“O nosso posicionamento é diferenciador ao nível da qualidade arquitectónica”
A Quinta da Freixeira, em Loures, é o maior empreendimento do Grupo ADDSolid e que permite “elevar o conceito de sustentabilidade ao nível do bairro”. Mas, para 2023, a promotora prevê avançar com um conjunto de outros empreendimentos que totalizam mais 20 M€. Porto e Algarve estão igualmente nos planos da promotora
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Ao CONSTRUIR, Tiago Cerdeira Pinto, COO da ADDSolid, falou do mercado, da tão adiada construção para a classe média e daquilo que atrai o Grupo a investir, onde o conceito de “cidade dos 15 minutos” está cada vez mais presente
Qual a estratégia de investimento do Grupo? De que forma é que se posicionam no mercado?
Investimos principalmente em promoção residencial para venda na área metropolitana de Lisboa e para o segmento médio/alto, onde temos atualmente oito empreendimentos em desenvolvimento, alguns em fase de licenciamento e outros em construção. O nosso posicionamento é diferenciador ao nível da qualidade arquitectónica, afastado do modelo tradicional dirigido ao “mass market”, mesmo no segmento de preço médio, primando em simultâneo por garantir excelentes níveis de conforto e sustentabilidade. Paralelamente, possuímos e gerimos uma carteira de rendimento de imóveis de habitação e outros usos, como escritórios, ginásios e lojas, que se encontram arrendados.
Qual o volume de investimento que prevêem para os próximos anos?
Do pipeline que possuímos de cerca de 200 fogos, encontram-se actualmente 38 em construção e prevemos o arranque de empreitada de 46 unidades no próximo ano. O investimento previsto para o próximo ano é de 20 milhões de euros, com expectativa de incremento gradual nos anos seguintes.
Quais os próximos projectos a serem lançados?
Pretendemos iniciar no próximo ano a construção e comercialização de dois empreendimentos de construção nova, Castelo Branco Saraiva e Townhouses AAR, ambos localizados na Penha de França, em Lisboa, um empreendimento em São Domingos de Benfica, e um pequeno condomínio de 12 moradias inserido no loteamento Jardins de Santiago, em Setúbal. Todos estes empreendimentos são exclusivamente residenciais e pretendem alcançar um comprador de classe média.
Que leitura fazem da actual situação do mercado imobiliário?
O grau de incerteza é elevado por factores externos ao imobiliário do conhecimento comum, tanto políticos como económicos, particularmente a elevada inflação. Um agravar da crise causada por estes factores poderá contagiar o mercado imobiliário. De qualquer forma, o sector tem factualmente resistido, mantendo-se um enorme desequilíbrio entre a oferta e a procura, com a escassez de oferta a alavancar os preços.
No sector, mantém-se o caos burocrático do licenciamento urbanístico, principalmente no município de Lisboa, o que, com a manutenção da procura, contribui para a falta de oferta e subida dos preços. A promoção privada para a classe média portuguesa é uma equação sem solução enquanto os prazos de licenciamento não forem encurtados e a carga fiscal reduzida, particularmente o IVA a 23%. Temos exemplos de projectos inicialmente concebidos para a classe média com processos camarários iniciados há quatro anos e que até ao momento ainda não estão concluídos, tendo de suportar a compra do terreno, impostos sobre a aquisição e detenção do terreno, projectos, gestão, entre outros custos, sem qualquer retorno, o que irá obviamente repercutir-se no custo final dos fogos.
O projecto da Quinta da Freixeira dita um novo paradigma do que se pretende em termos de sustentabilidade. Serão assim os próximos projectos da ADDSolid?
A Quinta da Freixeira tem uma escala que permite elevar o conceito de sustentabilidade ao nível do bairro, procurando proporcionar aos seus residentes e trabalhadores um modo de vida de qualidade superior. Esta premissa traduz-se na certificação LiderA que procurámos e atingimos logo em fase de loteamento, que será seguida nos projectos de moradias e outros edifícios no local.
De qualquer forma, mesmo os projectos de menor escala privilegiam a sustentabilidade, que não é apenas ambiental, mas também económica e social. Por exemplo, o empreendimento Castelo Branco Saraiva, localizado na Penha de França e cuja construção será iniciada no próximo ano, visa responder à classe média jovem que procura uma primeira habitação num bairro calmo e tranquilo de Lisboa.
Procuramos sempre que os nossos projectos contribuam de forma positiva para a sociedade em que vivemos, construindo espaços que sejam não só uma melhoria significativa para as cidades e sociedades em que se inserem, mas também para o ambiente, contrariando os níveis de poluição e consumos energéticos crescentes.
Porto e Algarve nos planos
Os vossos projectos estão situados na AML. Que outras localizações consideram atractivas ou que factores podem ditar o vosso interesse?
Procuramos neste momento novas localizações para projectos residenciais, tanto de construção nova como de reabilitação, e alargar a área geográfica de actuação dentro da AML e para a Área Metropolitana do Porto e Algarve, zonas onde existe procura efectiva e escassez de oferta. Encontrarmos uma administração local eficiente, reduzindo o tempo de análise dos processos de licenciamento, será um factor fulcral na escolha de novos projectos. A Quinta da Freixeira, localizada em Loures, foi já resultado da expansão para outras áreas da região de Lisboa, onde submetemos a licenciamento um loteamento com cerca de 30.000 m2 na expectativa de maior eficiência dos serviços camarários.
No nosso entendimento, todos os projectos têm uma responsabilidade social muito importante, a de contribuir para a constante melhoria da nossa sociedade e das nossas cidades, e um empreendimento isolado por si só não é capaz de responder às necessidades multidisciplinares dos habitantes. Pode, no entanto, ser um catalisador de mudança e marcar o ritmo para que a cidade mude, surgindo por arrasto a multiplicidade programática que responde às várias necessidades de uma vida quotidiana equilibrada. Pesa assim na nossa escolha o enquadramento e potencial a médio/longo prazo da localização, privilegiando zonas não consolidadas ou negligenciadas nos municípios, carentes de um marco para se alavancarem e atraírem residentes. A proximidade à natureza ou a parques urbanos também são essenciais, assim como a acessibilidade a comércio, equipamentos e serviços, indo ao encontro do modelo de “cidade de 15 minutos”, onde a oferta programática de serviços, comércio e habitação permite responder localmente à maioria das necessidades do dia-a-dia.