Arquitectura

“Acho que a abordagem para mitigar a crise climática precisa ser radical”

Arquitecta, investigadora e docente, Marina Tabassum é a vencedora do Prémio Carreira Trienal de Lisboa Millenium bcp, da edição de 2022. Segundo a organização, a sua prática ao longo das últimas três décadas a partir natural do Bangladesh, de onde é natural, “é um exemplo inspirador de como o trabalho em arquitectura com comunidades locais pode ter repercussões em todo o Planeta” indo, por isso, ao encontro dos valores propostos de Terra

Cidália Lopes
Arquitectura

“Acho que a abordagem para mitigar a crise climática precisa ser radical”

Arquitecta, investigadora e docente, Marina Tabassum é a vencedora do Prémio Carreira Trienal de Lisboa Millenium bcp, da edição de 2022. Segundo a organização, a sua prática ao longo das últimas três décadas a partir natural do Bangladesh, de onde é natural, “é um exemplo inspirador de como o trabalho em arquitectura com comunidades locais pode ter repercussões em todo o Planeta” indo, por isso, ao encontro dos valores propostos de Terra

Cidália Lopes
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Cidália Lopes
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Em entrevista à Traço, a Marina Tabassum aponta o importante papel da selecção de materiais e estratégias ambientais na definição do tecido do edifício como forma de minimizar os efeitos das alterações climáticas e acredita que a abordagem precisa “ser radical”. Da mesma forma, considera que a arquitectura deve assumir “um papel de agente de mudança” no que diz respeito ao trabalho junto de comunidades locais mais desfavorecidas. Uma prática que deve sobrepor-se “a um mercado orientado para o lucro”. O caminho já começou e, com este prémio, Tabassum pretende estimular, ainda mais, discussões sobre o papel da arquitectura na mudança de pensamentos e valores.

Qual é a importância desta distinção?

Os reconhecimentos são importantes, pois trazem para o foco questões e buscas que são relevantes para o nosso tempo e contexto. Estamos a viver um momento muito interessante de mudança de paradigmas. Espero que distinções como esta da Trienal de Lisboa estimulem discussões sobre o papel que a arquitectura pode ter na adaptação da paisagem à mudança dos nossos pensamentos e valores.

Qual a importância do papel da arquitectura como veículo/ferramenta social?

A indústria da construção civil, da qual nós arquitectos somos parte integrante, é um dos maiores contribuintes da crise climática, aumentando o stock de resíduos e o acesso desigual a um ambiente de vida de qualidade.

Se considerarmos o contexto actual do nosso tempo em que o ambiente natural habitável está ameaçado pelo excesso de extracção da matéria-prima e produção com o foco único no crescimento económico, isso criou uma enorme disparidade nas condições de vida tanto no contexto urbano quanto no rural. Quão responsável será nossa profissão se o continuarmos a negligenciar? A arquitectura, os arquitectos e toda a indústria da construção têm responsabilidade para com uma sociedade equitativa. Como profissão criativa temos a capacidade de reimaginar e reinventar formas de usar a arquitectura como ferramenta social.

Bait-Ur-Rouf-Mosque_©-Sandro-Di-Carlo-Darsa

A urgência de cuidar da ‘Terra’ leva a uma mudança radical na forma como a arquitectura é projectada e feita. Quais são as principais mudanças que já se fazem sentir?

A Terra pode curar-se sem intervenção humana, se reduzirmos as nossas actividades antropogénicas. Cuidar da Terra é, na verdade, cuidar do nosso ambiente habitável. Testemunhámos durante a pandemia, quando entrámos em confinamento, como a natureza se cura quando as actividades humanas são reduzidas. Precisamos restaurar o ecossistema, limpar o ar e a água, reduzir os resíduos antropogénicos não apenas para a Terra, mas para a nossa própria existência.

Porque é que construímos edifícios revestidos de vidro em regiões de climas quentes, onde a temperatura pode chegar a 55°C. Deveria ser crime desperdiçar energia na refrigeração destes edifícios.

Em vez de construir novos, precisamos nos concentrar no ambiente construído que criamos e trabalhar em estratégias de adaptação que sejam amigáveis ​​ao meio ambiente, fazendo uso dos recursos naturais como luz do dia, vento, sombra-sombra respondendo aos contextos e reduzindo nossa dependência sobre combustível fóssil. Precisamos abordar a vegetação e a segurança alimentar, que por si só pode actuar como acção restauradora.

Como prevê que sejam os próximos anos em termos de como o planeta enfrentará a crise climática? E que acções devem ser tomadas a nível global para que a profissão de arquitecta desempenhe um papel cada vez mais activo?

Em Bangladesh, já estamos a enfrentar os efeitos das mudanças climáticas. Os padrões climáticos imprevisíveis estão a perturbar a ecologia agrícola. A subida do nível do mar, induzida pela crise climática aumentou as inundações, a erosão das margens dos rios e afectou também a biodiversidade das zonas costeiras. Um grande número de pessoas tornou-se ‘migrantes climáticos’.

