JLL celebra 25 anos no imobiliário em Portugal
A marcar o quarto de século no país a consultora imobiliária organizou uma conferência que serviu para debater os desafios do sector
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“Há precisamente 25 anos que a JLL está ao lado dos seus clientes a concretizar ideias e projectos, ajudando a transformar os espaços e as cidades. É um marco incontornável para fazermos um balanço de tudo o que tem acontecido no mercado nacional, mas também para celebrar o futuro. E hoje, mais do que nunca, temos um futuro que se adivinha desafiante, com a certeza – como nos mostraram os dois últimos anos – de que tudo pode mudar, de forma muito rápida e intensa. Vamos reunir toda a nossa equipa e stakeholders neste evento, para debater os temas que vão marcar o futuro do imobiliário, sem esquecer o admirável percurso que o nosso mercado fez até hoje”, realça Pedro Lancastre, CEO da JLL Portugal.
“O imobiliário nacional percorreu um longo caminho, mas continuamos a ter muitos quilómetros por descobrir. Mesmo com os desafios que todos enfrentamos hoje – com o aumento dos custos de construção e dos combustíveis, o impacto da subida da taxa de inflação e a incerteza e complexidade do conflito Ucrânia/Rússia – o mercado imobiliário em Portugal vai continuar a liderar o caminho da projecção internacional do nosso país. Este é um sector que já deu provas da sua resiliência e atractividade, enfrentando, com distinção, diferentes ciclos económicos ao longo das duas últimas décadas e mostrando que tem capacidade de se reinventar”, acrescenta Pedro Lancastre.
A tecnologia, sustentabilidade e os novos espaços onde vamos viver e trabalhar, foram alguns dos temas de um debate que contou com várias intervenções de directores nacionais e internacionais da JLL, a par da apresentação das oportunidades de investimento em Lisboa e Porto pelos responsáveis máximos das duas cidades, Carlos Moedas e Rui Moreira. A Paulo Portas coube uma reflexão sobre a situação geopolítica e geoeconómica actual.
Em termos de retrospectiva, o evento fez um balanço da evolução do sector imobiliário em Portugal, num percurso com vários momentos marcantes vividos pela consultora. Desde logo, no final dos anos 90, quando a JLL se estabelecia em Portugal (1997) e o país vivia uma conjuntura especialmente positiva, animada pela Expo 98 e pelo forte investimento que este acontecimento mobilizou. O imobiliário dava, então, passos firmes na profissionalização e este evento foi um importante trampolim para a exposição internacional do mercado, com a revitalização urbana de um grande território da cidade a ganhar protagonismo além-fronteiras.
Retalho foi a estrela dos anos 2000
A primeira década do novo milénio deu sequência a este bom momento, num período de grande dinâmica para o sector imobiliário, que tinha no retalho o seu segmento estrela, com a JLL a conseguir vários projectos premiados internacionalmente. Os centros comerciais portugueses eram, então, o principal foco da atenção dos investidores estrangeiros em Portugal, numa altura em que o mercado era ainda fortemente dominado por operadores, promotores e investidores domésticos. Este segmento atravessava um forte crescimento, prevendo-se que fossem inaugurados mais 700.000 m2 de centros comerciais entre 2005 e 2007, o que representava um aumento de 25% do stock. Nesta altura, vários projectos de referência do país e em que a JLL esteve envolvida, como o primeiro centro comercial da IKEA ou o Alegro Alfragide, abriam portas com ocupações a 100%, ao mesmo tempo que começavam a proliferar os projectos de retalho em cidades secundárias e que os retail parks emergiam em força, com Portugal a registar um dos maiores crescimentos deste formato no contexto europeu. Nesse período, o investimento em imobiliário terciário rondava os 1.400 milhões de euros, impulsionado precisamente pelo sector de retalho, e a ocupação de escritórios também estava forte, com mais de 200.000 m2 tomados em 2007 e as multinacionais a começarem a seleccionar Portugal com mais interesse.
O ano de 2010 foi já de conjuntura marcadamente adversa, depois de um 2009 em que o volume de investimento imobiliário passou pouco de 350 milhões de euros e o take-up de escritórios se situou em torno dos 130.000 m2. Nos centros comerciais e retail parks, o boom de aberturas estava ultrapassado e começava a desenhar-se a tendência de renovação do stock, com remodelações, reposicionamentos ou ampliações, identificando-se mais de 400.000 m2 de stock passível de intervenções desse tipo.
Imobiliário como motor da economia
“O arranque da década de 2010 pressionou os níveis de actividade do imobiliário em baixa, ficando muito aquém dos registos de 2007, que tinha sido um dos melhores anos do sector. E quando todos tínhamos a esperança de que a retracção poderia durar pouco, fomos confrontados com a chegada da Troika, ainda no 1º semestre de 2011” relembra o CEO da JLL. “Adivinhavam-se tempos difíceis, mas a verdade é que foi um momento de reformas estruturais que alteraram o panorama imobiliário, de tal forma que este sector acabaria por ser um dos motores da recuperação económica na segunda metade da década”, acrescentou.
Entre as reformas implementadas destacou-se a alteração à lei do arrendamento, uma medida que permitiu impulsionar a reabilitação urbana dos centros da cidade, com forte impacto nos mercados de habitação e do comércio de rua. Na sequência deste movimento, Lisboa e Porto foram alvo de um círculo virtuoso de revitalização, acolhendo cada vez mais pessoas, mais empresas e mais marcas, com uma enorme projecção internacional.
“Estávamos sob os holofotes de todo o mundo pelo facto de sermos intervencionados pela Troika pela segunda vez em menos de trinta anos, mas daqui surgiu a oportunidade de mostrarmos que estávamos a avançar de forma muito positiva. Começámos a ser vistos com outros olhos por todo o mundo e ganhámos um lugar de destaque a nível internacional, em que o imobiliário foi o grande íman de atracção de investimento. O nosso sector foi o espelho mais fiel da transformação positiva das cidades e foi o trampolim para a recuperação económica do país”, reforçou Pedro Lancastre.
Além do retalho, que sempre foi o grande foco do investimento estrangeiro, o imobiliário nacional passou a estar no mapa global, também como destino sólido para instalação de empresas, para viver e para visitar. Assim, em 2015, mais de 80 nacionalidades compravam casa em Lisboa, numa diversificação que se tem mantido. A projecção internacional valeu também ao mercado, nos últimos anos, um investimento médio anual em torno dos 3 mil milhões de euros, ou seja, quase dez vezes mais do que os níveis registados no final da primeira década. Este ano, essa marca deverá ser de novo atingida e os escritórios mostram também a sua vitalidade, com cerca de 150.000 m2 ocupados em Lisboa nos primeiros cinco meses.
Pedro Lancastre terminou concluindo que “o sector mostrou, na pandemia e agora já neste novo ciclo, que esta é a realidade consolidada do mercado. O percurso que fizemos nos últimos anos, de diversificação em termos de fontes de procura, segmentos, localizações e origem dos investidores já não se desfaz. Portugal está no radar mundial do imobiliário de forma definitiva e tem provado, cada vez mais, que é um mercado preparado, não só para enfrentar desafios, como para estar na linha da frente”, sublinhou.