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    Arquitectura

    Openbook: arquitectura pragmática

    Criada há 15 anos por três arquitectos e um financeiro, a Openbook Architecture é hoje uma referência internacional na arquitectura corporate. A recente criação da NOBK, com a liderança de Diana Noronha enquanto partner, trouxe uma nova linguagem e dinâmica a uma arquitectura, sobretudo, pragmática. Paulo Jervell e Diana Noronha Feio falaram com a Traço sobre este processo de mudança e crescimento da empresa

    Manuela Sousa Guerreiro
    Arquitectura

    Openbook: arquitectura pragmática

    Criada há 15 anos por três arquitectos e um financeiro, a Openbook Architecture é hoje uma referência internacional na arquitectura corporate. A recente criação da NOBK, com a liderança de Diana Noronha enquanto partner, trouxe uma nova linguagem e dinâmica a uma arquitectura, sobretudo, pragmática. Paulo Jervell e Diana Noronha Feio falaram com a Traço sobre este processo de mudança e crescimento da empresa

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    Manuela Sousa Guerreiro
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    Paulo Jervell, partner fundador da Openbook Architecture  e Diana Noronha Feio, que recentemente se juntou à equipa como co-partner, aliaram-se para uma conversa aberta sobre os caminhos percorridos nos últimos quinze anos onde perspectivaram o futuro de um gabinete que já nos habituou a uma arquitectura pragmática, na forma como aborda os projectos. Depois do corporate, a Openbook tomou de assalto o segmento de hotelaria e turismo e a NOBK é o seu Cavalo de Tróia.

    A Openbook Architecture completa este ano 15 anos. Como é que tem sido este percurso?

    Paulo Jervell (PJ): Começamos com quatro partners: o Rodrigo Sampayo, João Cortes e Pedro Pires, para além de mim. Recentemente entrou a Diana Noronha Feio que veio complementar a actuação do Openbook e trazer valor acrescentado em áreas que identificámos com potencial, não só para diversificar a nossa actuação, mas, acima de tudo, para acrescentar valor aos nossos projectos com a introdução de um conjunto de serviços adicionais que se identificam com o perfil, com a identidade e com a linguagem do Openbook.

    Já colaborávamos com o atelier da Diana em alguns projectos e realmente havia uma sintonia muito forte e uma identificação muito forte em termos de identidade e de linguagem e fez sentido fazermos aqui uma espécie de incorporação do atelier da Diana. Surgiu assim a NOBK como uma empresa complementar aos projectos do Openbook, mas também autónoma para projectos com o perfil e no âmbito dos serviços de design de interiores e decoração.

    15 anos depois, mantêm o foco no segmento corporate?

    PJ: Eu diria que isso é uma percepção do mercado. A Openbook surge em 2007, com a criação de uma empresa e eu reforço o termo empresa porque todos nós temos percursos diferentes, nomeadamente o Rodrigo e o João vêm de um atelier tradicional de arquitectura, o Pedro Pires tem um percurso muito ligado à componente financeira e eu próprio embora seja arquitecto, estava mais ligado à gestão de projectos consultoria imobiliária. Três arquitectos e um financeiro. Decidimos na altura criar uma empresa que tivesse um atelier de arquitectura dentro da empresa, muito mais focada para o mercado institucional, e com um conjunto de valências e de serviços que fossem para além do projecto de arquitectura e muito focados no cliente, mas também nos prazos, na rentabilidade e eficiência dos projectos.

    O que não é, propriamente, uma característica que associamos à arquitectura em Portugal…

    PJ: Precisamente. Por isso eu reforço que somos uma empresa de arquitectura. Não obstante, o nosso grande impulsionador era, e é, o de fazer boa arquitectura, tal como um tradicional atelier de arquitectura. Isto significa que não olhamos apenas para a rentabilidade ou para a eficiência dos projectos, embora estes sejam, cada vez, factores fundamentais face ao enquadramento económico e social que vivemos.  Temos de responder aos objectivos e às expectativas e exigências dos clientes, não estamos a fazer arquitectura para nós, mas para o utilizador/cliente, mas estamos a introduzir o nosso conhecimento e o nosso traço.

    Essa foi uma das razões de nos chamarmos Openbook, ao invés de associarmos o nome dos partners à designação do gabinete. Somos uma empresa, liderada pelos partners, mas que acima de tudo tem uma equipa por detrás, uma equipa de muita qualidade e entrega. E esse continua a ser o nosso driver estratégico.

    Voltando um pouco atrás e falando dessa percepção do mercado.

    PJ: Em 2007 estamos a arrancar com uma empresa nova em pleno início de crise que abalou muito o mercado imobiliário, mas também o mercado da construção e, principalmente, de obra nova.

    Começar uma empresa nestas circunstâncias teve, desde logo, um grande desafio que foi não só o de ultrapassar as dificuldades que essa crise acarretou para o mundo, para a Europa e, nomeadamente, para Portugal, mas que, por um lado, motivou desde cedo a necessidade da nossa internacionalização, enquanto nos focou numa área de negócio e de construção que embora estivesse a ser impactada pela crise ainda era uma área que tinha alguma procura que era o mercado corporativo.