Condições climáticas extremas na forma de secas, inundações, furacões, deslizamentos de terra, incêndios florestais estão a acontecer de forma global e a afectar um grande número de pessoas. Estes fenómenos vão aumentar nos próximos anos.

Acho que a abordagem para mitigar a crise climática precisa ser radical. A arquitectura precisa de se concentrar apenas em edifícios e construções essenciais. Pelo menos durante uma década, a arquitectura devia focar-se na recuperação do desequilíbrio ambiental. Construir para os desfavorecidos e para as vítimas mais vulneráveis às alterações climáticas é mais importante do que construir apartamentos e escritórios de luxo. Mas um mercado orientado para o lucro não se concentrará em abrigar esta população. Neste sentido, os arquitectos podem assumir o papel de agentes de mudança.

Mas a nível global, não deve ser difícil reduzir a extracção, a superprodução de edifícios e materiais de construção. Podemos reduzir as longas cadeias de fornecimentos adquirindo materiais localmente, com o foco em pesquisas colaborativas sobre como transformar em materiais de construção utilizáveis os resíduos. Cada edifício deve ser resiliente ao clima e optimizar o uso de energia e isso pode ser exigido por lei. A reutilização adaptativa deve ser incentivada em vez da substituição completa dos edifícios existentes.

Museum-of-Independence-and-Independent-Monument_©-Sandro-Di-Carlo-Dars

A forma de fazer arquitectura difere do contexto, do país, das condições socioeconómicas. O que podemos aprender com o que está a ser feito em Bangladesh e nos países vizinhos?

Nem tudo que está sendo feito em Bangladesh e na região são exemplares que podem ser replicados. Mas há muitos arquitectos e escritórios de arquitectura que abordam a profissão com mais responsabilidade do que os outros. Grande parte de nossa arquitectura pretende ser ‘climate responsive’ e ao contexto e são menos dependentes de meios artificiais de controle climático. Também procuramos que os materiais utilizados sejam, normalmente, provenientes do país. Além disso, recorremos à força de trabalho local para trabalhar no sector da construção. Isso gera economia local.

Temos comunidades de jovens arquitectos que não seguem a forma convencional da prática, mas com foco no trabalho com comunidades menos privilegiadas através de processos participativos de design e construção. Mesmo quando não há clientes ou financiamento, os arquitectos estão a criar projectos e a envolver pessoas para construir os seus próprios ambientes de vida. São novas formas de práticas que se estão a mostrar muito impactantes para as comunidades de baixos rendimentos.

Quais os projectos que destacaria e porquê?

É difícil destacar projectos, pois cada um é diferente devido ao seu contexto, programa e narrativa. A mesquita Bait ur Rouf é o primeiro projecto que chamou a atenção para a nossa prática. É um projecto único onde todas as minhas preocupações arquitetónicas se manifestaram através do design.

Os projectos nos campos de refugiados são únicos pelo contexto e narrativa difíceis e também pelas restrições impostas à construção que nos obriga a procurar formas inovadoras de construção. Os projectos são o resultado do envolvimento da comunidade no design e na sua própria construção.

Por exemplo, a unidade de habitação modular móvel Khudi Bari é a nossa resposta à preparação climática para as comunidades marginalizadas de Bangladesh. Este é, também, um projecto único que ajudou a salvar as vítimas das cheias, incluindo os seus vizinhos na recente enchente de 2022.

BIO

Marina Tabassum

Arquitecta e investigadora e docente natural do Bangladesh, Marina Tabassum fundou a Marina Tabassum Architects, com sede em Dhaka, em 2005, depois de 10 anos como sócia e cofundadora do URBANA, também em Dhaka. No seu trabalho, que vai do institucional ao multi-residencial e ao cultural, Marina Tabassum procura “estabelecer uma linguagem de arquitectura que seja contemporânea, mas reflexivamente enraizada no lugar”.

Marina Tabassum é directora académico do Bengal Institute for Architecture, Landscapes and Settlements, uma plataforma intelectual para aqueles que estão empenhados a imaginar e moldar futuros ambientais na região. Leccionou na Harvard University Graduate School of Design, Technical University, Delft, University of Texas at Arlington e BRAC University, tendo sido, também, agraciada com um doutoramento honorário da Universidade Técnica de Munique.

A sua contribuição no campo da arquitectura rendeu-lhe honras e elogios, incluindo Prémios Aga Khan para Arquitectura, o Prémio Memorial Arnold W. Brunner, da Academia Americana de Artes e Letras, a Medalha de Ouro da Academia Francesa de Arquitectura, a Medalha Soane de Sir John Soane Museum e o Prémio Jameel do Victoria and Albert Museum.

Marina Tabassum está, igualmente, envolvida na organização de comércio justo Prokritee como membro do Conselho, capacitando mulheres de Bangladesh através da exportação de objectos artesanais. Iniciou, também, projectos de habitação de baixo custo em cidades ao redor de eco-resorts actualmente em construção no sul de Bangladesh e criou a FACE, com o objectivo de procurar soluções de vida resilientes ao clima para as vítimas vulneráveis ​​às mudanças climáticas.

