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Pontes Inteligentes são o novo desafio da BERD
O que começou por ser um spin-off da FEUP, cedo se tornou um caso sério de inovação e desenvolvimento. Depois do lançamento do sistema OPS e das pontes modulares MBS, a empresa prepara uma nova revolução na engenharia de pontes com a Bridge Intelligence
Manuela Sousa Guerreiro
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A BERD, acrónimo para Bridge Engineering Research & Design, é uma empresa portuguesa que fornecesse soluções integradas de engenharia de pontes e actua na venda ou aluguer de soluções para a construção de pontes. A empresa entrou no mercado para revolucionar a indústria de construção e fê-lo à nascença com o lançamento comercial do Organic Prestressing System e da sua aplicação a cimbres autolançáveis. “É uma tecnologia inspirada no musculo humano, é um sistema de controlo activo que envolve electrónica, engenharia mecânica e engenharia de estruturas. Mas desde então já registamos mais cinco patentes e tivemos vários ciclos de investimento”, explica Pedro Pacheco, CEO da BERD.
A criação do OPS deu novos limites à construção de tabuleiros de pontes e viadutos, antes desta tecnologia apenas era possível construir vãos até 78 metros, com este sistema já foi batido o recorde mundial com a construção do primeiro vão de 90 metros. Este método de construção in situ levou ao desenvolvimento de tecnologias adicionais e complementares ao sistema OPS. “Recentemente, em resultado de uma parceria, com a Faculdade de Engenharia, desenvolvemos um sistema que permite avaliar o endurecimento do betão e que elimina a necessidade de testes em obra. No fim do dia, a grande vantagem é que com este sistema os engenheiros recebem um SMS no telemóvel a informar que o betão está endurecido, sem outros custos industriais adicionais”, refere Pedro Pacheco.
A invenção, e inovação da BERD, desde cedo convenceu as empresas, de construção e as de venture capital, o que lhe permitiu arranjar financiamento para a área de investigação e desenvolvimento. Um modelo de crescimento que ainda hoje persiste.
Em 2016, a BERD criou uma nova área de negócio relacionada com as soluções de pontos modulares MBS, a qual veio, uma vez mais, revolucionar o mercado. Uma área que foi constituída como uma spin-in da BERD e que em 2018 conquistou o concurso internacional lançado pelo ministério dos Transportes e Comunicações do Peru para o fornecimento de pontes modulares, com vãos entre os 15 e os 60 metros, no valor de 17 milhões de euros com o objectivo de responder às necessidades das ocorrências do El Niño. O mesmo projecto que este ano conquistou o prémio internacional atribuído pela EECS European Steel Bridge Awards 2022, por representarem “uma grande evolução ao nível da engenharia”, permitindo uma poupança de 20% no consumo de aço, face aos projectos convencionais, com uma redição da pegada de carbono, tendo sido emitidas menos 3240 toneladas de CO2, comparativamente à média dos projectos tradicionais, a par da evolução estética.
“Este projecto já se encontra finalizado, mas esta é uma das áreas de negócio que mais cresceu, representando, desde 2019 mais de 50% da facturação da BERD. As pontes modelares foram essencialmente desenvolvidas por um engenheiro inglês, Donald Bailey, durante a segunda guerra mundial e eram usadas para fins militares. Esse modelo pelas suas múltiplas vantagens no tempo de montagem e na facilidade de adaptação a várias configurações começou a ser muito usado não só para fins militares, mas também para fins civis. E Este é o modelo adoptado por todos os nossos concorrentes, mas que obedece a um paradigma próprio do século XX, em que cada peça era pensada para ser transportada por quatro militares e isso condicionava o desenho, as ligações e a concepção da ponte. Nós pegamos no tema e resolvemos pensar as pontes do zero, pensando no contexto do seculo XXI”, conta Pedro Pacheco.
Um salto na Inteligência
Aos dois rounds de investimento a BERD acrescentou, recentemente, um terceiro. A entrada de um novo accionista no capital da BERD promete revolucionar a já inovadora empresa. “Há um novo investimento que vai dar origem a uma nova spin-in, mas que poderá dar origem a uma spin-off, que é a Bridge Intelligence. Esta é uma área nova que está ligada à inteligência artificial”, adianta Pedro Pacheco. O CEO da BERD prefere, para já, não desenvolver aquela que é a nova área de investigação e desenvolvimento da BERD e a qual promete ter efeitos, muito substanciais, no próximo ciclo de negócios da empresa que inicia no final de 2023.
“Fazemos as contas por triénio porque os nossos negócios são de natureza plurianual e, portanto, fazem sentido nessa logica. Estamos a crescer desde a origem e este triénio, até ao momento, já temos um volume de negócios contratado que já ultrapassa o triénio anterior e ainda estamos a meio deste ciclo, 2021 – 2023. Acredito que o crescimento da BERD será expressivo no final de 2023”, refere o CEO da empresa.
Um resultado para o qual contribuem “apenas” aquelas que são as áreas de negócio actuais da empresa e ainda sem influência da Bridge Intelligence, a qual segundo Pedro Pacheco terá “um impacto expressivo, mas apenas no próximo triénio”.
Com actividade essencialmente internacional, a BERD é hoje uma marca premium a nível mundial, líder europeu no segmento onde actua. Com projectos desenvolvidos em cinco continentes, com clientes e projectos em dezenas de países. Neste triénio destacam-se os mercados dos EUA, Alemanha, UK, França, Países Baixos, Eslováquia, Peru, Egipto e Moçambique. A actividade em Portugal arrancou este triénio, embora continue a representar menos de 5% da facturação.