    Solidificámos a nossa actuação nesse segmento, que nos permitiu ganhar uma expertise que, eu diria, nos distingue. Esse reconhecimento foi crescendo ao longo destes 15 anos e a estratégia da empresa foi se adaptando a outras áreas de negócios. Actualmente o mercado corporativo continua a ter um peso muito considerável no volume de projectos da empresa, cerca de 60%, mas no começo chegou a ter uma relevância de mais de 80%.  Os outros restantes 40% estão hoje distribuídos pela área residencial, área hospitalar e a área de turismo.

    A entrada no segmento da hotelaria e turismo foi reforçada com a criação da NOBK?

    PJ: Já trabalhávamos neste mercado, mas o complemento que nos é dado por esta nova vertente de design de interiores permite-nos entrar numa área de negócio muito mais abrangente. Uma coisa é construirmos o edifício, o hotel, outra coisa é podemos fazer uma intervenção muito mais transversal.

    Diana Noronha Feio: Ao fim ao cabo é conseguimos dominar duas escalas diferentes do projecto.  Penso que é algo que é sempre muito sensível a quem está habituado a trabalhar numa determinada escala, a escala do projecto do edifício em si, poder depois entrar numa escala que exige outra aproximação. Uma forma de olhar para o mesmo edifício numa óptica muito mais sensorial e, no fundo, a criação de um departamento e uma marca que está focada nessa segunda fase de interacção com a arquitectura que é quando entra o interiorismo, potencia o vivermos o edifício até ao fim.

    Que projectos já desenvolveram com a nova marca?

    PJ: A nossa colaboração iniciou-se mais na área corporativa e na área residencial, depois tivemos uma consolidação com o projecto do Hotel Ritz que foi o projecto eu diria mais recente, mais emblemático em que realmente conjugámos a intervenção da arquitectura com a intervenção em termos de design.

    DNF: Houve uma intervenção arquitectónica que foi um projecto muito profundo e que já tinha alguns anos de desenvolvimento aqui na Openbook, mas a criação deste resort urbano no Ritz já surge numa fase mais tardia e essa nossa aproximação ao interiorismo e de resolver o projecto de A a Z e concebermos o Bar do Hotel e todo o mobiliário da piscina que foi criado para o espaço… significou uma entrega muito grande na definição dos detalhes, do pormenor, de materialização do espaço.

    Da internacionalização e das mudanças

    Como é que a pandemia influenciou o vosso trabalho, dada as transformações que observamos no modo como se vivenciam os escritórios?

    PJ: Estamos sempre em mudança. Depois vamos sendo confrontados com alguns acontecimentos que, de alguma forma, precipitam essas mudanças ou nos fazem pensar para que lado devemos caminhar e de facto a pandemia veio acelerar um conjunto de mudanças. Mas já estávamos a percorre esses caminhos com várias empresas que estavam já a reequacionar a forma de trabalhar e de ocupar os edifícios e a sua própria forma de estar.

    É interessante perceber, e contrariamente áquilo que seria expectável, que o take up de escritórios está a crescer e continua a bater recordes. Sempre defendemos que o espaço de trabalho não ia acabar porque as empresas e as pessoas não estão preparadas para ficarem eternamente a trabalhar de forma remota. A questão é como é que o espaço de trabalho se vai adaptar às novas exigências não só das empresas, mas também das pessoas. O que estamos a observar é que grande parte das empresas estão a ter uma necessidade de transformar e adaptar os seus espaços de trabalho, os seus escritórios, porque os colaboradores querem trabalhar de forma diferente e ter um conjunto de condições que entram em ruptura com aquelas que existiam anteriormente à pandemia.

    Isso acrescenta mais desafios ao design?

    DNF:  Desafios de perceber estas mudanças de cultura em todos os aspectos. É importante as empresas manterem uma cultura viva e ao mesmo tempo que a cultura da empresa é uma apropriação das pessoas e acaba contaminada, no bom sentido, pelos seus colaboradores e pelas suas necessidades e por essa nova forma de trabalhar que também se ganhou com a experiência da pandemia.

    Nós estamos sempre em mudança, como o Paulo referiu. Mas integrar outras culturas nos nossos espaços de trabalho é uma preocupação e um desafio. Como é que os nossos projectos reflectem os valores destes clientes que são simultaneamente idênticos e diferentes a nós? A nossa abordagem passa por responder às questões: Quem é o nosso cliente?  O que é que este nosso cliente precisa?

    PJ: Todos os dias estamos em mudança. Trabalharmos com todas estas marcas internacionais permite-nos estar sempre um pouco à frente do que são estas novas tendências e estamos a falar de tendências em termos de design e de materiais, em termos de preocupações de inclusão, de sustentabilidade. E focando nesta colaboração entre a NOBK e a Openbook e na integração deste serviço, não estamos só a abordar a questão funcional e a questão da resposta às métricas e às necessidades funcionais da empresa, mas trazer sim uma preocupação e um valor acrescentado no que é o design de interiores. A definição do desenho do mobiliário, a própria integração da decoração e da arte nos escritórios que pode ser arte física, a arte digital, pode ser a arte metaverso, realidade aumentada…

    DNF: No final do dia, tudo se resume à experiência.