Sobre o autorCidália Lopes

Cidália Lopes

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Archi Summit abre última fase de candidaturas a expositores

O maior festival de arquitectura do País está de volta à capital para a 8ª edição. Nos dias 9, 10 e 11 de Julho, o Beato Innovation District transforma-se num espaço de partilha de conhecimento sobre arquitectura e outras áreas do sector da construção para receber a 8ª edição do Archi Summit

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Após duas edições no Porto, o festival de arquitetura Archi Summit está de volta a Lisboa para a sua 8ª edição. Durante os dias 9, 10 e 11 de Julho, o Beato Innovation District, sob a curadoria dos arquitectos Joanna Helm e António Choupina, recebe um espaço de partilha de conhecimento e de aprendizagem, networking e inspiração para os participantes, reunindo grandes nomes da arquitectura nacional e internacional.

“Estamos muito entusiasmados por regressar a Lisboa e por levar a 8ª edição do Archi Summit ao Beato Innovation District. Contamos ter ainda mais participantes do que nos anos anteriores, esperando mais de dois mil arquitectos, dos vários ramos da arquitectura, e outros profissionais das áreas da construção, para trocar experiências e conhecer novas técnicas. O objectivo é juntar ainda mais valências até à data, como a cerâmica, a iluminação, revestimentos, mobiliário urbano, impermeabilização, carpintaria, para que os participantes encontrem aqui tudo o que precisem para os seus projectos”, explica Bruno Moreira, arquitecto e mentor do Archi Summit.

O evento, que ao longo dos últimos 10 anos tem procurado expandir o debate sobre a actuação da arquitetura, conta já com oradores de excelência, como Amanda Ferber, arquitecta brasileira, fundadora e CEO da Architecture Hunter, uma plataforma dedicada à arquitectura que conta com mais de três milhões de seguidores, e que foi nomeada para a lista Forbes 30 Under 30 em 2020. Apesar de ainda não estar fechado, o cartaz conta com oradores como Fran Silvestre, arquitecto espanhol, Romullo Baratto, arquitecto e urbanista brasileiro, Gabriela Carrillo, arquitecta mexicana, Gloria Cabral, arquitecta paraguaia-brasileira e Martha Thorne, reitora da IE School of Architecture and Design, em Madrid, e directora-executiva do Prémio Pritzker de Arquitectura, conhecido como o “Nobel da Arquitetura”.

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Prepare a sua piscina antes da chegada do Verão com o Grupo Puma

A cada ano, com a aproximação do verão, todos pensamos na manutenção de nossas piscinas, sejam elas particulares, públicas
ou comunitárias. Em outros casos, encontramos piscinas de nova construção que precisam de um tratamento completo de impermeabilização.

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Neste artigo, Selena Dorado, do Departamento Técnico do GRUPO PUMA, disponibiliza as principais orientações para realizar a melhor impermeabilização das nossas piscinas, qualquer que seja o caso de aplicação, com o Sistema Drypool.

PISCINAS A REABILITAR OU DE NOVA CONSTRUÇÃO

Em qualquer um dos casos, o primeiro ponto a ser trabalhado e, provavelmente, o mais importante de todos, é o tratamento do suporte.

Para o correto funcionamento de qualquer sistema de impermeabilização, o suporte deve estar limpo, seco e livre de poeira ou elementos mal aderidos.

Em ambos os casos, devemos levar em conta a porosidade do suporte, pois é importante que esteja suficientemente liso para evitar um consumo excessivo de material, mas também que não tenha uma resistência superficial à tração insuficiente, o que poderia afetar a aderência dos produtos de impermeabilização.

ESCOLHA DOS PRODUTOS MAIS ADEQUADOS

Para piscinas de nova construção (suporte de betão)

Antes de iniciar a instalação, devemos preparar os pontos críticos (como mudanças de plano, elementos da instalação, etc.) com nossa banda elástica Bandtec.

Em primeiro lugar, aplicaremos a membrana impermeabilizante cimentícia contínua Morcem Dry SF Plus em duas camadas reforçadas com a Malha Drypool antialcalina.

Uma vez seca a membrana impermeabilizante, instalaremos o nosso revestimento cerâmico com o adesivo cimentício de alto desempenho Pegoland Profesional Flex e, para o rejuntamento das peças, utilizaremos a argamassa para juntas Pegoland Profesional Junta ou Morcemcolor Epóxi.

Para renovação de piscinas existentes (suporte cerâmico)

Da mesma forma que numa obra nova, antes de iniciar a instalação, devemos preparar o suporte e reparar os danos encontrados com a argamassa de reparação Morcemseal Todo 1. Também será necessário preparar os pontos críticos (como mudanças de plano, elementos da instalação, etc.) com nossa banda elástica Bandtec.

Em primeiro lugar, aplicaremos a membrana impermeabilizante cimentícia contínua Morcem Dry Fix em duas camadas reforçadas com a Malha Drypool antialcalina.

