‘Together’ em Lisboa
Lisboa recebe, no próximo mês de Novembro, o 15º World Architecture Festival. Uma edição que traz a concurso e destaca mais de quatro centenas dos projectos de arquitectura. Destes, quatro são em Portugal e outros tantos têm a assinatura de arquitectos portugueses
Manuela Sousa Guerreiro
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O World Architecture Festival 2022 está agendado para 30 de Novembro a 2 de Dezembro e terá como palco Lisboa. Este é a segunda vez a capital portuguesa está designada para receber aquele que é considerado um dos maiores eventos internacionais, anuais, da arquitectura.
Em 2021 a pandemia trocou, uma vez mais, os planos e o evento acabou por ser digital, tal como já tinha acontecido em 2020. Por isso o tema desta edição de 2022, “Together”, tem um duplo sentido.
Em meados de Julho a organização anunciou a sua shortlist que inclui cerca de 420 projectos, aos prémios WAF e Inside. Prémios que reúnem os projectos de arquitectura mais inovadores e surpreendentes. Mas este leque de projectos, que poderão ser vistos e discutidos em Lisboa no final deste ano, assumem, também, algumas das maiores mudanças que a sociedade enfrenta, como a maior preocupação com a sustentabilidade e a ligação com a natureza.
Em 2021 o projecto de um hotel e adega de Tabuaço, do atelier Sérgio Rebelo, venceu então o prémio do WAF na categoria de projectos de lazer, tornando-se candidato a “edifício do ano”. Para esta edição encontramos vários arquitectos e gabinetes portugueses entre os finalistas ao prémio WAF 2022.
Shortlist do WAF com projectos portugueses
Entre os 420 projectos escolhidos pelo júri do World Architecture Festival, de entre as várias centenas de projectos oriundos de mais de 50 países, cinco são em Portugal. Os projectos distribuem-se por três grandes categorias, Completed Buildings, Future Projects e Landscape, e, depois, por mais de uma dezena de subcategorias.
A nova sede da seguradora Ageas Portugal, desenhado pelo arquitecto Eduardo Capinha Lopes para o Martinhal Group, está localizada no Parque das Nações, em Lisboa, e concorre na categoria de edifício de escritórios. O projecto desenvolve-se em 17.400 m2, distribuído por 12 pisos. A sua fachada, através dos seus volumes permite um jogo constante de sombras. Mais do que um escritório, o edifício foi pensado para albergar uma comunidade de trabalho, um conceito que a pandemia veio reforçar. Distingue-se também pela inovação tecnológica e pela preocupação ambiental, consubstanciada na certificação BREEAM.
Também nesta subcategoria concorre o “Porto Office Park”, do atelier Broadway Malyan. Localizado na zona da Boavista o empreendimento é composto por dois edifícios, cada um com 15.544 m² distribuídos por 9 pisos acima do solo, e áreas amplas por piso de 1.850 m². Entre as suas valências contam-se restaurante, ginásio e três campos de padel, que se desenvolvem em três edifícios de pequenas dimensões, além de um auditório de 150 lugares e cafetarias nos dois edifícios principais. As duas torres são revestidas a vidro e lâminas de alumínio com sistema de sombreamento.
Este atelier integra ainda a shortlist com a Yoo Forest House (subcategoria House and Villa (Rural/Coastal), um projecto idealizado e construído para um cliente privado e localizado na cidade de Lechlade-on-Thames, no Reino Unido.
Na categoria “Completed Building” encontramos também a “Flores House”, do gabinete de arquitectura Ventura+ Partners (subcategoria House & Villa Urban/Suburban)). Uma vivenda familiar na aldeia de São Félix da Marinha, em Vila Nova de Gaia. Um projecto que se destaca pelo seu “programa habitacional simples para uma moradia de três quartos, de áreas amplas, fluídas”, que teve como ponto de partida uma “volumetria que se desconstrói e se adapta a elementos pré-existentes no terreno – os sobreiros”. Salvaguardar as árvores era “mandatório” e assim o edifício, de apenas um piso, se foi desenhando. Dois elementos são contantes, o primeiro, a luz natural que através de generosos vãos, pátio e clarabóias, beneficia todas as divisões, e a pala, de contornos angulares que unifica espaços e reúne alinhamentos.
Projectos futuros
Com assinatura do atelier de arquitectura MJARC, fundado por Maria João Andrade e Ricardo Cordeiro, o projecto do “Hotel Vinyard”, localizado no Douro, concorre entre os “Future Project” (subcategoria Leisure Led Development).
Esta futura unidade hoteleira enquadrada no Vale do Douro pretende combinar a experiência rural de produção de vinho com as comodidades de destino de lazer. Para além dos quartos com vista sobre a vinha e o vale o seu programa contempla restaurantes, SPA, ginásio e piscina exterior, para além de uma adega onde será possível vivenciar pate do processo vinícola.
A sua inserção tira partido do local e das suas fontes de energia renováveis, geotérmica e solar.
Mas a preocupação com a eficiência reflecte-se no uso da água. A água da chuva é filtrada e utilizada para as necessidades de águas cinzentas do edifício, 100% da água negra será posteriormente tratada por uma estação de tratamento de águas residuais.
Nesta categoria foram também seleccionados dois projectos concebidos pelo gabinete de arquitectura de Tiago Sá, o “Gardabaer Kindergarten”, um jardim de infância projectado para a Islândia. E na vertente Civic um parque comunitário, em Leiðarhöfði, ambos na Islândia. Apesar de programas distintos ambos os projectos têm em comum o facto de tirarem partido da natureza que os circunscreve, de privilegiarem materiais sustentáveis e locais e de terem uma capacidade de se adaptarem e crescerem com a comunidade que servem.
Ainda nesta categoria encontramos o projecto para o complexo do Hospital Universitário da Corunha, em Espanha, concebido pelo atelier ARC, em conjunto com a Abalo, Intecsa + GIS, e, na vertente cultural o projecto Wonderlab: The Bramall Gallery at the National Railway Museum, York, do atelier De Matos Ryan, da dupla José Esteves De Matos e Angus Morrogh-Ryan.