    Que projectos têm actualmente em curso e que podemos destacar?

    PJ: Em termos corporativos estamos com um volume de trabalho muito grande. Temos um desafio muito interessante em mãos que é o projecto da nova sede do Novo Banco, que riá passar para o Tagus Park, que é um projecto para o qual fomos seleccionados para  fazer toda a componente do fit out e design de interiores. O projecto da remodelação do campus está a cargo de um arquitecto espanhol. É um desafio grande porque estamos a facilitar através do espaço uma transformação organizacional no Novo Banco que irã passar de localização muito urbana e privilegiada da Avenida da Liberdade para o Tagus Park  e que acreditamos que terá um conjunto de factores muito atractivos  É um projecto com cerca de 30 mil m2 o que é uma dimensão bastante grande.

    Continuamos a fazer projectos para as chamadas Big Four estamos a fazer a nova remodelação da nova sede da Mckinsey. Já tínhamos feito a Deloitte, KPMG e PwC e temos agora a oportunidade de estar a fazer a Mckinsey e dar continuidade a esse serviço. Estamos a fazer também fomos seleccionadas para o novo Campus do BNP Paribas no Parque das Nações, um projecto muito desafiante…

    DNF: E isso é só no corporate. Estamos a avançar com projectos residências e na área da hotelaria e turismo, estamos a trabalhar num resort numa ilha tropical, hotéis de charme, a transformar um antigo convento numa unidade hoteleira, estamos a desenvolver um projecto de um palácio do século XIX… só para nomear alguns e perceber a diversidade do trabalho que estamos a desenvolver.

    A Openbook irá crescer em termos orgânicos?

    PJ: Temos uma equipa com 50 pessoas e uma forte expectativa de virmos a crescer 20 a 25% em termos de equipa até ao final deste ano.

    Com todos estes projectos a internacionalização da Openbook será reforçada?

    PJ: A internacionalização da Openbook começou precisamente em 2008, mas estamos a reforçar essa vertente e estamos a diversificar o mercado de internacionalização.

    Acompanhámos alguns clientes que tínhamos cá nos mercados de internacionais como o Brasil, onde abrimos um escritório em 2011, e em Angola. Países com forte relação a Portugal. Assistimos agora a uma forte procura no mercado angolano e vamos dar continuidade à nossa internacionalização para o norte e centro da Europa. Estamos a realizar um projecto de relevância no Luxemburgo e estamos com uma demanda interessante na Bélgica e em França.

    Pensamos abrir em breve um escritório no Luxemburgo para cobrir essa área e dar suporte a este conjunto de projectos que estamos a desenvolver na região.

    Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

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    Andreia Teixeira, head of Project Management do Grupo Openbook

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    Andreia Teixeira assume cargo de Project Management do Grupo Openbook

    Esta contratação visa “reforçar a coordenação, gestão de recursos e riscos, bem como a monitorização e controlo de projectos” dentro da empresa

    Andreia Teixeira é a mais recente contratação do Grupo Openbook para o cargo de head of Project Management. Com uma formação sólida em arquitectura e uma vasta experiência na gestão e coordenação de projectos, planeamento e desenvolvimento urbanístico, vem fortalecer a capacidade interna de gestão de projectos, em resposta ao crescimento contínuo do Grupo e à expansão do seu portfólio de projectos em curso, de grande dimensão.

    Esta contratação visa reforçar a coordenação, gestão de recursos e riscos, bem como a monitorização e controlo de projectos dentro da empresa. Além disso, alinha-se com a estratégia definida pela Openbook, que visa a melhoria contínua da eficiência, qualidade e produtividade.

    “A contratação de Andreia Teixeira é um passo significativo para fortalecer a nossa capacidade de gestão de projectos. A sua experiência e expertise serão inestimáveis para aprimorar as nossas operações e alcançar os nossos objetivos estratégicos”, justifica Rodrigo Sampayo, partner do Grupo Openbook.

    Além da contratação de Andreia Teixeira, o Grupo Openbook também anunciou a chegada de outros profissionais para reforçar e expandir a sua equipa em diferentes áreas de actuação. Nesse sentido, Margarida Fonseca e Gonçalo Reis juntam-se à Openbook Architecture como arquitectos seniores, trazendo consigo um vasto conhecimento e experiência no campo da arquitectura. Edgar Franco vai integrar a equipa de 3D ArchViz do Grupo e Fátima Filipe, arquitecta de interiores, faz agora parte da Openbook Studio. Por fim, Joana Pimentel, designer, foi contratada para se juntar à equipa de Marketing e Comunicação.

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    Cooperativa de Aldoar (arqº Manuel Correia Fernandes) @Luís Ferreira Alves

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    Exposição “O Que Faz Falta” comemora 50 anos de arquitectura em democracia

    O título da exposição presta homenagem a uma das figuras de abril, José Afonso, e à canção “O que faz falta”, do álbum Coro dos Tribunais, lançado em 1974. Com curadoria dos arquitectos Jorge Figueira e Ana Neiva, a exposição inaugura a 25 de Outubro

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    A Casa da Arquitectura junta-se ao momento de celebração e reflexão em torno dos 50 anos do 25 de Abril de 1974 através da exposição “O Que Faz Falta. 50 Anos de Arquitetura Portuguesa em Democracia”. Com curadoria dos arquitectos Jorge Figueira (coordenação) e Ana Neiva (curadoria-adjunta), a exposição inaugura a 25 de Outubro próximo.