Uma vez seca a membrana impermeabilizante, o processo de revestimento é o mesmo que para uma obra nova: instalaremos nosso revestimento cerâmico com o adesivo cimentício de alto desempenho Pegoland Profesional Flex e, para o rejuntamento das peças, utilizaremos a argamassa para juntas Pegoland Profesional Junta ou Morcemcolor Epóxi.

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Arquitectura

Garagem Sul no CCB reabre Centro de Arquitectura

O espaço da Garagem Sul foi reconfigurado para acolher exposições, mas também espaços de trabalho, programação e convívio, num projecto da autoria do atelier suíço-português Bureau. O primeiro ciclo programático será dedicado ao tema Interespécies, que “explora o desejo humano de compreender, conectar-se e viver com outras espécies”

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Vai reabrir ao público, a 2 de Abril, o Centro de Arquitectura do Museu de Arte Contemporânea (MAC) do Centro Cultural de Belém (CCB). O espaço da Garagem Sul foi reconfigurado para acolher exposições, mas também espaços de trabalho, programação e convívio, num projecto arquitectónico da autoria do atelier suíço-português Bureau, de Daniel Zamarbide, Carine Pimenta e Galliane Zamarbide.

A partir de uma perspectiva interdisciplinar e com carácter experimental, o Centro de Arquitectura abre espaço para ensaiar e testar possibilidades, com a intenção de materializar espaços conviviais, mais-do-que-humanos e interseccionais.

A este pretexto, o primeiro ciclo programático do Centro de Arquitectura será dedicado ao tema Interespécies. Uma exposição que “explora o desejo humano de compreender, conectar-se e viver com outras espécies” e que decorre em três passos: aproximar , coabitar e conspirar.

A arquitectura é aqui celebrada para lá da sua função utilitária, nas suas funções relacionais e críticas. Uma vez que os materiais, as técnicas e os modos de intervenção no espaço moldam sempre conexões entre lugares, pessoas e seres, considera-se que os “usuários” da arquitectura são humanos, pássaros, plantas, minerais e outros.

Com curadoria de Mariana Pestana, a equipa de investigação é composta por Anna Bertmark, Fernanda Costa, Valentina Demarchi, Bernardo Gaeiras, Mathilde Gouin, Katerina Iglezaki, Carlos Pastor e Mariana Simões, que integram também, o grupo de investigação Bauhaus of the Seas.

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Maria do Rosário Jacinto e Fernando Flora
Arquitectura

“O projecto nasce sempre no papel, num processo criativo interno de tentativa e erro”

Com um percurso de 30 anos, o atelier Fragmentos começou como uma “banda de garagem” até se tornar numa estrutura que “concebe projectos à escala de cidade” e que reflecte a trajectória de uma equipa que acredita no colectivo, na sustentabilidade e no impacto da arquitectura no quotidiano. Com um olhar para o futuro, o território e a sociedade continuam a ser o ponto de partida para a criação de novos espaços

Cidália Lopes

Fundado por um colectivo de quatro arquitectos (Duarte Pinto-Coelho, Marcus Cerdeira, Miguel Martins Santos e Pedro Silva Lopes), o Fragmentos conta, actualmente, com oito sócios. Maria do Rosário Jacinto e Fernando Flora, dois dos sócios, falaram à Traço sobre o crescimento do atelier e das “expectativas” para o futuro. Um percurso que tem andado de mãos dadas com a sustentabilidade, hoje uma “prioridade” e “não uma opção” e que passou a integrar todas as áreas do atelier e que segue lado a lado com a inovação e as inevitáveis alterações ao processo de trabalho e à construção, fruto das novas ferramentas de IA. Estas permitem “reduzir os tempos de execução e automatizar processos, criando assim mais disponibilidade para o processo criativo”, acreditam.

“Iniciar um novo projecto implica um conhecimento profundo do território, da envolvente, das suas condicionantes, do cliente e das suas expectativas. Esta fase de análise permite contar uma história coerente e trazer o cliente para o imaginário da solução”

30 anos depois do início do vosso percurso, que balanço fazem?
A evolução foi natural, mas sem dúvida que o crescimento dos últimos 10 anos teve um impacto enorme. Acompanhar as necessidades do país e dos clientes obrigou-nos a pensar numa escala diferente, com projectos maiores e usos distintos do residencial, aquele em que mais trabalhávamos. Começámos como uma “banda de garagem”, a fazer pequenas reabilitações para amigos e familiares, e hoje, com uma estrutura bastante maior, concebemos projectos à escala da cidade. O balanço é, por isso, muito gratificante, e aguardamos expectantes os desafios que o futuro nos trará.

