“Cerca de seis mil arquitectos não estão a exercer a actividade de projecto”
Byrne reconhece que a Ordem estava, até agora, muito orientada para quem executa projecto, “ignorando” quem está nas tutelas

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Um ano depois de ganhar as eleições para a Presidência da Ordem dos Arquitectos, Gonçalo Byrne faz o balanço de um mandato em tudo “atípico”. Em entrevista à Traço, revela que foi um ano para “arrumar a casa”. Para isto, avançou (finalmente) a regionalização com a criação de sete secções, divididas pelo Continente e Ilhas, que estão agora a “entrar em velocidade cruzeiro”. Num momento em que o Governo pretende apostar numa verdadeira política de habitação, Gonçalo Byrne quer abrir as portas para que esta política seja feita de mãos dadas com uma verdadeira política de arquitectura, a par com as engenharias
Recuando um pouco sobre o mandato na Ordem, considera que um dos objectivos é que os arquitectos tenham uma maior representatividade. Havia muito a ideia de que a arquitectos e Ordem estavam de ‘costas voltadas’…
E ainda estão. Repare: falei numa representatividade de cerca de 27 mil arquitectos que estão inscritos na Ordem, mas a questão é que a Ordem tem vivido muito no sentido do arquitecto que faz projectos. Hoje em dia, cerca de seis mil arquitectos não estão a exercer a actividade de projecto, mas sim naquilo a que se chamam as tutelas, nos serviços camarários, nas instituições administrativas do Governo Central ou do aparelho do Estado, desde a Direcção Geral da Cultura, até às CCDR’s, ou organismo do Planeamento, entre outros.
E atenção que a presença da arquitectura nestas entidades é importantíssima também. Não é de todo um exercício de segunda classe, mas sim um exercício de primeiríssima classe, porque, de um modo ou de outro, quer os projectistas, quer as tutelas estão envolvidas num processo em que há uma economia de produção que tem a ver com a melhoria da qualidade do território, com a melhoria da qualidade do espaço público, a melhoria da qualidade da cidade, do construído, da habitação.
Ou seja, quem está na tutela deve sentir que contribui porque efectivamente também é arquitectura…
Claro que sim…E tem que haver aqui um processo de diálogo. Mas por outro lado, de co-responsabilização dos dois lados, porque o que está de facto em causa, é a qualidade do desempenho, não numa perspectiva elitista, mas numa perspectiva de direito obrigatório, de resto estabelecido na Constituição Nacional de que todos os portugueses têm direito a um território de qualidade, a uma habitação de qualidade, a um espaço público de qualidade e isto é, claramente, uma missão que tem que ser desempenhada pela arquitectura. Este tema da qualidade e da responsabilidade é um tema central no desempenho.
E daí, virão, obviamente, outras questões relacionadas com as Políticas de Habitação e da implementação de programas, onde o papel dos arquitectos é fundamental…
Obviamente. Não só nas políticas de habitação como nas políticas das infraestruturas. As infraestruturas são elementos essenciais para o desempenho das mobilidades, mas têm implicações no território, quer de caracter arquitectónico, quer, por exemplo, de arquitectura de paisagem. Portanto, a convocatória do projecto de infraestruturas não pode ser apenas um trabalho de engenharia, que é obviamente fundamental e inquestionável, porque as engenharias têm que se pronunciar sobre a eficácia e a eficiência do funcionamento, mas também do desempenho das novas tecnologias, dos transportes, tudo isso, mas não podem ficar só por ai porque está em causa a possível rotura de zonas do território, a possível desqualificação e portanto as arquitecturas têm que estar presentes neste discurso. Na habitação é obvio, como, por exemplo, no planeamento das CCDR. As CCDR estão atentas a isso, e há uma coisa que se chamam as Políticas Nacionais da Arquitectura e Paisagem, que hoje é um documento oficial e que pressupõe o envolvimento pleno da arquitectura, do paisagismo, na reconstrução, na transformação, na adaptação, também, das cidades.