    O título da exposição presta homenagem a uma das figuras de abril, José Afonso, e à canção “O que faz falta”, do álbum Coro dos Tribunais, lançado em 1974.

    Nas palavras dos curadores, “o objectivo geral da exposição é o de estabelecer uma leitura panorâmica da produção arquitetónica entre a Revolução de Abril 1974 e os dias de hoje (2024), revelando como a arquitectura foi, e é, simultaneamente reflexo e incentivo do regime democrático em Portugal”.

    Nesse sentido, “os projectos seleccionados reflectem os modos como a arquitectura concretizou programas públicos vários, considerando a diversidade geográfica do País, continental e insular, e a contribuição de arquitecctas e arquitetos de diferentes backgrounds e gerações”, acrescentam os arquitectos.

    A exposição “O Que Faz Falta. 50 anos de Arquitetura Portuguesa em Democracia” é extraída da colecção “50 anos de Arquitetura Contemporânea Portuguesa”, um acervo criado pela Casa da Arquitectura que faz a leitura da produção de arquitectura em período democrático, com o objectivo de ser criada uma colecção de recorte territorial e temporal.

    Este acervo, que contou com a curadoria de Carlos Machado e Moura, Graça Correia, João Belo Rodeia, Jorge Figueira, Paula Melâneo e Ricardo Carvalho, visa promover o estudo e investigação de todos os interessados e do qual futuramente se irão extrair várias leituras temáticas em exposições, actividades e publicações.

    A exposição será acompanhada por um programa paralelo que tem a curadoria dos arquitectos Nuno Sampaio e Jorge Figueirae ficará patente até dia 7 de Setembro de 2025.

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    Praça e Posto de Turismo de Piódão @Frederico Martinho

    Arquitectura

    Obras nacionais em destaque no EU Mies Award 2024 com visitas acompanhadas

    Assim, no Sábado, dia 4 de Maio, terão lugar as visitas ao Caminho das Escadinhas, em Matosinhos, às 11 horas e, durante a tarde, ao Edifício General Silveira, no Porto. Já no dia 1 de Junho, haverá visita à Praça e Posto de Turismo em Piódão

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    No âmbito da edição de 2024 do Prémio Europeu de Arquitectura EU Mies Award, são promovidos eventos, gratuitos, abertos ao público e sem inscrições, em três obras de arquitectura distinguidas, localizadas em Portugal. Assim, no Sábado, dia 4 de Maio, terão lugar visitas às obras seleccionadas Caminho das Escadinhas, em Matosinhos, às 11 horas e ao Edifício General Silveira, no Porto, com três opções: às 15 horas, 16 horas e 17 horas. No sábado, dia 1 de Junho, às 15 horas será a vez da obra finalista Praça e Posto de Turismo em Piódão.

    As três obras fazem parte de um conjunto de 40, seleccionadas de entre 362 nomeadas, localizadas em mais de 30 locais da Europa, e que serão objecto do programa “Out & About. Discovering Architecture. EUmies Awards 2024”, durante dois meses (22 de Abril a 23 de Junho). O objectivo é que todos possam conhecer mais sobre os edifícios e espaços públicos com os seus autores, donos de obra e outras pessoas ou entidades envolvidas.

    Na visita ao Caminho das Escadinhas, Paulo Moreira, o arquiteto que partilha a autoria do projecto com Verkron, explica com alguns convidados, num passeio entre a encosta do bairro do Monte Xisto e a margem do Rio Leça, em Matosinhos, o processo que reuniu uma equipa interdisciplinar de arquitectos, construtores locais, artistas e uma rede alargada de parceiros, para recuperar aquela área para o uso público.

    Também a visita ao Edifício General Silveira, contará com a presença dos arquitectos Tiago Antero e Vitor Preto Fernandes, do ATA Atelier e Entretempos, respectivamente, os autores do projecto, e pelo dono deste edifício de habitação e comércio, que numa conversa darão conta de tudo o que esta obra envolveu.

    Os arquitectos Paula del Rio e João Branco, do atelier Branco del Rio, orientarão, por sua vez, a visita à Praça e ao Posto de Turismo de Piódão, no dia 1 Junho. A propósito desta iniciativa, haverá, ainda, lugar a uma conferência no local, moderada por Nuno Grande e na qual estarão presentes Luís Paulo Costa, presidente da Câmara Municipal de Arganil, Carlos Abade, presidente do Turismo de Portugal, Carlos Ascensão, presidente da Câmara Municipal de Celorico da Beira e da Associação das Aldeias Históricas de Portugal, Dalila Dias, coordenadora da AHP, o professor José Reis e restantes arquitectos.

    A primeira edição do Prémio da Comunidade Europeia para a Arquitectura Contemporânea Mies van der Rohe (EU Mies Award), em 1988, foi ganha pelo banco em Vila de Conde, de autoria de Álvaro Siza Vieira. Desde então, obras de arquitectos portugueses têm estado entre as seleccionadas.