Como definem a essência do vosso atelier? Existe algum elemento que procuram incorporar sempre nos projectos?
O Fragmentos nasce de um princípio de trabalho colaborativo que se mantém até hoje. Não há uma forma linear de projectar, nem uma linguagem comum a todos os projectos. O que existe é a convergência de diferentes formas de pensar o espaço e a procura constante por um processo que envolva vários intervenientes. Sempre encarámos o nosso trabalho como um verdadeiro trabalho de equipa, onde todos contribuem para a melhor solução. Com o crescimento do atelier, tornou-se essencial criar equipas especializadas que orbitam em torno da arquitectura, como engenharia, sustentabilidade e interiores, e que estão presentes desde o primeiro dia do projecto. Esta abordagem torna a nossa forma de trabalhar distintiva.

Como costuma ser o processo criativo no atelier? Qual é o ponto de partida para um novo projecto?
A procura por conhecimento e a criação de valor são eixos fundamentais para os próximos anos, e isso traduz-se na forma como encaramos o processo de projecto. Este não é apenas um meio para um fim, mas um fim em si mesmo. Iniciar um novo projecto implica um conhecimento profundo do território, da envolvente, das suas condicionantes, do cliente e das suas expectativas. Esta fase de análise permite contar uma história coerente e trazer o cliente para o imaginário da solução. Apesar da evolução das ferramentas digitais, o projecto nasce sempre no papel, num processo criativo interno de tentativa e erro que permite que as ideias fluam de forma mais natural.

“Com a crescente limitação de espaço nos centros urbanos, a flexibilidade dos espaços passará a ser uma característica essencial, integrando a sustentabilidade neste processo e garantindo que os projectos conciliam inovação e responsabilidade ambiental”

Quais são as ferramentas ou métodos indispensáveis durante o desenvolvimento dos projectos?
A proximidade com o cliente desde a primeira reunião é essencial ao longo de todo o processo, especialmente na fase de desenvolvimento do conceito. Procurar o encontro entre o que o cliente deseja e aquilo que é possível realizar é um exercício complexo, mas extremamente estimulante, pois, para além de criativos, somos também técnicos que respondem a desafios específicos.

Depois, é o território que nos guia. A relação com o espaço é um passo fundamental. A localização, o contexto, a orientação solar e a topografia são factores que nos permitem pensar a peça arquitectónica de uma forma única.

Por fim, a integração e colaboração com as equipas de especialidades e entidades envolvidas desde o início do processo garantem que, no final, quem ganha é o projecto. No fundo, procuramos abordar cada projecto de forma holística desde o primeiro momento.

Há algum projecto que considerem um marco na trajectória do atelier? Porquê?
Escolher um único projecto é sempre difícil, pois todos deixam uma marca de alguma forma. No entanto, diríamos que o Bayview, devido à importância da sua localização na entrada de Cascais, à sua dimensão, complexidade e parceria internacional, simboliza a viragem de escala do atelier. Voltando à ideia de processo, não podemos deixar de referir que este projecto começou em 2016 e, neste momento, estamos a construir a sua última fase. O acompanhamento de um projecto com estas particularidades, ao longo de vários anos, acaba inevitavelmente por marcar tanto a trajectória do atelier como o percurso dos profissionais que nele trabalham.

Como abordam a sustentabilidade nos projectos?
O crescimento do atelier ocorre numa era em que a sustentabilidade é uma preocupação central e não pode ser ignorada. Esta é uma das bases da nossa responsabilidade social empresarial e constitui uma meta essencial no nosso processo de criação de valor. Reconhecemos que ainda há um longo caminho a percorrer, mas procuramos implementar mudanças a várias escalas, desde a forma como são feitas as deslocações para o atelier até à sensibilização dos promotores para as vantagens de uma certificação específica ou a escolha criteriosa de materiais locais. Para isso, contamos com uma equipa interna dedicada ao tema, que se integra de forma transversal no nosso fluxo de trabalho. A sustentabilidade deixou de ser uma opção e passou a ser uma prioridade em todas as áreas do atelier.

A quem está a iniciar o seu percurso, aconselhamos que use os primeiros anos para algo que parece simples, mas que pode trazer muito retorno: observar e exercitar a curiosidade

Como olham para a evolução da arquitectura nos próximos anos?
A responsabilidade social da arquitectura será cada vez mais trazida para primeiro plano, exigindo um conhecimento profundo do território onde se actua e um compromisso real com soluções que beneficiem tanto as cidades como as pessoas que nelas habitam. Com a crescente limitação de espaço nos centros urbanos, a flexibilidade dos espaços passará a ser uma característica essencial, integrando a sustentabilidade neste processo e garantindo que os projectos conciliam inovação e responsabilidade ambiental.

Paralelamente, a inovação — nomeadamente a utilização de ferramentas de inteligência artificial — trará alterações ao processo de trabalho e à construção, permitindo reduzir os tempos de execução e automatizar processos, criando assim mais disponibilidade para o processo criativo.

O impacto da arquitectura na sociedade é cada vez mais evidente, e isso faz com que a própria disciplina se relacione com um número crescente de áreas, procurando soluções mais abrangentes e transformadoras.

