Estudo: “O que fazer com tantos painéis solares em fim de vida?”
A questão reflecte uma problemática que pode, dentro de alguns anos, ser bem real. Com a expansão do mercado fotovoltaico, há que pensar no que fazer com os painéis obsoletos, cujos resíduos são altamente tóxicos para o meio ambiente
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Sendo Portugal um País que aposta na produção de energia solar gerada através de painéis fotovoltaicos, a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) está a desenvolver um projecto que aposta na criação de um processo inovador para reciclar resíduos de painéis solares.
O “SUSTe – Development of SUStainable and integrative bioprocess for the recovery of TellurIum-based nanoparticles from photovoltaic wastes” foi pensado para resolver um problema ambiental que ainda não existe, mas que há de chegar: O que fazer com tantos painéis solares em fim de vida? e foi um dos vencedores da terceira edição do “Projectos Semente de Investigação Científica Interdisciplinar” Santander UC.
Altamente tóxicos para o meio ambiente, a ideia é que os resíduos dos painéis solares possam vir a ser usados na indústria. A primeira fase “foi bem-sucedida”, mas o processo é complexo, como explica Jorge Pereira, do Centro de Investigação em Engenharia dos Processos Químicos e dos Produtos da Floresta (CIEPQPF), do departamento de Engenharia Química da FCTUC, que lidera a equipa de investigação.
Da mesma equipa fazem parte Rita Branco e Pedro Farias, do CEMMPRE- Center for Mechanical Engineering Materials and Processes, José Paixão do CFisUC – Centro de Física da Universidade de Coimbra, Inês Costa, da Universidade de Coimbra e Helena Ribeiro e Carmem Gonçalves do CIEPQPF.
De metal tóxico a nanopartículas
A solução proposta pela equipa liderada por passa por, através de um modelo de economia circular, “dar uma segunda vida aos metais”. Neste caso, apresentar o telúrio, um resíduo dos painéis fotovoltaicos, na forma de nanopartículas para uma aplicação biomédica terá um valor muito superior.
“A ideia é usar bactérias que acumulam o telúrio que está nos resíduos dos painéis de filme fino cádmio/ telúrio, para depois desenvolver uma plataforma integrada e sustentável que possa ser usada a nível industrial”, explica Jorge Pereira.
Assim, os investigadores começaram por estudar de que forma seria possível obter mais nanopartículas e, posteriormente, desenvolveram métodos para extrai-las através da utilização de solventes de origem biológica e que não tenham uma pegada ambiental negativa.
“É então nesta primeira fase da produção que são utilizadas as bactérias específicas que conseguem acumular o metal e convertê-lo em nanopartículas, mas este processo ocorre dentro da célula. O que por si só já é um desafio, que que, para poderem ser utilizadas as nanopartículas têm de estar puras, de tamanho uniforme, temos que obter nanopartículas de qualidade”, garante Jorge Pereira
Numa segunda fase, a investigação irá testar a “purificação destes produtos metálicos após a actividade biológica”. Neste sentido, a equipa já desenvolveu uma metodologia eficiente para recuperar as partículas, encontrando-se, no entanto, a testar “diferentes estratégias de separação e purificação”.
A equipa está agora a iniciar a caracterização das nanopartículas obtidas, com o intuito de averiguar se estas têm propriedades físicas e químicas para poderem ser testadas como biossensores ou em outras aplicações biomédicas. O próximo passo será encontrar uma empresa que trabalhe na reciclagem deste tipo de equipamentos ou empresas que produzem e façam a recuperação desses painéis para que seja possível testar em verdadeiros resíduos de painéis solares.