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    OASRS apresenta conferência “As Brigadas de Abril”

    No âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, a Secção Regional do Sul da Ordem dos Arquitectos recordou o estabelecimento e a acção do Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL) na conferência “As Brigadas de Abril”

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    O aprofundamento das pesquisas sobre o Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL), corpo de especialistas criado em 1974 para desenhar e pôr em marcha soluções habitacionais para a imensa população dos bairros de lata, barracas e casas degradadas de Portugal, em coordenação com associações de moradores e os seus recursos eventualmente disponíveis, levou o arquitecto e investigador da CEAU-FAUP Ricardo Santos a afirmar-se espantado pela dimensão, heterogeneidade e desenvolvimentos do “processo”.

    Presente na sessão organizada pela Secção de Lisboa e Vale do Tejo “As Brigadas de Abril”, que decorreu no dia 23 de abril, na sede da Ordem dos Arquitectos, o arquitecto contextualizou o SAAL como um “processo”.

    “As pessoas não falam em projecto, começava antes da intervenção e continuava depois do projecto, com alta participação popular, a ideia de democracia directa, o controlo pelo povo, ao serviço do qual estavam os técnicos”, destacou.

    O SAAL registou 170 operações iniciadas, a construção de 76 bairros e o envolvimento de 42 mil famílias entre 1974 e 76, ano em que passou para a alçada das autarquias. “Só em Lisboa houve intenção de construir 17 bairros, sete chegaram à construção, dois foram terminados”.

    A arquiteta Lia Antunes, a preparar uma tese sobre a intervenção das mulheres no SAAL (no Darq-UC e Centro Interdisciplinar de Estudos de Género do ISCSP), destacou o papel das moradoras dos bairros de lata, a sua tomada da palavra como a primeira ideia de cidadania, a sua organização e o conhecimento sobre os fogos existentes, sobre as casas que seriam necessárias e sobre a composição das famílias. “As mulheres preparavam as palavras de ordem para as manifestações”, sinal da consciência da sua condição e da vontade reivindicativa.

    Quanto às técnicas, o seu papel é significativo, como foi o caso da arquiteta Ana Salta e de Manuela Madruga (da Brigada Técnica, nome das equipas técnicas do SAAL, maioritariamente com jovens arquitetos e estudantes, que viriam a elaborar planos e projetos e a diagnosticar as situações habitacionais) no Bairro Esperança de Beja; com Nuno Portas, a arquiteta Margarida de Souza Lobo tinha esboçado um modelo de intervenção multidisciplinar e de habitação evolutiva para o bairro de lata da Quinta do Pombal; a socióloga Isabel Guerra, que trabalhou nos bairros sociais de Setúbal, “em janeiro de 74 já tinha apresentado uma proposta para o Bairro da Liberdade que antecipava o SAAL”; “as assistentes sociais foram a cola do processo”, com presença diária nos bairros mediando conflitos, respondendo aos inquéritos sobre as condições físicas dos bairros, e sobre necessidades e desejos das populações. Houve também “uma dimensão internacional” com participação de técnicas de outros países e muitos outros exemplos de compromisso, de “urgência, intensidade, generosidade” podiam ser dados.

    Justamente sobre a “intensidade” dos trabalhos e da vivência que os caracterizou falou Adelaide Cordovil, assistente social e elemento da equipa do SAAL no Fonsecas-Calçada. “Já lá vão 50 anos, era tudo muito intenso. Estava a destapar-se uma panela de pressão?”. Adelaide Cordovil explicou que as pessoas acreditavam no que podiam transformar, tinham essas vontade e energia, aprendiam umas com as outras e tinham ideias claras e fundadas do que precisavam para as suas casas.

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    Ordem dos Arquitectos debate cinco décadas de habitação em democracia

    ‘O que se fez e o que falta fazer?’ são as perguntas que lançam a a conversa entre os arquitectos António Baptista Coelho, Inês Lobo e o engenheiro Fernando Santo. Este evento decorre simbolicamente a 24 de Abril e nele será também lançado o programa Habitar Portugal 74/24

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    As cinco décadas de democracia vão estar em destaque, esta quarta-feira, dia 24 de Abril, na Ordem dos Arquitectos e que visa abordar a temática da habitação durante este período.

    ‘O que se fez e o que falta fazer?’ são as perguntas que lançam a a conversa entre os arquitectos António Baptista Coelho, Inês Lobo, e o engenheiro Fernando Santo. Foi também convidada a secretária de Estado da Habitação, Patrícia Machado Santos (presença a confirmar).

    Este será a primeira de uma serie de iniciativas que a Ordem dos Arquitectura organizar com o objectivo de “pensar e mostrar como evoluiu a habitação em Portugal nas últimas cinco décadas e o que falta fazer”.

    Este evento decorre simbolicamente a 24 de Abril e nele será também lançado o programa Habitar Portugal 74/24, celebrando em simultâneo os 25 anos da Ordem dos Arquitectos e os 50 do Portugal democrático.