Que conselhos dariam a quem está a começar a carreira em arquitectura?
A quem está a iniciar o seu percurso, aconselhamos que use os primeiros anos para algo que parece simples, mas que pode trazer muito retorno: observar e exercitar a curiosidade. Para além disso, esse é também o momento ideal para explorar as diferentes possibilidades da profissão. A arquitectura, para além de arte, é resolver problemas, desbloquear desafios e relacionar o ser humano com o construído.

Actualmente, há muita procura por arquitectos em Portugal, o que representa uma grande oportunidade. Existem ateliers de várias escalas e especializações, e a experiência de trabalhar num atelier pequeno ou grande, mais autoral ou comercial, é substancialmente diferente. Independentemente do caminho escolhido, há uma certeza: a arquitectura só se faz com verdadeira paixão pela profissão.

Sobre o autorCidália Lopes

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Openbook expande para o Médio Oriente e abre nova delegação no Dubai

A expansão para o Médio Oriente, com a abertura de uma delegação no Dubai, já tinha sido comunicada em entrevista ao Construir pelo Partner Paulo Jervell, como mais um passo na estratégia de internacionalização do Grupo que no final de 2024 anunciou o seu rebranding e reorganização estrutural

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O Grupo Openbook anuncia a abertura da sua nova delegação no Dubai, marcando um “novo passo na sua estratégia de internacionalização” e que visa “reforçar” a sua presença no mercado do Médio Oriente.

Reconhecendo o Dubai como um dos “principais centros mundiais de negócios e inovação”, a aposta do Grupo Openbook nesta região visa “fortalecer” parcerias estratégicas e “responder” à crescente procura por soluções integradas de arquitectura, design e engenharia.

“A presença do Grupo Openbook no Dubai representa um novo capítulo na nossa trajectória de crescimento. Esta expansão permitirá consolidar a nossa posição num dos mercados mais dinâmicos do mundo, estabelecendo um ponto de contacto directo com clientes e parceiros estratégicos e fortalecendo a nossa rede de projectos internacionais”, afirmou Paulo Jervell, partner do Grupo Openbook.

A internacionalização do Grupo Openbook surge num momento de grande evolução para a empresa, que recentemente anunciou o seu rebranding e reorganização estrutural. Paralelamente, tem vindo a conquistar reconhecimento internacional, com projectos emblemáticos como a sede da Galp, distinguida com certificações LEED Platinum e WELL Platinum, e o premiado Ritz Pool Bar, que arrecadou o prestigiado prémio Architizer A+Awards na categoria de Bares e Adegas.

Com uma equipa de cerca de 90 colaboradores e tendo alcançado uma facturação de cerca de 10 milhões de euros em 2024, o Grupo Openbook continua a consolidar a sua presença em mercados estratégicos, incluindo Portugal, França, Espanha, Angola, Vietname, Indonésia e agora, o Dubai.

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Como Foster+Partners transforma Old Trafford

O design e as linhas gerais do projecto de Estádio Old Trafford entregue pelo gabinete Foster+Partners foram apresentados esta semana. O novo estádio promete ser um marco icónico e sustentável que tem por base a história do Manchester United e a identidade de Manchester

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O Manchester United revelou os planos para o novo estádio de Old Trafford, um projecto ambicioso desenvolvido pelo estúdio de arquitetura Foster + Partners. A nova infraestrutura promete elevar a experiência dos adeptos e transformar a região com um design inovador, tecnologia avançada e um forte compromisso com a sustentabilidade.
O novo estádio será um marco globalmente reconhecido, inspirado na história do Manchester United e na identidade industrial da cidade de Manchester.

O conceito do novo estádio inverte o modelo tradicional de design de estádios de futebol: será aberto e voltado para o exterior, com varandas panorâmicas que oferecem vistas para toda a área envolvente. Localizado no centro do distrito, será um marco globalmente reconhecível, encapsulando o espírito do Manchester United e a herança da cidade. A estrutura será caracterizada por três mastros imponentes, inspirados no tridente dos “Red Devils”, reflectindo a verticalidade do horizonte industrial de Manchester. Esses mastros sustentarão uma cobertura translúcida que envolverá o estádio, protegendo as arquibancadas e uma ampla praça pública das chuvas frequentes.

Inspirado pela rica história da cidade, este projecto de regeneração impulsionado pelo desporto transformará uma área industrial de um milhão de metros quadrados em um distrito vibrante de uso misto, com uma rede de espaços verdes, ruas, pontes e zonas à beira-mar. Estabelecendo um novo padrão internacional para o desenvolvimento sustentável de cidades, o projecto criará conexões directas para transportes públicos e pedestres entre comunidades novas e existentes – e com o restante da cidade –, além de incorporar tecnologias de captação de água da chuva e energia renovável.

A praça coberta contará com uma série de experiências interactivas para adeptos do Manchester United e visitantes globais. O design prevê ainda um percurso processional que levará os adeptos de uma nova estação ferroviária até a praça, criando um ponto de encontro acolhedor para eventos desportivos e comunitários.

O novo estádio terá capacidade para 100.000 espectadores.

