Sistema comunitário de gestão de água ganha Prémio Water Research do WAF
O projecto focou-se na Amazónia Peruana, “onde 31% da população tem acesso a água, apesar ser uma zona com elevados níveis de precipitação”
Ana Rita Sevilha
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O World Architecture Festival (WAF) revelou o vencedor da primeira edição do Prémio Water Research, apoiado pela Grohe. A equipa vencedora, composta por estudantes da Universidade Católica do Peru (PUCP), criou um “inovador sistema comunitário de gestão de água, que captura, armazena e trata a água da chuva e a insere em redes de água pré-existentes”.
A equipa vencedora ganha um prémio monetário oferecido por a Grohe, no sentido de apoiar as pesquisas relacionadas com o projecto, que pretende encontrar alternativas para assentamentos humanos na Floresta Amazónica Peruana, que melhor se adaptem ao contexto ambiental e cultural.
De acordo com o WAF, a equipa vencedora destacou-se de um universo de 12 propostas e de mais de 60 inscrições avaliadas por um grupo de especialistas. No concurso, cada grupo foi incentivado a identificar um novo desafio ou oportunidade relacionada com a água e com o meio ambiente construído.
A equipa vencedora focou-se em superar os desafios em torno do abastecimento de água e esgotos na Amazónia Peruana, “onde apenas 31% da população tem acesso a água, apesar de viver numa das zonas com os mais elevados níveis de precipitação anual”.
Nesse sentido, a equipa da PUCP desenvolveu um sistema de tubos que captam, armazenam e tratam a água da chuva e serve “de parede sem carga, sendo mais facilmente integrada na arquitectura e ocupando menos espaço”, explica a WAF.
“O número de tubos pode ser aumentado ou diminuído de acordo com as necessidades de água de quem o utiliza. O sistema também contempla soluções arquitectónicas tradicionais, como a promoção de paredes permeáveis e a promoção de ventilação cruzada, permitindo que os habitantes enfrentem as altas temperaturas locais sem necessidade de recorrer a sistemas como ar-condicionado”.
A WAF salienta ainda que, “ao projectarem um sistema independente das redes convencionais, a equipa procura reduzir custos de implementação e manutenção” e sublinha que o sistema é comunitário, reduzindo assim também os custos por família.
“Da mesma forma, o uso comunitário promove actividades como lavar roupa e cozinhar, que geram plataformas públicas de inclusão e diálogo”.
Paul Finch, director de programas do World Architecture Festival (WAF), considera o projecto “digno do Prémio inaugural de investigação”, uma vez que “aborda de uma forma engenhosa a condição irónica das comunidades na Amazónia não terem água adequada pese embora tenham a maior pluviosidade do mundo”. Finch destaca ainda o facto de ser uma “solução adaptável, com capacidade para ser replicada em terrenos ambientais semelhantes”.
Recorde-se que o Prémio foi anunciado após a organização do WAF ter identificado e lançado um Manifesto que pontava os principais desafios com que os arquitectos teriam de lidar nos próximos 10 anos e onde se incluem o clima, a energia e o carbono, mas também o envelhecimento, ética, valores e tecnologia de construção, entre outros.