     O programa Habitar Portugal 74/24 vai, durante os próximos meses, continuar a analisar as questões da habitação em Portugal, através de uma equipa de comissários, que coordenada pelo arquitecto César Lima Costa, seleccionará obras emblemáticas neste período, pela sua arquitectura e também pela relevância estratégica para o País.

    Prevê-se, também, uma exposição itinerante, que terminará em 2026 na Capital Mundial da Arquitectura, em Barcelona.

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    Sindicato dos Arquitectos reúne com objectivo de aprovar “primeiras tabelas salariais”

    Do inquérito realizado aos profissionais destaca-se a exigência de 1300 euros de salário de entrada, a redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais, melhor retribuição às horas-extra e ao estabelecimento de carreiras, com propostas distintas para projectistas e para técnicos especializados

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    Com o objectivo de “discutir e aprovar as primeiras tabelas salariais” para a arquitectura, o sindicato do sector convoca os profissionais para uma assembleia geral a realizar no dia 1 de Maio na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Arquitectura (SINTARQ) no Porto.

    Para a concretização e aplicação deste seu caderno reivindicativo, o SINTARQ lançou duas iniciativas. Desde Junho de 2023, uma campanha de entrada em empresas para contactar trabalhadores e criar as primeiras estruturas sindicais nesses locais de trabalho. E no final do ano passado, um inquérito que permitiu aferir as expectativas profissionais de quem trabalha em arquitectura e confirmar, uma vez mais, o retrato de precariedade e indignidade transversal no sector, cujos resultados definitivos serão divulgados em breve.

    Da campanha de entrada em empresas, resultou a criação de doze estruturas sindicais em locais de trabalho, algumas das quais com processos reivindicativos em curso. A expectativa é a de que a aprovação do Caderno Reivindicativo agora em Maio sirva de sustentação a esses processos e ao surgimento dos primeiros Acordos de Empresa em Arquitectura.

    Do Inquérito às expectativas profissionais destacamos a ampla adesão dos trabalhadores inquiridos à exigência de 1300 euros de salário de entrada, à redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais, a horas-extra com melhor retribuição e maiores restrições, e ao estabelecimento de carreiras como instrumento central à elevação dos salários e ao combate à discriminação e ao assédio.

    A título de exemplo, 94% dos inquiridos defende uma carga horária semanal até 35 horas; a expectativa salarial mediana de um trabalhador com cinco a dez anos de experiência é de 1800 euros e 80% dos inquiridos declara fazer horas extra, metade dos quais sem receber qualquer compensação por isso. Segundo dados preliminares deste Inquérito, um trabalhador em arquitectura vê-se espoliado, no mínimo, em 500 a 800 euros por ano em horas extra não compensadas.

    O Caderno Reivindicativo que será submetido à discussão propõe duas tabelas salariais: uma para projectistas e outra para técnicos especializados, dividindo-se em carreiras profissionais de assistente, júnior e sénior. A progressão atende aos anos de experiência ou às funções efectivamente desempenhadas, independentemente da antiguidade. Estarão também em discussão os critérios que determinam essa progressão e que servirão para contrariar a transversal estagnação de carreiras.

    Além dos salários, carreiras e horário laboral, propõem-se reivindicações-base noutros vectores tais como: direitos na parentalidade, regulação do teletrabalho, dias de férias, garantias de segurança e saúde no trabalho e formação profissional certificada.

    É o culminar de um processo com cerca de um ano e que contou com dez reuniões abertas de discussão realizadas em Braga, Coimbra, Porto, Lisboa e Setúbal, e que agora se encerra neste último Plenário Nacional no Porto.

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    (@ Paularte)

    Arquitectura

    Exposição “Objetos por Arquitetos” regressa à Casa da Arquitectura

    A segunda edição da exposição mostra uma selecção de peças de autor que carregam consigo assinaturas de “prestigiados” arquitectos e que se encontra patente no Espaço Luís Ferreira Alves, da Casa da Arquitectura

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    Abriu ao público esta sexta-feira, dia 19 de Abril a segunda edição da exposição “Objetos por Arquitetos”, uma montra selectiva de peças de autor que carregam consigo assinaturas de “prestigiados arquitectos” e que se encontra patente no Espaço Luís Ferreira Alves, da Casa da Arquitectura.

    Através desta mostra, que estará patente até 12 de Maio, a Casa da Arquitectura presta homenagem ao “talento multifacetado” de um grande número de arquitectos.

    A mostra reúne um conjunto de objectos demonstrativos do melhor que o talento arquitectónico tem para oferecer quando colocado ao serviço das várias dimensões da vida mundana, criando objectos de culto e de desejo que é possível levar para casa, como mobiliário, obra gráfica, iluminação, entre outros.

    Uma pequena montra selectiva de cerca de meia centena de peças de autor com assinatura de nomes como Adalberto Dias, Aires Mateus, Álvaro Siza, Eduardo Souto de Moura, João Pedro Pereira, Marta Vilarinho de Freitas e Pedro Guedes de Oliveira.

    A arquitectura e o design são disciplinas próximas que partilham o objectivo comum de resolver problemas da sociedade aliando a funcionalidade à estética.

