Venda de carteiras de crédito malparado em Portugal deverá cair mais de 40% para 1.7MM€
O país perdeu também ritmo na redução do crédito malparado do sistema financeiro. Em Junho de 2022 existiam 7.5 MM€ em crédito em incumprimento nos bancos portugueses, reduzindo apenas 200 M€ face ao final de 2021. Este stock representa 3,3% do total de crédito concedido. Os dados são revelados pela Prime Yield no seu mais recente estudo “Investing in NPL in Iberia 2022”
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O investimento em carteiras de crédito malparado (Non-Performing Loans, NPL na sigla inglesa) deverá travar significativamente este ano, estimando-se que a venda de portfólios deste tipo de activos ascenda a 1.7 mil milhões de euros, de acordo com a Prime Yield no seu mais recente research sobre este mercado na Ibéria. “Investing in NPL in Iberia” acaba de ser lançado e assinala já a sua quinta edição.
Este volume apresenta uma queda de 44% face aos 3 mil milhões de euros transaccionados em 2021, ano em que a actividade recuperou após a travagem de 2020, quando as transacções não foram além dos 1,0 mil milhões de euros, reflectindo o impacto da pandemia.
De acordo com, “Os valores agora apurados contrariam bastante as estimativas que tínhamos no início do ano, as quais apontavam para a continuação da retoma da actividade para os níveis pré-Covid, cujos padrões se situavam entre os 6.5 mil milhões de euros e os 8.0 mil milhões de euros anuais. Mas, na realidade, já vimos que a conjuntura tem, a capacidade de se alterar de forma muito rápida e, também neste mercado surgiram alguns factores que, conjugados, acabaram por resultar num arrefecimento da actividade transaccional”, explica Nelson Rêgo, CEO da Prime Yield.
De acordo com a Prime Yield, esta perda de ritmo face a 2021 fica a dever-se à conjugação essencial de três factores: Em primeiro lugar, as carteiras que estão activas no mercado são de menor dimensão do que antes, afectando o volume global transaccionado. O volume de vendas de 2021 reflecte a negociação de 13 portfólios, enquanto 2022, apesar da quebra assinalável no montante, sinaliza um número semelhante de operações (11).
Em segundo lugar, há uma efectiva redução do número de carteiras a surgir no mercado, pois não só o stock de malparado não aumentou, como se observou a entrada de vários servicers no mercado, os quais actuam numa fase prévia da recuperação do crédito, limitando as carteiras que chegam ao mercado para investimento final.
Por último, continua a existir um desencontro forte nas expectativas de preço entre vendedores e compradores. A Banca tem hoje menor pressão para vender, tentando obter melhor preço pelos portfólios. Já os investidores mostram-se menos abertos a pagar mais, daí decorrendo um desajuste de preços e uma maior demora na concretização dos negócios.
Na perspectiva de Nelson Rêgo, “Portugal continua a apresentar excelentes oportunidades e o fluxo de carteiras a surgir no mercado vai continuar, especialmente ao longo de 2023. A conjuntura económica marcada por uma elevada inflação e o aumento das taxas de juro deverá ter impacto no crescimento do crédito malparado, embora a próxima onda de carteiras em incumprimento deva surgir apenas no final de 2023 e no ano seguinte. Numa primeira fase, o incumprimento deverá afectar mais o segmento de empresas, especialmente as PMEs, e numa segunda fase o crédito às famílias, nomeadamente no âmbito do financiamento para aquisição de habitação”, sustenta.
Para já, a perda de dinâmica na venda de NPL foi acompanhada por uma redução bastante mais lenta do volume de crédito malparado no sistema financeiro português. No 2º trimestre deste ano, Portugal contabilizava 7.5 mil milhões de euros de crédito em incumprimento nos Bancos nacionais, um montante que corresponde a 3,3% do crédito total concedido no país. Este volume fica apenas 200 milhões de euros abaixo do final de 2021, mas reduz em 1.3 mil milhões de euros face aos 8.8 mil milhões de euros contabilizados no mesmo período de 2021.
No contexto europeu, Portugal é o país com o décimo maior volume de NPL, embora possuindo um stock bastante inferior aos dos líderes França, que detém cerca de 109.7 mil milhões de euros, de Espanha, com 78.9 mil milhões de euros, ou de Itália, onde ainda permanecem 51.8 mil milhões de euros. Para mais, o NPL no sistema financeiro português equivale actualmente a um terço do registado há três anos, quando o stock ascendia a 21.3 mil milhões de euros.
Em termos do crédito malparado atual, as empresas representam a maior fatia, nomeadamente 64% do stock contabilizado no país, o equivalente a €4.8 mil milhões. Deste volume, 73% está concentrado nas PME’s (3.5 mil milhões de euros), sendo que 42% do crédito malparado às empresas está garantido por imobiliário corporativo, no valor de 2.0 mil milhões de euros. O segmento das famílias contabiliza 2.7 mil milhões de euros em malparado, o que representa 36% do stock total. Deste valor, 1.1 mil milhões de euros diz respeito a crédito à habitação.
A Prime Yield lança anualmente o relatório” Investing in NPL in Iberia”, onde estima o potencial de transacção de crédito malparado em Portugal e Espanha. O estudo apresenta um balanço da actividade transaccional de NPL em 2022, além de analisar o stock e rácio deste tipo de crédito no respectivo sistema financeiro, disponibilizando ainda um olhar sobre a economia e o mercado imobiliário.