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Nova Solução | Sistema Gyptec Protect para Fachadas

Cada vez mais o mercado da construção pede soluções rápidas e fáceis de executar não comprometendo a qualidade.

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Particularmente importante, são soluções que permitam resolver os problemas, já identificados, dos edifícios em Portugal e promover a sua reabilitação energética. Isto num contexto de reabilitação e reconversão do edificado. Paralelamente existe uma urgência em cumprir com os objetivos do PRR e disponibilizar mais habitação, preferencialmente confortável e energeticamente eficiente.

Respondendo às solicitações do mercado e em particular de muitos dos nossos clientes, o Grupo Preceram vem apresentar o Sistema Gyptec Protect para Fachadas, desenvolvido em conjunto com a Mapei.

Tirando partido das excelentes características da placa Gyptec Protect, resistência mecânica, à água e ao fogo, foi possível a Mapei estudar e testar um conjunto de sistemas de revestimento e acabamento que permitissem estender a sua aplicação também a fachadas.

Tornou-se assim possível apresentar um sistema completo de isolamento pelo exterior, com lã mineral Volcalis, leve, fácil de instalar, incombustível e com excelentes propriedades de isolamento térmico e acústico.

 

As placas Gyptec Protect são compostas por gesso, tratado com agente hidrorrepelente para diminuir a absorção de água, revestido com uma tela especial em fibra de vidro de alta qualidade e incombustível. Estas placas foram desenvolvidas para utilizar em zonas que requerem alta resistência à humidade e ao fogo (classificação A1) e para as quais não se recomenda o uso de placas de gesso tradicionais.

Volcalis Alpha Plus é uma lã mineral semirrígida com uma condutibilidade térmica muito baixa – 0,032 W/(m.K) -, incombustível e hidrorrepelente. Estas características técnicas permitem soluções de isolamento com elevado desempenho térmico mesmo com espessuras mais reduzidas.

Este sistema, aplicado sobre uma fachada existente, permite eliminar as pontes térmicas associadas à estrutura e aos pontos singulares, funcionando como uma segunda pele do edifício. Para além da redução dos consumos energéticos, tanto no inverno como no verão, resolve eventuais problemas de humidade e condensação, aumentando o conforto e a qualidade do ar interior.

Fundamental para o bom funcionamento da solução é o esquema de revestimento e acabamento preconizado pela Mapei especialmente para as placas Gyptec Protect.

No seguimento deste trabalho, foram também desenvolvidas soluções para a aplicação de isolamento sobre as placas Protect (sistema ETICS), o que permite a sua utilização em construções em aço leve, LSF, ou sistemas mistos com fachadas leves industrializadas.

 

Mais informação em: www.gyptec.eu/sistema-gyptec-protect-para-fachadas

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Missão ‘Built by Brazil’ une arquitectos brasileiros e portugueses

A Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura, através do seu programa de internacionalização, ‘Built by Brazil’, vem a Portugal para trocar experiências sobre o que se está a fazer no Brasil e em Portugal a nível arquitectónico, construção, promoção imobiliária, engenharia e inovações e estreitar relações e conhecimento entre os dois países

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A missão ‘Built by Brazil’ Europa 2025 chega a Portugal no dia 15 de Março e prolonga-se até ao dia 18 de Março, culminando com o evento “Conexões Arquitectónicas: Brasil e Portugal – Mesa Redonda sobre Arquitectura de Hospitalidade e Reabilitação”.

Depois de uma passagem pelo MIPIM, em Cannes, França, a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA), através do seu programa de internacionalização, ‘Built by Brazil’, vem a Portugal para trocar experiências sobre o que se está a fazer no Brasil e em Portugal a nível arquitectónico, construção, promoção imobiliária, engenharia e inovações e estreitar relações e conhecimento entre os dois países.

Para os dias 15, 16, 17 e 18 de Março, a comitiva do Brasil tem agendado vários momentos de trabalho, como a visita a projectos de reabilitação como por exemplo, a Fundação Albuquerque, projecto de reabilitação do Bernardes Arquitectos, assim como, o projecto de regeneração do escritório ADOC. Está, igualmente, agendado um encontro com a Associação Portuguesa de Projectistas e Consultores e com a Ordem dos Arquitectos.

Do Brasil vêm arquitectos de vários gabinetes, nomeadamente os Natureza Urbana (SP), Archscape (SP), D&P Arquitetura (MG), Grupo Myr (MG) e Heliomar Venâncio Arquitetura (ES), Addor e Associados (SP) e M&T Arquitetura (RJ).

Para terminar esta passagem por Portugal, irá realizar-se o evento “Conexões Arquitectónicas: Brasil e Portugal – Mesa Redonda sobre Arquitetura de Hospitalidade e Reabilitação”, que irá decorrer no dia 18 de Março, no Auditório da Casa de Cultura de Cascais e que irá contar com a presença de Raimundo Carreiro, embaixador do Brasil em Portugal, e de Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais.