    Através desta mostra, a Casa da Arquitectura presta homenagem ao talento multifacetado de um grande número de arquitetos cujo talento e originalidade está agora ao alcance de todos.

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    Bartolomeu Costa Cabral (1929-2024): Ordem recorda legado forte na arquitectura portuguesa

    O Presidente da República lamenta, também, a morte de uma das figuras maiores do modernismo arquitectónico e sublinha a forma como Costa Cabral era reconhecido pelos seus pares, nomeadamente pela preocupação com a noção de cidade, não de unidade estanque, o que talvez explique que uma exposição comemorativa, em 2019, escolhesse como título a bela expressão “a ética das coisas”.

    Ricardo Batista

    A Ordem dos Arquitectos recorda a obra e o “legado” de Bartolomeu da Costa Cabral no momento de assinalar a morte do arquitecto, aos 95 anos, ele que era considerado como figura marcante do modernismo arquitectónico português.
    Numa nota publicada na página na Internet, e assinada pelo presidente Avelino Oliveira, a Ordem dos Arquitectos presta homenagem ao membro número 142, “um enorme e consagrado arquiteto português”.

    Nascido em Lisboa, a 8 de Fevereiro de 1929, obteve o diploma em Arquitectura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa em 1957, tendo, no ano anterior, estagiado em França, onde estudou o tema da habitação de que resultariam diversos estudos de habitação social para o Gabinete Técnico de Habitação (GTH), Federação das Caixas de Previdência, Câmara Municipal de Lisboa e Fundo Fomento Habitação (FFH – atual IHRU), entre 1959 e 1968.

    Bartolomeu da Costa Cabral integrou, ainda estudante, o atelier da Rua da Alegria de Nuno Teotónio Pereira. Trabalhou com Manuel Alzina de Menezes, Manuel Taínha, Nuno Portas, Gonçalo Byrne, Pedro Vieira de Almeida e Pedro Viana Botelho.

    Entre 1968 e 1969 trabalha com Conceição Silva e Maurício de Vasconcellos. Integra o GPA (Grupo de Planeamento e Arquitectura), fundado por Maurício de Vasconcellos e Luís Alçada Baptista, onde desenvolveu, até 1996, diversos edifícios universitários para Bragança, Guimarães, Covilhã, Santarém, Tomar e Oeiras.

    Da sua obra construída será, porventura, o muito destacado e impressivo Bloco das Águas livres, em Lisboa (1953-1955), projetado em coautoria com Nuno Teotónio Pereira, o edifício mais emblemático e uma referência na arquitectura portuguesa. Destaca-se ainda a Escola Primária do Castelo (Lisboa, 1960), a Estação do Metropolitano da Quinta das Conchas (1998-2002) e os Blocos de Habitação Social dos Olivais, 1961 (com Nuno Teotónio Pereira e Nuno Portas).

    Premiado com o Prémio Eugénio dos Santos, em 1997 (com Nuno Teotónio Pereira pela remodelação do Teatro Taborda, em Lisboa), Prémio de arquitectura Raúl Lino, em 1978 (do GPA, com a notável Agência da CGD de Sintra), Menção Honrosa do Prémio Valmor 2009 (habitação individual na Travessa da Oliveira, em Lisboa), Grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (2022), uma distinção entregue pelo Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa sublinha a forma como Costa Cabral era reconhecido pelos seus pares, nomeadamente pela preocupação com a noção de cidade, não de unidade estanque, o que talvez explique que uma exposição comemorativa, em 2019, escolhesse como título a bela expressão “a ética das coisas”. “A Arquitectura tem de falar às pessoas, tem de ser uma companhia, tem de dar sentido aos espaços criados e, só assim, podemos falar da sua humanização. Julgo que nas obras que fui fazendo ao longo da minha vida profissional, existe uma constante relação com as pessoas”, assumia Costa Cabral em 2019, a propósito da exposição “A Ética das Coisas”

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    Ricardo Batista

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    Casa Rural em Silves (Créditos: do mal o menos)

    Arquitectura

    BOMO Arquitectos assinam reconversão de casa rural em Silves (c/ galeria de imagens)

    Um antigo edifício agrícola, com uma linguagem “muito distinta e contrastante” passou por um processo de reabilitação e de redefinição de espaços, sem que se perdesse os vestígios do seu passado, com o claro objectivo de preservar o seu legado marcadamente “rural e funcional”

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    Esta é uma obra de reabilitação do que foi em tempos um estábulo e celeiro, inserido numa propriedade agrícola familiar, localizada num pequeno vale do barrocal algarvio, com laranjais e relevo suave, que acompanha o curso do rio Arade, entre os altos da serra de Monchique e as áreas planas e baixas do litoral, que ganhou uma nova ‘vida’ com o projecto da BOMO Arquitectos.

    Os clientes, dois médicos e uma agrónoma (e respectivos filhos e netos), estavam na altura do desenvolvimento do projecto a entrar numa nova fase da sua vida, a da reforma. À semelhança dos seus percursos profissionais, quiseram, também aqui, “curar e cuidar, preservar, dar vida e futuro”.

