Susan Cabeceiras, arquitecta e CEO da Konceptness
Teletrabalho ou voltar às empresas? O papel da Saúde e Segurança no Trabalho
A opinião da Konceptness na palavra de Susan Cabeceiras, arquitecta e CEO da empresa
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O mundo mudou e o nosso quotidiano também. As adaptações à pandemia da COVID-19, sejam elas de carácter social, ambiental, familiar ou laboral, estão cada vez mais patentes no nosso dia-a-dia, criando novas rotinas que inicialmente eram desafios.
O regime de teletrabalho foi a estratégia adaptativa mais utilizada por partes das empresas para manter a continuidade de trabalho dos seus colaboradores e, consequentemente, a economia do país.
O que antes era considerado um porto seguro e de descanso, foi agora convertido em novo local de trabalho. O escritório tornou-se móvel, com horários mais flexíveis, e com uma maior maleabilidade face às necessidades familiares. O conforto ganhou espaço no horário de trabalho, e foi defendido um aumento de produtividade.
No entanto, mais de 4 meses volvidos deste novo regime, tornou-se evidente que os horários flexíveis, e o retorno à normalidade das atividades familiares deram lugar a um sentimento de menos rentabilidade aquando o momento de faturação mensal das empresas.
A vantagem de trabalhar “a partir do sofá” é diluída quando falamos de ergonomia como forma de atingir o potencial máximo dos colaboradores. Existe um conjunto de condições básicas que devem ser garantidas em qualquer posto de trabalho: 1 – iluminação apropriada; 2 – ventilação e condições térmicas adequadas; 3 – cadeiras e mesas com as características necessárias para manter uma boa postura; 4 – ausência de distrações familiares. Será que temos mesmo tudo isto nos nossos “novos escritórios”?
A resposta a esta reflexão que vos coloco é um desconfortável “não”. Por este motivo, as pessoas terão de voltar gradualmente aos seus locais de trabalho. Cabe, por isso, às empresas garantir que existem condições suficientes no que diz respeito à Saúde e Segurança no Trabalho (SST).
Considero que existe uma relação direta entre uma boa gestão da SST na empresa e a melhoria do desempenho e da rentabilidade dos colaboradores. Urge por isso a necessidade de preparar os locais de trabalho numa altura em que grande parte dos seus colaboradores não se encontra fisicamente nos seus postos de trabalho habituais.
O desafio do setor empresarial face à COVID-19 passa, inevitavelmente, por garantir que as instalações e os postos de trabalho estão preparados para receber de volta os seus colaboradores, complementando as regras impostas pela Direção Geral de Saúde (DGS) com as necessidades legais obrigatórias no âmbito da SST.
O retorno ao escritório é essencial, mas que garanta não só o cumprimento da legislação em vigor nas adaptações das instalações em diversas áreas, como também uma análise minuciosa aos postos de trabalho em função do número de trabalhadores e as regras de distanciamento. E para isso é necessário programar este regresso com todos os padrões de segurança e saúde, através de vários serviços englobados num sistema COVID SAFE, nomeadamente no que se refere a auditoria de condições e implementação de medidas: Auditorias de Segurança Contra Incêndio em Edifícios; Auditorias Industriais; Auditorias Segurança e Saúde no Trabalho; Gestão e Organização de Emergência; Estudos de Qualidade do Ar Interior; Estudos de Iluminância; Estudos de Ruído; Estudos Ergonómicos.
A maioria dos trabalhadores passa, pelo menos, oito horas por dia no local de trabalho. Sendo que ocupa uma parte significativa na vida de todos nós, impera garantir um estado de bem-estar físico, mental e social, que se irá refletir num desempenho e resultados individuais mais positivos.
Nesse seguimento, é importante conceber e projetar as zonas destinadas aos postos de trabalhos de colaboradores, devendo ter em conta um conjunto de prescrições mínimas de segurança e saúde, de forma a garantir a proteção dos trabalhadores e prevenir riscos profissionais.
Sou especialista industrial há mais de 17 anos e técnica projetista de segurança contra incêndio em edifícios e técnica de higiene e segurança, e a minha experiência, juntamente com as várias auditorias que fiz ao longo dos anos, dizem-me que existe espaço para melhoria das instalações, garantindo que as mesmas acompanham o avanço da legislação ao longo dos anos e a segurança e saúde dos seus trabalhadores.
NOTA: O CONSTRUIR manteve a grafia original do artigo