O objectivo da mesa-redonda é “fomentar o debate” sobre as particularidades de projectos de arquitectura nos segmentos de hospitalidade e reabilitação, trazendo exemplos de sucesso em ambos os países, e provocando a discussão sobre as oportunidades da cooperação entre os arquitectos brasileiros e portugueses.

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18ª edição do Europan aborda o “Re-sourcing”

Estão a concurso 47 locais em 12 países europeus, com as propostas a poderem ser apresentadas até 29 de Junho. Com o subtema “Re-sourcing from natural elements – Dealing with Water”, Lisboa apresenta-se com uma das áreas de intervenção que se localiza em Campolide

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A fragilidade do ecossistema da Terra e as crises sociais levam à imaginação de práticas alternativas à extracção prejudicial de recursos, ao consumo excessivo e à poluição de ambientes vivos.

Devem, por isso, ser pensados ​​e implementados projectos de regeneração que abracem a natureza e a cultura. A pensar nesta realidade, o tema da 18ª edição do Europan aborda o “Re-sourcing”. Estão a concurso 47 locais em 12 países europeus, com as propostas a poderem ser apresentadas até 29 de Junho.

Com o subtema “Re-sourcing from natural elements – Dealing with Water”, Lisboa apresenta-se com uma das áreas de intervenção que se localiza em Campolide e que corresponde à solução para a cobertura de um grande tanque e túnel integrados no Plano Geral de Drenagem de Lisboa (PGDL).

Esta cobertura deve relacionar a área de intervenção com o tecido urbano envolvente, pois encontra-se isolada devido à existência grandes infraestruturas como linhas de comboio e rodovias. A intervenção deverá incluir, ainda, edifícios de habitação de baixa escala pré-existentes, expressão de herança de uma cidade pré-industrial.

Como podemos criar formas de usar sabiamente os recursos naturais no ambiente construído e impulsionar o equilíbrio ecológico entre os fluxos naturais e as necessidades urbanas?, Como podemos ligar a urbanidade para além dos limites das infraestruturas? E como podemos dar forma a um futuro sustentável, bonito e inclusivo, proporcionando habitação e habitat? São algumas das perguntas que se colocam aos concorrentes na área de intervenção em Lisboa.

Os resultados serão anunciados a 17 de Novembro de 2025.

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Mork-Ulnes Architects apresenta ‘The Craft of Place’

Editado por Casper Mork-Ulnes, ‘The Craft of Place’ destaca a dedicação do estúdio ao contexto, ao vernáculo local e à materialidade, enquanto explora a interacção entre arquitectura e paisagem, tradição e inovação

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‘The Craft of Place’ é a primeira monografia da Mork-Ulnes Architects, um atelier internacional com escritórios em São Francisco e Oslo, e que explora a abordagem distinta do estúdio à arquitectura e a sua reinterpretação das tradições regionais da construção.

Editado por Casper Mork-Ulnes, com contribuições de Joseph Becker (curador associado de Arquitectura e Design no Museu de Arte Moderna de São Francisco) e Anne Marit Lunde (curadora, editora e escritora sediada em Oslo), ‘The Craft of Place’ destaca a dedicação do estúdio ao contexto, ao vernáculo local e à materialidade, enquanto explora a interacção entre arquitectura e paisagem, tradição e inovação.

Fundado por Casper Mork-Ulnes em 2005, o estúdio equilibra o pragmatismo escandinavo com a criatividade californiana e o espírito empreendedor de inovação, criando edifícios que misturam brincadeira e contenção.

“Baseado em contextos físicos e culturais discretos, o nosso ponto de vista é informado pela convergência das origens distintas onde o nosso trabalho nos leva. À medida que as áreas geográficas onde trabalhamos se estão a expandir, somos desafiados a pesquisar e explorar novas e antigas condições culturais relacionadas com a arquitectura e o lugar. A agenda estética e formal que surge da negociação destes impulsos culturais muitas vezes bastante diferentes resulta também na interacção de contenção e ludicidade que pode ser rastreada em todos os nossos projectos. É exatamente esta tensão que veio a de definir a nossa prática”, observa Casper Mork-Ulnes.

“Os edifícios vernaculares que se desenvolveram por necessidade são um testemunho físico do conhecimento tradicional e ainda hoje podem estabelecer a base de uma lógica de construção. Esta arquitectura artesanal tem qualidades materiais intrínsecas e aparentes que podem criar ligações entre gerações e culturas. Um profundo envolvimento com o material e a sua utilização tradicional é, portanto, uma parte central da nossa prática. Ao explorar métodos, materiais e formas tradicionais em novos contextos, somos capazes de criar ligações dinâmicas, ao mesmo tempo que preservamos e aprendemos com o vernáculo”, acrescenta o arquitecto.

Publicado em Dezembro de 2024 pela Park Books, este novo volume está estruturado em torno de temas de materiais, tradições, sustentabilidade, escala e luz e revela o método Mork-Ulnes Architects de integrar a arquitectura em diversos ambientes através de projectos como The Silver Lining House em São Francisco; Octothorpe House em Bend, Oregon (EUA); e Skigard Hytte em Kvitfjell, Noruega.

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