    A 28 de Fevereiro de 1969 um forte sismo afectou particularmente esta região. No projecto decidiu-se revelar esta história, tornando-a num princípio construtivo que organiza a intervenção. No piso térreo removeu-se o reboco das paredes antigas, expondo a pedra, e a nova escada e a nova parede divisória, entre o quarto e a casa de banho, foram construídas à antiga, igualmente em alvenaria de pedra irregular”

    De edifício agrícola a habitação

    Este edifício agrícola de dois pisos localiza-se no extremo de uma habitação, comprida e térrea, construída no início do século XX, implantada num ponto elevado no centro da propriedade, que contém também áreas de cultivo, uma eira, poços e outros pequenos edifícios de apoio.

    Embora esteja na continuidade da restante casa, este volume no qual foi feita a intervenção, tem uma linguagem muito distinta e contrastante, marcadamente rural e funcional, com as características construtivas próprias da região.

    No seu interior albergava três divisões autónomas, sem comunicação entre elas, e sem luz natural. Os únicos vãos eram as respectivas portas, opacas, baixas e estreitas, e o acesso ao piso superior era feito pela escada exterior.

    A intervenção uniu as três divisões, tanto vertical, como horizontalmente, criando no piso térreo uma pequena área social composta por sala, área de refeições e uma pequena cozinha, e ainda um quarto e uma casa de banho.

    No piso superior foi criado um segundo quarto, largo e alto, em mezanino sobre a sala, com a antiga escada exterior a funcionar agora também como pequeno varandim, aberto sobre a paisagem do vale. O mezanino resulta da demolição parcial da laje existente, e procura ampliar a luz natural introduzida pela nova janela alta, aberta na sala, resolvendo em conjunto com as novas portas exteriores envidraçadas, o problema de luminosidade dos diferentes espaços.

    No seu interior albergava três divisões autónomas, sem comunicação entre elas, e sem luz natural. A intervenção uniu as três divisões, tanto vertical, como horizontalmente, criando no piso térreo uma pequena área social composta por sala, área de refeições e uma pequena cozinha, e ainda um quarto e uma casa de banho”

    O peso da história

    “A 28 de Fevereiro de 1969 um forte sismo afectou particularmente esta região, fazendo com que a parte superior do volume no qual intervimos, e que era totalmente construído em pedra irregular, desabasse. Na altura, a reconstrução da parte afectada já foi feita com tijolo furado, sendo depois a diferença disfarçada com o reboco e o caiado das paredes interiores e exteriores”, recorda o atelier.

    No projecto decidiu-se revelar esta história, tornando-a num princípio construtivo que organiza a intervenção. No piso térreo removeu-se o reboco das paredes antigas, expondo a pedra, e a nova escada e a nova parede divisória, entre o quarto e a casa de banho, foram construídas à antiga, igualmente em alvenaria de pedra irregular.
    Assim, este conjunto de pedra pintada de branco forma uma base sólida para a casa, que contrasta com o piso superior de paredes lisas, em tijolo furado rebocado e pintado.

    Na área do mezanino esta característica construtiva é igualmente exposta, revelando-se a diferença de espessuras entre as duas tipologias de parede. É aqui também assumida a alteração introduzida na parede exterior, construindo-se o aro da nova janela alta de forma contemporânea, em betão armado, parcialmente encastrado na alvenaria de pedra.

    No revestimento do pavimento térreo foi utilizada tijoleira proveniente dos telheiros tradicionais das redondezas, e nas portas e portadas foram reinterpretados alguns pormenores da carpintaria tradicional, executados em madeira de pinho.

    A leitura e expressão do volume exterior foram clarificadas, através da demolição de alguns volumes que haviam sido adicionados, e do destaque do primeiro degrau da escada exterior, e foram introduzidas novas portadas exteriores para protecção dos envidraçados. Até ao momento não foi realizada a intervenção prevista para a área exterior adjacente.

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    Salto Studio ganha concurso para antiga Colónia Balnear da Areia Branca

    A proposta apresentada pelo atelier Salto Studio, venceu o concurso público de concepção para a elaboração do projecto de recuperação da antiga Colónia Balnear da Areia Branca, na Lourinhã

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    O concurso lançado pela Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa recebeu um total de 24 proposta, tendo a proposta com a assinatura de André Nave, do Salto Studio, ficado em primeiro lugar. O projecto vencedor valoriza a estrutura já edificada, acrescentando elementos que remetem para a arquitectura da Beira Baixa. “Desde o início decidimos adicionar varandas, porque nos quisemos inspirar nos balcões da Beira Baixa. Queríamos replicar essa experiência”, explicou o arquitecto na apresentação pública da projecto realizada esta semana”.

    Para além do espaço hoteleiro, o projecto de André Nave prevê um piso térreo aberto à comunidade local, com um espaço de co-work, restaurantes, um bar de praia e um ginásio.
    O júri foi composto por um representante da CIM Beira Baixa, um representante do Município da Lourinhã e um da Secção Regional de Lisboa e Vale do Tejo da Ordem dos Arquitectos.

    A Colónia Balnear da Areia Branca recebeu milhares de crianças e jovens do distrito de Castelo Branco entre 1974 e 2007. Está inactiva desde 2009, altura em que uma tempestade causou vários danos ao edifício.

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