais da área da arquitectura e design, da construção, do sector imobiliário e das neurociências.
    “Trabalhamos para um bem comum. Todos queremos ter melhores casas, melhores empresas, melhores hospitais, melhores escolas, melhores cidades. Neste sector, todos temos um papel porque aquilo que construímos vai ficar cá. Vai permanecer mesmo quando não estivermos cá nós. É algo que vamos deixar a quem vem depois. As nossas ações vão ter um impacto em toda a sociedade”, conclui Teresa Ribeiro.

    A organização do I Encontro de Neuroarquitetura, Bem-Estar e ESG está a cargo da Academia Portuguesa de Neuroarquitetura, da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários e do Espaço Arquitectura. O evento conta com o apoio da Ordem dos Arquitectos.

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    Huebergass Bern, GWJ Architektur

    Arquitectura

    União Internacional de Arquitectos distingue projecto “colaborativo” na Suiça

    O ‘Huebergass’ em Berna recebeu o Prémio UIA 2030 na categoria “Habitação adequada, segura e acessível”, na medida em que o seu desenvolvimento “colaborativo” e “transdisciplinar” corresponde, em muitos aspectos, aos 17 Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

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    O ‘Huebergass’ em Berna recebeu o Prémio UIA 2030 na categoria “Habitação adequada, segura e acessível”. O prémio foi atribuído esta quarta-feira, dia 6 de Novembro de 2024, pela União Internacional de Arquitectos, em cooperação com a UN-Habitat, no Fórum Urbano Mundial do Cairo.

    O projecto residencial Huebergass und Stadtteilpark Holligen (Hueber Lane e parque distrital Holligen), localizado na capital suíça de Berna, foi desenvolvido num processo “colaborativo” e de uma forma “transdisciplinar”, o que corresponde, em muitos aspectos, aos 17 Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e é o resultado de “uma equipa com valores partilhados, um compromisso sério com o bairro e a inclusão, e a capacidade de transformar momentos difíceis em energia positiva”, descreve a organização da iniciativa.

    O Huebergass em Berna já cumpre em muitos aspectos as metas de sustentabilidade estabelecidas pela ONU. Estas metas foram também objecto do Congresso da UIA em Copenhaga.

    O empreendimento, juntamente com outros três projectos da Suíça, foi apresentado no congresso. Como os mais de 100 apartamentos estão ocupados há dois anos, pode-se avaliar se e como as metas ambiciosas foram cumpridas.

    O conceito foi desenvolvido pela GWJ Architektur (Berna), ORT für Landschaftsarchitektur – arquitectos paisagistas – (Zurique), e o parceiro social Martin Beutler (Soziale Plastik, Berna).

    O prémio, atribuído de dois em dois anos, foi lançado pela UIA em cooperação com a ONU-Habitat em Outubro de 2021 para promover o trabalho dos arquitectos que contribuem para a implementação da Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável e da Nova Agenda Urbana.

    Cerca de 100 projectos de 33 países participaram nesta edição. Dos 50 finalistas, que mostraram o seu edifício em utilização através de um pequeno vídeo, o júri seleccionou 12 vencedores a nível mundial (dois em cada uma das seis categorias).

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